Prezados Colegas,
Dizem um adágio francês que quinze dias fazem de uma morte recente uma velha noticia.
Outro afirma que esquecimento cresce mais depressa nos corações dos homens do que a erva sobre os túmulos.
Mas nós, Prata nosso amigo e nosso irmão, estamos aqui para dizer-lhe que por mais que passe o tempo continuaremos a vê-lo, nesta casa, que por mais de trinta anos você honrou e enalteceu pelo espírito, pela inteligência, pela cultura, pelo caráter, pela capacidade de trabalho e sacrifício pelo amor ao Direito, à Pátria e a Humanidade, representando o que temos de melhor e de mais puro em nossa própria civilização.
Estamos aqui, querido Prata para dizer-lhe que por mais que decorram os dias e os anos, continuaremos e senti-lo ao nosso lado, envolvendo-nos com o carinho de sua amizade, guiando-nos e orientando-nos com os exemplos perenes de seu reto procedimento, de suas preclaras virtudes morais e cívicas, de sua dedicação de todas as nobres causas humanas e patrióticas, iluminando-nos com as luzes de sua sabedoria.
Continuaremos, principalmente, a sentir as palpitações do seu grande coração, que tanto soube amar e sofrer, ungido de ternura e vibrando forte quando se tratava de lutar pela justiça , e que, por isso mesmo, não pode pulsar, neste mundo, por dilatado tempo, grande coração de advogado.
Você foi juiz e advogado. E, no exercício dessas profissões, um apóstolo do bem e da verdade.
Você creu, Prata na redenção espiritual e moral dos homens; na expressão romana do Direito, na expressão cristã da justiça e da bondade.
Creu no aperfeiçoamento da nossa espécie pela razão e pela fé: num mundo melhor, onde as gerações vindouras poderão viver libertas de todos os temores, cantando o hino da fraternidade, do trabalho e da paz.
Por isso você fez de sua vida um poema de amor ao Direito, à Humanidade e ao Brasil.
Você conquistou o respeito e o afeto de nossa gente, por sua prolongada atuação na luta pelo Direito; pela compressão profunda do dever: pela sua coragem que foi como um sopro divino, fazer justiça e em proclamar a verdade.
Juiz e advogado!
A sua vida, Prata, nosso amigo e nosso irmão, foi santificada pelo amor ao Direito.
Mas, você foi, também, professor.
Para ensinar, é preciso muito amar .
Ensinar! Que maravilha de altruísmo, de dedicações e de serviços encerra essa simples palavra!
Ensinar não é, apenas iluminar espíritos, redimindo-os das trevas da ignorância
Ensinar é plasmar caracteres e formar corações; é abrir às gerações, que começam a viver, os amplos e claros horizontes do saber, do trabalho, da alegria de existir para ser útil a família à, à pátria e Humanidade.
Ensinar é fazer compreender aos jovens que ninguém pode viver sem religião, sem honra e sem moral.
Ensinar é infundir no espírito dos moços a certeza de que os bens supremos , neste mundo, são os de ordem espiritual e moral, principalmente o Direito, a Justiça e a Liberdade.
Ensinar é ajudar a ser bom, pois, sem a bondade a vida seria insuportável.
Ensinar é transmitir aos outros alguma coisa do nosso próprio “eu”; é fazer com que uma chamado nosso ideal brilhe fulgure no espírito dos nossos semelhantes; é fazer com que nossa orquestra interior vibre, em sons maravilhosos.
Ensinar é formar homens.
E você querido Prata, foi um dos melhores professores de Uberaba, na Escola Normal e na Faculdade de Direito.
A sua escolha para paraninfo dos bacharéis do ano passado, em nossa Faculdade, é a melhor prova do que afirmo.
E centenas de jovens vão continuar, no tempo e no espaço, a pureza dos seu sentimentos, seguir as diretrizes de suas lições, as linhas restas dos seus propósitos, o grande, o imenso, o maravilhoso idealismo de bondade, de amor à justiça e ao dever, que aclarava a sua vida.
Centenas de moços estão hoje, elevando aos céus as preces mais comovidas, para que você encontre, no seio carinhoso de Deus, aquele mesmo e ardente amor que sempre dedicou à juventude.
Formador de caracteres plasmador de inteligências e de corações!
E você foi ainda, jornalista. Nunca a sua pena transformou em punhal do sicário, nunca feriu, nunca fraudou, nunca, direta ou indiretamente, levou o mal a quem quer seja.
Na contrário, ensinando, doutrinando, manifestando-se tão somente de acordo com os ditames da sã consciência, voltou-se, exclusivamente, aos interesses do bem comum, desdobrou-se era benefícios, fez esplender a beleza ensinou, confortou, encorajou, entusiasmou
Quantos espíritos iluminou, a quantos indicou o caminho da verdade, quantas almas confortou, quanto bem realizado!
Uberaba o abençoa pelos frutos de ouro das messes e das cearas opimas que fez crescer, das fecundas sementeiras, que espalhou!
Colega e amigo, Prata, nenhum melhor que você.
Porque não animava, apenas o sentimento das mais completa e absoluta lealdade.
Você se distinguia pela sua vontade de ser útil, de bem servir aos seus colegas, aos seus companheiros. E nos era viva, que era intensa a sua alegria, quando tinha a oportunidade prestar um serviço a qua quer que um de nós.
Eu mesmo, em momentos de dúvida, muitas vezes me dirigi a você, procurando as luzes da sabedoria e da experiência .
E via, logo, que você tinha prazer em me ajudar, em estudar comigo a matéria controvertida.
No seu grande coração, cabiam todos os seus colegas, todos os seu amigos, todos os seus companheiros.
Por isso, estamos aqui para dizer-lhe que em nossos corações, a sua presença será perene, você estará sempre vivo, na perenidade do nosso amor.
O pensamento de sua morte, Prata, nos trás pensamento de Vida.
à de sua morte, nos traz pensamento de melhoria, de purificação da nossa própria existência.
O pensamento de sua morte nos traz o pensamento de que a vida só vale como você a viveu, para a realização de nobres aspirações , que reduzem em benefício dos outros homens e aprimorem o nosso próprio espírito. O pensamento de sua morte nos faz considerar que devemos aproveitar esta vida, tão transitória , tão efêmera, para pelejarmos, como você pelejou , para que, um dia, todas as crianças sejam alegres e sadias e cresçam, sem temor do mundo e do futuro; para que todos os homens e todas as mulheres sejam felizes no trabalho, tenham um teto, alimentação, vestuário, livros, remédios educação; para que a pobreza, as misérias, as humilhações, as violências, as rapinas, as perseguições desapareceram da face da terra; para que todos os povos vivam em paz.
O pensamento de sua morte nos solicita a viver e lutar, como você viveu e lutou, pela razão , pelo direito, pela justiça, pela liberdade, pela fraternidade.
O pensamento de sua morte nos aproxima de Deus e nos renova a esperança de que viveremos, gloriosamente, mais felizes, num mundo melhor, onde você, com certeza, está vivendo.
“...ó carrilhões dos cismos
Tangei! Torres da fé vibrai os { nossos brados}
Dizei, sinos da terra, em {clamores supremos},
Toda a nossa tortura aos {astros de onde vimos, Toda a nossa esperança aos {astros aonde iremos”
Prata, amigo e irmão, vimos, hoje, trazer-lhes flores mais lindas que há no mundo; - as flores da amizade, do carinho e da ternura, nascidas no coração , para que ela, naquele mundo melhor, você as tenha perpetuamente ao seu lado, significado a perenidade do nosso Amor!