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domingo, 20 de fevereiro de 2022

Leopoldino de Oliveira

NO MEIO DO REDEMOINHO

Ele nasceu em 18/6/1893 e mal sabia que viveria no meio de um redemoinho político. Num conturbado período de nossa história. Abolição da escravatura, queda da monarquia, proclamação da república e muitas reviravoltas políticas.
Quando criança ouvia adultos comentando a decisão do governador do estado em mudar a capital mineira de Ouro Preto para um desconhecido lugarejo denominado Curral Del Rey e ali instalar a futura Belo Horizonte. Em seguida, a ascensão desse político ao cargo de presidente da república, fato de tamanha repercussão e capaz de influenciar na troca da denominação Largo da Matriz de Uberaba para Praça Afonso Pena, em 1894, e depois para Rui Barbosa, em 1916. As notícias da revolta dos tenentes e da Semana de Arte Moderna (1922), da rebelião de São Paulo (1924), da Coluna Prestes (1924/1927), do Artur Bernardes governando com mãos de ferro e estádio de sítio em MG (1918 / 1922) e depois, ja na presidência, o Brasil (1922 / 1926).

Fotos: 1, 2 e 3 – Arquivo Público de Uberaba; 
4 – Nau Mendes; 5 – revista O Cruzeiro; 6 - Ricardo Prieto


Em 1910, após cursar o internato do Ginásio Diocesano, ele muda-se para BH e matricula-se na Faculdade de Direito. De família humilde, teve que trabalhar para custear seus estudos. Começou como revisor, passou a editor e, em pouco tempo, já era um dos mais conceituados jornalistas da capital. Ali viu a prodigiosa transformação e urbanização da cidade. Já em 1915, gradua-se com louvor e recebe o seu sonhado diploma de advogado. Retorna a Uberaba. Abre escritório. Colabora com os jornais locais. Vai a Índia em busca de gado zebuíno. Envolve-se na política. Elege-se vereador. Preside a Câmara. Assume o cargo de agente executivo (prefeito). É eleito deputado federal, em 1923, reelegendo-se em 1928. Apresenta proposta de saneamento de Uberaba, sugerindo a cobertura dos seus córregos, que na época passavam pelos quintais das casas na região central da cidade. Medida efetivada com a desapropriação dos terrenos. Enfrenta forte resistência de opositores políticos. Chega a ser hostilizado pelo governador do estado e até pela presidência da república. Não se intimida e com destemor enfrenta os ‘coronéis’ da política e até mesmo o da PM, e seus 90 praças em baionetas caladas, com ordens de invasão do prédio da Câmara Municipal. Tudo isso em uma época em que era comum morrer de susto, bala ou vício.

Com a vida agitada que enfrentou, esse verdadeiro furacão uberabense, não chegou a ver o resultado de sua iniciativa, pois faleceu antes, em BH, no dia 29/8/1929, aos 37 anos de idade.
Graças à aprovação de sua proposta hoje temos as amplas avenidas centrais, devidamente cobertas e saneadas. E a principal delas, merecidamente, leva o seu honroso nome, Av. Leopoldino de Oliveira.

Moacir Silveira

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Último cinema de rua

Em maio de 1926, a Câmara de Uberaba aprovou duas concessões que marcaram a história do cinema na cidade. Na primeira, a prefeitura transferiu para Orlando e Olavo Rodrigues da Cunha os direitos sobre o terreno na Praça da Matriz onde funcionava, desde 1864, o Theatro São Luiz. Concedeu ainda uma isenção de impostos para que a dupla erguesse e passasse a explorar no local um novo teatro. A segunda autorizava a concessão a um grupo de investidores de um terreno a ser escolhido, além de um auxílio em dinheiro, para a construção de um novo hotel. Chefiava o executivo na época um primo de Orlando, Geraldino Rodrigues da Cunha.

O resultado das duas concessões resultou na inauguração, em 1931, do novo Cine Teatro São Luís, luxuosa e moderna casa de espetáculos administrada pela empresa Orlando Rodrigues da Cunha & Cia, que tinha como sócios, além de Orlando, José Machado Borges e Alberto Fontoura Borges. A mesma firma, já renomeada “Empresa Cinematográfica São Luís” (e incorporando Joaquim Machado Borges), multiplicaria a aposta em 1941 ao inaugurar o Cine Metrópole e o Grande Hotel na Av. Leopoldino de Oliveira.

No intervalo desses 10 anos, Orlando monopolizara o negócio das salas de cinema em Uberaba. A empresa Damiani, Bossini & Cia, dona dos Cines Alhambra e Capitólio abriu falência meses após a abertura do São Luís. O Alhambra fechou definitivamente, o Capitólio seguiu alguns meses sob nova direção. Em 1932, foi comprado por Orlando e reaberto como Cine Royal. Dona de todas as salas da cidade, a São Luís inaugurou em 1948 mais um cinema: o Vera Cruz no bairro São Benedito.

A falta de concorrência era motivo de queixas em Uberaba. Como a São Luís era atendida por uma única distribuidora, muitos filmes famosos jamais chegavam à cidade. Havia reclamações também quanto ao preço dos ingressos, à qualidade da programação e a estado de conservação de algumas das salas. Em 1957, foi grande o entusiasmo com que os uberabenses saudaram o anúncio de que a Empresa Teatral Paulista – dona de mais de 20 salas de cinema no estado vizinho, em Goiás, em Araxá e em Uberlândia – iria abrir uma nova casa na cidade.

A promessa inicial falava em uma sala enorme – duas mil poltronas, tela larga CinemaScope e amplo palco – a ser erguida em um terreno na esquina da Av. Leopoldino com Rua Senador Pena, adquirido da empresa Derenusson. As obras começaram em janeiro de 1958 com um projeto moderno para a época, ainda que menos ambicioso. Em 18 de março de 1959 abriu as portas aquele que seria o último cinema de rua a ser inaugurado na cidade. Nomeado “Cine Uberaba Palace”, tinha projetores de última geração, poltronas confortáveis e foi o primeiro a oferecer ar-condicionado, um grande alívio nos meses de verão – lembrando que os cinemas da época exigiam da clientela traje social, aos homens, terno e gravata.

 Franck Pourcel, “Here, there and everywhere”.

O Uberaba Palace reativou a concorrência e aumentou a variedade de títulos, numa época em que os cinemas ainda não disputavam espaço com a TV e com sistemas de vídeo domésticos. Nunca foi um cinema muito diferente dos demais, mas deixou boas lembranças. Ao seu lado funcionou por anos a livraria “Ponto de Encontro”, de Deusedino Martins, frequentada pela intelectualidade local. Muitos se recordam com nostalgia da trilha sonora que embalava a sala nos anos 1970 e 80 antes dos filmes: músicas dos Beatles numa famosa versão instrumental de Franck Pourcel, abrindo sempre com “Here, there and everywhere”.

Vista aérea do cinema Uberaba Palace e córrego das Lajes.
 Foto: Nau Mendes.

A partir dos anos 1980, as mudanças no mercado cinematográfico selaram a decadência dos cinemas de rua, e o Palace não foi exceção. Trocou de dono algumas vezes antes de fechar as portas em 7 de março de 1993. Por algum tempo, chegou a sediar um Bar e Bingo, ligado ao Nacional Futebol Clube. Após a proibição dos bingos, o prédio foi ocupado por uma igreja evangélica.

André Borges Lopes

domingo, 22 de janeiro de 2017

Córrego da Manteiga, atual Avenida Santos Dumont


Córrego da Manteiga, atual Avenida Santos Dumont

Década: 1970




Córrego da Manteiga, atual Avenida Santos Dumont.                                                                                


Foto: Nau Mendes


(Acervo pessoal da família Chaves Mendes)

Fotógrafo Nau Mendes e o jogador Tostão no vestiário do Estádio Municipal Engenheiro João Guido

Nau Mendes e o jogador Tostão


Fotógrafo Nau Mendes e o jogador Tostão no campo do Estádio Municipal Engenheiro João Guido, mais conhecido como Uberabão. Tostão fez sua última partida oficial pelo Cruzeiro contra o Nacional de Uberaba, nesta cidade, em abril de 1972.


(Acervo pessoal da família Chaves Mendes)