Mostrando postagens com marcador Arquivo Público de Uberaba. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Arquivo Público de Uberaba. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

“DR. ADJUTO” – A PRAÇA QUE SUMIU.

Antônio Garcia Adjuto foi Agente Executivo (Prefeito) de Uberaba de 1903 a 1904, quando assumiu a Presidência da Câmara Municipal. Já havia sido eleito Vereador nas legislaturas de 1898 a 1900.

São destaques de sua gestão: usar paralelepípedos pela primeira vez na cidade para calçar a rua do Comércio (Artur Machado); abrir concorrência para dotar a cidade de iluminação elétrica; adquirir terreno para construção do mercado municipal; erradicar a febre amarela do município e constituir o perímetro urbano.

Foi também em sua gestão que aconteceu a inauguração do prado São Benedito, a instalação da fábrica de cervejas Tripolitana, a inauguração da Igreja São Domingos e o início das atividades do Colégio Marista Diocesano.

Após seu mandato de Agente Executivo, voltou à Câmara Municipal para o período de 1908 a 1912, mas interrompeu seu mandato em 1909 quando foi eleito Deputado Federal por Minas Gerais, assumindo o cargo na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ali permanecendo até dezembro de 1911, na 28ª Legislatura.

Antônio Garcia Adjuto
 Foto - Arquivo Público de Uberaba.

Garcia Adjuto não foi apenas político em Uberaba. Em 1899 foi o primeiro secretário do “Clube Lavoura e Comércio” fundado para combater o imposto territorial criado pelo então Governador de Minas Gerais, Silviano Brandão. Desse Clube nasceu em 6 de julho de 1899, o jornal “Lavoura e Comércio” do qual Garcia Adjuto foi o primeiro diretor.

Participou também, junto com outras personalidades, da fundação em 1º de janeiro de 1901, do Sport Club, mais tarde denominado Jóquei Clube de Uberaba. Integrou o Conselho Fiscal do Clube junto com Artur Machado, Tobias Rosa e outros, sob a presidência de José de Oliveira Ferreira.
Formado em advocacia pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1890, Garcia Adjuto exerceu uma intensa militância no foro de Uberaba. Foi um dos defensores da Câmara Municipal na célebre ação reivindicatória do patrimônio da cidade que a Matriz lhe moveu, em 1909, por iniciativa de Monsenhor Inácio Xavier da Silva.

Desse rumoroso processo resultaram vários livros sobre a questão, sendo dois de sua autoria, dois da lavra do advogado da Matriz e um de cada perito das partes, Alexandre Barbosa e Silvério José Bernardes, conforme relata o historiador Guido Bilharinho.

Antônio Garcia Adjuto mudou-se de Uberaba para Mato Grosso no fim da década de 1910. Em apenas 13 anos de residência em Uberaba, deixou sua marca de um honesto e habilidoso administrador público, de associativista, jornalista e uma justa fama de grande jurista.

Nascido em 07 de março de 1867 na cidade de Paracatu, MG, era o caçula dos oito filhos de Francisco Garcia Adjuto Filho, casado com Ana Cornelia de Abreu Castelo Branco. Fez seus estudos preparatórios no Seminário de Diamantina.

Em 1891 foi Promotor Público de Araxá, MG. De 1895 a 1897 foi Inspetor Escola ambulante da 6ª Circunscrição do Ensino, cargo extinto em 1897.

Depois de sua passagem por Uberaba (1898/1910) tornou-se professor de grego no Colégio Nacional e de Inglês, no Liceu da Humanidade de Campo Grande, MT, local onde publicou, a partir de 1920, diversos livros de natureza jurídica no interesse das cidades de Campo Grande, Corumbá e Cuiabá, conforme relato do livro “Os Carneiros de Mendonça”.

Antônio Garcia Adjuto faleceu em 15 de outubro de 1935, aos 68 anos de idade. Em data incerta, a Câmara Municipal de Uberaba ou o o Chefe do Executivo, em sua homenagem, designou como “Praça Dr. Adjuto”, uma área no bairro de São Benedito.

Na realidade não existe mais praça nesse local. Embora inconclusiva, é uma história interessante.
Essa área - um quadrilátero com pouco mais de 9.000 m2, - cercada pelas

Avenidas Conceição das Alagoas, Barão do Rio Branco, Triângulo Mineiro ((Alberto Martins Fontoura Borges) e pela rua Ituiutaba, foi incorporada ao município através do apelão n. 2912 de 04 de fevereiro de 1914, Tribunal de Relação de Minas com o Registro 22.575.

Em 13 de abril de 1923, através da Lei 473, a Câmara Municipal aprovou a doação de uma área necessária à instalação de uma fábrica de tecidos, por solicitação de Francisco Antônio Salles e José Maria dos Reis ou para a empresa que os mesmos organizarem para fundação de uma fábrica de tecidos e demais prédios para operários. Não se tem o registro nesta autorização da área que foi cedida.
Em 1928 os Mascarenhas, proprietários da Fábrica de Tecidos Santo Antônio do Caçu, juntamente com os irmãos Antônio e Alberto Martins Fontoura Borges, compram a fábrica de tecidos do bairro São Benedito, administrada por João Boff, mas cujas atividades estavam paralisadas em decorrência de pedido de concordata, provocado por dificuldades financeiras.

A Câmara Municipal, através da Lei 590 de 11 de agosto de 1928, torna a conceder aos novos proprietários, todos os benefícios fiscais.

Não foi possível descobrir as razões que levaram essa empresa que já estava na posse da área mediante doação, a comprar do próprio município, a mesma área de 7.280 m2, através da escritura de nº 812, lavrada em 11 de abril de 1930 para Companhia Fabril Triângulo Mineiro, (futura Cia. Têxtil) um anos e nove meses após o reinicio das atividades.

Pode-se conjecturar duas hipóteses. A primeira é de que haveria interesse da empresa em ter a propriedade livre e desembaraçada de ônus e a segunda, por iniciativa do Poder Público, em decorrência de não cumprimento de cláusulas reversivas.

Uma particularidade interessante na escritura de n. 812. Discrimina-se tão somente sua dimensão de 7.280 m2. E seus confrontantes: a Fábrica Conquista, a Avenida Rio Branco, a Avenida Conceição das Alagoas e a rua Tristão de Castro, indicando que não existia ainda a Rua Ituiutaba.

O nome “Praça Dr. Adjuto” só veio a aparecer pela primeira vez em documento oficial do Poder Público, na autorização para alienação na Lei 42 de 1948, quando disponibiliza para leilão uma área de 2.056m2 dessa praça. Os confrontantes discriminados: Praça Dr. Adjuto, a própria fábrica e a rua Conceição das Alagoas.

A escritura mais próxima relativa a essa área é a que está registrada em livro do Cartório de Imóveis em 17 de agosto de 1948 sob o n. 22.575 e se refere a compra de um terreno do município de Uberaba com área de 1.640m2 pela Companhia Têxtil do Triângulo Mineiro. Na discriminação dos confrontantes, não se fala em rua Ituiutaba.

A área dessa praça que foi vendida pelo Poder Legislativo em duas etapas, 1930 e 1948, perfaz nas escrituras, 8.920 m2., um pouco inferior ao tamanho da área recebida pela Câmara Municipal, em torno de 9.000 m2. Se levar em conta a área ocupada pelos passeios, tudo leva a crer que não houve sobra de terreno para ser designada como praça.

Pelo que se pode apurar apenas uma empresa, o Rodoviário Uberaba Ltda., fundado em 1977, usava como seu endereço a Praça Dr. Adjuto, nº 44. Atualmente, ocupando o antigo espaço do Rodoviário, está uma das lojas do “Tremendão”, com seu endereço à rua Ituiutaba.

Toda a área ocupada pela Cia. Têxtil do Triângulo Mineiro na antiga Praça Dr. Adjuto, foi agrupada na matrícula 2.709 do Cartório de Registro de Imóveis do Primeiro Oficio.

Ao transferir suas atividades industriais para o recém-inaugurado Distrito I, a Cia. Têxtil vendeu suas construções para três empresas. Em dezembro de 1978 foram escriturados 662,00 metros quadrados para “Laterza e Fantato” e 7.658,60 metros quadrados para a “Casas do Babá. Em 23 de abril de 1979 o remanescente da área foi vendido para F. Moutran, Irmãos S/A – Tecidos, provocando o fechamento da matrícula 2709 e colocando um ponto final em uma praça que tinha, outrora, o nome de “Dr. Adjuto”, localizada no bairro São Benedito, em Uberaba. Só restou seu endereço no Guia Telefônico da Algar ou na Internet, onde só consta o número do CEP sem mencionar qualquer morador.

Não foi possível verificar a data em que Dr. Adjuto foi homenageado com seu nome para designar essa Praça. Ele faleceu em 1935, período em que as Câmaras Municipais, sob o regime ditatorial de Getúlio Vargas, foram fechadas, voltando a funcionar à partir de 1945.

Pode-se-todavia afirmar que a homenagem teve uma duração efêmera. Se foi a Câmara Municipal que aprovou, durou apenas 3 anos. Se foi iniciativa de Prefeito, sua duração se estende de 1935 a 1948, 13 anos.

Dessa forma, após as verificações legais, competirá ao Poder Público desafetar essa praça e destinar outro logradouro para homenagear Antônio Garcia Adjuto que foi uma destacada personalidade pública que tanto prestígio trouxe para Uberaba através de suas realizações.
Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes: 
Guido Bilharinho – Livro – Uberaba Dois Séculos de História.
José Mendonça – História de Uberaba.
Câmara Municipal de Uberaba.
Arquivo Público de Uberaba
Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício.
Livro – Os Carneiros de Mendonça.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Jorge Henrique Marquez Furtado (1923 - 1990)

Conheça o Patrono De Sua Rua 
                                                                                               
                                                                                                                                             
                                                                                           Uma idealização de Dorival Cicci (1931-2019)
      
                                                                                                                                                         

Pesquisa Maria Antonieta Borges


Nome: Jorge Henrique Marquez Furtado *1923 +1990 Naturalidade: Uberaba/MG Filiação: Henrique Fernandez Perez (Imigrante espa nhol) Georgelina Marquez Fernandes Casado com: Victória Guiraldes (filha de argentinos) nascido no Rio de Janeiro Profissão: Médico. Professor. Político (Prefeito de Uberaba entre 1959 e 1963)

Jorge Henrique Marquez Furtado. Foto: Arquivo Público de Uberaba.


Participação na Comunidade: Sua mãe faleceu logo após o parto, em que nasceram ele e seu irmão gêmeo Raymundo. Foi, então, adotado como filho legítimo, por sua tia materna, Maria Augusta Marquez Furtado (Filhinha), casada com Durval Furtado Nunes, o que explica os seus nome e sobrenome. Com 8 anos, transferiu-se, com os pais para a cidade de Niterói, onde, em 1942, iniciou seus estudos de Medicina. Em 1943, seus pais retornaram a Uberaba, deixando-o com o tio paterno Alyrio Furtado Nunes. Concluiu o curso de Medicina em 1947. em Niterói e em 1948. voltou para Uberaba, onde montou o Laboratório de Análises Clínicas Jorge Furtado. No mesmo ano, colaborou com o Professor Mário Palmério na fundação da Faculdade de Odontologia do Triângulo Mineiro, tornando-se titular das cadeiras de Microbilogia e Imunologia daquela Faculdade, cargos que exerceu até 1974. Foi. também, diretor da mesma Faculdade, entre 1950 e 1958. Foi o primeiro diretor do Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência - SAMDU (órgão público de grande importância para a população carente), e um dos fundadores e professor das disciplinas: Histologia e Embriologia e de Microbiologia da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, que começara a funcionar em 1954. Filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) foi candidato a prefeito de Uberaba, em 1958. Eleito, governou o Município de Uberaba entre 1959 e 1963. Em seu governo deu prioridade à construção de estradas na zona rural e às obras de infraestrutura obras escondidas, como se costuma dizer: rede de águas e esgoto. Inaugurou uma nova adutora no Rio Uberaba, conseguindo resolver o crônico problema da falta d'água, que castigava a cidade há longo tempo. Após este período como prefeito, Jorge Furtado praticamente abandonou a politica partidária, dedicando-se exclusivamente à sua profissão em seu laboratório e na Faculdade de Medicina. Faleceu em 1° de agosto de 1990.

"A memória é quem constroi a História"Jacques Le Goff


Colaboração Arquivo Público de Uberaba, Associação Cultural Casa do Folclore e Marília Cicci Resende e Uberaba em Fotos.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Gabriel Toti (1889-1967)

Conheça o Patrono De Sua Rua
                                                     
                                                                                                                      

                                                                                         Uma idealização de Dorival Cicci (1931-2019)  
Pesquisa Guido Bilharinho


Nome: Gabriel Toti 1889-1967 Naturalidade: Uberaba-MG Filiação: Pascoal Toti e Artemida Toti Casado com: Maria Rosa BiIharinho Toti Profissão: Empresário e jornalista

Gabriel Toti. Foto: Arquivo Público de Uberaba.

Participação na comunidade: For aluno de primeiras letras da Professora Emelina des Genettes, filha de Henrique Raimundo des Genettes, fundador da imprensa em Uberaba. Estudou em diversos co legios de Uberaba, em São Paulo e na Itália, pais onde permaneceu três anos. De volta à cidade dedicou-se a atividades industriais e co merciais, participando, no decorrer dos anos, da fundação de inumeras entidades de classe e clubes sociais e esportivos, a exemplo da Associação dos Empregados no Comércio, Associação Comercial e Industrial. Joquei Clube e Uberaba Sport Club. Militou ativa mente na imprensa, colaborando, desde 1914 em quase todos os jornais e revistas aqui editados, tendo dirigido, por muitos anos, a Gazeta de Uberaba. Compositor, historiador, poeta, contista e pro jetista, deixou inúmeras obras em todas essas atividades. Compôs diversas músicas entre elas o Hino de Uberaha, com letra do jornalista Ari de Oliveira. E autor, entre outras poesias, de duzentos sonetos so sobre as rosas, além de diversos ensaios sobre a história de Uberaba, a exemplo de Homens (que Ajudaram Uberaba a Crescer. A Música, em Uberaba, A Medicina em Uberaba e Histórico das igrejas de Uberaba. Organizou e publicou duas edições do Álbum de Uberaba, Foi sócio correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e São Paulo. Membro da Academia de Letras do Triángulo Mineiro, ocupou a Cadeira 34, cujo patrono e Dom Eduardo Duarte da Silva.

"A memória é quem constroi a História"
Jacques Le Goff

Colaboração Arquivo Público de Uberaba, Associação Cultural Casa do Folclore e Marília Cicci Resende e Uberaba em Fotos.

Uberaba

terça-feira, 3 de maio de 2022

HERÓI DE GUERRA

3º. Sargento João Gonçalves dos Santos

Ele foi o único uberabense que não voltou pra casa, após ter participado da FEB, Força Expedicionária Brasileira, durante a II Grande Guerra.

Imagens: 1 - João Gonçalves Gonçalves dos Santos (superior); 
2 – Cemitério de Pistóia, Itália (inferior)

O 3º. Sargento João Gonçalves dos Santos, convocado aos 22 anos de idade, atuou na zona de operações na região de Montese, Itália, onde desapareceu em 22/4/1945 e foi considerado morto em combate, recebendo as Medalhas de Campanha e Cruz de Combate de 2ª. Classe.

Seu corpo permaneceu em terra estranha, como o de demais colegas da FEB, enterrados em solo italiano.

Em homenagem à esses valorosos jovens brasileiros a célebre poetisa Cecília Meireles dedicou singelo e comovente poema, publicado em 1953, em que diz:

“PISTÓIA

Eles vieram felizes, como / para grandes jogos atléticos, / com um largo sorriso, no rosto, / com forte esperança no peito, / porque eram jovens e eram belos.

Marte, porém, soprava fogo / por estes campos e estes ares. / E agora estão na calma terra, / sob estas cruzes e estas flores, / cercados por montanhas suaves.

São como um grupo de meninos / num dormitório sossegado, / com lençóis de nuvens imensas, / e um longo sono sem suspiro, / de profundíssimo cansaço.

Suas armas foram partidas / ao mesmo tempo que seu corpo. / E se acaso sua alma existe, / com melancolia recorda / o entusiasmo de cada morto.

Este cemitério tão puro / é um dormitório de meninos: / e as mães de muito longe chamam, / entre as mil cortinas do tempo,

cheias de lágrimas, seus filhos.

Chamam por seus nomes, escritos / nas placas destas cruzes brancas. / Mas, com seus ouvidos quebrados, / Com seus lábios gastos de morte, / que hão de responder estas crianças?

E as mães esperam que ainda acordem, / como foram, fortes e belos, / Depois deste rude exercício, Desta metralha e deste sangue, / destes falsos jogos atléticos.

No entanto, o céu, a terra, as flores / é tudo horizontal silêncio. / O que foi chaga é seiva e aroma, / - do que foi sonho não se sabe... – / e a dor anda longe, no vento.”

Anos depois os corpos desses jovens heróis foram transferidos para o Aterro do Flamengo, RJ, em Pistóia permaneceram as cruzes e placas com os seus nomes, mas em Uberaba só restou a dor no coração dos familiares e amigos de João Gonçalves dos Santos.

Moacir Silveira

Fonte: “Uberaba na 2ª. Guerra” – site do APU – Arquivo Público de Uberaba.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

A GUERRA CHEGA EM UBERABA

Colocando pai e filho em lados opostos, o grande conflito finalmente chegava em Uberaba. Isso já era há muito tempo esperado. Ante a indefinição do governo federal em relação ao panorama internacional, radicais locais vinham apoiando abertamente atuar ao lado dos fascistas. Eles compunham o que ficou sendo conhecido por grupo dos camisas pretas.

Dentre os mais entusiasmados com os ideais fascistas estava Teófilo Riccioppo, que chegou a ser presidente da Fratellanza Italiana, cuja comunidade se reunia em prédio próprio localizado na rua 7 de Setembro.

Imagens: 1 – Teófilo e Francisco Riccioppo; 2 – Fulvio Riccioppo;3 – pilotos da FAB em treinamento nos EUA
 (álbum de família e do acervo do APU – Arquivo Público de Uberaba)

Mas quando o Brasil definiu posição em favor dos países aliados, inúmeros jovens foram convocados para integrar a FEB, Força Expedicionária Brasileira. Dentre esses Fulvio o próprio filho de Teófilo, além de dois outros sobrinhos, Plauto e Vinicius, que passaram a integrar o grupo de combatentes.

No seio da família a situação ficou deveras incomoda, principalmente para Teófilo, que emocionado aconselhou o filho: “- Fulvio, eu sei que esta situação, por minha causa, não deve ser fácil para você. Porém, ouça-me: faça o melhor pelo seu país e esqueça-se de minhas origens. Você deve defender aquilo em que acredita. Não pense mais nisso...”

Fúlvio Riccioppo foi então enviado para um período de treinamento nos Estados Unidos antes de ser incorporado ao grupo de pilotos, assumindo o comando de um P-47D Thunderbolt, o avião de caça utilizado pela FAB, Força Aérea Brasileira.

A bela saga do clã familiar é narrada, com rara maestria e felicidade por Plauto Ricciopo Filho, no livro “Raízes Arbëshë – histórias e memórias da família Riccioppo”.

Moacir Silveira



domingo, 20 de fevereiro de 2022

Leopoldino de Oliveira

NO MEIO DO REDEMOINHO

Ele nasceu em 18/6/1893 e mal sabia que viveria no meio de um redemoinho político. Num conturbado período de nossa história. Abolição da escravatura, queda da monarquia, proclamação da república e muitas reviravoltas políticas.
Quando criança ouvia adultos comentando a decisão do governador do estado em mudar a capital mineira de Ouro Preto para um desconhecido lugarejo denominado Curral Del Rey e ali instalar a futura Belo Horizonte. Em seguida, a ascensão desse político ao cargo de presidente da república, fato de tamanha repercussão e capaz de influenciar na troca da denominação Largo da Matriz de Uberaba para Praça Afonso Pena, em 1894, e depois para Rui Barbosa, em 1916. As notícias da revolta dos tenentes e da Semana de Arte Moderna (1922), da rebelião de São Paulo (1924), da Coluna Prestes (1924/1927), do Artur Bernardes governando com mãos de ferro e estádio de sítio em MG (1918 / 1922) e depois, ja na presidência, o Brasil (1922 / 1926).

Fotos: 1, 2 e 3 – Arquivo Público de Uberaba; 
4 – Nau Mendes; 5 – revista O Cruzeiro; 6 - Ricardo Prieto


Em 1910, após cursar o internato do Ginásio Diocesano, ele muda-se para BH e matricula-se na Faculdade de Direito. De família humilde, teve que trabalhar para custear seus estudos. Começou como revisor, passou a editor e, em pouco tempo, já era um dos mais conceituados jornalistas da capital. Ali viu a prodigiosa transformação e urbanização da cidade. Já em 1915, gradua-se com louvor e recebe o seu sonhado diploma de advogado. Retorna a Uberaba. Abre escritório. Colabora com os jornais locais. Vai a Índia em busca de gado zebuíno. Envolve-se na política. Elege-se vereador. Preside a Câmara. Assume o cargo de agente executivo (prefeito). É eleito deputado federal, em 1923, reelegendo-se em 1928. Apresenta proposta de saneamento de Uberaba, sugerindo a cobertura dos seus córregos, que na época passavam pelos quintais das casas na região central da cidade. Medida efetivada com a desapropriação dos terrenos. Enfrenta forte resistência de opositores políticos. Chega a ser hostilizado pelo governador do estado e até pela presidência da república. Não se intimida e com destemor enfrenta os ‘coronéis’ da política e até mesmo o da PM, e seus 90 praças em baionetas caladas, com ordens de invasão do prédio da Câmara Municipal. Tudo isso em uma época em que era comum morrer de susto, bala ou vício.

Com a vida agitada que enfrentou, esse verdadeiro furacão uberabense, não chegou a ver o resultado de sua iniciativa, pois faleceu antes, em BH, no dia 29/8/1929, aos 37 anos de idade.
Graças à aprovação de sua proposta hoje temos as amplas avenidas centrais, devidamente cobertas e saneadas. E a principal delas, merecidamente, leva o seu honroso nome, Av. Leopoldino de Oliveira.

Moacir Silveira

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

UM SÉCULO DO JORNAL LAVOURA & COMÉRCIO (1899 -1999) - UBERABA - MINAS GERAIS - BRASIL

Fundado no ano de 1.899 em Uberaba, o jornal Lavoura e Comércio teve sua primeira edição impressa em 06 de julho de 1899; criado por um grupo de produtores rurais insatisfeitos com a política fiscal do estado perdurou até 27 de outubro de 2.003 quando foi impressa sua ultima edição.



Antônio Garcia Adjuto foi o primeiro diretor do jornal, em 1906 a administração passou para a família Jardim. administrou e ampliou a abrangência do jornal, que se tornou o diário oficial de vários municípios da região. Em 1966 com a morte de Quintiliano a administração passou para seus filhos George de Chirée, Raul e Murilo Jardim.O jornal sucumbiu diante de uma grave crise econômica e financeira após 104 anos de atividade ininterrupta.

Durante todos estes anos os uberabenses se reuniam na frente da sede do jornal, na rua Vigário Silva nº 45 no centro da cidade, para lerem as últimas noticias que eram escritas a mão e expostas em um quadro. O lema do jornal era “se o Lavoura não deu, em Uberaba não aconteceu”. Quem viveu durante o período de existência do jornal deve se lembrar de andar pelas ruas de Uberaba e ouvir os garotos vendedores do jornal gritando, “Lavooooora”.

A Codiub e a Prefeitura Municipal de Uberaba disponibilizam aqui os primeiros exemplares digitalizados, extraídos de microfilmagem realizada pela Codiub; são 7.917 edições que foram microfilmadas no ano de 1.988 e permaneceram sob a guarda da Codiub durante esses 26 anos.

Com a aquisição do acervo do Jornal Lavoura e Comércio pelo Município de Uberaba em 26 de novembro de 2013, a Codiub transferiu a guarda dos microfilmes para o Arquivo Público Municipal. Em breve, com a digitalização das edições do jornal em papel, serão disponibilizadas todas as outras edições do edições do Lavoura e Comércio para o público. (Arquivo Público de Uberaba)

Crédito: locução Antenor Cruvinel/áudio do acervo pessoal de Reinaldo Santos)

Crédito do vídeo: Antônio Carlos Prata


domingo, 16 de fevereiro de 2020

AS MUITAS MORTES DO CAPITÃO SILIMBANI

Corria o ano de 1908 e as novidades sobre os voos de Santos Dumont em Paris com seus aparelhos “mais pesados que o ar” chegavam a Uberaba por jornais e revistas, atiçando a imaginação das pessoas. Os primeiros aviões eram um sonho distante, mas a possibilidade de ver um homem voando estava cada vez mais perto: circulava a notícia de que em breve chegaria na “Princesinha do Sertão” o arrojado aeronauta Jose Silimbani – capitão do Real Corpo de Aeróstatos da Itália – que, desde o ano anterior, assombrava os brasileiros com suas exibições aéreas com o balão de ar quente “Colosso”.

Desenho e dados técnicos de um balão de ar quente do tipo Montgolfier, do século XVII.

Não existem fotos do balão de ar "Colosso "do Capitão Silimbani. Mas não devia ser muito
diferente desse que aparece sendo inflado em um Circo Aéreo no estado do Nebraska, EUA, em 1910.


Outra imagem de uma apresentação de balão de ar quente nos EUA no início do século XX.

O balão de Giuseppe Silimbani não tinha cesto de passageiros.
 Em vez disso, havia um par de trapézios pendurados, nos quais ele fazia acrobacias nas alturas. Um tipo de show comum nessa época.

Giuseppe Silimbani e sua primeira esposa Antonietta Cimolini. O casal de italianos compartilhava o gosto pela música e por esportes radicais. Em 1902, mudaram-se para Buenos Aires, na Argentina.

Na Argentina, Giuseppe tornou-se o Capitão Jose Silimbani. O casal apresentava-se em acrobacias aéreas, com o patrocínio de uma fábrica de cigarros. Em março de 1904, um acidente tirou a vida de Antonietta, mas os jornais brasileiros "mataram" o capitão.


Em 1907, Jose Silimbani veio ao Brasil fazer uma temporada de exibições. Após apresentar-se na capital paulista, tomou o trem da Mogiana e evenredou pelo interior até chegar em Uberaba.

A primeira versão do assassinato, divulgada pela imprensa de Uberaba, foi reproduzida em diversos jornais no Brasil e no exterior. A investigação policial mostrou que a história real era bem diferente.


Balões de ar quente não eram uma novidade. Reza a lenda que o Padre Bartolomeu de Gusmão, um brasileiro da cidade de Santos, teria colocado alguns para voar Lisboa no início do século XVIII. Algumas décadas mais tarde, em 1783, os irmãos franceses Joseph e Étienne Montgolfier criaram um modelo prático e popularizaram seu uso. Por volta de 1900, eram comuns as exibições de voos desses aeróstatos por artistas e aventureiros em todo o mundo.

Depois de apresentar-se com sucesso nas cidades de Campinas, Ribeirão Preto e Franca, o capitão finalmente chegou a Uberaba de trem. Desembarcou seus equipamentos, hospedou-se no elegante Hotel do Comércio da Rua Vigário Silva e anunciou o local escolhido para sua apresentação: o Largo das Mercês, atual Praça Dom Eduardo. Ingressos para o evento foram vendidos a 8 mil reis para adultos, 1 mil réis para crianças. Às duas da tarde do dia 3 de maio, um domingo, Silimbani inflou seu balão e ganhou os céus. Dezenas de metros acima do solo, pendurou-se em um trapézio e exibiu-se em um show de arriscadas acrobacias. De volta ao solo, foi recebido em triunfo pela multidão, embora alguns tenham reclamado da pequena duração do show.

O balonista havia sido contratado pela companhia teatral de Manuel Balesteros para fazer duas apresentações na cidade. A segunda ascensão seria no domingo seguinte, dia 10. Mas no sábado à noite aconteceu o impensável: o destemido capitão, gravemente ferido por um tiro de garrucha que lhe atingira o baço, agonizava em seu quarto de hotel. Nos dias seguintes, jornais de todo o Brasil anunciaram a morte do aeronauta em Uberaba, assassinado após uma briga.

Silimbani tinha 34 anos de idade, e não era a primeira vez em que perdia a vida, ao menos na imprensa brasileira. Em março de 1904, vários jornais de São Paulo e do Rio anunciaram sua morte ao despencar nas águas do Rio da Prata durante uma apresentação em Buenos Aires. O acidente causou grande comoção porque o corpo desapareceu e demorou a ser encontrado, mas não fora ele quem morrera. A vítima era sua jovem esposa, a também italiana Antonietta, parceira nas exibições aéreas. O casal tinha um filha, na época com cinco anos de idade.

Giuseppe Silimbani nasceu na cidade de Forli, na Emília Romana e começou a vida como padeiro. Tenor aficionado e esportista em diversas modalidades, logo interessou-se pelo balonismo. Em 1898, casou-se com Antonia Cimolini, natural da Ravena, com quem compartilhava o gosto pela música e pelo esporte. A dupla começou a apresentar-se pela Itália mas, em 1902, decidiu vir para a Argentina – onde Giuseppe tornou-se “Jose” e inventou o fantasioso título de “capitão”. No ano seguinte, os dois já eram razoavelmente famosos: com o patrocínio de um fabricante de cigarros, exibiam-se em diversas cidades. São considerados precursores da aeronáutica no país vizinho.

Com a morte da esposa e parceira, Silimbani seguiu apresentando-se sozinho. No final de 1907, já casado novamente, deixou a família em Buenos Aires e arriscou-se em uma temporada de shows aéreos pelo Brasil. Fez diversas exibições em Santos e São Paulo, onde apresentava-se no Parque Antárctica e logo tornou-se um ídolo da comunidade italiana, que o tratava como "o homem mais corajoso do mundo". No final de janeiro de 1908, deu início a uma sequência de shows pelo interior, seguindo os trilhos da Companhia Mogiana até chegar em Uberaba.

A última morte do Capitão Silimbani aconteceu na imprensa. Seus assassinos espalharam a notícia de que, no início da tarde do sábado, o italiano havia ofendido e importunado diversas mulheres da cidade. Por fim, invadira a casa e tentara violentar a esposa do seleiro Joaquim da Cunha que, vindo em seu socorro, lutou com o agressor e acabou lhe dando o tiro fatal. Essa versão foi reproduzida em diversos jornais brasileiros.

A investigação mostrou que os fatos não correram bem assim. Ouvidas pelo delegado, nenhuma das outras mulheres confirmou as tentativas de assédio. O inquérito apurou que Joaquim e Marina, chegados há poucos meses da cidade mineira de Guaranésia, moravam nos fundos da ferraria do Sr. Antonio Felix, no Largo das Mercês, onde o balonista montava seus equipamentos. Na ausência do marido, que saíra para fazer um serviço nas imediações, o italiano teria dirigido alguns galanteios e propostas a Marina – que não tiveram boa acolhida. Alertado do fato por vizinhos, o seleiro voltou ao local armado com uma garrucha.

Silimbani anda tentou refugiar-se na ferraria, onde foi espancado pelo proprietário e por um outro funcionário, que era primo de Marina. Já bastante machucado, acabou expulso para a rua, onde Joaquim disparou o tiro, evadindo-se em seguida. Apesar de socorrido no prédio do Ginásio Diocesano, os médicos lhe deram poucas esperanças. Levado ao hotel, morreu no início da noite e foi enterrado em Uberaba no dia seguinte. O delegado pediu o indiciamento dos três pelo assassinato, mas não encontramos notícias do resultado do processo. Apesar de protestos isolados da comunidade italiana, muitos jornais não se preocuparam em desmentir a primeira versão.

(André Borges Lopes – Uma primeira versão desse artigo foi publicada na coluna Binóculo Reverso em 02/02/2020. Um agradecimento especial ao João Araújo, do Arquivo Público de Uberaba, que ajudou a recuperar essa história)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

PRAÇA HENRIQUE KRÜGER/PRAÇA DO CORREIO

Praça Henrique Krüger


Nome Atual: Praça Henrique Krüger/Praça do Correio.

Nomes Anteriores: Praça das Orquídeas, Praça dos Namorados.

Bairro: Estados Unidos.

Data da foto: 1970

Fotógrafo: Desconhecido

Acervo: Arquivo Público de Uberaba



Sanatório Espírita de Uberaba


Sanatório Espírita  de Uberaba



Sanatório Espírita de Uberaba na década de 1930, quando foi inaugurado (Foto: Autoria desconhecida  Fonte: Arquivo Público de Uberaba)

Palacete José Caetano Borges

 Palacete José Caetano Borges


Desenho de Hélio Siqueira – Palácio de José Caetano Borges – 1884

Acervo: Arquivo Público de Uberaba

Intendência Municipal

Intendência Municipal

Alvará de licença de morada do ano de 1891, livro n°6

 Arquivo Público de Uberaba



Ampliação da Casa de Bomba o poço de sucção

Ampliação da Casa de Bomba o poço de sucção





Foto: Autoria desconhecida

Década: 1960

 Arquivo Público de Uberaba

Visita no Reservatório na Rua Delfim Moreira

Visita no Reservatório na Rua Delfim Moreira


Foto: Autoria desconhecida

Década: 1960

Arquivo Público de Uberaba


Rio Uberaba – Alicerce das caixas de areia

Rio Uberaba – Alicerce das caixas de areia




Década: 1960                                                                                                                                             


Foto: Autoria desconhecida



Acervo: Arquivo Público de Uberaba

(CODAU) Obras na Avenida Fernando Costa

(CODAU) Obras na Avenida Fernando Costa


Foto: Autoria desconhecida

Década: 1960

Arquivo Público de Uberaba



Captação de água no Rio Uberaba

Captação de água no Rio Uberaba

Foto: Autoria desconhecida

Década: 1960

Arquivo Público de Uberaba



Hospital São Paulo

Hospital São Paulo







 Década: 1990                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  


Foto: Autoria desconhecida




Avenida Presidente Vargas




 Arquivo Público de Uberaba