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quarta-feira, 21 de julho de 2021

DR. SÍLVIO PONTES PRATA.

Como é difícil me despedir de um amigo, cujas lágrimas pedem a palavra e falam por mim. 
Dr. Sílvio Pontes Prata que Uberaba, entristecida e de luto, vê partir hoje para a eternidade. 
Sua vida pontilhada de boas ações lhe fazia e faz merecedor do mais puro afeto e gratidão de todos os seus pacientes e familiares. E por extensão, os inúmeros amigos. 
 
Sílvio Prata Foto/Divulgação.

Minha família e eu lhe externamos a nossa gratidão pela sua amabilidade conosco nos momentos ultra difíceis, sobretudo quando a esperança estava em seu limite e ele, Dr. Sílvio, enviado por Deus, revertia situações aqui inenarráveis. 

Coração sensível, tratando corações enfermos, uma palavra sua dirigida com amor erguia os pacientes. Quantos eu sei, que tiveram sobrevidas e diziam em alto e bom som: “Foi graças ao Dr. Sílvio Pontes Prata”. Esse é o filho que Uberaba, tão bem descrita por seu avô Hildebrando Pontes, se despede pesarosa. 

Aliás, certa vez a trabalho entrei numa das salas de aula da então Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro e, na lousa, li a mensagem de despedida mais linda que conheci. Seu autor: Dr. Sílvio Pontes Prata que a escreveu ao se aposentar como professor. 

Citei-lhe no livro “Zote que eu vi” e, naquelas páginas, está o seu depoimento sobre um dos seus pacientes mais aguerridos - Zote. 

Referência para seus familiares, pacientes, amigos e colegas de profissão, Dr. Sílvio deixa sua indelével marca. Tenho certeza que D. Selma, os filhos; Dorinha, Silvana, Sérgio e Stael com os demais descendentes tudo farão para eterniza-lo. 

Aos familiares do querido amigo o nosso abraço de solidariedade. 
E um “até breve” Dr. Sílvio Pontes Prata.

João Eurípedes Sabino.
Uberaba/MG/Brasil.

terça-feira, 15 de junho de 2021

BANDEIRA A MEIO MASTRO

Sim, Bandeira a Meio Mastro.

Ontem -14/06/2021- no início da noite cumpri a mais árdua missão: subi as escadarias da sede do nosso Sodalício Triangulino de Letras e, lá encima, baixei o Pavilhão Nacional deixando-o a meio mastro. 

A tristeza invadiu-me e tive que ampliar minhas  forças para materializar o meu intento: homenagear nosso  herói que de nós se despediu para sempre, vítima da Covid-19, deixando vazia a Cadeira número 15.

A missão do presidente é extremamente árdua  quando se trata de comunicar à sociedade que a Academia de Letras do Triângulo Mineiro perde um de seus diletos  membros. Aí se apresenta o Pavilhão Nacional com seu silêncio mudo e, literalmente imóvel, emite a mensagem que vale por milhares de palavras: “Aqui estou para representar o luto. Minhas quatro cores (verde, amarelo, azul e branco) se transformam numa só; o preto, cor que traduz o luto”.

LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA faz as cortinas do show se fecharem e o ciclo dos combatentes por Uberaba se encerra. Quem lutou tanto por sua terra quanto ele? Nenhum outro filho, se buscarmos em nossa história que começa oficialmente no século XIX.

De Borges Sampaio, passando por Hildebrando Pontes, José Mendonça e outros autores até os dias de hoje, todos escreveram bem a história das Sete Colinas, mas LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA vestiu uma nova roupagem na história e a contou de forma a despertar no uberabense o amor pela sua terra e inadmitir a sua classificação em 

lugares longe do primeiro.

Aí está o tributo que sempre estaremos em débito com LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA. 

Segue amigo Gonzaga. A sua imortalidade se inicia agora e nós aqui ficamos para consagrar o seu bendito nome.

Abraço fraterno.

João Eurípedes Sabino. 

Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 

Uberaba/MG/Brasil 

15/06/2021



domingo, 3 de janeiro de 2021

A HISTÓRIA DE UBERABA DE HILDEBRANDO PONTES

INTRODUÇÃO

Desde pelo menos o início do século XX, Hildebrando Pontes (1879-1940) efetuou pesquisas sobre a História de Uberaba, acumulando, com o passar dos anos, informações, conhecimentos e documentos.

No Governo Municipal do engenheiro Guilherme Ferreira (outubro de 1930 a fevereiro de 1935) Hildebrando foi contratado para elaborar livro sobre o município com todos os dados históricos e estatísticos conhecidos e disponíveis. No apagar das luzes da referida administração municipal ou logo em seguida, Hildebrando entregou seu trabalho, então intitulado “O Município de Uberaba”.

Dado o desinteresse da sociedade e, em decorrência o dos políticos e administradores que a representam, e, ainda, a descontinuidade administrativa dos executivos municipais, a obra, em seus alentados cinco volumes manuscritos e encadernados, permaneceu inédita por décadas e só sabida e frequentada por um ou outro historiador (José Mendonça e Gabriel Toti, por exemplo), somente sobrevivendo pelos cuidados pessoais e especiais que lhe dedicou o escritor e secretário da Prefeitura, Lúcio Mendonça.

Por incrível possa parecer, atestando o alto grau de desinteresse e descaso pela História do município e pela obra de Hildebrando, nem mesmo por ocasião das ruidosas comemorações do centenário da elevação da vila (município) de Uberaba ao título honorífico de cidade, em 1956, foi lembrada e resgatada do olvido a que as administrações municipais a relegaram. Mesmo tendo a Prefeitura recebido do Governo Estadual de Juscelino Kubitschek, segundo consta, 5 milhões de cruzeiros (4 milhões para educação e/ou saúde e 1 milhão para a comemoração).


DESCOBERTA E PUBLICIDADE


Estava escrito que um dia, no futuro, essa omissão e descaso chegariam ao fim. E chegaram!

Em julho de 1968 começou a ser editado o “Suplemento Cultural do Correio Católico”, em formato tabloide e periodicidade variando entre quinzenal e mensal. Com certa carência de matérias publicáveis e nenhuma atinente à História local, a editoria do Suplemento, tomando conhecimento da existência da obra de Hildebrando, considerou que ela deveria conter informações sobre a literatura e o passado cultural da cidade. Não deu outra! Lá estava incrustado, em determinado de seus cinco grandes e volumosos volumes, capítulo intitulado “O Intelectualismo em Uberaba”, que, copiado à mão e posteriormente datilografado, foi reproduzido com destaque de primeira página no nº 20, de 12 de abril de 1969, do Suplemento, antecedido de nota introdutória e ilustrado com foto do autor.

FINALMENTE, EM LIVRO


A partir daí, a editoria do Suplemento e o advogado e escritor Edson Prata, à época secretário da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, decidiram tentar publicar a obra. Edson Prata entrou em contato com a direção do então operoso Instituto Nacional do Livro, solicitando-lhe fosse incluída em sua ativa programação editorial, que exigiu fosse obra de interesse geral e não apenas local, pelo que, dada sua abrangência, com larga introdução histórica sobre a formação brasileira, Edson Prata a reintitulou, muito apropriadamente, de “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.

Mesmo assim, não se logrou editá-la pelo mencionado Instituto, assoberbado por extensa lista e fila de inéditos aguardando publicação.

Em decorrência dessa impossibilidade, Edson Prata e a editoria do Suplemento voltaram suas vistas para a própria detentora dos direitos autorais da obra, a Prefeitura, cujo prefeito, engenheiro João Guido, prontificou-se a cobrir 50% (cinquenta por cento) dos custos, orçados em C$ 14.000,00.

Obtida essa participação, os originais foram em 1969 encaminhados à gráfica, estando concluída a impressão um ano depois, 1970, para lançamento no salão principal do Jóquei Clube de Uberaba, totalmente lotado.


Guido Bilharinho

SUPLEMENTO CULTURAL DO CORREIO CATÓLICO

Em 1º de julho de 1968 foi publicado o primeiro dos quarenta números do “Suplemento Cultural do Correio Católico”, em forma de tabloide anexo ao jornal diário da Cúria Metropolitana da Igreja Católica da então diocese de Uberaba, jornal que anteriormente, ainda nessa década de 1960, mantivera excelente página cultural, criada e dirigida pelo jornalista César Vanucci, então redator do jornal.

A partir de sua fundação e no decorrer dos quatro anos seguintes, o Suplemento erigiu-se em espaço, o único em Uberaba e na região do Triângulo, para manifestação da intelectualidade uberabense, notadamente nas áreas de literatura (contos, poemas, crítica literária e artigos em geral), cinema (artigos, reportagens e noticiário), teatro (depoimentos de diretores teatrais) e permanente noticiário cultural geral.

Em torno do Suplemento reuniu-se e consolidou-se articulado grupo de intelectuais oriundos do Cine Clube de Uberaba que, sem ele, sem seu espaço de manifestação e, automaticamente, de incentivo e chamamento, não teriam se dedicado à criação e à produção artística, pelo menos na intensidade e modernidade manifestadas.

O grupo, com isso e a partir daí mais se estratificou, atingindo autonomia, que o encerramento quatro anos depois do Suplemento não o abalou nem afetou. Ao contrário, propiciou a criação de novo espaço cultural nas edições da revista “Convergência”, da ALTM, de seus números 2 a 7, de 1972 a 1976, daí se projetando e atuando, por seus poetas, por duas décadas nas páginas da revista de poesia “Dimensão” (1980-2000), culminando com edição, em 2003, da antologia-ensaio “A Poesia em Uberaba: Do Modernismo à Vanguarda”.

O Suplemento, porém, não se caracterizou e se destacou apenas pelo espaço cultural que estabeleceu e nem pela reunião, articulação, participação e produção daí em diante do referido grupo de intelectuais.

Além disso e da atualização do pensamento intelectual uberabense, o Suplemento propiciou, permitiu, incentivou e suscitou a descoberta e o interesse pela “História de Uberaba”, descortinando e enfatizando sua importância no que antes era somente cultivado e sabido por três ou quatro historiadores e desconhecido, ignorado e até desprezado pelos professores secundaristas de História, que, por sua vez, em sua própria formação, nunca tiveram orientação e informação nesse sentido e nem esse tema era objeto dos currículos escolares.

Essa contribuição se deu mediante a publicação e destaque propiciado ao capítulo “O Intelectualismo em Uberaba”, extraído diretamente dos originais manuscritos da notável “História de Uberaba”, de Hildebrando Pontes, guardados na Secretaria da Prefeitura, detentora dos direitos autorais desde 1934, sem que ninguém, no curso das décadas seguintes, tomasse a iniciativa de publicá-los. Nem mesmo, o que é surpreendente, por ocasião das entusiásticas comemorações, em 1956, do centenário de elevação da vila de Uberaba à categoria de cidade.

Contudo, essa publicação e sua repercussão chamaram a atenção para a referida obra e desencadearam interesse e tratativas entre a editoria do Suplemento, a ALTM, na pessoa de Edson Prata, e o então prefeito João Guido para proceder sua edição após 36 (trinta e seis anos) esquecida e relegada aos escaninhos da Prefeitura.

Por sua vez, numa reação em cadeia, a publicação do livro em 1970 provocou série de outras iniciativas na área dos estudos históricos e criação de órgãos públicos municipais de natureza cultural, a exemplo da Fundação Cultural e do Arquivo Público de Uberaba.

Percebe-se, pois, que sem a existência do Suplemento – cuja coleção completa consta do blog bibliografiasobreuberaba.blogspot. - o desenvolvimento cultural e artístico uberabense desde sua implementação em 1968 seria diferente e, certamente, menos produtivo e qualificado.


Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no bloghttps://guidobilharinho.blogspot.com.br/


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Uberaba: “uma cidade entre córregos e colinas”

Os primeiros habitantes do arraial de Uberaba construíram suas moradias na parte central da cidade, localizada numa depressão, que corresponde ao trecho do calçadão da Rua Artur Machado. O viajante Barão de Eschwege, que passou no arraial em 1816, citou a presença de nove famílias e 47 moradores nessas imediações (ESCHEWEGE, 1994, P. 93). Três anos após, o francês Saint Hilaire passou por Uberaba e destacou: “... o arraial é composto de umas trinta casas espalhadas nas duas margens do riacho e todas, sem exceção, haviam sido recém construídas (1819), sendo que algumas estavam inacabadas quando por ali passei. Muitas delas eram espaçosas, pelos padrões da região, e feitas com esmero...” (HILAIRE,1975, P. 150).

Com o crescimento da cidade, outros locais foram ocupados e, devido ao relevo (topografia) do local foram povoadas áreas de maiores altitudes, conhecidas no século XIX como Colinas. O traçado das ruas seguia o padrão de algumas cidades do Brasil – colônia, com alinhamentos irregulares, como se pode perceber nas cidades de Paracatu, Ouro Preto e Sabará, em Minas Gerais. Outra cidade com essas características é a cidade antiga de São Mateus, Estado do Espírito Santo. De acordo com Borges Sampaio: 

“...os primeiros habitantes, não prevendo talvez o grande desenvolvimento que o povoado - Uberaba - em breve tempo havia de atingir e o importante papel que mais tarde representaria no País, não seguiram, desde o princípio um plano retangular de arruamento para as edificações dos prédios públicos. Antes, desprezando esse alinhamento regular, que tanto convém e agrada nos grandes, como nos pequenos povoados, foram edificando casas, formando os quintais e chácaras, acompanhando as ondulações do terreno e serpenteando dos pequenos regatos, quiçá porque assim se lhes oferecia melhor comodidade para o uso das águas, utilizando-se mais da fertilidade do solo (...) daqui veio a rua principal, a primitiva, a maior e mais importante, aquela que por muito tempos se chamou - Direita - é das menos retas, ocasionando, ela mesmo,a irregularidade que hoje se lamenta...” (SAMPAIO, 1971, P. 47) 

Em seu estudo topográfico publicado no ano de 1880, Sampaio identificou a existência de 6 colinas, onde atualmente se encontram os seguintes bairros: Boa Vista, Estados Unidos, Abadia (Colina da Misericórdia), Leblon (Colina do Barro Preto), São Benedito (Colina da Matriz) e Mercês (Colina Cuiabá). Nessa época, o bairro Boa Vista compreendia também o bairro do Fabrício, que ainda não tinha esse nome (SAMPAIO, 48).


Uberaba do século XIX, com apenas 6 colinas.
 Observação do Vale à partir do Mirante da Univerdecidade

O termo colina utilizado por Sampaio referia-se aos pontos mais altos da cidade, naquela época. Do ponto de vista geomorfológico, o relevo de Uberaba se caracteriza, na realidade, como uma planície de deposição sedimentar (depressão), com material oriundo das altas cadeias que havia na região de Araxá (Serra da Canastra). Devido ao fato de que esse material sedimentar ser suscetível a erosões, o deslocamento das águas dos córregos moldou a topografia de Uberaba, fazendo surgir alguns vales, onde hoje se encontram as principais avenidas da cidade, como Avenida Leopoldino de Oliveira, Santos Dumont, Guilherme Ferreira e Fidélis Reis. 

Durante o século XX, Hildebrando Pontes, substituiu o termo Colinas por Altos e identificou mais um Alto, o Fabrício (PONTES, 1978, P. 274). Nessa época, o Alto do Fabrício já havia se desmembrado do Alto Boa Vista e sua nomenclatura refere-se ao ferreiro Fabrício José de Moura, morador da Praça Santa Teresinha, que mantinha uma oficina de ferreiro e uma hospedaria, atividades convenientes para a recepção de comitivas de viajantes e de carros de bois, que chegavam a Uberaba pela região onde hoje se encontra a Avenida Pedro Lucas, ou corredor dos boiadeiros, que servia de acesso à Uberaba para quem vinha do norte do Triângulo Mineiro, do arraial de São Pedro de Uberabinha (atual Uberlândia), Palestina e Mangabeira. 

Uberaba do século XX, com as 7 colinas.
 Observação do Vale à partir do Mirante da Univerdecidade


Nos dois autores, a delimitação dos bairros acontece naqueles vales, onde correm córregos que, canalizados, deram lugar às avenidas. Assim, podemos identificar o córrego da Estação e do Pontilhão na atual Avenida Fidelis Reis. O Córrego Barro Preto, atual Guilherme Ferreira e o Córrego da Manteiga, atual Avenida Santos Dumont. De acordo com o mapa de Uberaba confeccionado pelo engenheiro Abel Reis em 1942, o Córrego Olhos D’água nasce nas proximidades do Conjunto Frei Eugênio e segue até o Mercado Municipal. Daí para a frente, esse Córrego deságua no Córrego das Lages, que percorre o trecho do Mercado Municipal, sentido Univerdecidade, até o Rio Uberaba e drena toda a bacia da cidade. 

Como vimos, houve uma diferença na identificação das colinas entre Sampaio e Pontes. No século XIX em nenhum momento aparece a expressão “sete colinas”, o que ocorre com freqüência no século XX, conforme podemos verificar nos estudos de Hildebrando Pontes (PONTES, 274). De acordo com o professor Carlos Pedroso, é provável que essa denominação tenha entrado no domínio popular depois da vinda do primeiro bispo Dom Eduardo Duarte Silva para Uberaba. Segundo ele, Dom Eduardo morou na cidade de Roma, conhecida desde a antiguidade como cidade das sete colinas. “Naturalista e observador, não é difícil supor ser o bispo o único curioso observador dos córregos e colinas”, afirma Pedroso. 

A conceituação inicial das colinas nos séculos XIX e XX se limitava aos bairros próximos do centro. Com o crescimento da cidade de Uberaba e o surgimento de novos bairros na zona periférica é difícil compreender a manutenção do mesmo conceito inicial das colinas. Afinal, quantas colinas existe na Uberaba atual? 

Marta Zednik de Casanova – Superintendente de Arquivo Público
João Eurípedes de Araújo – Diretor de Difusão, Apoio á Pesquisa e Atendimento
Luiz Henrique Cellurale – Pesquisador
Donizete Fontes Calçado – Pesquisado


Jornal Gazeta de Uberaba

Acervo: 1879 a 1912 

A Imprensa no Brasil: 


Os jornais são referências fundamentais para as pesquisas historiográficas por garantirem acesso à informação e revelarem ideologias diferenciadas, as tradições, os usos, os costumes, as atividades comerciais, os aspectos políticos, sociais, culturais e econômicos, que marcaram a trajetória de um povo. 

No Brasil, qualquer atividade de imprensa era proibida antes de 1808 e, consequentemente a imprensa brasileira nasceu tardiamente, assim como o ensino superior, as manufaturas, a própria independência política e a abolição da escravatura. 

Ao contrário dos principais países latino-americanos, o Brasil entrou no século XIX sem tipografia, sem jornais e sem universidades, inviabilizando a formação do público leitor. Isso gerou um legado de analfabetismo, sentido até hoje. 

A primeira tipografia a funcionar de forma duradoura no País viria a bordo da nau Medusa, integrante da esquadra que transferiu a Corte Portuguesa para o Brasil em 1808, fugindo das tropas napoleônicas. Utilizando-se desse material tipográfico o príncipe D. João baixou um decreto em 13 de maio de 1808, determinando a instalação da Impressão Régia no Rio de Janeiro, com a ressalva de que nela “se imprimam exclusivamente toda a legislação e papéis diplomáticos que emanarem de qualquer repartição do meu real serviço, e se possam imprimir todas e quaisquer obras, ficando inteiramente pertencendo seu governo e administração à mesma Secretaria”. 

Tobias Rosa foi um dos dirigentes do Jornal Gazeta de Uberaba. Imagem do final do século XIX.
 Acervo: Superintendência do Arquivo Público de Uberaba.


A imprensa brasileira tem como marcos fundadores: o lançamento, em Londres, do Correio Braziliense, em 1º de junho, e a criação da Gazeta do Rio de Janeiro, em 10 de setembro, ambos de 1808. 

Apesar dos percalços e limitações, a imprensa brasileira conquistou espaço em sua trajetória histórica e possui um número apreciável de jornais que têm revelado notável capacidade de inovação técnica e editorial, o que lhes permitem vencer todos os desafios surgidos até hoje. 

A Imprensa em Uberaba: 

Em Uberaba, a imprensa surgiu em fins do século XIX e desde então revela fatos importantes que marcaram a história da cidade e do Brasil. Os jornais fundados na cidade tiveram o desafio de construir um jornalismo informativo, crítico e esclarecedor. 

O primeiro jornal impresso que se tem notícia no Triângulo Mineiro surgiu em Uberaba, intitulado O Paranaíba, que segundo o pesquisador Hildebrando Pontes[1], foi criado pelo médico francês Henriques Raimundo des Genettes em 01 de outubro de 1874. 

Hildebrando Pontes revela que a maioria dos primeiros impressos obedecia a fins políticos, “daí ser a política uma das causas que mais eficazmente contribuíram para o progressivo desenvolvimento da imprensa entre nós” [2]. Lembra que por estes impressos manterem posicionamentos políticos em suas abordagens, alguns jornalistas sofreram violências das partes ofendidas. 

Segundo Hildebrando Pontes, em boa parte era graças aos jornais que a civilização ganhava força: “Hoje, graças ao benemérito influxo da civilização, cuja maior parte se deve à imprensa, a leitura de jornais é tão necessária ao espírito como o alimento que da vida e força ao organismo. Um fato parece não ter importância se dele não se ocupa a imprensa”. 

Jornal Gazeta de Uberaba: 


Com a preocupação em viabilizar para o público o acesso às informações pertinentes à imprensa de Uberaba, a Superintendência do Arquivo Público tem como um dos objetivos recuperar acervos documentais. Diante disso, intermediou junto a Arnaldo Rosa Prata, ex-prefeito de Uberaba, a disponibilização do Jornal Gazeta Uberaba para ser digitalizado e disponibilizando via internet para o público. 

O Gazeta de Uberaba foi distribuído pela primeira vez em 1875 e teve como primeiro diretor e redator José Alexandre de Paiva Teixeira. Na primeira etapa de sua existência foi publicado até fevereiro de 1876. 

Em 27 de abril de 1879 o mesmo jornal foi recriado por João Caetano e Tobias Rosa (tio de Arnaldo Rosa Prata) e nessa época o impresso manteve uma atuação político-partidária oponente ao Partido Liberal que era representado por outro jornal com o título de Correio Uberabense. 

O Jornal Gazeta de Uberaba foi o quarto periódico criado em Uberaba. 

Arnaldo Rosa Prata resguarda o acervo há anos e gentilmente emprestou os jornais para serem digitalizados pela Superintendência do Arquivo Público de Uberaba. Um acervo de grande importância para a história do município e região e se refere ao período de 27 de abril de 1879 a 1912. 

O Gazeta de Uberaba era um periódico semanal, que após 30 de novembro de 1894 passou a circular seis vezes por mês. Em 1º de janeiro de 1903, a circulação passou a ser diária e tornou-se o primeiro jornal diário que Uberaba teve. 

Nas oficinas montadas com capricho, na Rua Tristão de Castro, nº 2, executavam-se excelentes trabalhos de arte tipográfica. A sua tiragem era de 1.200 exemplares impressos em 4 a 6 páginas. Na sua existência de aproximadamente meio século de circulação, o Gazeta de Uberaba contava com um numeroso corpo de colaboradores representados por distintos jornalistas nacionais e estrangeiros. 

Em 1891 assumiu a direção do jornal o professor Alexandre Barbosa, sucedido pelo promotor de justiça pública de Uberaba, Joaquim José Saraiva Júnior, que também não permaneceu por muito tempo na direção, uma vez que foi transferido para a Promotoria de Monte Alegre. Sendo assim, a coordenação e redação passaram para as mãos de Chrispiniano Tavares, José Maria Teixeira de Azevedo e outros. Quando entrou em cena a República, a aderência política afeita pela folha ajustou-se ao Partido Republicano Mineiro (PRM). 

Já no ano de 1895, o então proprietário do jornal Gazeta de Uberaba, Tobias Antônio Rosa, mudou-se para o município de Ribeirão Preto, levando consigo o jornal, que passou a ser intitulado São Paulo e Minas. Em 1897 Tobias Antônio Rosa voltou para Uberaba e reabriu as portas da redação do jornal com o seu nome anterior, Gazeta de Uberaba. 

Na sucessão da presidência do Estado de Minas Gerais, de Bias Fortes, para Silviano Brandão, surgiu em Uberaba o Partido da Lavoura e Comércio, entidade que representava os interesses de segmentos econômicos da região que eram contrários às taxações cobradas em detrimento aos seus interesses financeiros. Assim nasceu também o jornal Lavoura e Comércio, em 1889, de propriedade de Antônio Garcia de Adjunto. O embate de interesses políticos na região ficou marcado claramente nas linhas editorias dos dois jornais: de um lado estava o Gazeta de Uberaba, alinhado com as proposições políticas do governo de Minas Gerais, de Silviano Brandão; do outro lado, o Lavoura e Comércio, entrincheirando os interesses classistas locais. 

A oposição do jornal Gazeta de Uberaba ao jornal Lavoura e Comércio se deu até a fusão do Partido da Lavoura e Comércio com o Partido Republicano Mineiro, em janeiro de 1903. Após esse período o Gazeta de Uberaba centrou-se noutras questões de interesses gerais como relata Pontes[3]. 

Hildebrando Pontes, mostra no seu estudo sobre a imprensa de Uberaba que, o Gazeta de Uberaba, a partir de 1909, ajustou seu enfoque editorial à defesa do recém-criado Partido Civilista, contrário a indicação feita pela convenção nacional ao pleito da Presidência da República. Hildebrando Pontes ainda conta que o jornal tomou outra linha absolutamente diferente pela marcada até então, quando: 

[...] Entretanto por transação de 21 de janeiro do ano seguinte, entre os diretores os senhores Tobias Rosa e Filho e o Coronel Américo Brasileiro Fleury, passou a ser, a Gazeta de Uberaba, desse dia em diante propriedade do último. Essa transação inverteu diametralmente, os pólos de defesa política do jornal, que passou a ser agora, órgão francamente hermista, politicamente redigida pelo deputado Afrânio de Mello Franco, e literariamente redigido pelo José Afonso de Azevedo, figurando, ainda, no seu corpo de colaboradores, além de outros, o Dr. José Julio de Freitas Coutinho, Juiz Municipal de Uberaba. Cessada a campanha hermista, continuou como órgão do PRM, redactoriado pelos doutores Lauro de Oliveira Borges, Alaor Prata Soares e José Julio de Freitas Coutinho. (PONTES, JORNAL CORREIO CATÓLICO, 1931. n/p). 

A partir de 24 de janeiro de 1911, o jornal Gazeta de Uberaba tornou-se “Propriedade de uma Associação”, dirigida pelos mesmos senhores, menos o Dr. Coutinho, que se retirou. 

No entanto, o Jornal Gazeta de Uberaba teve suas atividades interrompidas em 1912. 

Em novembro de 1913, o coronel Tobias Rosa, fundou a Gazeta do Triângulo, uma associação que defendia os interesses do PRM – Democrata. 

Em 1915 rearticulou a volta do Gazeta de Uberaba, que dessa vez atendia aos interesses do “Partido da Concentração Municipal de Uberaba”. Desse modo, o Gazeta de Uberaba funcionou até 1917, ano em que faleceu o coronel Tobias Antônio Rosa. 


Marta Zednik de Casanova 

Superintendente do Arquivo Público de Uberaba 



[1] PONTES, Hildebrando. A Imprensa de Uberaba. JORNAL CORREIO CATÓLICO, 21 de mar. 1931. n/p. nº 360. 

[2] Id. Ibid. n/p. [3] PONTES, Hildebrando. A Imprensa de Uberaba. JORNAL CORREIO CATÓLICO, 21 de mar. 1931. n/p. nº 360. n/p.


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

PATRIMÔNIO CULTURAL DE UBERABA: OS LIVROS AS ARTES AS CIÊNCIAS

Guido Bilharinho


O patrimônio cultural de uma comunidade, seja local, regional ou nacional, é representado pelo conjunto de suas manifestações artísticas, científicas e técnicas.

O livro em epígrafe consta dos blogs guidobilharinho.blogspot.com e bibliografiasobreuberaba.blogspot.com e abrange algumas de suas áreas mais relevantes, consistentes na produção intelectual materializada pela elaboração e edição de livros, físicos ou eletrônicos, além de músicas, artes plásticas, filmes e visuais.

Representa, tal cometimento, a primeira tentativa de levantamento dessa produção intelectual, constituindo provavelmente iniciativa pioneira no país, à semelhança de tantas outras promovidas em Uberaba, a exemplo da “História do Futebol” (1922), do “Sistema Fluvial de Uberaba e Região” (década de 1920), do “Dialeto Capiau” (inícios dos anos 30), do vade mecum das leis municipais (1934) – todos da lavra do historiador e polígrafo Hildebrando Pontes – da enciclopédica “História da Medicina em Uberaba”, de José Soares Bilharinho, e de “Periódicos Culturais de Uberaba”, de Guido Bilharinho.

Ao que se sabe, nenhuma outra cidade brasileira possui em seu portfólio cultural, artístico e científico, conjunto de obras e iniciativas dessa jaez.

A esse grupo de realizações intelectuais vem se juntar, agora, o presente inventário de sua produção livresca, artística e científica, setor por setor, área por área, com um mínimo de indicações necessárias a seu situacionamento autoral, temporal e material.

As características mais notáveis dessa produção intelectual são suas extraordinárias multiplicação e diversificação, notadamente de 1960 em diante, apresentando também, e cada vez mais, acentuado aumento de sua qualidade, imposto pelo natural desenvolvimento econômico-sócio-cultural da coletividade, cada vez mais exigente e necessitada de obras e realizações também cada vez mais aprimoradas, intelectual, científica e tecnicamente, aliás, como em todos os setores da vida privada e da administração pública, esta ainda muito enredada nas peias burocráticas, que ela própria se impõe, que não só prejudica e constrange sua eficácia como afeta diretamente toda a coletividade que, por sua atuação e produtividade econômica, a sustenta.

Contudo, apenas essa produção e, agora, seu levantamento e inventariação não bastam.

Necessário também que as duas unidades básicas da formação humana, da aquisição de conhecimento e do saber e da atividade intelectual - o núcleo familiar e os estabelecimentos de ensino - se conscientizem, se empenhem e se dediquem, com deliberação e propósito, metódica, consistente e permanentemente a transmitir, difundir e despertar em crianças e jovens os princípios da valorização e da imprescindibilidade do estudo, da leitura, do conhecimento e do saber, no que, de modo geral, vêm falhando lamentavelmente.

Do mesmo modo, conquanto atuando em esfera diversa, os meios de comunicação também devem ter a responsabilidade de atuar nesse sentido, procurando o mais possível se libertar das imposições da indústria do entretenimento, que privilegia o ter em contraposição ao ser e o descompromisso e o alheamento ao invés da responsabilidade e do engajamento social.

*
O citado livro não implica em análises e críticas sobre a produção intelectual uberabense, porém, tão somente em efetuar seu levantamento.

À evidência que, embora se tenha sempre, em cometimentos dessa natureza, a pretensão e o objetivo de se atingir e registrar a totalidade dessas manifestações, sabe-se não ser isso possível, pelo menos inicialmente e mesmo a médio prazo, dada a inexistência desde sempre de órgãos públicos ou particulares preocupados e dedicados à sua reunião e conservação, pelo que, com o passar do tempo, inúmeros livros físicos desapareceram ou foram parar em lugares incertos e não sabidos, além do que nunca houve – e nem se sabe se haverá – acompanhamento e registro, por exemplo, da enorme produção musical e de artes plásticas, submetida que está a permanente dispersão, dissolução, destruição e definitivo desaparecimento, constituindo inominável afronta e ofensa a seus autores e irremediável desfalque e perda para a sociedade, que a não poderá usufruir e dela se beneficiar.

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Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

quinta-feira, 5 de março de 2020

GENEALOGIAS UBERABENSES


Guido Bilharinho


Desconhecidas ou ignoradas pela maioria das pessoas, as genealogias têm dado importante contribuição à História, visto que essas pesquisas e levantamentos familiares implicam indivíduos e gerações que compuseram, participaram e contribuíram com sua existência e atuação para a formação histórica no tempo e no espaço.

Uberaba, pelo seu posicionamento espácio-temporal e as peculiaridades que condicionaram e direcionaram seu desenvolvimento, atraiu e reuniu consideráveis núcleos familiares, que, alguns dos quais, paulatinamente, por meio de um ou outro de seus membros mais qualificados que se propuseram a tais pesquisas, tiveram procedidos seus levantamentos genealógicos.

Em consequência disso, inúmeros já são os livros atinentes ao assunto, aqui referenciados, pela ordem cronológica de suas publicações, os que chegaram às nossas mãos, dos quais, pelo momento, apenas se fornecem breves informações.

A primeira obra nesse sentido de que se tem notícia deve-se ao incansável historiador Hildebrando Pontes, que se não limitou a proceder à genealogia de apenas uma família, o que já seria digno de encômios, mas se lançou a produzir toda uma série delas, que intitulou de “Genealogia Mineira”, da qual publicou o TÍTULO I – RODRIGUES DA CUNHA, em 1929, composto de 87 (oitenta e sete) páginas, não obstante a tenha iniciado em maio de 1905, conforme informa na introdução ao livro. 

Após o pioneirismo de Hildebrando Pontes é editado, em 1956, o livro HISTÓRIA VERÍDICA, de Dalila Soares de Azevedo, levantamento da descendência do capitão Domingos da Silva e Oliveira, irmão do major Eustáquio e primeiro agente executivo (prefeito) do município, precedida a obra de “Sinopse da Vida de Uberaba”.

Trinta e quatro anos depois surge o livro DO SILVA AO PRATA, de autoria de Délia Maria Prata Ferreira, editado em 1990 com 175 (cento e setenta e cinco) páginas e diversas ilustrações, que provavelmente serviu de incentivo à série de outros que lhe seguem em breves intervalos nos anos seguintes.

Nem bem seis anos são transcorridos, Paulo Medina Coeli edita MEDINA COELI – HISTÓRIA E GENEALOGIA, com 160 (cento e sessenta) páginas, no qual, ao invés do tradicional quadro familiar sucessório, expõe a genealogia dos Medina Coeli por meio de narrativas contextualizadas e ilustradas.

Da mesma forma, Jorge Alberto Nabut edita em 2001 o livro FRAGMENTOS ÁRABES, com 278 (duzentas e setenta e oito) páginas e inúmeras ilustrações, no qual, para além dos limites do estrito levantamento familiar, enfoca poética e contextualmente a chegada e atuação de várias famílias árabes na região.

Quatro anos depois, em 2005, vem à lume o livro NOSSO PASSADO E NOSSA GENTE, de Fausto de Vito, com 214 (duzentas e catorze) páginas, concernentes à família De Vito, reportada à sua origem italiana.

Encurtando cada vez mais o intervalo entre uma e outra das publicações do gênero, é editada em 2008, em dois alentados volumes, a obra OS RODRIGUES DA CUNHA – A SAGA DE UMA FAMÍLIA, de Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha e Marta Amato, contendo no primeiro, em 584 (quinhentas e oitenta e quatro) páginas, a genealogia familiar e, no segundo, expressivo álbum fotográfico de membros da família.

Já no ano seguinte, 2009, Marta Junqueira Prata lança o livro OS REIS – HISTÓRIA E GENEALOGIA DE UMA FAMÍLIA, com 152 (cento e cinquenta e duas) páginas e abrangente índice onomástico.

Nem bem discorridos dois anos desse último lançamento, Plauto Riccioppo Filho publica, em 2011, a obra RAÍZES ARBËRESCHË – HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DA FAMÍLIA RICCIOPPO, também em alentado volume de 614 (seiscentas e catorze) páginas, fartamente ilustradas. 

Após um tanto dilatado período intervalar, eis que há dias, precisamente em 21 de dezembro de 2019, é lançado no Museu do Zebu, na presença de centenas de Borges de diversas gerações, A ODISSEIA DOS BORGES, de Carla Mendes Bruno Brady e Randolfo Borges Filho, em projeto ideado e coordenado por Leila Borges de Araújo e Randolfo Borges Filho, em portentoso volume de nada menos de 980 (novecentas e oitenta) páginas ilustradas, focalizando os troncos e ramos familiares: Martins Borges, Borges de Araújo, Gonçalves Borges, Alves Borges, Borges de Gouveia e Antônio Borges Sampaio, o célebre historiador.

*

Além dos livros acima mencionados, existem diversas outras genealogias, veiculadas por enquanto em edições mimeografadas.

A mais longeva delas consiste na GENEALOGIA DA FAMÍLIA SILVA E OLIVEIRA, efetuada por ninguém menos do que o múltiplo historiador Hildebrando Pontes, elaborada nos inícios do século XX e composta de 222 (duzentas e vinte e duas) páginas, justamente sobre a família Silva e Oliveira, a fundadora de Uberaba na pessoa de Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, o major Eustáquio, mas, na verdade, família Távora, perseguida pelo marquês de Pombal e impedida, até sua reabilitação pela rainha Maria I, de utilizar seu legítimo nome, ao qual o pai do major não quis voltar.

A GENEALOGIA DA FAMÍLIA FERREIRA DE ARAÚJO é também da lavra de historiador Hildebrando Pontes, constituindo o Título II da série Genealogia Mineira que se propôs a fazer, composta de 90 (noventa) páginas manuscritas.

Por sua vez, em 1990, José Carlos Machado Borges (Juquita Machado) publica em mimeógrafo, em 244 (duzentas e quarenta e quatro) páginas, sua múltipla genealogia intitulada GENEALOGIAS por se referir, conforme explica o Autor em prêambulo, a seus quatro distintos troncos familiares: Machado dos Santos, Pepino, Borges de Araújo e José Bernardes.

Outras genealogias e histórias familiares provavelmente devem existir prontas ou em vias de elaboração, cumprindo apenas que sejam dadas à divulgação, como necessário.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/


Cidade de Uberaba

UM VIVA À WILMA CESARINI!


Luiz Alberto Molinar

“Me segura!”, era seu bordão para algo tido como segredo revelado ou assunto constrangedor. Minha professora particular nos anos 70 e companheira de mesa na Choperia do Mário, nos 90. Ao som do Trio Irakitan, Nelson Gonçalves e Orlando Silva, que ela cantarolava junto, com alegria, degustávamos porções e sucos. Gostava de ouvir suas histórias. A levei aos shows de Inezita Barroso e dos Demônios da Garoa.

Wilma Cesarini

Wilma Cesarini (18/12/1929-4/3/2020), desde a década de 1930, morou na rua Artur Machado. No final de tarde, ficava debruçada sobre seu portãozinho, vigiando a vizinhança e cumprimentando comerciários que voltavam do trabalho.

Afilhada do líder espírita e psiquiatra Inácio Ferreira, era também adepta da mesma doutrina. Se sentia ofendida com convites a missas e festas católicas. Solidária, contribuía com casas assistenciais. Ranzinza, vez ou outra entrava em conflito com vizinhos.

O marido de Wilma, Alaor Araújo, adquiriu da viúva do memorialista Hildebrando Pontes seu acervo de jornais. Com a morte do companheiro, ela doou a mim esse tesouro. Parte dele, edições dos anos 1960 do “Lavoura & Comércio”, decorou paredes do primeiro endereço da Choperia do Mário.

Gostava de sua casa na qual permanecia 24 horas por dia. Guardava orgulhosa móveis antigos e porcelanas de seus pais. Um incêndio destruiu tudo em 2017, quando ela já morava em hotel geriátrico. Por sorte a casa foi apagada de sua memória, nunca quis voltar lá ou sequer perguntava por ela. 

Restou um banco de jardim e um suporte de vaso, de madeira entalhada, e com pernas curvas, que ficavam no alpendre. Os bombeiros retiraram para combater as chamas e deixaram no passeio. Ficaram lá, abandonados...

Além das lembranças, foi o que ficou da minha vizinha – desde 1964 -, estão no meu jardim, e bem guardados! 


*Paixão pelo Uberaba Sport*


Aos domingos à tarde, quando se ouvia – em alto e bom som - a “Marcha Uberaba Sport”, no quinto quarteirão da rua Artur Machado, principalmente nos anos 1970, época áurea do clube, era o anúncio e comemoração de gol do USC. Antes do hino, o grito do narrador esportivo da rádio já prenunciava a música. 

Nas manhãs vitoriosas de segunda-feira, a vitrola lembrava comerciantes e comerciários da vizinhança o êxito do dia anterior, principalmente se havia torcedores do arquirrival Nacional Futebol Clube por perto. E se o triunfo fosse sobre o Naça, a música era tocada inúmeras vezes.

Os ruídos de alegria partiam da residência número 615, da Wilma. Apaixonada, acompanhava o seu Uberaba desde a década 1940 pela Rádio PRE-5, a Sociedade do Triângulo Mineiro. Do programa diário às 10h, o “Parada Alvi-rubra”, nos anos 1970, era ouvinte cativa. Gazeteiro do “Lavoura” entregava todo dia o exemplar da torcedora, que buscava mais informação sobre o USC.

Aos 90 anos, residia no Recanto Hotel Geriátrico, na rua José de Alencar, 184, São Benedito, há cinco anos. A incomodava morar no bairro do Nacional. Ficava contrariada, quando passeava pelas redondezas, ao ver o comércio mais ativo que o da sua Artur Machado. Continuava firme, por rádio e pelo “Jornal de Uberaba”, acompanhando a paixão de uma vida. A alegrou ao ler, em 2017, a revista “Replay” comemorativa do centenário do USC.

Cidade de Uberaba


domingo, 16 de fevereiro de 2020

DIALETO CAPIAU

Guido Bilharinho 

Não bastou ao historiador Hildebrando Pontes pesquisar, conhecer e escrever sobre futebol, imprensa, fatos e bastidores da política uberabense. Não lhe bastou efetuar o hercúleo trabalho de medição, arrolamento e descrição minuciosa de todo o sistema fluvial de Uberaba e região, bem como de proceder à pesquisa, levantamento e ementário de toda a legislação municipal de Uberaba (leis, decretos, portarias e resoluções de 1892 a 1933). 

Além disso, também pesquisou, estudou, analisou e discorreu sobre todos os demais aspectos e setores do município. 

Contudo, embora enciclopédico e diversificado, tudo isso foi pouco para ele, curioso de todos os saberes. Seu interesse por tudo que é humano, uberabense e regional ultrapassou todos os limites e o fizeram perquirir, pesquisar, estudar e escrever até sobre assunto completamente alheio e estranho à sua formação científica e técnica de engenheiro agrônomo, egresso do lendário Instituto Zootécnico de Uberaba. 

Faltava-lhe, ainda, estudar e escrever sobre o dialeto regional. 

Faltava. A partir de 1932 não faltou mais. E para sempre. Pelo trabalho meticuloso, rigoroso e altamente filológico do Dialeto Capiau. 

*
Esse ensaio - ora publicado no blog https://bibliografiasobreuberaba.blogspot.com/ em edição fac-similar do manuscrito vazado na ortografia da época - não só pela dificuldade de sua digitação, como também para permitir o acesso direto ao texto sem nenhuma intermediação que pudesse, por mínima que seja, alterar ou afetar suas meticulosas disposições, esteve até agora em lugar ignorado, desde quando Hildebrando, por volta do ano de seu término ou logo em seguida, enviou os originais ao escritor Coelho Neto. 

Falecidos Coelho Neto em 1934 e posteriormente seu filho Paulo Coelho Neto, responsável pelo espólio intelectual e material de seu célebre pai, como localizá-los? Onde procurá-los? 

Até que por informações correntes no circuito cultural, aventou-se a possibilidade desses originais estarem na Biblioteca Nacional. E estavam. E estão. E que, com a máxima boa vontade e diligência de autênticos servidores públicos, foram reproduzidos e remetidos a Uberaba. 

O Dialeto Capiau, de Hildebrando Pontes, como se pode verificar no Sumário, espelho sincrético do texto, é obra de alta linhagem intelectual, cultural e técnica. Certamente, ninguém poderia fazer melhor e nem com tanta consciência e conhecimento do falar regional. Tanto que ninguém o fez. Só Hildebrando, sedento de todos os saberes. Por isso, o fez. Nenhum, mas nenhum mesmo, profissional da área (professor, filólogo, gramático, escritor) se abalançou a tal cometimento. Possivelmente nem ao menos dele cogitou. Hildebrando, porém, dele não só cogitou como o realizou. Ninguém faria melhor. 

A partir desta edição, que o divulga e disponibiliza erga omnes, os estudos filológicos na área dialetal brasileira terão acesso a essa contribuição de capital importância, que os deverão influenciar e nortear de ora em diante. 

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/


Cidade de Uberaba

sexta-feira, 19 de julho de 2019

CARTA ( ABERTA ) Á LUIZ GUARITÁ NETO – CODAU

Oi, turma !
(É gritante a diferença entre nobres e plebeus no Brasil...)


Caro Presidente, 

Acuso sua amável lembrança (uma esferográfica do CODAU). Obrigado. Transcrevo o bilhete que veio junto>-“Gonzaga, foi um prazer enorme ,ler o seu artigo sobre o meu pai. Concordo que ele foi especial. Leal, digno, honesto. Estas foram as “fortunas” que ele deixou para mim e Dulce. Minha gratidão por este reconhecimento. Luiz Neto”.

Aprendi com meus dois “gurus”, Netinho e Jorge Zaidan, os meandros que por vocação, iniciado desde tenra idade e pratico até hoje, a comunicação. Não fossem os exemplos deles, não sei se teria continuado na profissão .Netinho e Jorge, ofereceram-me a dádiva da sabedoria – pródigo nos elogios, parcimonioso nas críticas -! Lema que pratico, sem pestanejar. A verdade é o apanágio da informação. A dignidade do jornalista, está atrelada a verdade da noticia. Faltar com a verdade, subverter a crítica ou elogio, por ato desonesto, foge daquilo que com eles, aprendi. Souberam honrar a íngreme profissão que abraçaram , que este pobre pecador, com todos os vícios e e defeitos, procura praticar.

Saiba, Presidente, acompanho sua trajetória desde a infância. Talento, inteligência, trabalho e competência, nunca lhe faltaram. Fizeram “morada” no seu curriculum , caro “Alemão”. Bom de bola como o pai, preferiu os estudos. Fez bem. Vocação para a política, veio ao depois. Secretário de Hugo Rodrigues da Cunha, o “ pulo” à Prefeito, era inevitável ! Votei em Você, 2 vezes. Suplente de senador, não conheci o titular. Sei que está preso. Você, não! Sua formação moral, não permite. Como Prefeito, deu “alma nova”, produziu a auto=estima do uberabense.Ganhou muitos louvores.

Discordei e continuo discordando da infeliz decisão da mudança do aniversário da CIDADE de Uberaba. Alterar o “registro de nascimento” da santa terrinha, onde Você, eu, nossos familiares e amigos, nascemos, foi doloroso ! Que o levou a tão infeliz medida ? Dinheiro ? Não ! Você não precisa. Vaidade do cargo? Não acredito... Ingerência externa ? Não tenho como responder... Creia-me, Presidente, a alteração foi um erro histórico ! Uberaba, não merecia tal decisão !Envelhecer a cidade 36 anos ! Praquê?

Desculpe-me a petulância ! Errar é humano; persistir no erro.. .Poderia responder porque não ouviu a população? A imprensa não ter sido convidada a participar dos debates ? Não recorrer as pesquisas sérias de historiadores sérios da terrinha, Hildebrando Pontes, José Mendonça, Gabriel Toti, Edelweis Teixeira, Guido Bilharinho, ainda vivo e são ? Não levar em consideração o parecer da Assessoria Jurídica da Câmara Municipal ? Louvar-se tão somente numa “historiadora” do Arquivo Público municipal, titubeante até na sua explanação de motivos?

Você, Luiz Neto, não precisa dessa campanha fajuta e mentirosa de “ Uberaba-200 anos “. Sua popularidade, prestigio, credibilidade e trabalho, são seus grandes e verdadeiros trunfos ! Um pedido seu à Câmara municipal, à revogar a lei de 1994, que regrediu Uberaba a condição de FREGUESIA, isto é, CURRUTELA, não coaduna com os nosso foros de civilização e cultura. Uberaba, é uma das mais importantes cidades brasileiras pelo passado que preservou, pelo presente que ostenta, com alguns senões e um futuro promissor que nos aguarda!

O uberabense ficará eternamente agradecido se tomar tal medida. Dos céus, Ataliba Guaritá Neto e Jorge Zaidan, darão pulos de alegria e aqui na terrinha, esse humilde escriba, não comentará mais a aberração produzida.

Esse espaço está a sua disposição, caso seja a sua vontade em responder a minha sugestão. Uberabensemente o meu fraterno abraço. “ Marquez do Cassú".






Cidade de Uberaba


sábado, 8 de junho de 2019

Hildebrando Pontes e a descendência familiar

Uberaba, realmente é uma cidade que prima pelos contrastes, pela incoerência e falta de conhecimento histórico. Seus verdadeiros historiadores e políticos , vão “ do céu ao fundo mar”. Homens e mulheres responsáveis pela guarda da nossa memória-história , cometem “gafes” que o mais leigo observador da nossa santa terrinha, duvida. Uberaba, homenageia, hoje, com intensidade histórica, embora atrasada no tempo, neto e bisneta de um dos maiores nomes da literatura e história da cidade, o imortal Hildebrando Pontes.

Hildebrando de Araújo Pontes - Foto: Arquivo Público de Uberaba.

Hildebrando Pontes Neto, escritor e advogado brilhante, herdou do meu saudoso e querido amigo, Alberto Pontes, nome respeitado no foro jurídico brasileiro, a verve oratória do pai e o talento de escritor do avô. Alessandra Pontes Roscoe, jornalista e escritora de méritos, filha dos saudosos amigos Sérgio Roscoe e Romilda Pontes, a garra e o talento dos pais, avós e bisavô. Há anos, figuras de projeção em Belo Horizonte e Brasilia, lançam, na terrinha, seus novos livros. Será sucesso tenho absoluta certeza. O sangue literário esta impregnado na inteligência de ambos. “O Velho Carrossel” e a “Arvore Voadora” se juntam a outras obras dos autores. Eles herdaram do eminente e saudoso Hildebrando Pontes, a veia literária familiar. Uberaba, muito se orgulha da hereditariedade e dinastia brilhantes.

Embora com tardia homenagem a um dos seus filhos mais importantes, a Prefeitura de Uberaba, vai dar o nome de “Hildebrando Pontes” ao seu arquivo publico. Justiça, reconhecimento e valor, o legado de livros publicados sobre a historia da terrinha .”História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central “,” História do Futebol de Uberaba”,” Vida, Casos e Perfis”, são obras antológicas sobre a santa terrinha. Engenheiro agrônomo, editor da “Revista Agricola”, Vereador, Presidente e agente executivo, hoje, o cargo chama-se Prefeito, Hildebrando Pontes, não só escreveu, mas fez história.

A Ignorância histórica dos “historiadores” de Uberaba, se fez sentir em 1994 , quando num ato impensado, fora de propósito e com objetivos escusos, o então prefeito Luiz Guarita Neto, com a conivência da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Ademir Vicente da Silveira, com a simples justificativa da funcionaria do APU, Aparecida , em obediência ao prefeito Luiz Neto, apresentou um relato duvidoso, sem citar os historiadores locais, Hildebrando Pontes, José Mendonça, Edelweis Teixeira e Guido Bilharinho, entre outros, apresentou projeto alterando o “registro de nascimento” da CIDADE de Uberaba, não citando em nenhum momento esses renomados historiadores, especialmente o grande Hildebrando Pontes.

Com o “parecer contrario” da douta Assessoria Jurídica da Câmara Municipal, os vereadores optaram pela simples “justificativa” da sra. Manzan, que não deve ter lido, pois, nem citou a obra de Hildebrando Pontes, que no livro “ História de Uberaba....”, à página 84, escreve sobre a “Freguesia de 2 de março de 1820” e à página 86, do mesmo livro, registra que “ Uberaba foi elevada a categoria de CIDADE, pela Lei no.759, e 2 de maio de 1856”. Teria sido ignorância histórica da sra. Manzan, ou má fé, ou coisa que o valha, do prefeito Luiz Guaritá Neto e votos favoráveis dos excelentíssimos senhores vereadores?

Por justiça e um preito de homenagem e gratidão àquele que, hoje, recebe o nome do nosso Arquivo Público, repositório da história de Uberaba e a civilização regional, é mais do que coerente, Uberaba retome o seu normal “ registro de nascimento” como CIDADE e apague, de vez, a conotação de Freguesia, que não representa a nossa realidade. Do seu sacratíssimo mausoléu, Hildebrando Pontes, ficaria eternamente grato.


Luiz Gonzaga de Oliveira



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Cidade de Uberaba

sexta-feira, 17 de maio de 2019

RELEASE - LANÇAMENTO DE LIVROS.

A Academia de Letras do Triângulo Mineiro informa que no dia 07/06 - 19:30h - em Uberaba ocorrerá o lançamento simultâneo de duas obras literárias voltadas ao público infantil, escritas pelos autores: Hildebrando Pontes Neto. Título: "O velho carrossel" e Alessandra Pontes Roscoe. Título: "A árvore voadora".

Ambos os escritores, ele advogado e ela jornalista, têm na bagagem a publicação de vários livros infantis, além de proferir palestras pelo Brasil afora.

Será um evento histórico porque, ele é neto e ela bisneta do nosso ícone historiador Hildebrando Pontes (1879-1940).

Data:07/06/2019.

Horário: 19:30h

Local: Centro Cultural Cecília Palmério - Av. Guilherme Ferreira, 217-Uberaba/MG.

OBS: entrada franca.

Hildebrando Neto e Alessandra cumprirão extensa programação em Uberaba, culminando com uma palestra no dia 08/06 - 9:30h na Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Dentre as atividades dos nobres escritores em Uberaba, constarão:

- Visita ao Arquivo Público, onde deverá ocorrer a designação do nome daquela instituição - "Arquivo Público Municipal Hildebrando Pontes"

- Visita à Escola Estadual Hildebrando Pontes.

- Visita ao Sr. Prefeito Municipal.

- Visitas a jornais, rádios e TV.


João Eurípedes Sabino
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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Cidade de Uberaba

segunda-feira, 5 de março de 2018

HILDEBRANDO PONTES


Orlando Ferreira, “Doca”, a época em que viveu, foi feliz; não conheceu a atual e fraquíssima geração de políticos que pululam na santa terrinha. Por certo, não pouparia elogios à Mário Palmério, o “ pai da educação- maior . propulsor do ensino superior em Uberaba” , “Doca “ , elogiava, com ênfase, entre as figuras proeminentes do período ( Fidélis Reis, Leopoldino de Oliveira, João Henrique Sampaio Vieira da Silva) a de Hildebrando Pontes, que, no seu dizer, não conseguiu colocar em prática seu plano de governo na terrinha; ele, dotado de alto espírito administrativo e que mudaria a desastrada política praticada nos anos 30, na sagrada terrinha. Foi, covardamente, boicotado.

No livro “ Terra Madrasta “, página 223, “Doca”, relata o plano de governo elaborado por Hildebrando Pontes para a cidade: - “ empréstimo de 3 mil contos de reis que seria assim aplicado: compra da empresa “Força e Luz” para o município, estabelecer um amplo programa de abastecimento d’água na cidade, construir rede de esgoto em toda a parte central, pagamento de todas as dividas de administrações anteriores, calçamento de 10 kms. de ruas, fundar uma Escola Normal, ajardinamento de 5 praças, construção de 20 praças públicas, além de outros melhoramentos menores ...” Prossegue “Doca”: - Tudo bem encaminhado, governo do Estado, comprometido no empréstimo do dinheiro. A idéia de Hildebrando, era vencedora. Os uberabenses, felizes. Estava próxima a salvação de Uberaba ! Felipe Achê, renunciaria e Hildebrando Pontes, assumiria “, relatou “Doca”.

Completo eu: o pior estava por acontecer. Os “inimigos” de Pontes, Manoel Caldeira Jr., Silvério Bernardes e José Ferreira, “donos” da empresa “Força e Luz”, ao sentir seus interesses ameaçados, deram o “ canga macaco “ ( já existia naquele tempo...) no entusiasmado Pontes . Num “ golpe sujo”, a Câmara municipal , manobrada pelo “trio”, “ elegeu” Silvério Bernardes, que nem candidato era... O programa de salvação elaborado por Hildebrando Pontes, “vazou água” e tudo ficou como se “ nada tivesse acontecido “ ...

“Coisas” que aconteceram há quase 100 anos na terrinha e Hildebrando, nascido em Jubaí, distrito de Conquista, aqui pertinho de “ nóis”, aborrecido, afastou-se das lides políticas ... Professor emérito, historiador respeitabilíssimo, além de outros extraordinários predicados, escreveu a “ História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”, 570 páginas de puro saber !

No livro, verdadeira enciclopédia de fatos, o professor Hildebrando Pontes, escreve à página 84: - “Uberaba é elevada a FREGUESIA pelo decreto real de 2 de março de 1820 e à VILA pela lei provincial no.28 de 22 de fevereiro de 1836, instalada a 7 de janeiro do ano seguinte . à página 86, está escrito : - “Uberaba foi elevada a CIDADE pela Lei759, de 2 de maio de 1856! Cometendo uma verdadeira agressão à história municipal, desprezando o hercúleo trabalho de pesquisa de um dos nossos maiores e mais acreditados historiadores, o que aconteceu ?.

O prefeito ( ? ) dos anos 90, secundado por uma Câmara de vereadores subserviente e “ capachilda “, como autênticos asininos, sem consulta popular, atitude ditatorial de verdadeiros “donos da cidade”, alteraram, de forma inconseqüente, o “ registro de nascimento” de Uberaba, envelhecendo-a em 36 ( trinta e seis ! ) anos ! Aberração maior, não existe !

É de dar pena, ver tanta falta de conhecimento histórico da sagrada terrinha, dando parabéns à “ viúva Porcina “, aquela que foi sem nunca ter sido “... Que Deus tenha piedade daqueles que apunhalaram ( e continuam apunhalando ) essa tão linda Uberaba que tanto amamos!...”Marquez do Cassú”
                                                                                                                       

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Major Manoel Alves Caldeira Júnior

Major Manoel Alves Caldeira Júnior   


Em sua gestão como Agente Executivo:

– providencia uma matança de cães, devido ao grande número de pessoas vitimadas pela hidrofobia.
– oferece isenção de impostos e terrenos gratuitos para as empresas interessadas em se instalarem na cidade (a primeira foi a indústria de fósforo).
– regulamenta e dispõe tarifas para a condução de carros de praça e automóveis em trajeto que parte da Praça da Matriz (Rui Barbosa) até o prado de São Benedito (Praça de São Benedito).
– transfere o Mercado Municipal para o local onde se encontra atualmente.
De janeiro a julho de 1911, a prefeitura subvenciona uma escola de idiomas e, em 03 de maio do mesmo ano, iniciava-se a primeira Exposição Agropecuária. A circulação do jornal Correio Católico é interrompida. A praça situada no alto das Mercês recebe o nome de Praça Dom Eduardo. Iniciam-se as atividades da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, ligando Mato Grosso a São Paulo. Em 1912, o Colégio Diocesano começa a oferecer a seus estudantes o curso de Agrimensura. São registrados ainda, no período de seu exercício: a ida de Hildebrando Pontes ao Rio de janeiro a fim de providenciar a impressão de seu livro sobre a história de Uberaba, o envio de um ofício, escrito pela Câmara, para o Congresso Nacional, solidarizando-se à decisão de proibir a entrada dos restos mortais de D. Pedro II e de D. Tereza Cristina, no Brasil e a doação do Instituto Zootécnico ao Governo de Estado de Minas Gerais, para a instalação de um Instituto Fundamental.
Fonte – Arquivo Público de Uberaba