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domingo, 6 de março de 2022

PAPO DE BOLA

Em matéria esportiva Uberaba foi a 1ª. cidade do interior do Estado a contar com um moderno estádio de futebol e uma equipe de craques responsável pela apresentação do programa "Papo de Bola" do recém inaugurado Canal 5, TV Uberaba, em 1972.

Imagens: 1 – Ramon Rodrigues, Luiz Gonzaga e Netinho (acervo Uberaba em Fotos);
 2 – Jorge Zaidan (TV Uberaba) e Fernando Sasso (TV Itacolomi).

O programa contava com apresentação de Luiz Gonzaga, Ramon Rodrigues, Ataliba Guaritá, o popular Netinho, e dos irmãos Jorge e Farah Zaidan. Por ele passaram os mais ilustres convidados, dentre os mais importantes jogadores, dirigentes, técnicos, torcedores e figuras representativas do mundo esportivo.
Vale lembrar que naquela época em todo o Brasil existiam apenas quatro narradores em atuação na TV brasileira, a saber: Fernando Sasso (BH), Walter Abraão (SP), Carlos Lima (RJ) e Luiz Gonzaga (Uberaba).

E o pioneirismo não parou por aí. Como parte importante na integração da Rede Tupi o apresentador Luiz Gonzaga foi escalado para fazer a 1ª. transmissão via satélite do país, narrando o jogo entre Corinthians Paulista x Nacional de Manaus, e que ocorreu em 24/9/72 naquela cidade.

Quatro anos após a inauguração do Uberabão, em 1976, o Uberaba Esporte conquistava vaga no Campeonato Brasileiro, coroando assim a liderança da cidade em matéria esportiva.

Moacir Silveira

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Uberaba está em todas` também com Paulo Mesquita

A célebre frase "Uberaba está em todas", atribuída ao jornalista e radialista Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, me causa indignação por estar sempre diretamente ligada atualmente a todo tipo de escândalo nacional em que aparece o nome de um uberabense. Sou do tempo em que a frase era usada pelos titulares das colunas Observatório (Netinho) ou Escutando e Divulgando, jornalista Raul Jardim, diretor do vespertino extinto Lavoura e Comércio para referenciar grandes feitos de uberabenses em território nacional ou até no exterior, como, por exemplo, os títulos conquistados pelo atleta Alaor Vilela, o Peixinho, ou mesmo o sucesso alcançado pelo compositor Joubert de Carvalho.

Dr. Paulo Mesquita. Foto/Divulgação. 

Nos primeiros anos de exercício de minha profissão, quando também dava os meus primeiros passos com reportagens publicadas em veículo de comunicação com circulação em todo território brasileiro, encontrei na pessoa do médico Paulo Miguel de Mesquita, o verdadeiro representante de Uberaba na contribuição para estudos sobre diagnóstico da Aids voltados à ciência no país e no mundo. Ao me conceder entrevistas entre os anos de 1984 e1985, em seu consultório, instalado no edifício Chapadão, permitiu-me enviar por longo período suas experiências às páginas de O Globo, matérias sobre o atendimento e estudos do caso de um também ilustre paciente. Dr. Paulo Mesquita havia publicado em julho de 1983, na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, aquele que seria o primeiro relato de um caso de Aids diagnosticado no Brasil. O estilista, figurinista dos mais influentes da moda brasileira, Markito Resende, o havia procurado em seu consultório, em fevereiro daquele ano com queixas de sintomas relacionados à doença. A partir de meu primeiro encontro com o médico e a publicação em O Globo de apenas uma nota de coluna de dez ou 15 linhas, seguiu-se uma série de reportagens, incluídas na pauta diária do jornal, sempre que algo novo era revelado por pesquisadores mundiais sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida, a Aids. O médico nascido em Três Pontas, Sul de Minas Gerais, que aqui em Uberaba formou-se na antiga FMTM e constituiu família, casando-se com Sonia Vilela, também do Sul do estado, cuja união nasceram cinco filhos (Paulo Vinícius, Luiz Flávio (também hoje renomado médico), Claudia (em memória), Marcus Vinícius e Renata, levava para entre cientistas do país e do mundo o nome dessas terras de Major Eustáquio.

No início de 1983 instalou-se o pânico em todo o mundo quando cogitou- se que o vírus HIV poderia ser transmitido através da água, ar e utensílios domésticos. A infecção por HIV só foi diagnosticada em 1981, mas pesquisadores acreditam que a transmissão do macaco para o homem tenha ocorrido na década de 1930. De 1960 a 1980 começaram a surgir casos e sintomas da doença que os médicos não sabiam explicar. Dr, Paulo Mesquita trouxe para a publicação na revista especializada, com circulação nacional, seus estudos e pesquisas mostrando a combinação da doença com o já conhecido sarcoma de Kaposi, um tipo de câncer, com erupções na pele, como sintoma e mais uma consequência do mal que abalava o mundo da ciência e trazia também pânico entre os povos, sobretudo com o rótulo de "a peste gay".

( Jornalista Walter Farnezi / Uma primeira versão desse texto foi publicada no Jornal de Uberaba em 07/04/2020)

sábado, 5 de junho de 2021

O cabeleireiro que encantou os jovens e irritou os coronéis

Como em um jogo de cartaz marcadas, o destino preparou para Ronaldo exatamente o local onde anos antes dera início ao exercício de sua profissão

O jornalista e radialista Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, titular na coluna Observatório, no extinto centenário Lavoura e Comércio tentou por três vezes cortar o cabelo no novo e já badalado salão, instalado no recém inaugurado Edifício Rio Negro, ocupando uma sala na galeria comercial mais charmosa de Uberaba e região, entregue à comunidade entre o final de 1969 e início de 1970. Depois de três tentativas frustradas, Netinho aceitou então a norma estabelecida pelo cabeleireiro Ronaldo Perfeito da Cunha e agendou dia e hora para que fosse atendido. No procedimento, ouviu de Ronaldo a garantia de que quando chegasse, a cadeira estaria livre para se sentar.

O jornalista gostou do atendimento, do corte e ainda do bate-papo com o jovem Ronaldo. Para a surpresa do cabeleireiro, na edição do dia seguinte, ao foliar o vespertino, deparou-se com nota de abertura na coluna Observatório, onde o ilustre cliente do dia anterior tecia elogiosos comentários ao seu trabalho e ao formato de seu micro empreendimento, o Salão Ronaldo Cabeleireiro. "Para evitar espera, o cabeleireiro Ronaldo, instalado na Galeria do Edifício Rio Negro, trabalha no estilo dos grandes salões do eixo Rio-São Paulo. Devido ao elevado número de clientes e para evitar a espera, o profissional abriu seu salão para trabalhar nos moldes dos grandes cabeleireiros brasileiros, ou seja, com hora marcada para o corte de seu cabelo", assinalou o colunista na nota.

Ronaldo Perfeito da Cunha - Foto Antonio Carlos Prata.


Ronaldo iniciou-se ainda muito jovem na profissão. Nascido em 1943, em Uberaba, aos 13 anos de idade teve sua primeira experiência em salão de cabeleireiro, porém, em Uberlândia, onde esteve uma temporada morando e trabalhando de engraxate no salão do tio. Dali, foi um passo para rapidamente aprender a cortar cabelo. De volta a Uberaba, o adolescente Ronaldo teve o incentivo de uma namoradinha para que procurasse um salão para trabalhar. Quem sabe, pesou ele, ao ouvir a sugestão da namorada, que trazia no detalhe o fato de ser quatro anos mais velha que ele. Sua primeira experiência foi exatamente onde seria erguido o edifício Rio Negro, onde no futuro se instalaria em uma sala na charmosa galeria. Era 1961 e o Salão Avenida, na av. Leopoldino de Oliveira, onde ele havia se iniciado, deu lugar a um canteiro, após a demolição do antigo prédio para início das obras de fundação do arranha-céu. Seu espaço para trabalhar, no entanto, limitava-se aos sábados ou aos horários em que o proprietários lhe disponibilizava a cadeira e instrumentos.

Jamais ele imaginaria, no entanto, que sua mudança para um outro salão, no ano seguinte, onde conseguiu vaga para trabalhar de segunda a sexta-feira, em horário comercial, o traria problemas com grandes pecuaristas de Uberaba (coronéis como eram tratados à época}, já em projeção por todo o país pela excelência na seleção do gado Zebu. Propriedade de Geraldo Luiz da Silva, o Salão Lord, instalado no hall de entrada do edifício onde funcionava o Palace Hotel, na praça Rui Barbosa, esquina da Rua São Sebastião, em frente a residência do pecuarista Cel. Manoel Mendes. Elvis Presley já era sucesso pelo mundo todo e os Beatles também já embalavam a juventude em todo o mundo rock and Roll, no ritmo do iê iê iê. Cabelos longos, cobrindo a orelha e a nuca, franja, enlouqueciam sobretudo as meninas. O jovem cabeleireiro Ronaldo, roqueiro assumido, usava corte de cabelo da moda, com formato extravagante para a época, sobretudo para sociedade conservadora em terra dominada pelos coronéis do Zebu. Seu comportamento, sua maneira de se vestir, seu gosto musical aguçaram a preferência dos filhos dos pecuaristas para a contrariedade dos pais. Diziam que até seu corte de cabelo influenciava seus filhos

Um grupo de pais, procurou então o proprietário do Salão Lord para exigir que o jovem cabeleireiro voltasse a usar corte de cabelo denominado à época americano, como usara no período em que esteve alistado ao Serviço Militar, encerrado no ano anterior. Ronaldo não acatou a ordem vinda do pais de seus clientes, através do proprietário do salão e "o tempo fechou". Uma campanha entre famílias fora desencadeada para mudar o comportamento do jovem cabeleireiro, que na opinião dos conservadores influenciava seus filhos a aderir à moda dos cabelos longos. Veio o Golpe Militar em 1964 e com ele duros ataques a opositores e aos jovens com comportamento considerado subversivo à ordem e a tradições. Ronaldo ainda fazia uso de lança-perfume, comum à época, sobretudo nos bailes de carnaval, até esta ter seu uso proibido, em 1966. Nesse período, como todo jovem considerado fora dos padrões sociais da época, Ronaldo recebeu o rótulo de comunista e pagou alto preço por teimar em usar cabelos longos e curtir rock and. Roll. Um processo e a ausência dos clientes, sobretudo os filhos dos pecuaristas, esvaziou seu salão e pôs fim, aparentemente, a um futuro promissor para ao jovem profissional. Deixou o Salão Lord e moveu ação trabalhista contra o proprietário Geraldo Luiz da Silva. Perdeu a causa, pois não havia vínculo empregatício, alegou o reclamado e o Juiz do Trabalho arquivou o processo.

Salão Novo, vida nova

Como em um jogo de cartaz marcadas, o destino preparou para Ronaldo exatamente o local onde anos antes dera início ao exercício de sua profissão (Salão Avenida), mais ainda em antigo prédio onde no futuro próximo seria instalado o seu exuberante salão, acomodado na charmosa galeria, no novo edifício Rio Negro, onde atendeu o badalado jornalista, já em 1970. Ronaldo acertou a vida com mais essa oportunidade e abriu o reinicio de suas atividades profissionais. Em negociação com diretores da empreendedora, responsável pelo projeto de construção do Rio Negro, o cabeleireiro aguardou somente o término das obras, uma vez que já havia assegurado com o proprietário da empresa a locação de uma sala para instalar seu salão, o primeiro somente seu. Enquanto aguardava a entrega da sala, com a obra em fase final, se mandou para São Paulo para escolher a sua cadeira nova, a primeira sob sua aquisição e usada até hoje, porém, em outro espaço, no Edifício Chapadão, à rua Major Eustáquio. Era 1968, anos de mudanças na vida social e política do país, com a edição do Ato Institucional 5, o AI-5, e Ronaldo cuidou primeiro de atender a sua nova clientela. Tudo diferente e usual para a época em se tratando de salão de cabeleireiro em Uberaba: sem espera e com hora marcada, ar condicionado, tapete, sofá, revistas à disposição em uma mesinha se centro e, claro, o garoto engraxate. Sucesso total e o mais procurado da cidade.

De volta à política

O cabeleireiro Ronaldo deu sequência à sua profissão, com salão lotado diariamente, já casado com Neusa Ribeiro da Cunha, pai de três filhas (Patrícia, Débora e Taciana) no início dos anos de 1970, acumulando respeito entre clientes, simpatia, popularidade, mantendo-se longe da política, já que o próprio regime Militar impedia atuação democrática, pois foi adotado a partir de 1965 pelos militares o bipartidarismo, com apenas Arena(situação) e MDB(oposição).

De volta aos estudos

Na década de 1970, Ronaldo voltou à escola que havia abandonado ainda na adolescência para se dedicar ao trabalho. Formou-se em direito em 1979, colando grau em janeiro de 1980. Um ano antes, no entanto, aceitou convite do amigo, também advogado Vicente Paulo Oliveira e com ele fundou o diretório municipal do Partido Democrático Trabalhista PDT, logo após o início do processo de abertura democrática do pais, quando a sigla teve como fundador Leonel Brizola, ainda no exilio, quando promoveu o primeiro congresso dos trabalhistas em Lisboa, Portugal. Hoje Ronaldo Perfeito da Cunha conta que passou a admirar Leonel Brizola, quando tomou conhecimento de que o gaúcho havia doado terras de sua propriedade para um programa de Reforma Agraria no Rio grande do Sul. A sigla PDT também serviram de iniciais para os nomes das filhas, Patrícia, Débora e Taciana. Montou seu escritório para advogar junto ao seu novo salão, pois havia se transferido em 1978 para o Edifício Chapadão, onde está até hoje, em sala adquirida por ele com tudo que ganhara trabalhando no estabelecimento da av. Leopoldino de Oliveira, na charmosa galeria. Filiado ao PDT, com cargo de vice-presidente na Executiva do Diretório Municipal da agremiação, Ronaldo engajou-se na luta pela anistia e no processo de redemocratização do país, exercendo a advocacia e a profissão de cabeleireiro. Candidatou-se a vereador em 1982, primeiras eleições democráticas, mas só alcançou 29 nove votos. "Não havia tempo e muito menos dinheiro para a campanha", conta.

Advogou por dois anos, voltou a se candidatar a vereador seis anos depois, em 1988, mas desistiu da campanha a uma semana do pleito por discordar de negociatas e conchavos, segundo ele, da direção da sigla com os interesses que elegeriam Hugo Rodrigues da Cunha(PFL) prefeito de Uberaba. Mesmo assim, embora tenha abandonado a campanha obteve 299 votos. A advocacia deixou quando teve negado na Justiça a seu acompanhamento à Ação Popular contra Wagner do Nascimento, no processo conhecido como "Escândalo da Amgra". Ao tentar protocolar petição na tentativa de ter acesso aos autos, foi barrado pelo Juiz Márcio Antônio Correa, sob a justificativa de que o processo corria em segredo de Justiça. "Como em segredo de Justiça se é uma ação popular". Indagou em seu desentendimento com o magistrado. Ele diz não se conformar até hoje com o ocorrido. Contudo, à época, preferiu deixar a advocacia e voltar-se tão somente à profissão de origem.

Perseguição e rótulo de comunista

Mais uma vez, agora no final da década de 1980, Ronaldo sofre perseguições da elite conservadora devido a seu comportamento e desta vez por militância política, sobretudo por se alinhar às fileiras formadas por um ex-exilado que voltara ao pais com a anistia, trazendo na bagagem suas velhas teses socialistas. Para seu espanto a campanha contra ele não era liderada pelos coronéis, mas pelos filhos destes, os mesmos jovens clientes do passado que lhe acompanhavam no modelo do corte de cabelo quando foi perseguido, no início da década de 1960, levando a irritação os pais coronéis, no início de carreira. Mais uma vez rotulado como comunista, agora pela sua adesão ao movimento socialista de Leonel Brizola e o seu discurso contra a candidatura conservadora de Hugo Rodrigues da Cunha. Tudo isso justamente no bate-papo estabelecido quando cortava o cabelo do velhos clientes, agora na faixa de quarenta anos e que no passado também lhe rendera popularidade e a fama, aliadas a simpatia.

A partir daí, nunca mais seu salão de cabeleireiros apresentou filas, formatadas em sua agenda de papel, ainda sobre a mesa de trabalho com uma caneta e um telefone fixo. Nunca mais sua clientela foi a mesma em volume e numerário, embora até hoje ainda atenda à terceira e quarta gerações de alguns poucos clientes do passado. Na década de 1990, viu sua clientela ser reduzida ainda mais, devido suas opiniões sobre os destinos da Nação, embora desta feita somente como cidadão e eleitor. Nunca mais desde que desistiu de sua candidatura a vereador, em 1988, militou em política partidária, embora mantenha a sua filiação ao PDT.

Novo Golpe, novas perdas

Mais uma vez, seus comentários nos bate-papos com clientes, mesmo procurando reserva para se resguardar de perseguições o cabeleireiro Ronaldo viu acentuar ainda mais a queda da clientela. Hoje ele ainda trabalha, aos quase 77 anos a completar em julho próximo, mas com agenda de papel em páginas quase vazias, atendendo um ou outro cliente ou descendentes de alguns daqueles dos bons tempos. Para Ronaldo, sua posição ao desenrolar de um planejamento pela direita que culminou com a queda do governo Dilma Rousseff, com o retrocesso, que levou ao poder novamente os conservadores, sob a liderança de Jair Bolsonaro, de certa forma, coloca a si e seu salão em situação de esvaziamento como tudo que ocorreu em toda a Nação em se tratando de extinção dos avanços alcançados a duras penas nos anos sucedidos pela abertura democrática. "Não me arrependo, faria tudo de novo, hoje pelo futuro de meus seis netos e a construção de um país melhor para as gerações que virão, certamente após a minha partida deste mundo", garante ele.


(Walter Farnezi / Uma primeira versão desse texto foi publicada no Jornal de Uberaba em 28/03/2020)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A Uberaba do Meu Tempo

Havia no meu tempo uma Uberaba

Era calma, suave, cheia de tardes bucólicas.

A cidade da minha infância tinha um absoluto céu azul,

Chuvas fininhas, intermináveis, irritantes.

Aventura era encontrar Maria Boneca portando o brinquedo

E fugir, para descansar sob a sombra da Gameleira.

Na exposição de gado meus pais compravam mexericas

Levando-me a preferir, sempre, mexericas ao Zebu.



No meu tempo Uberaba tinha córregos a céu aberto

Guardados por muretas que nos serviam de encosto

Antes das sessões do Metrópole, do Palace

Esperando caronas do Padre Nicolau após aulas no Cristo Rei.

Brincava no Mangueirão, passeava pelos trilhos da Mogiana,

No parque infantil da Praça Rigoleto de Martino (hoje só resta a Codau!)

O autor do Hino do Uberaba Sport, o time que, na Uberaba do meu tempo

Rivalizava com o Independente, o Nacional…

No Boa Vista éramos todos sobrinhos da Tia Carola.

Fazíamos teatro com a Belinha

Sabíamos que era maio pelas congadas

E que era dezembro no presépio de d. Castorina.

Foram tempos de festas constantes

Quando bastavam as quermesses de santos e santas, soando sinos e cânticos nas sete colinas de Uberaba.

Parque Fernando Costa

A minha Uberaba tinha crônica ao meio-dia

O festival do Chapadão de Teatro e de Música

O Observatório, no Lavoura e Comércio,

Tudo criação do Ataliba Guaritá, o Netinho.

Raul Jardim fazia o “Escutando e Divulgando”

Lídia Varanda reinava na PRE-5

E Nhô Bernardino terminava o dia na hora do Ângelus.

Noite de Uberaba tinha o Parque Boa Vista (Eu era o filho do rei!)

O circo do Cheiroso, batuques no terreiro de Mãe Marlene

Cartas pelas mãos abençoadas de Chico Xavier

Mamãe rezando terço, aguardando-me dormir na noite sempre calma da cidade.

Recordo o café oferecido pelas freiras do Carmelo

As aulas na Escola Estadual Fidélis Reis

As tardes de jogos no pátio da Igreja Nossa Senhora das Graças…

Tantas coisas como essas que continuam na Uberaba de hoje.

Que vejo longe, sei de ler, de ouvir contar

A cidade de agora é de quem por lá está.

Há uma Uberaba que é minha, feita de sonhos acalentados

De planos vitoriosos, de projetos engavetados.

Guardada por todo o sempre e sempre teimando em sair à tona

Aquela cidade ganha meus dias, ocupa minhas noites de insônia.

A cidade de agora é porque um dia foi outra

Essa outra que chamo “minha”

Impregnada em ruas e morros, acalentando ternamente o coração transforma-se sempre

Vive o hoje, comemora o agora

Segue rumo ao tempo em que alguém, lá longe, lembrará:

A Uberaba do meu tempo… 


Valdo Resende


segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

UBERABA! QUERIDA UBERABA !

Zé Eduardo, o nosso querido “J.Edu Som”, surpreendeu e deu vida às noites uberabenses. Ontem, premiou a terrinha com uma viagem inesquecível, trafegando pelas nossas principais, ruas, praças e avenidas. Num “carrão à moda antiga”, conversível, “americano último modelo”, mostrou a modernidade e progresso da santa terrinha. Foram quatro horas de música jovem, embalando a todos quantos curtem a amada Uberaba. O talento do “Zé”, uma vez mais aflorou. Um “passeio” que ninguém vai esquecer tão cedo; ficou gravado na nossa memória...

“Zé Eduardo” gritava, de pé, no dorso do conversível: ”Uberaba, meu amor !” Verdade. Uberaba, a gente não sabe se é sede de amor, ou sede de amar ! Tudo começou no vente de nossas mães, no esperma dos nossos pais. Uberaba, a gente ama com tanta intensidade, difícil é descrever a imensidão desse amor inexcedível. Amor que nasce nas entranhas dos lares, ricos, pobres, remediados, casas simples ou palacetes, onde quer fomos concebidos. Estamos, umbilicalmente, ligados a Uberaba de todos nós, sem “nós” e muito menos, amarras...

As derrotas que os inimigos nos impingiram, Uberaba soube, galharda e heroicamente, resistir. Nem a contabilidade histórica do tempo, 164 anos de CIDADE, longe da farsa e mentira dos ““200 anos”, a ela apregoada, os momentos felizes superaram com sobras, as sofridas horas de débito que os adversários, covardemente, nos submeteram. Uberaba, cidade amada ! Muitos de nós ( suas bênçãos, Netinho, Raul Jardim, Jorge e Farah Zaidan, Ramon Rodrigues), bem que tentaram nos seduzir à ganhar novas paragens, navegar em outros rios, cavalgar em novas campinas... qual nada!

O “canto da sereia” não nos comoveu. O acendrado amor a sacra terrinha, falou mais alto. Não permitiu que montássemos no cavalo arreado. Aqui é a nossa terra, semente plantada, nasceu, cresceu, floresceu, viveu e agora, “aquela geração”, começa a murchar...Destino da vida. E daí? Uberaba é a nossa terra. Chão firme! Possessivamente nossa ! Com todos os defeitos, percalços, ingratidões que a vida nos impõe, não há como desistir! Nem os encantos da “fada madrinha”...

Enxugamos nossos olhos turvos de lágrimas, nunca esmorecemos, nem fraquejamos, enfrentamos as merdas que na terrinha fizeram, afrontamos os que ousam destruir a terra bendita e amada. Nem a corda bamba que a vida sacode, sempre soubemos nos equilibrar. Uberaba, nosso amor nasceu ainda na barriga das nossas mães. Hoje, fervilha a esperança...

Uberaba, sempre foi e será uma linda mulher! Cobiçada, desejada por todos os homens. Decentes e indecentes; honestos e desonestos; corretos e incorretos; capazes e incapazes. De moral e imorais. Uberaba, é a mãe que a todos acolhe. Até os pústulas que aqui tomaram assento. Uma coisa ficou imutável: o inefável amor que devotamos a Uberaba, nossa cidade!

“Zé Eduardo”, querido “J.Edu Som”, obrigado pelo domingo inesquecível! Valeu! 
Bom início de semana e o uberabensemente abraço do (Luiz Gonzaga de Oliveira).


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O BANCO DO CHORO

Oi, turma !

(Ele não quer saber se a mula é manca; quer é rosetar...)

Escrevi em crônicas anteriores, sobre o “Banco do Choro”. Um pedaço de pouco mais de 6 metros quadrados, fincados na esquina da Artur Machado com Leopoldino de Oliveira. À hora do almoço e fim de tarde, os fanáticos torcedores e diretores do Uberaba Sport (Rodolfinho Cunha Castro, Júlio Gimenez, Badú Rocha, “Padrinho” Antônio Rodrigues, Bolão, Nenê Mamá, Orlando Bruno, Luciano Machado, entre outros de saudosa memória), alí se reuniam para lamentar as derrotas e ou glorificar as vitórias do time do coração.

A Avenida Leopoldino, tinha o córrego das Lages ainda aberto, balaústres protetores e uma bucólica paisagem. A Artur Machado, ainda sem “calçadão”, ligada por uma ponte estreita, era passagem obrigatória de carros, caminhões, ônibus e pedestres. Veio o progresso. O corguinho, canalizado. A ponte acabou e o asfalto chegou. O “banco do choro” ficou... Com outros personagens, novos assuntos, “fofocas” diferentes, mas, o eterno “bate papo” diário.

Hoje, fala-se no “mensalão”, lixo, “coronéis” da cidade, quem tá “dando”, quem tá “comendo” e a corrupção é o assunto da moda. Tanto lá “em cima”, quanto aqui em “baixo”. Das 10 da manhã, ao meio dia, Ary Rossi, Silveira, Eduardo, das “Pernambucanas”, Cristovão, dr.Horácio, Nelito Português, comentam os fatos da terrinha. Lembram-se, com saudade, do Maurinho Bartonelli, Marinho Laterza, Cristiano, Tião Motorista e Rubico Buzollo, os mais comentados.

Olhares curiosos se voltam para as beldades que desfilam, os fatos que os jornais fizeram questão de omitir e outros assuntos. Do outro lado da rua, conversam , Juarez Batista, quando vem de Brasilia para saber as novidades da terrinha, Rubão, Sabino Ferrari, Arnaldo, do Banespa e eles não esquecem da falta que faz a simpatia do João Bosco. O “papo” não muda muito...Política, mulher, samba e futebol, né, Netinho ?...
O pessoal do “banco”, está envolto na raiva e fica envergonhado com a falta de pudor, ética, decência, honestidade e integridade dos nossos políticos dirigentes. Sentem-se aflitos em ver esses bandidos de “colarinho branco”, gozando na nossa na nossa cara, tornarem-se ricos da noite pro dia, donos de grandes patrimônios, fazendo festa , viajando com a família para o exterior e comemorando resultados judiciais quase sempre favoráveis a eles.

A turma fica indignada com a corrução que reina por todos os cantos. Lá como cá. Sem a certeza se haverá luz no fim do túnel. Até “ontem”, esses “coronéis” eram “pés rapados”. Atingiram o poder , arvoram-se em empáfias, tornam-se “ídolos de barro” e não passam de reles ladrões. Um dos meus amigos, frequentador do “banco”, desabafou:- “ O Netinho e o Raul Jardim, sempre escreveram que “Uberaba está em todas.” Por certo, estão remoendo em seus sagrados túmulos, ao ver o nome de Uberaba, nos últimos anos, figurar com destaque, nas páginas policiais do Brasil”., completou.
Será que o uberabense vai mudar alguma coisa em novembro? Abraços.“ Marquez do Cassú”.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

CARTA ( ABERTA ) Á LUIZ GUARITÁ NETO – CODAU

Oi, turma !
(É gritante a diferença entre nobres e plebeus no Brasil...)


Caro Presidente, 

Acuso sua amável lembrança (uma esferográfica do CODAU). Obrigado. Transcrevo o bilhete que veio junto>-“Gonzaga, foi um prazer enorme ,ler o seu artigo sobre o meu pai. Concordo que ele foi especial. Leal, digno, honesto. Estas foram as “fortunas” que ele deixou para mim e Dulce. Minha gratidão por este reconhecimento. Luiz Neto”.

Aprendi com meus dois “gurus”, Netinho e Jorge Zaidan, os meandros que por vocação, iniciado desde tenra idade e pratico até hoje, a comunicação. Não fossem os exemplos deles, não sei se teria continuado na profissão .Netinho e Jorge, ofereceram-me a dádiva da sabedoria – pródigo nos elogios, parcimonioso nas críticas -! Lema que pratico, sem pestanejar. A verdade é o apanágio da informação. A dignidade do jornalista, está atrelada a verdade da noticia. Faltar com a verdade, subverter a crítica ou elogio, por ato desonesto, foge daquilo que com eles, aprendi. Souberam honrar a íngreme profissão que abraçaram , que este pobre pecador, com todos os vícios e e defeitos, procura praticar.

Saiba, Presidente, acompanho sua trajetória desde a infância. Talento, inteligência, trabalho e competência, nunca lhe faltaram. Fizeram “morada” no seu curriculum , caro “Alemão”. Bom de bola como o pai, preferiu os estudos. Fez bem. Vocação para a política, veio ao depois. Secretário de Hugo Rodrigues da Cunha, o “ pulo” à Prefeito, era inevitável ! Votei em Você, 2 vezes. Suplente de senador, não conheci o titular. Sei que está preso. Você, não! Sua formação moral, não permite. Como Prefeito, deu “alma nova”, produziu a auto=estima do uberabense.Ganhou muitos louvores.

Discordei e continuo discordando da infeliz decisão da mudança do aniversário da CIDADE de Uberaba. Alterar o “registro de nascimento” da santa terrinha, onde Você, eu, nossos familiares e amigos, nascemos, foi doloroso ! Que o levou a tão infeliz medida ? Dinheiro ? Não ! Você não precisa. Vaidade do cargo? Não acredito... Ingerência externa ? Não tenho como responder... Creia-me, Presidente, a alteração foi um erro histórico ! Uberaba, não merecia tal decisão !Envelhecer a cidade 36 anos ! Praquê?

Desculpe-me a petulância ! Errar é humano; persistir no erro.. .Poderia responder porque não ouviu a população? A imprensa não ter sido convidada a participar dos debates ? Não recorrer as pesquisas sérias de historiadores sérios da terrinha, Hildebrando Pontes, José Mendonça, Gabriel Toti, Edelweis Teixeira, Guido Bilharinho, ainda vivo e são ? Não levar em consideração o parecer da Assessoria Jurídica da Câmara Municipal ? Louvar-se tão somente numa “historiadora” do Arquivo Público municipal, titubeante até na sua explanação de motivos?

Você, Luiz Neto, não precisa dessa campanha fajuta e mentirosa de “ Uberaba-200 anos “. Sua popularidade, prestigio, credibilidade e trabalho, são seus grandes e verdadeiros trunfos ! Um pedido seu à Câmara municipal, à revogar a lei de 1994, que regrediu Uberaba a condição de FREGUESIA, isto é, CURRUTELA, não coaduna com os nosso foros de civilização e cultura. Uberaba, é uma das mais importantes cidades brasileiras pelo passado que preservou, pelo presente que ostenta, com alguns senões e um futuro promissor que nos aguarda!

O uberabense ficará eternamente agradecido se tomar tal medida. Dos céus, Ataliba Guaritá Neto e Jorge Zaidan, darão pulos de alegria e aqui na terrinha, esse humilde escriba, não comentará mais a aberração produzida.

Esse espaço está a sua disposição, caso seja a sua vontade em responder a minha sugestão. Uberabensemente o meu fraterno abraço. “ Marquez do Cassú".






Cidade de Uberaba


sexta-feira, 5 de julho de 2019

A TROCA

Oi, turma!

( Cuidado para não confundir “ Zé germano “ com gênero humano... )

O pai, Luiz . A mãe, Niza. O casal só teve um filho que o pai, deu o nome do avô: Ataliba. Filho único, era simplesmente Netinho. O diminutivo, integrou-se ao nome. Netinho, era bom na escola (Marista Diocesano); bom de bola também. Jogou, ainda jovem, com os adultos. Sabia jogar. Os pais, queriam o filho doutor. Foi estudar no Rio de Janeiro. Lá, morando nas Laranjeiras, ficou perto do Fluminense, sua paixão desde criança. Foi a conta. Optou pela bola ao invés dos estudos. Envergou a camisa tricolor. A diretoria queria profissionalizá-lo. Os pais ficaram sabendo e trouxeram o filho de volta...

Netinho “ralou” na loja do pai, na Artur Machado. Porém, não esqueceu a bola .Deu “show” com a camisa vermelha do Uberaba e com a azul do Independente. Jogava prá “caraca”. Criou fama. Medroso ? Coisa nenhuma...Sabia jogar “ sem bola” que os críticos não sabiam o que era. Extrovertido, bem falante, despertou com o convite do Raul Jardim e foi trabalhar na PRE-5, a única emissora da cidade. Dalí para o “Lavoura e Comércio”, foi um pulo. Falava bem e escrevia melhor ainda. Com a família Jardim, ficou enquanto esteve vivo.

O “cavalo passou arreado” um punhado de vezes. Ofertas nas grandes rádios e jornais das capitais. “Neca”. Seu amor por Uberaba., não tinha preço. “Daqui não saio. Daqui ninguém me tira”... A volta à democracia, depois da ditadura getuliana, no apogeu dos 20 e poucos anos, na UDN (União Democrática Nacional) que tanto amava, convidado, elegeu-se vereador com expressiva votação. Na tribuna, embora na oposição, foi um sucesso ! Comedido, mas, corajoso, valente ! Despontava como o grande nome do partido, apoio dos amigos, à Deputado Estadual. Sua eleição era tida como “ barbada”, apesar da família ser contra . Deu “zebra”... Já, já,eu conto.

Tive com Netinho, sólida e fraterna amizade, durante 40 anos. Amigo leal, sincero, digno e honesto. Sua inteligência saia pelos poros. Seu improviso, empolgava multidões. O que escrevia e falava, era lei na terrinha. Com a mais absoluta justiça. Devotava a Uberaba, amor inexcedível ! Poucos jornalistas no Brasil, tinham o seu talento. Desprezou todos os convites que recebeu para deixar Uberaba. Recusou sempre. Vida simples, Netinho, até hoje, faz muita falta Uberaba.Sua correção, compostura e conduta moral, deixaram uma enorme saudade. 

Volto a sua pré-candidatura à Deputado Estadual. Na convenção da UDN, seu nome era tido como unanimidade. Foi quando aconteceu a grande “ rasteira”. A “maracutaia” armada. O diretório da UDN, a “eterna vigilância”, nos porões da covardia,sem justificativa aceitável, indica o nome de Max Nordeau de Rezende Alvim, o candidato à deputado estadual. Netinho e seus amigos, boquiabertos, além de indignados, tiveram que “engolir” aquela ”facada “.

Passados alguns dias, o Secretário Geral do partido, eis passeando, livre, leve e solto pelas ruas da cidade num “jeep” novinho em folha. Havia “vendido” a candidatura de Netinho por aquele vistoso veículo... A amargura daquele gesto, mexeu com os brios do meu saudoso amigo. Daquele dia em diante, recusou todos os convites políticos. Dizia sempre:- “A melhor política da minha vida, foi deixar a política”.

Vitorioso na comunicação, Minas ganhou o seu mais notável apresentador, reinou absoluto no rádio, jornal e TV , no Estado. Episódio que a “ jovem guarda”não conhecia, nos meandros da podre política que se pratica em Uberaba. Há muitos anos... Tchau ! “Marquez do Cassú".






Cidade de Uberaba


AMIGOS PARA SEMPRE!

Oi, turma!

(Na parede do lendário ‘bar do Mosquito”, um quadro com os dizeres:- “Prefiro um cachorro amigo que um amigo cachorro”...)


Para conhecer um amigo, não é necessário mostrar sua amizade, pois, está à vista de todos quantos nos rodeiam. Uma frase altamente salutar que guardo com profundo respeito, é aquela “ quem tem bons amigos, nunca está só e muito menos, desamparado”. A gente sabe, sente, quando precisar de uma palavra de conforto, um conselho leal e verdadeiro, um coração que nos acolhe, quando podemos contar com o amigo ! A amizade é uma obra que aparece por acaso; só tem uma coisinha: não por acaso, ela permanece...

São tantas as frases, pensamentos que definem o amigo, que é difícil escolher a mais apropriada. Uma, me marcou muito:- “ Se precisar de mim, nem pense em me procurar. Me procure sem pensar.” Passa o tempo que passar, aconteça o que acontecer, a verdadeira amizade nunca perde a importância nas nossas vidas. Quanto mais se vai” entrando em idade”, vendo a velhice chegar, mais se nos dá conta do valor das amizades sinceras e leais.

Felizmente, tenho amigos que preservo desde a tenra infância. Paulo Afonso Silveira, é uma delas, meu amigo da escolinha da Da.Maria, na Vila Maria Helena. Até hoje, bebericamos nossa cervejinha, no final de semana... Depois veio a adolescência. Ticoco, é exemplo típico. Na fase adulta, vieram o Sabino, Arnaldo, Wandeco, Bruce, Prieto, Rossetti, os Jucas, Tomé e Moreira, Luciano Machado, Sagú, Geraldo Barbosa, César Vanucci, João Eurípedes, Parreira, amigos de fé, irmãos camaradas, há mais de 50 anos! 

E os que já partiram para o plano espiritual ? Um caminhão deles que a minha frágil e decadente memória, não é capaz de nominá-los todos. Os que estão vivos e os que se foram fora do combinado, são e foram verdadeiros amigos. Acreditávamos uns nos outros, mesmo quando divergíamos , estávamos sempre abraçados. Mesmo distante, o tempo não nos afasta A amizade não fica perdida. O verdadeiro amigo, mesmo longe, está sempre perto. . São aqueles que nos criticam na nossa frente e nos defende quando somos atacados pelas costas.

O amigo verdadeiro é como carta da primeira namorada. A gente guarda em segredo, na última gaveta, do lado esquerdo do armário do nosso coração. Amigos são para sempre ! Eles elogiam suas virtudes e relevam nossos defeitos. O tempo vai passando, a saudade aumentando. Ah! que saudade eu tenho dos amigos que fiz na minha vocação maior, o jornalismo. Eram meus irmãos, apesar de termos nascidos de ventres diferentes. O amor do coração, não se perde e nem morre.

Rezo por todos eles, os irmãos Jorge e Farah Zaidan, Netinho, Raul Jardim, Ramon Rodrigues, João Cid, Rui Miranda, Joel Lóes, Antônio José, J. Carvalho, Lineu Miziara, os do futebol, Rodolfinho Cunha Castro, Baldomero Franco, Renê Barsam, Ézio de Martino, entre tantos outros que guardo nesse coração que ainda bate, com régua e compasso...

Meu lema, aproveitar até os pequenos momentos de alegria; pois, olhando para trás, percebo o tanto que fui feliz, gozando das amizades que sempre soube retribuir. Não esqueço os primos de sangue, Sherlock, Mozinho ,Cacildo, Felipe, Adilson, Toninho, Jair, Jaime, Calute, Véla, que alegraram a minha vida. Não tenho jeito para ser emotivo. Tento ser honesto e amigo dos meus amigos. Deus, na sua Infinita Bondade, não me deu amigos políticos. Sofreria muito ser apunhalado pelas costas... O falso amigo, sempre fugiu do meu caminho... “ Marquez do Cassú .“





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

ESCRACHO...


Abordei em livros passados, o “corre,corre”, a “caça às bruxas”, quando estourou o movimento de 1964. A postura desrespeitosa, cínica, cruel e até covarde, de alguns próceres da UDN ( União Democrática Nacional), aqui em Uberaba, levou às grades, figuras conhecidas e benquistas de uberabenses que, sabidamente, não faziam apologia comunista e muito menos, atuavam em movimentos mais tarde tido como esquerdistas. Dois jornalistas (Joel Lóes, falecido e Olavo Sabino Jr.), além de sacerdotes da santa terrinha, Padre Prata e Juvenal Arduini, de saudosa memória, passaram pelo constrangimento de serem ouvidos pelo Comando Revolucionário .

Os “ dedo-duros” deitaram e rolaram em denúncias vazias contra uberabenses. “Durval, da Farmácia”, “Zé, do Café Reina”, citando os mais conhecidos, além de Benito Caparelli, vereador, teve cassação sumária do seu mandato , padecendo por vários dias, no cárcere da Policia Militar. O “movimento estudantil”, “sumiu” de uma hora prá outra. A turma da UDN, mandava e desmandava na terrinha do “Doca”. A cidade passava por instantes de medo. Quase terror. Nas repartições públicas, aconteciam as demissões sem direito às defesas. Um horror para os coitados dos exonerados...

Enquanto isso, os “afilhados” da revolução, iam conseguindo grandes empregos, sem necessidade de concurso. Foram nomeados em Ministérios, Correios, Caixas Econômicas, Estadual , que ainda existiam, Federal e bancos oficiais. Políticos uberabenses “revolucionários”, batiam palmas para Rondon Pacheco, figura asquerosa, guindado à Chefia do Gabinete Civil do Governo Revolucionário. Começava ali, a degringolada de Uberaba e a forte ascensão de Uberlândia...Com o apoio, pasmem ! de graduadas e impolutas personalidades uberabenses!

A “revolução” permitia eleições municipais. Em 1966,” Chico” Veludo candidato do MDB, ”fantasiado” de oposição, tolerado pelos militares ganhou a eleição para Prefeito. Todavia, não foi empossado. “Inventaram” o famoso “voto de legenda”. Já viu, né ?... Uberaba sem representação, Palmério, auto-exilado no Paraguai; os udenistas, procurando “ achar um deslize do nosso maior benfeitor” ( já lhes contei, também...). Todo o ódio que devotavam ao Embaixador Mário Palmério, veio à tona.

Ainda bem que Raul Jardim, Netinho, os Ruis, ligados ao “Lavoura e Comércio” e PRE-5, não sofreram nenhum tipo de ameaça. Azar de quem trabalhava no “Correio Católico” e “ Difusora”... Jorge Zaidan, César Vanucci, José Veloso Guimarães, além desse reles memorialista, eram “vigiados’ , dia e noite.. Nossos passos seguidos, nossos comentários gravados e as páginas do jornal, censuradas.

O que causava espanto foi ver a docilidade, servilidade e fragilidade, com que nossos políticos, com a “faca e o queijo “ nas mãos, deixaram escorrer por entre os dedos, em ombrear-se com a cidade irmã, que, além do principal “civil” no governo revolucionário” no Gabinete Militarl, “emplacou” também Homero Santos, um simples deputado federal, como “líder do governo da revolução”. Tristeza maior, vendo uberabenses batendo palmas, sem o menor instinto de reação,para pelo menos, solicitar uma “beiradinha” de prestigio para a sacra terrinha...

O uberabense não aprendeu. Passados meio século do que aconteceu, nossos homens públicos, continuam batendo palmas para qualquer forasteiro que aqui aporta. Quando será que Uberaba voltará a aprender fazer política ? Abraço fraterno do “ Marquez do Cassu”.


Luiz Gonzaga de Oliveira



Cidade de Uberaba

sábado, 7 de janeiro de 2017

FESTA DOS BROTOS DO ANO

Brotos do ano

Com Netinho, Nora Andrade, Regina Nabut e Cantora Vanusa em Saudações joqueanas. Festa dos brotos do ano.
Acervo pessoal: Dulce Helena Guaritá Bento



sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

VERNISSAGE DO ARTISTA PLÁSTICO FUKA

Vernissage do artista plástico Fuka


Vernissage do artista plástico Fuka, em 1988, no Shopping Urbano Salomão, em Uberaba-MG, com Maria Inês Cunha, Demilton Dib, Ana Luiza, Netinho e Lélio Ciabotti


(Ana Luiza Brasil)

Raul Jardim e a jornalista Ana Luiza Brasil

Raul Jardim e a jornalista Ana Luiza Brasil


"Essa foi uma das minhas milhares e felizes manhãs, na sala do meu pai no Jornalismo, mestre Raul Jardim, quem me norteou pelo caminho… e a quem eu rendo todas as minhas homenagens…

FOTO tirada por Ataliba Guaritá Netto, o Netinho, registrando o nosso ambiente de trabalho, no Jornal Lavoura e Comércio de Uberaba, em novembro de 1980… (acervo jornalista Ana Luiza Brasil)
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Cidade de Uberaba

“Divino Pantanal”, mostra fotográfica de Peixotinho

“Divino Pantanal”, mostra fotográfica de Peixotinho.

“Divino Pantanal”, mostra fotográfica de Peixotinho, em 1999, em Uberaba-MG, com o artista das lentes entre os jornalistas Ana Luiza Brasil e Netinho.
Acervo da jornalista Ana Luiza Brasil

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

TEM PESSOAS QUE O DIVINO CRIADOR LEVA MUITO CEDO PRA O REINO DOS CÉUS

Tem pessoas que o Divino Criador leva muito cedo pra o reino dos céus. Figuras humanas, maravilhosas que no dizer de Rolando Boldrin” partem fora do combinado”. Ramon Rodrigues, foi um deles. Solteirão convicto, educado. Aprumado financeiramente, vida profissional consolidada, nutria uma paixão desenfreada pelo Botafogo carioca, Fabricio e Uberaba Sport. Pelas mãos dos saudosos Raul Jardim e Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, começou a escrever no “Lavoura e Comércio”, depois de uma rápida passagem pelo semanário esportivo “A Bola”, do excelente Raimundo Sarkis. Ramon, tinha ditados engraçadíssimos que o tornou o cronista esportivo mais popular de Uberaba e região. Exemplo? Ao analisar um futuro jogo do Uberaba, antevendo insucesso alvirrubro, escrevia: “se o Paulinho não estiver numa tarde inspirada com as bolas de açúcar que o Tati lhe passa, “adiós mariquita linda”, o seu bordão favorito. Na falecida TV-Uberaba, em 72, fez história. Frases hilariantes, comentários humorísticos, suas intervenções nos jogos do Uberabão, deram o que falar, Inteligente, atualizado, palavra fácil e texto simples, as opiniões do Ramon, eram respeitadas. No rádio fez um trio famoso na saudosa PRE-5, com Netinho e Leite Neto. Certa tarde, num lance confuso na área do Uberaba, gritou sem medo de ser feliz: cu de boi na frente do Vilmondes.Graças a Deus,não^foi gol deles…Leite Neto, surpreso com a frase que saiu, sem cerimônia, da boca do Ramon, indagou:-“que Você disse, companheiro?”, Sem pestanejar, Ramon confirmou:-“isso que Você ouviu, ta?” , Árbitro que marcava falta contra o “seu” Uberaba, Ramon gritava a plenos pulmões: “Juiz ladrãp, pega esse juiz sem vergonha, larápio”. Além dos ouvintes da rádio, o estádio inteiro também ouvia…Mas, foi na TV-Uberaba, que o fato mais inusitado aconteceu. A equipe esportiva, tinha como chefe o diretor de jornalismo da emissora, o competente Symphrônio Veiga, vindo das “Associadas” de Belo Horizonte. Netinho, Ramon, os irmãos Jorge e Farah Zaidan e esse humilde “Marques”, seus integrantes. À hora do almoço, o “Papo de Bola”,à noite, “Fornox Confidencial” e depois “Esporte Urgente”. Hora do almoço, Farah, Ramon e eu.Naqueles velhos tempos,os programas eram “ao vivo”. Longe da chega do “vídeo-tape”. Certa manhã, Ramon atrasou-se. Programa no ar, com Farah e eu. Passados alguns minutos, ele entra, esbaforido, no estúdio. Perguntei-lhe: -“E aí mestre, tudo bem?”Ele, vermelho e transpirando muito, sentou-se e soltou a primeira “pérola” :
-“Desculpe-me pelo atraso. Subia a General Osório (onde está a TV) e um bruto dum caminhão bateu num carro, derrubou um poste e o trânsito embocetou todinho. Por isso atrasei,”Farah Zaidan, quando ouviu a frase, saiu engatinhando , segurando o riso. Netinho, atrás das câmeras, saiu em desabalada carreira, o Alemão e Gim, operadores das câmeras, abandonaram seus postos, o Wanderlei Silva, que dirigia o programa, gargalhava `à cântaros. Eu, ali, atônito, completamente sem ação, segurando a gargalhada. Ramon, impassível, vendo aquela balburdia no estúdio, quis consertar o que havia dito:- “Calma, pessoal, quando eu disse embocetar, foi, puramente, no bom sentido”…
Aí que não agüentou fui eu. Escorreguei debaixo da mesa e a televisão ficou cinco minutos fora do ar….Também pudera…
Ramon Rodrigues, está no céu. Sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso !


Luiz Gonzaga de Oliveira