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terça-feira, 3 de maio de 2022

O Tradicional imóvel onde funcionou a Revendedora Ford Derenusson, em Uberaba - Minas Gerais.

LÉO DERENUSSON – O Comando de um Líder.


O tumulto estava formado. O corre-corre dentro da sede da ACIU estava em ritmo alucinante. A ansiedade tomava conta de todos. Aguardava-se a chegada da comitiva do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A apreensão era compreensível. A implantação da Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (FCETM), requerida pela Entidade, dependia exclusivamente do parecer desses técnicos.

O resultado de dezenas de viagens ao Rio de Janeiro; das inúmeras entregas de projetos, projeções, currículos e documentações; da insistência e persistência marcou encontro com a esperança na visita final.

Em 12 de outubro de 1965 foi autorizado o funcionamento da FCETM tendo como mantenedora a ACIU. Em 1966, ao entregar o cargo de presidente ao seu sucessor, Edson Simonetti, Léo Derenusson assume o cargo de diretor da faculdade, que foi instalada na própria sede da associação.

Um marco na vida da Entidade, preenchendo lacunas num período em que em Uberaba só existiam cinco cursos superiores: Filosofia, Odontologia, Direito, Medicina e Engenharia. Ao longo dos anos, a ACIU criou as graduações de Administração de Empresas (1974) e Ciências Contábeis (1984).

Credita-se ao economista e empresário Paulo Vicente de Souza Lima a ideia de criação da FCETM. Juntaram-se a ele com o mesmo propósito os advogados Augusto Afonso Neto e Ronaldo Benedito Cunha Campos, entre outros.

A sugestão levada para a ACIU foi como uma semente lançada em campo fértil, pois a Entidade tinha o propósito de dotar a cidade de um curso para especialistas na área econômica.

Ao assumir a empreitada que terminou coroada de êxito, Léo Derenusson imprimiu sua marca de liderança na história da ACIU. Assumindo a administração da Entidade no período de 1964/1965, fruto do acordo entre o ex-presidente Aurélio Luiz da Costa e o Conselho Consultivo presidido por Mário Pousa, Léo surpreendeu a todos com sua dinâmica de trabalho.

A gestão de Léo frente à ACIU foi muito expressiva. A implantação da TV, iniciada na administração anterior, teve seus rumos modificados em decorrência de erros técnicos da TV Tupi, obrigando a Entidade a mudar a torre de Buritizal para Abacaxizal, SP. A atitude gerou custos, que forçou o envolvimento dos uberabenses para sua solução. Só assim o município pode finalmente contar com o sinal da TV em 1966.

Em 1965, cria com o jornal Lavoura e Comércio a festa de homenagem ao Comerciante do Ano.

Nesse mesmo ano, não relutou em visitar o Nordeste na busca de empresas interessadas nos incentivos fiscais da região do Triângulo. Uma viagem penosa de Uberaba a Salvador, BA, realizada em meu pequeno fusca na companhia do presidente e do diretor Mário Salvador.

Após um percurso de 3.000 kms, a viagem até Recife se fez através da Cruzeiro do Sul. As decepções decorrentes da falta de transparência das empresas da área da Sudene se constituíram na força motora para a criação das reflorestadoras de Uberaba.

Léo lutou muito pela implantação da Cidade Industrial. Plantou uma muda que se transformou em uma frondosa árvore 10 anos após, na inauguração dos Distritos Industriais II e III.

Participou de todos os simpósios e congressos destinados à luta pela construção e asfaltamento da BR-31 (262). Conseguiu um desconto de 20% de redução em todos os lançamentos de impostos municipais em 1964 e participou, no interesse das empresas, da elaboração da nova legislação do Código Tributário do Município.

Em 1966 foi chamado pelo prefeito Arthur Teixeira para transformar o Departamento de Águas em uma Companhia Mista. Participei dessa empreitada como diretor administrativo na companhia do Padre Antônio Fialho como diretor financeiro, sob o comando de Léo Derenusson na presidência. Assim nasceu o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (CODAU).

Léo Derenusson. Foto: Acervo da família.

Como líder classista, Léo Derenusson criou e presidiu por muitos o Sindicato das Indústrias Mecânicas. Assumiu nas décadas de 70/80 a vice-presidência da FIEMG e por muitos anos atuou como juiz classista na Junta de Conciliação e Julgamento de Uberaba. Humanista por natureza, herdou o espírito associativista de seu pai, Paulo José Derenusson, presidente da ACIU em duas gestões.

Formado em Direito, Léo foi sócio por algum tempo da Reflorestadora Triflora. Dois anos após, criou sua própria empresa, a Minas Seiva Reflorestamento, juntamente com seus filhos Paulo José Derenusson Neto, Antônio Augusto Derenusson e os amigos Ney Junqueira, Orlando Abreu, Caio Lucio Fontoura e Silvio de Castro Cunha.

Sua principal atividade empresarial, exercida por quarenta anos, foi a de revendedor de carros Ford, herdada de seu pai. A empresa Derenusson S/A foi condecorada pela Ford pelos 75 anos de atividade.
Nascido no Rio de Janeiro em 21 de julho de l918, Léo Derenusson é exemplo de amor à sua terra, de entrega na comunhão comunitária e de dedicação à família.

Faleceu em 14 de dezembro de 1999, aos 81 anos, deixando viúva Nobertina Ribeiro Cortes Derenusson. Eles tiveram cinco filhos que dão continuidade aos ideais do patriarca - Paulo José Derenusson Neto, casado com Vera Maria Terra Cecílio; Antônio Augusto, casado com Maria Lucia Castro Cunha; Luís Carlos, casado com Ana Amélia Nogueira; Leozinho, casado com Beatriz Bruna; e Léia, casada com Wilson Nelli.

Para a comunidade restou como lembrança de seu nome, a placa Rua Doutor Léo Derenusson, no bairro Alfredo Freire II. Para os parentes e amigos, restaram as saudades eternas.


Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


Fontes – ACIU – José Paulo Derenusson Neto – José Mousinho Teixeira.


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Sábado, 30 de outubro de 2022. O Tradicional imóvel onde funcionou a Revendedora Ford Derenusson (1941-1998) e Rádio Sociedade Triângulo Mineiro, PRE-5, inaugurou suas novas instalações no andar superior do Edifício Ford em 3 de agosto de 1941, situada na rua Major Eustáquio nº 13. A nova sede possuía um excelente espaço para apresentações, o Salão Grená, inaugurado em 23 de março de 1933. 

Pedro (à esquerda) e Léo Derenusson (à direita) Foto: Antonio Carlos Prata

Fachada da extinta revendedora Ford. Foto: Antonio Carlos Prata.

Por fim estacionamento do "Léo Derenusson Filho". Localizado na rua Major Eustáquio, 61 - Centro. Encerra após 22 anos de funcionamento. (1998 - 2022) Foto: Léo (direita) e Pedro (esquerda) fiel funcionário e amigo, entregam as chaves a empresa Machado & Nunes Cia.

Antonio Carlos Prata


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

UBERABA DE LUTO.

Conheci Abádio (com assento agudo no “a”) há mais de 50 anos quando ele cantava divinamente as músicas de Teixeirinha nas rádios PRE-5 e Difusora em Uberaba. 

Abádio Ferreira - (Foto do acervo pessoal de Waldir Kikuichi - Restaurante Bons Tempos)

Abádio Ferreira era do bem e amigo de todos nós. Teve uma sobrevida por mais de 12 anos após constatar o câncer de próstata. Descobriu na planta Sucuuba o reencontro com a saúde e dela extraía o remédio para si e o distribuía aos que necessitassem. 

Abádio vivia para servir e sempre tinha uma palavra amiga para expressar. Continuou com a fotografia.

Era despojado da matéria e optou por não exercer a advocacia devido a alguns princípios que possuía e, segundo ele, não abria mão. O Trio Parada Dura gravou algumas músicas de Abádio que é autor de quase 5.000 composições! Muitas? Mas é verdade! 

Era um homem culto e podemos dizer que era filósofo. Suas frases não tinham retoques e eram na medida certa. 

Abádio deixará saudade e será sempre lembrado.

Nosso abraço querido amigo que nunca o vi desejando mal a ninguém. 

João Sabino - Uberaba/MG-Brasil.





Cidade de Uberaba


sexta-feira, 5 de julho de 2019

A TROCA

Oi, turma!

( Cuidado para não confundir “ Zé germano “ com gênero humano... )

O pai, Luiz . A mãe, Niza. O casal só teve um filho que o pai, deu o nome do avô: Ataliba. Filho único, era simplesmente Netinho. O diminutivo, integrou-se ao nome. Netinho, era bom na escola (Marista Diocesano); bom de bola também. Jogou, ainda jovem, com os adultos. Sabia jogar. Os pais, queriam o filho doutor. Foi estudar no Rio de Janeiro. Lá, morando nas Laranjeiras, ficou perto do Fluminense, sua paixão desde criança. Foi a conta. Optou pela bola ao invés dos estudos. Envergou a camisa tricolor. A diretoria queria profissionalizá-lo. Os pais ficaram sabendo e trouxeram o filho de volta...

Netinho “ralou” na loja do pai, na Artur Machado. Porém, não esqueceu a bola .Deu “show” com a camisa vermelha do Uberaba e com a azul do Independente. Jogava prá “caraca”. Criou fama. Medroso ? Coisa nenhuma...Sabia jogar “ sem bola” que os críticos não sabiam o que era. Extrovertido, bem falante, despertou com o convite do Raul Jardim e foi trabalhar na PRE-5, a única emissora da cidade. Dalí para o “Lavoura e Comércio”, foi um pulo. Falava bem e escrevia melhor ainda. Com a família Jardim, ficou enquanto esteve vivo.

O “cavalo passou arreado” um punhado de vezes. Ofertas nas grandes rádios e jornais das capitais. “Neca”. Seu amor por Uberaba., não tinha preço. “Daqui não saio. Daqui ninguém me tira”... A volta à democracia, depois da ditadura getuliana, no apogeu dos 20 e poucos anos, na UDN (União Democrática Nacional) que tanto amava, convidado, elegeu-se vereador com expressiva votação. Na tribuna, embora na oposição, foi um sucesso ! Comedido, mas, corajoso, valente ! Despontava como o grande nome do partido, apoio dos amigos, à Deputado Estadual. Sua eleição era tida como “ barbada”, apesar da família ser contra . Deu “zebra”... Já, já,eu conto.

Tive com Netinho, sólida e fraterna amizade, durante 40 anos. Amigo leal, sincero, digno e honesto. Sua inteligência saia pelos poros. Seu improviso, empolgava multidões. O que escrevia e falava, era lei na terrinha. Com a mais absoluta justiça. Devotava a Uberaba, amor inexcedível ! Poucos jornalistas no Brasil, tinham o seu talento. Desprezou todos os convites que recebeu para deixar Uberaba. Recusou sempre. Vida simples, Netinho, até hoje, faz muita falta Uberaba.Sua correção, compostura e conduta moral, deixaram uma enorme saudade. 

Volto a sua pré-candidatura à Deputado Estadual. Na convenção da UDN, seu nome era tido como unanimidade. Foi quando aconteceu a grande “ rasteira”. A “maracutaia” armada. O diretório da UDN, a “eterna vigilância”, nos porões da covardia,sem justificativa aceitável, indica o nome de Max Nordeau de Rezende Alvim, o candidato à deputado estadual. Netinho e seus amigos, boquiabertos, além de indignados, tiveram que “engolir” aquela ”facada “.

Passados alguns dias, o Secretário Geral do partido, eis passeando, livre, leve e solto pelas ruas da cidade num “jeep” novinho em folha. Havia “vendido” a candidatura de Netinho por aquele vistoso veículo... A amargura daquele gesto, mexeu com os brios do meu saudoso amigo. Daquele dia em diante, recusou todos os convites políticos. Dizia sempre:- “A melhor política da minha vida, foi deixar a política”.

Vitorioso na comunicação, Minas ganhou o seu mais notável apresentador, reinou absoluto no rádio, jornal e TV , no Estado. Episódio que a “ jovem guarda”não conhecia, nos meandros da podre política que se pratica em Uberaba. Há muitos anos... Tchau ! “Marquez do Cassú".






Cidade de Uberaba


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

ESSA HISTORINHA ACONTECEU NO FINAL DA DÉCADA DE 50, NUMA ANTEVÉSPERA DO NATAL. PERSONAGENS QUERIDAS E MUITO CONHECIDAS NA CIDADE. OTO SABINO ARAÚJO JR.(OTINHO),

Essa historinha aconteceu no final da década de 50, numa antevéspera do Natal. Personagens queridas e muito conhecidas na cidade. Oto Sabino Araújo Jr.(Otinho), tinha barbearia no início da Artur Machado, hoje, calçadão. Mulherengo inveterado, adorava a noite. Tinha “rapariga por conta” na rua S.Miguel, a Abadia. Morena bonita, magra, cabelos longos e “corpo de violão”. Otinho era o “coronel” e “bancava” a moça na pensão da Negrinha. Casado, raramente dormia a noite inteira na “zona”. Leite Neto, um dos melhores narradores do rádio esportivo brasileiro, fazia sucesso na saudosa P.R.E.-5. Altão, cabelos crespos, porte atlético, sempre bem vestido, também gostava da boemia. Enamorou-se da Abadia, mesmo sabendo que ela “era” do Otinho. O sempre lembrado e folclórico Nenê Mamá, diretor do USC. Amigo de Otinho, “andava” com a “Nenenzão”, mulata de 2 metros de altura, amiga da Abadiinha, como gostava de ser chamada. “Nenenzão” deu a “senha” para Nenê, que logo alertou Otinho. – “Tem boi na linha. Fica de olho, amigão.” Na semana seguinte, Otinho resolveu dormir com a Abadiinha, pois a família tinha viajado…

Leite Neto, o “gigolô”, não sabia. Como sempre fazia, naquela noite esperou que o “coronel” fosse embora. 3 da manhã, nada. Deu 4, 4 e meia, entrou em desespero. Na rua, chuva fina e o frio chegando e ele ali na marquise do Cassino Brasil. Na esquina da praça Frei Eugênio, Shin recolhia as últimas mesas, enquanto o cunhado Antônio, fazia o “caixa” da noite movimentada do “Tabu”. Sem chance do Otinho ir embora. Leite Neto, criou coragem:-“vou resolver essa parada agora”, pensou. Entrou na casa da Negrinha e começou a bater na porta. –“Abadiinha, Abadiinha, sou eu, o Leite, abra por favor, estou com frio”. Otinho acordado e a mulher apavorada.-“Será que ele tem arma? Revólver? Faca? E o Leite Neto, quase esmurrando a porta. –“Abadiinha, abra pelo amor de Deus”, dizia com voz suplicante: “é o Leite”. Abadiinha, tremendo de medo, volta perguntar: ”quem é?” . Do lado de fora, voz grossa e forte: “É o Leite”. Otinho, sarcasticamente, responde: -“Deixa só um litro. Depois do Natal, vem buscar o dinheiro”…


Luiz Gonzaga de Oliveira

FUAD MALUF – UBERABA

Fuad Maluf, funcionário público municipal, tinha voz bonita e firme, típica de locutor de rádio.Fez teste na saudosa P.R.E.-5, sendo aprovado pelo sempre lembrado Raul Jardim, gerente e filho do dono da emissora, jornalista Quintiliano Jardim. A direção da emissora, estava à procura de alguém que pudesse apresentar o programa oficial do município, “Momento municipal”. Não deu outra. Funcionário da Prefeitura, Fuad Maluf, foi o escolhido. Boêmio, amante do tango, apaixonado pela noite, passou a apresentar , além do oficial, um programa que ficou famoso na radiofonia uberabense: “Melodias Portenhas” Lembrando os velhos tangos de Carlos Gardel, Marianito Mores, Miguel Caló, Alfredo Lepera, Libertad Lamarque e outro scobras do cancioneiro platino, entrecortava o programa, com crônicas e poesias “melosas” e apaixonadas que faziam o delírio da mulherada da rua São Miguel…Os 2 programas, tinham audiência absolutas, pois que, àquela época, só tinha uma emissora na cidade. , Um porém, já na década de 50, existiam os gozadores, os poucos aparelhos telefônicos não fugiam dos “trotes” e por aí. Gente que gosta va de um mal feito, sempre existiu. Certa noite, escolheram para a brincadeira de mau gosto, o nosso glorioso Fuad Maluf! A”coisa” aconteceu assim. “Melodias Portenhas” ia ao ar, das 22 às 23 horas. Mal iniciado o programa daquela indigitada 6ª.feira, toca o telefone chama pelo Fuad.-“Querido, aqui é a Dorinha. Vou contar-lhe uma novidade, acabei de ouvir na rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, o Papa morreu!”. Fuad, na ânsia de dar a noticia, dirigiu-se ao técnico Edson Lúcio Lopes, o “Edinho da Lidia Varanda”, esfregando nervosamente as mãos, contou a novidade.-“Edinho, capricha, prepara o gongo, coloca uma música fúnebre,pois vou noticiar a bomba”.Dito e feito. Edinho, sem pestanejar, cumpriu o pedido. –“Na hora que eu falar, bate o gongo e deixa a marcha fúnebre de fundo musical, ta certo?”
Microfone aberto, Fuad Maluf, pomposamente, voz empostada, anunciou-“E atenção senhoras e senhores! (toca o gongo)Acaba de falecer no Vaticano, Sua Santidade , o Papa PioXII! Aos católicos da nossa diocese, nossas sentidas condolências”. Diminui o fundo musical e retorna o gongo:pooooooom!
Foi a conta. O telefone da rádio.não parou de tocar. Os sinos da Catedral e das outras igejas da cidade, tocavam sem cessar. Os uberabenses foram às ruas, católicos chorando “ O Papa morreu”, “o Papa morreu”. Foi aquele Deus nos acuda. Os sinos dobravam !
No sábado, o desmentido. Tudo não passara de um “trote” maldoso no coitado do Fuad Maluf. O Papa continuava vivo e gozando de boa saúde…
À tarde, em editorial de primeira página, o “Lavoura e Comércio”, dono da P.R.E.-5, pedia desculpas aos ouvintes da emissora e leitores do jornal pela “gafe” cometida pelo seu funcionário…..


Luiz Gonzaga de Oliveira

O POPULISMO RADIOFÔNICO EM UBERABA

 O Rádio sempre foi um meio de comunicação de bastante abrangência e, em Uberaba, não foi diferente! Desde o surgimento da primeira emissora, a PRE-5 (atual, Rádio Sociedade AM), na década de 1930, esse veículo de comunicação sempre noticiou, distraiu e cumpriu seu papel social perante os ouvintes.
 
Construção do edifício Abadia Salomão -  Prédio da Ford Derenusson. PRE-5 (atual, Rádio Sociedade AM.
 Foto: Nau Mendes - Década 1960.
 
 Consequentemente, os locutores criaram uma proximidade muito grande com os espectadores e, claro, ganhando notoriedade, muitos se tornaram bastante populares e se aventuraram pela política, disputando eleições.


Ataliba Guaritá Neto. Foto: Acervo da família Guaritá.

Em 1950, o radialista Ataliba Guaritá Neto – o Netinho, que também assinava uma coluna no jornal Lavoura e Comércio – foi o pioneiro, elegendo-se vereador. Oito anos depois, Eurípedes Craide, um jovem narrador esportivo, também chegava ao Legislativo Municipal. Por dois mandatos, esteve na Câmara e foi eleito seis vezes Deputado Estadual.
 
 
Jesus Manzano.  Foto: Acervo da família Manzano.

Jesus Manzano, em 1966, foi eleito vereador e teve mandato por diversas legislaturas, Quatro anos depois, Edson Quirino de Souza, o Edinho, (Filho do casal Toninho e Marieta, artistas da música sertaneja) chegava à Câmara, onde se manteve na vereança até 1983. Em 1988, foi a vez dos radialistas Tony Carlos e Além-Mar Paranhos ocuparem suas cadeiras no poder legislativo. Tony cumpre, atualmente, o quarto mandato.
 
Toninho e Marieta. Foto: Acervo da família Quirino.
 

No ano de 1990, o comunicativo  Toninho e Marieta, da Rádio Sociedade, elegeu-se Deputado Estadual, cumprindo apenas um mandato. Em 1992, Edivaldo Santos e Paulo Silva estreavam na Câmara Municipal, onde permaneceram até 2000.

Em 2008, Almir Silva foi o vereador mais votado em nossa cidade, repetindo o feito de Eurípedes Craide, em 1962, e de Jesus Manzano, em 1976.

Mais do que saber aproveitar favoravelmente a oportunidade de se tornar popular que o rádio oferece, esses radialistas, por meio do microfone, conquistaram simpatia, notoriedade e muitos votos.

Danilo Costa Ferrari

O PREFEITO ROSA PRATA TRANSFORMARA A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL - UBERABA

Setembro, 1972, em Uberaba. Ano de eleições e a política ganhava fôlego na cidade. O prefeito Arnaldo Rosa Prata transformara a administração municipal. Deu plástica nova na área central, cobrindo córregos, asfaltando avenidas, criando conjuntos habitacionais, inaugurando o semi-acabado “Uberabão”, o novo terminal rodoviário e outras obras mais. Seu afilhado político, diziam seus correligionários, “futuro prefeito de Uberaba”, Fúlvio Fontoura, filho do também ex-prefeito Lauro Fontoura, tinha como opositor, com menor chance, Hugo Rodrigues da Cunha, ex-presidente da ACIU, candidato derrotado em 70 para deputado federal. Ambos da ARENA, I e II, dito pelo governador de Minas, Francelino Pereira, “ o maior partido do ocidente”. Na oposição, o PMDB, em frangalhos, sem a menor possibilidade de vitória, indicara o alfaiate João Pedro de Souza. A TV-Uberaba, com poucos meses de vida, seria o primeiro grande palanque eletrônico das eleições. As ARENAS I e II, com as “burras”cheias de dinheiro, caprichavam nos seus programas eleitorais. No PMDB, a morte do seu grande líder, Chico Veludo, desestabilizou o partido. Chico vencera as eleições e não levou. Já lhes contei a história. João Guido, foi o “escolhido”. Novidade na praça, os programas televisivos eleitoriais, ganharam enorme audiência. Acuado, praticamente sozinho ( lembro-me apenas de um companheiro solidário, Paulo Afonso Silveira). João Pedro, com reduzido tempo de TV, ainda assim topou a “briga”. A turma do PMDB, candidatos a vereador, altamente compromissada com os candidatos arenistas. “Mote” principal da campanha de João Pedro, trazer água do rio Grande para abastecer as torneiras da cidade. O tema virou gozação.-“Onde já se viu?O João, ta louco varrido. Trazer água do rio Grande, só se for em cano de bambu…Ele precisa ser internado no Sanatório Espirita”…João Pedro, virou piada na cidade. –“Onde o PMDB, está com a cabeça?” diziam os opositores. Favorito disparado, apoiado pelo “Lavoura”, PRE-5, parte do “Correio Católico”, Difusora, Fúlvio perdeu para o da ARENA II, Hugo Rodrigues da Cunha. João Pedro, teve uma votação que não se elegeria vereador…Triste, aborrecido, abandonado pelos falsos amigos, endividado na campanha, João Pedro entrou na mais terrível das doenças- a depressão. Não suportando a terrível humilhação por que passara, um fatídico dia, a mirar-se nas águas do rio Grande, na ponte que divide Minas-São Paulo, atirou-se nas águas que queria trazer para abastecer a sua Uberaba tão amada. Lamento, sua morte foi pouco registrada. Nem sei se lhe deram nome de rua na cidade. Seus detratores não mandaram rezar missa de sétimo dia e pedir a Deus o necessário e cristão perdão pela sua alma por tão tresloucado gesto.
Poucos anos se passaram. Os mesmos adversários de João Pedro de Souza, que o chamaram de “louco varrido” por querer trazer água do rio Grande para abastecer a cidade, são os mesmos que, hoje, solicitam aos organismos internacionais, empréstimo para trazer água do rio Grande para Uberaba…Trágica ironia, não?
Desculpem pela extensão da história. Era preciso. 


Luiz Gonzaga de Oliveira