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terça-feira, 2 de julho de 2019

SILVÉRIO CARTAFINA – UM PREFEITO REVOLUCIONÁRIO.

Sessenta dias antes das eleições, marcadas para o dia 15 de Novembro de 1976, é que foi criada uma comissão da ARENA II para procurar um candidato que se dispusesse a concorrer com Fúlvio Fontoura, candidato da ARENA I.

Diversos nomes foram lembrados e alguns até convidados. Os nomes mais ventilados eram os de Jorge Dib Neto, Wilson Pinheiro, José Maria Barra, Vicente Marino e, posteriormente, todos se voltaram para o nome de Dr.Paulo Mesquita. Todavia, procurado em sua residência, o ilustre médico declinou do convite.

Chegou-se a uma situação curiosa. Os nomes que eram procurados, não aceitavam. Os que queriam disputar, não eram procurados. Nunca ficamos sabendo se Silvério Cartafina era a preferência do Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha mas, inegavelmente, era um nome de peso e com uma vantagem adicional: queria ser candidato. Como era o Secretário da Saúde do governo de Hugo, ficou fácil o acerto político.

Tendo Wagner do Nascimento como vice e o apadrinhamento de Hugo, Silvério partiu para a luta.
Novamente a participação do Jornal da Manhã foi imprescindível para o resultado desta eleição. Desconsiderando a determinação do Juiz Eleitoral, a direção do jornal imprimiu a prestação de contas da administração de Hugo, o que valeu para dois diretores, Joaquim dos Santos Martins e Gilberto Rezende e para o Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, uma condenação que foi posteriormente revogada pelo TER de Minas.

Em compensação, através de centenas de voluntários, cerca de 35.000 lares uberabenses puderam tomar conhecimento, às vésperas da eleição fixada para o dia 15 de novembro de 1976, das realizações do governo de Hugo.

Entre os quatro candidatos, num universo de 60.358 votos válidos, Fúlvio Fontoura, concorrendo pela ARENA I, obteve 42,68%; Silvério Cartafina, concorrendo pela ARENA II, 45,68%; Ivan Cota Barbosa, pelo MDB I, 6,32% e seu parceiro do MDB II, Paulo Afonso Silveira, 5,81%.
Com uma vitória apertada, Silvério e Wagner tomaram posse em 1977 para se separarem irremediavelmente, dois anos após. Eleito para governar quatro anos, teve prorrogação de mais dois em decorrência de reforma constitucional.

Parte da equipe de trabalho de Hugo permaneceu com Silvério, entre eles o Cel. Bracarense, José Paulo Miguel, Geraldo Barbosa e Zilma Bugiatto. Outros foram convidados por Silvério para completar o quadro. Paulo Silva (Turismo), Pedro Humberto Carneiro (Viação e Obras Públicas e Planejamento), Ana Maria Borges (Pró-Árvore), Antonio Bilhrinho (Educação), Silvio Sidnei Pinto (Fazenda), Izidio Barbosa (Saúde) e em revisão de Secretaria, Jorge Dib Neto assumiu Viação e Obras Públicas.

Silvério foi um prefeito revolucionário. Abriu novos horizontes para o desenvolvimento de Uberaba com sua arrojada administração. Todos os setores mereceram sua atenção. Numa época em que o orçamento municipal era bem inferior ao da atualidade, soube aproveitar de seu relacionamento com Secretários Estaduais, Governador, Ministros e de todas as oportunidades de investimentos colocados à disposição pelas estatais estaduais e federais como o INDI, BDMG, EBTU, COHAB, INOCOOP, CDI, CEMIG, siglas que representaram muito no progresso da cidade.

Até que em 1979 Fúlvio Fontoura assumisse uma cadeira na Assembleia Legislativa e Hugo Rodrigues da Cunha na Câmara Federal, passando a colaborar com a administração municipal, Silvério era Prefeito e ao mesmo tempo fazendo o papel de Deputado Estadual e Federal.
Foram seis anos de realizações de obras de grande vulto e um governo de muita garra. Podem ser destacados em sua gestão:

A integração de Uberaba com o Distrito de Delta onde está instalado o Distrito Industrial III, via Avenida Filomena Cartafina, com 4 pistas, numa extensão de 24 km.

Aberturas de novas avenidas destacando-se a Avenida Carangola, primeira Av. a contar com uma ciclovia. Outras que foram beneficiadas: Guilherme Ferreira, da rua Padre Jerônimo até a Av. Marcus Cherém; prolongamento da Av. Santos Dumont até o Aeroporto; início da canalização da Av. Santa Beatriz.

Merecem destaques em suas obras, a ligação do Bairro São Benedito com o Santa Maria, via rua Piauí. Construiu ainda a ligação do Amoroso Costa com o Fabrício, Boa Vista e Abadia, via rua José Maria, Osvaldo Cruz, João Alfredo e Saldanha Marinho, permitindo-se chegar a BR-262. Canalizou a Av Leopoldino de Oliveira, Guilherme Ferreira, Santa Beatriz, iniciou a canalização da Av. Pedro Salomãom, terminou a da Av. San tos Dumont e urbanizou a Av. Odilon Fernandes até a Av. Jesuíno Felicíssimo.

O acesso a Uberaba pelo Bairro da Abadia, através da Av. Abilio Borges, Bandeirantes e Saldanha Marinho, até então acanhado e estrangulado, ganhou destaque no governo de Hugo que projetou avenidas largas e urbanizadas, cabendo a Silvério a concretização do referido projeto.
A definitiva solução do esgoto e recapeamento do Parque das Américas representou a quebra de um tabu em Uberaba.

Na área de saúde, construiu 14 unidades sanitárias, entre elas a de Delta, Conjunto Silvério Cartafina, Irmãos Juquinha, no Bairro de Lourdes, Dr. George de Chirié Jardim no Alfredo Freire, Durval Dias de Abreu, Norberto de Oliveira no Conjunto Boa Vista, Waldemar Ribeiro da Silva, elevando o número de unidades em Uberaba para 18. Criou o Pronto Socorro junto à Faculdade de Medicina, na gestão do dr. João Naves Junqueira.

Implantou o Centro Social urbano (Leblon) e criou o CEAPS e o SINE.

Asfaltou cerca de l milhão de m2 no perímetro urbano, além de outro milhão de m2 nos conjuntos residenciais. Fato inédito - conseguiu, em apenas uma noite, asfaltar toda a rua Artur Machado.
No Projeto Minas-Luz, conseguiu 700 postes que beneficiaram milhares de residências da periferia.
Duplicou a área do Cemitério São João Batista, construiu a sede do Corpo de Bombeiros, do COMBÉM, da EMATER. Construiu o Tiro de Guerra com o compromisso do General Walter, comandante do Planalto, de não levar mais uberabenses para Brasilia.

Construiu, reformou e iluminou cerca de 21 praças. Implantou 83 semáforos e 6.629 metros de galerias para abertura de novas avenidas, além de um emissário de 4 km. no Conjunto Boa Vista.
Doou cerca de 259 há, de terras para a Escola Agro Técnica e instituiu em 1981, o serviço de nova numeração de casas.

No setor educacional, construiu a Escola "Gastão Mesquita" em Ponte Alta e doou terreno para a “Ana de Castro Cançado” em Delta e "N.S. Aparecida". Em 1982, com a inauguração da Escola Rural “Maria Cândida Mendes”, completou 38 unidades rurais no município.

Reformou as Escolas "Prof. Chaves", "Uberaba", "Minas Gerais" e "Paulo Derenusson". Em convênio com o Estado, reconstruiu as Escolas “América”, “Horizonta Lemos”, “Henrique Kruger”, “Rotary”, “Alceu Novais” e “Bernardo Vasconcelos”.

Na área do CODAU implantou 27.000 metros de rede de esgoto e cerca de 12 mil novas ligações de água. Construiu o 1º Castelo do CODAU no Parque das Américas e o 2º na Av. Nenê Sabino.
Em 1982, interpretando os anseios da comunidade, criou a Fundação Cultural de Uberaba, reunindo em um só órgão, a coordenação de todas as manifestações culturais.

O sonho acalentado por muitos anos se transformou em uma realidade. Plantou-se naquela data uma semente em solo fértil. No comando de Antônio Bilharinho, então Secretário de Educação e com a participação de inúmeros companheiros, entre outros, Antônio Carlos Marques, Gilberto Rezende, Guido Bilharinho, Jorge Alberto Nabut, Henri Brandão, Beethoven Teixeira, Décio Bragança, Demilton Dib e Maria Antonieta Borges, nasceu a primeira entidade voltada exclusivamente para a difusão de todos os segmentos de nossa Cultura. Coube ao saudoso Dr. Edson Prata dar o embasamento legal para o seu primeiro Estatuto e a Jorge Alberto Nabut, assumir a primeira presidência desta nova Entidade.

Silvério conseguiu ainda em seu governo, remodelar a Igreja Santa Rita e trocar as torres da Igreja São Domingos.

Seu maior trunfo como administrador foi obtido na construção de conjuntos Habitacionais. Terminou o Conjunto ”Cassio Rezende I”, e construiu os Conjuntos “Cassio Rezende II”, ”Guanabara”, “Frei Eugênio”, “Boa Vista”, “Morada do Sol”, “Alfredo Freire”, “Silvério Cartafina”, “Volta Grande” e “Delta”, mais 30 blocos com 12 apartamentos cada, construída no final da Av. Leopoldino de Oliveira, todos viabilizados pela COHAB e INOCOOP.

Foram no total 11 Conjuntos Habitacionais com cerca de 7.000 residências com área de terreno de 250 m2 e construção de 23 m2 em algumas unidades. Como o terreno era grande, proporcionava ao comprador a possibilidade de ser ampliado na medida de suas possibilidades. Foi uma revolução em termos de construção de casas populares, uma ideia que até o Presidente da COHAB julgava ser uma loucura.

Filho de imigrantes italianos, Silvério e Filomena Cartafina que trabalharam por muitos anos em fazendas de café em Conquista, MG, mudaram-se para Uberaba após o quinto filho e Silvério, um dos doze filhos do casal, nasceu em Uberaba em 31 de dezembro de 1927.

Estudou inicialmente no Grupo Brasil e terminou o primário no Colégio Diocesano em 1937. Ficou com os Maristas até 1945 quando partiu para o Rio de Janeiro para fazer o Científico no MABE e logo prestou vestibular na Faculdade de Medicina, hoje UERJ, no qual passou em 15º lugar.

Formado e já concursado pelo IAPI, se especializou com grandes nomes da Medicina nas áreas de Cirurgia Geral e Urologia.

Voltou à Uberaba em 1954 trabalhando na Beneficência Portuguesa, em convênio com a Faculdade de Medicina onde só tinha 21 professores catedráticos e professores voluntários. Convidado por Hélio Angotti, passou a lecionar na Faculdade até que, com a saída de Dr. José de Abreu, assumiu a cadeira de Urologia. Foi professor da Faculdade de Medicina, por 28 anos. Além de consultório próprio, era também médico do INPS e, pela intervenção do deputado Mário Palmério, foi nomeado para o SANDU em 1958.

Em um almoço em sua casa, recepcionando o Presidente João Goulart em sua visita à Uberaba, Silvério conseguiu transformar o SANDU de Uberaba em classe A e também autorização para criar o SANDU em Ituiutaba.

Filiado ao PTB, em 1958 o seu partido ganhou as eleições municipais com Jorge Furtado na Prefeitura, Mário Palmério na Câmara Federal e Godofredo Prata, na Assembleia Legislativa, além do Juiz de Paz, Juca Inácio.

Com a revolução de 1964, os partidos foram extintos e substituídos pela ARENA, representando a situação, e MDB, pela oposição. O diretório de Uberaba do MDB foi criado por Silvério e Francisco Veludo.

Seu partido, PTB, disputou em 1966 através de Francisco Veludo, que, apesar de ter sido o mais votado dos candidatos, cedeu lugar para João Guido da ARENA, em virtude desta legenda ter obtido maior número de votos.

Voltou à carga concorrendo como vice de Francisco Lopes Veludo na eleição para a Prefeitura em 1970. Eram concorrentes também Arnaldo Rosa Prata, Mário Palmério e Artur Teixeira. Arnaldo ganhou com 44,13% dos votos contra 25,43% atribuídos à Veludo. Silvério reconheceu não ter feito boa campanha e justificou a vitória de Arnaldo pelo bom desempenho do Prefeito João Guido na gestão anterior.

Com a eleição de Hugo Rodrigues da Cunha em 1972, Silvério assumiu a Secretária da Saúde que lhe deu prestígio eleitoral, ajudando a vencer a eleição de 1976/1982, onde fez uma administração primorosa.

Já na eleição de 1983, seu candidato concorrendo pela ARENA, João Francisco Naves Junqueira obteve apenas 13,32% dos votos e Hugo Rodrigues da Cunha, 15,27%. Wagner do Nascimento, do PMDB, foi o vitorioso com 37,37%. Seus companheiros de partido também tiveram expressiva votação como Rene Barsan, 22,66% e Arnaldo Rosa Prata, l0,07%.

Silvério Cartafina Filho, político por natureza, voltou a concorrer nas eleições de 1988, desta vez enfrentando 9 candidatos. Hugo Rodrigues da Cunha foi o vencedor com 29,42% dos votos, contra Silvério, segundo colocado, com 21,09%. O remanescente foi distribuído entre os candidatos, João Batista Rodrigues, 20,04%, José Thomas da Silva Sobrinho, 15,96%, Adelmo Carneiro Leão, 8,52%, Anderson Adauto, 3,13%, Samir Cecílio, 1,09%, Bittencourt Bertolucci, 038%, e Germano Gultzgolf, 037%.

Foi sua última participação como candidato na área política. Nas décadas seguintes, além de respeitado conselheiro de políticos e amigos, se envolveu mais com suas atividades empresariais se destacando como fazendeiro e grande fornecedor de leite.

Nos últimos cinco anos se viu atacado pela Doença de Alzeimer, debilitando sua saúde. Faleceu em 12 de junho de 2019, aos 92 anos, em virtude de complicações renais e foi velado no Centro Administrativo "Ataliba Guaritá Neto", sede da Prefeitura Municipal de Uberaba, cujo Prefeito, Paulo Piau, decretou luto por 3 dias.

Silvério deixa viúva sua grande companheira de política, vereadora em diversas gestões e grande destaque na área social, Terezinha Cartafina, além dos filhos:

1) Ana Keyla, separada de seu ex-marido Eduardo, e seus filhos Franco, hoje deputado federal, herdeiro do avô na área política, casado com Maísa Lemos; Sophia, casada com Tiago Fontes e a filha Isadora.

2) Claudia casada com Evandro Andrade e seus filhos Arthur e Inácio.

3) Maristela, residente no Canadá, casada com Vicente Trius e os filhos João Vicente e Antônia.

4) Viviane Cartafina, casada com Eduardo Barbosa e os filhos Maria Eduarda e Lucas. Maria Eduarda tem uma filha, a Olívia.,

5) Renato, herdeiro de Silvério pela paixão de nosso folclore, casado com Renata.


Silvério Cartafina, além do exemplo de administrador político e empresário, era também violonista e cantador. Deixa muitas saudades entre seus familiares e amigos. Entre seus companheiros do folclore pela suas participações em manifestações culturais que varavam a noite. Onde estiver sabe que tem o reconhecimento da comunidade por tudo que fez pela sua cidade e pelo bem de seu povo.



Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex presidente da ACIU e do CIGRA. Ex presidente do PDS.



Fontes – Jornal da Manhã e Pedro Carneiro. – Dados eleitorais – Tião Silva.






Cidade de Uberaba



domingo, 30 de dezembro de 2018

VIDA E MORTE DA TV- UBERABA

Continuo contando as minhas lembranças. O primeiro ano da programação da TV- Uberaba, foi de sucesso e euforia na cidade. Uberaba, tinha com que se orgulhar. Entretenimento local, programas de agrado popular, novelas, filmes, esportes, desenhos animados e outros atrativos. A Rede Tupi, “emissora-mãe”, caprichava na programação nacional: Chacrinha, Flávio Cavalcanti, “Beto Rockfeler”, “Direito de Nascer”,” Nino- o Italianinho”, marcaram época na memória do telespectador. O faturamento da emissora, suplantava as despesas. Tudo caminhava às mil maravilhas. O “Papo de Bola”, na hora do almoço e o “ Esporte Urgente”, à noite, deixavam os uberabenses “ grudados “ na telinha. O “Jornal do 5” , então...

A primeira campanha eleitoral eletrônica, foi um sucesso. Os velhos comícios, cediam lugar às falas dos candidatos na telinha. Os debates nas “ mesas redondas”, ganhavam o eleitor. Era um “frisson” quando aparecia o João Pedro de Souza, varinha de bambu à mão, jurando que traria água do rio Grande para abastecer Uberaba. Chamaram-no de louco. Anos mais tarde, o projeto, por pouco, não foi aprovado...Hugo Rodrigues da Cunha, mais desenvolto que o seu oponente, Fúlvio Fontoura, tímido diante das câmeras , levou vantagem. Ganhou a eleição...

Ao tempo do jornalismo independente e sério produzido por bons profissionais, os jogos do campeonato mineiro, eram transmitidos , ao vivo, quando no “ Mineirão” e “vídeo-tapes”, à noite, quando os jogos eram realizados no “ Uberabão”., assim como jogos dos campeonatos paulista e carioca. Alguns jargões por mim lançados na TV, perduram até hoje : “oi, turma !”, “balançooouuuu”! quando acontecia gols, “pelo sim ou pelo não jogou no fundão”, definia o escanteio; bola que batia na bunda jogador, dizia “bateu no oritimbó”, confusão na área, era a “zona do tumulto” e por aí afora...O “Uberabão” estava sempre “cheio”. As torcidas do Uberaba e Nacional, faziam enorme estardalhaço com fogos e bandeiras...

Vieram os programas sertanejos, “Toninho e Marieta”, “Nico Trovador”, os da meninada com o irrepreensível Mário Salvador, o “tio Mário”, à tarde alegre e o saudoso Aldo Roberto, “Salsichachau”, os sábados especiais com o “Show da Tarde”, comandado pelo excelente Antônio Augusto. Ataliba Guaritá Neto, “subiu” fronteiras e foi a BH, apresentar o “Mineiros Frente a Frente”, audiência absoluta em Minas Gerais. A TV-Uberaba, sempre “ cobriu” o então afamado concurso “Miss Minas Gerais”. A emissora chegou ao “ luxo” de ter entre os seus comentaristas, o imortal da Academia de Letras do Brasil, o reitor Mário Palmério! Ora veja !

Inexplicável até hoje, foi a saída de Rene Barsam, da Presidência da TV. Não deu tempo para lamentar. Chegou o jovem Paulo Cabral Júnior, filho do Presidente do condomínio dos “Diários Associados”, dono da emissora. “Puxaram o tapete” do Rene, sem que ninguém soubesse dar uma “dica’’ sequer. “Estamos conversados e não se fala mais nisso”, a ordem recebida... Paulinho, foi excelente. Enfrentou a “queda” das “Associadas” e a TV-Uberaba, ficou “órfã de pai e mãe”. “Comprava” lote de filmes daqui; outra série de desenhos ali, período autêntico de “ vacas magras”. Até que surgiu o SBT, de Silvio Santos, “ salvação da lavoura”.

A TV deu uma respirada. Silvio, tomava conta (como faz até hoje) das tardes/noites dos domingos. A TV-Uberaba, nunca desprezou a cidade. Continuava com seus telejornais, seus programas de entrevistas, futebol e tudo mais. Todo o esforço era concentrado em oferecer o melhor para o uberabense. Amanhã, continuo contando mais “coisas” que muito teimam em esconder... Eita politicazinha do cão, essa da terrinha do “Doca”! Abraço respeitoso do “Marquez do Cassú”.

Cidade de Uberaba

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O PREFEITO ROSA PRATA TRANSFORMARA A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL - UBERABA

Setembro, 1972, em Uberaba. Ano de eleições e a política ganhava fôlego na cidade. O prefeito Arnaldo Rosa Prata transformara a administração municipal. Deu plástica nova na área central, cobrindo córregos, asfaltando avenidas, criando conjuntos habitacionais, inaugurando o semi-acabado “Uberabão”, o novo terminal rodoviário e outras obras mais. Seu afilhado político, diziam seus correligionários, “futuro prefeito de Uberaba”, Fúlvio Fontoura, filho do também ex-prefeito Lauro Fontoura, tinha como opositor, com menor chance, Hugo Rodrigues da Cunha, ex-presidente da ACIU, candidato derrotado em 70 para deputado federal. Ambos da ARENA, I e II, dito pelo governador de Minas, Francelino Pereira, “ o maior partido do ocidente”. Na oposição, o PMDB, em frangalhos, sem a menor possibilidade de vitória, indicara o alfaiate João Pedro de Souza. A TV-Uberaba, com poucos meses de vida, seria o primeiro grande palanque eletrônico das eleições. As ARENAS I e II, com as “burras”cheias de dinheiro, caprichavam nos seus programas eleitorais. No PMDB, a morte do seu grande líder, Chico Veludo, desestabilizou o partido. Chico vencera as eleições e não levou. Já lhes contei a história. João Guido, foi o “escolhido”. Novidade na praça, os programas televisivos eleitoriais, ganharam enorme audiência. Acuado, praticamente sozinho ( lembro-me apenas de um companheiro solidário, Paulo Afonso Silveira). João Pedro, com reduzido tempo de TV, ainda assim topou a “briga”. A turma do PMDB, candidatos a vereador, altamente compromissada com os candidatos arenistas. “Mote” principal da campanha de João Pedro, trazer água do rio Grande para abastecer as torneiras da cidade. O tema virou gozação.-“Onde já se viu?O João, ta louco varrido. Trazer água do rio Grande, só se for em cano de bambu…Ele precisa ser internado no Sanatório Espirita”…João Pedro, virou piada na cidade. –“Onde o PMDB, está com a cabeça?” diziam os opositores. Favorito disparado, apoiado pelo “Lavoura”, PRE-5, parte do “Correio Católico”, Difusora, Fúlvio perdeu para o da ARENA II, Hugo Rodrigues da Cunha. João Pedro, teve uma votação que não se elegeria vereador…Triste, aborrecido, abandonado pelos falsos amigos, endividado na campanha, João Pedro entrou na mais terrível das doenças- a depressão. Não suportando a terrível humilhação por que passara, um fatídico dia, a mirar-se nas águas do rio Grande, na ponte que divide Minas-São Paulo, atirou-se nas águas que queria trazer para abastecer a sua Uberaba tão amada. Lamento, sua morte foi pouco registrada. Nem sei se lhe deram nome de rua na cidade. Seus detratores não mandaram rezar missa de sétimo dia e pedir a Deus o necessário e cristão perdão pela sua alma por tão tresloucado gesto.
Poucos anos se passaram. Os mesmos adversários de João Pedro de Souza, que o chamaram de “louco varrido” por querer trazer água do rio Grande para abastecer a cidade, são os mesmos que, hoje, solicitam aos organismos internacionais, empréstimo para trazer água do rio Grande para Uberaba…Trágica ironia, não?
Desculpem pela extensão da história. Era preciso. 


Luiz Gonzaga de Oliveira