segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Estádio Engenheiro João Guido - “Uberabão”

Três grandes azes da comunicação de Uberaba, Luiz Gonzaga de Oliveira, Raul Jardim e Jorge Zaidan, acompanhando o Dr. Edgar Rodrigues da Cunha em vistoria ao terreno onde estava sendo implantando o “Uberabão”, (Estádio Engenheiro João Guido).

Luiz Gonzaga de Oliveira, Edgar Rodrigues da Cunha, Raul Jardim, Jorge Zaidan. 
Foto pessoal de Gilberto Rezende - Casa do Folclore.


O Luiz Gonzaga está contando esta história em sua página do Face, fazendo uma retrospectiva da euforia que contaminava a todos não somente por esta construção mas também pela TV que um dia foi nossa. 

Um esclarecimento para a juventude - Edgar Rodrigues da Cunha, criador da empresa “Produtos Ceres” e ex-presidente do USC, foi o idealizador deste estádio e o doador do terreno. 

Jorge Zaidan foi radialista e cofundador da rádio 7 Colinas. Raul Jardim, jornalista e um dos proprietários do jornal Lavoura e Comércio. Luiz Gonzaga, o único remanescente do grupo, é escritor, historiador, ex-presidente da Fundação Cultural de Uberaba e um dos responsáveis pelo sucesso da TV Uberaba que tanto orgulho trouxe para a cidade.

Gilberto Rezende



UBERABA! QUERIDA UBERABA !

Zé Eduardo, o nosso querido “J.Edu Som”, surpreendeu e deu vida às noites uberabenses. Ontem, premiou a terrinha com uma viagem inesquecível, trafegando pelas nossas principais, ruas, praças e avenidas. Num “carrão à moda antiga”, conversível, “americano último modelo”, mostrou a modernidade e progresso da santa terrinha. Foram quatro horas de música jovem, embalando a todos quantos curtem a amada Uberaba. O talento do “Zé”, uma vez mais aflorou. Um “passeio” que ninguém vai esquecer tão cedo; ficou gravado na nossa memória...

“Zé Eduardo” gritava, de pé, no dorso do conversível: ”Uberaba, meu amor !” Verdade. Uberaba, a gente não sabe se é sede de amor, ou sede de amar ! Tudo começou no vente de nossas mães, no esperma dos nossos pais. Uberaba, a gente ama com tanta intensidade, difícil é descrever a imensidão desse amor inexcedível. Amor que nasce nas entranhas dos lares, ricos, pobres, remediados, casas simples ou palacetes, onde quer fomos concebidos. Estamos, umbilicalmente, ligados a Uberaba de todos nós, sem “nós” e muito menos, amarras...

As derrotas que os inimigos nos impingiram, Uberaba soube, galharda e heroicamente, resistir. Nem a contabilidade histórica do tempo, 164 anos de CIDADE, longe da farsa e mentira dos ““200 anos”, a ela apregoada, os momentos felizes superaram com sobras, as sofridas horas de débito que os adversários, covardemente, nos submeteram. Uberaba, cidade amada ! Muitos de nós ( suas bênçãos, Netinho, Raul Jardim, Jorge e Farah Zaidan, Ramon Rodrigues), bem que tentaram nos seduzir à ganhar novas paragens, navegar em outros rios, cavalgar em novas campinas... qual nada!

O “canto da sereia” não nos comoveu. O acendrado amor a sacra terrinha, falou mais alto. Não permitiu que montássemos no cavalo arreado. Aqui é a nossa terra, semente plantada, nasceu, cresceu, floresceu, viveu e agora, “aquela geração”, começa a murchar...Destino da vida. E daí? Uberaba é a nossa terra. Chão firme! Possessivamente nossa ! Com todos os defeitos, percalços, ingratidões que a vida nos impõe, não há como desistir! Nem os encantos da “fada madrinha”...

Enxugamos nossos olhos turvos de lágrimas, nunca esmorecemos, nem fraquejamos, enfrentamos as merdas que na terrinha fizeram, afrontamos os que ousam destruir a terra bendita e amada. Nem a corda bamba que a vida sacode, sempre soubemos nos equilibrar. Uberaba, nosso amor nasceu ainda na barriga das nossas mães. Hoje, fervilha a esperança...

Uberaba, sempre foi e será uma linda mulher! Cobiçada, desejada por todos os homens. Decentes e indecentes; honestos e desonestos; corretos e incorretos; capazes e incapazes. De moral e imorais. Uberaba, é a mãe que a todos acolhe. Até os pústulas que aqui tomaram assento. Uma coisa ficou imutável: o inefável amor que devotamos a Uberaba, nossa cidade!

“Zé Eduardo”, querido “J.Edu Som”, obrigado pelo domingo inesquecível! Valeu! 
Bom início de semana e o uberabensemente abraço do (Luiz Gonzaga de Oliveira).


O cheque do Madruga

O apelido foi trocado por razões óbvias e o nome real do personagem era um nome bíblico que remete às sábias decisões e honestidade, porem o Madruga não era nada disso, pelo contrário, era useiro e vezeiro em dar calotes nos incautos.

Já de meia idade, no alto dos seus 1,80m, sempre de barba feita e cabelos engomados com brilhantina, usava sempre sapatos e calças brancas e no lugar do cinto, um vistoso suspensório.
Para recordar uma definição antiga - um perfeito finório.

Contava meu pai (sempre ele), em tom de galhofa e para ilustrar a figura, que certa vez morreu uma amiga em comum dos dois e a senhora, como era seu desejo, foi enterrada com seu impecável casaquinho preto que ela fazia questão de ostentar nas ocasiões em que se exigia um traje mais requintado.

Acontece que uns anos depois, aventou-se a hipótese da mesma ter sido envenenada e por conseguinte, tiveram que exumar a falecida.

Ao fazê-lo, qual não foi a surpresa dos presentes quando depararam com moradora da “cidade dos pés juntos” praticamente igual ao dia do enterro, isto é: sem deterioração alguma.

Depois de algumas hipóteses levantadas, descobriu-se, em um dos bolsos do casaquinho, um cheque do Madruga que ajudou a elucidar o mistério: o cheque era tão frio que congelou a defunta!

Pois, acreditem vocês que mesmo com esse histórico pouco abonador do caloteiro, meu pai caiu na lábia dele e num dia de bilhetes encalhados, ofereceu uma quina (cinco bilhetes com o mesmo número) e o Madruga disse que pagava na lista, ou então daria um cheque para descontar com um prazo de cinco dias.

Como já estava quase na hora de correr a loteria, meu pai achou por bem vender os bilhetes mediante o pagamento com o cheque pré-datado.

Antes tivesse corrido com o bilhete, pois o mesmo deu o final e salvou o mesmo dinheiro.
Na segunda feira à tarde meu pai pegou o cheque e foi até o bar do Madruga, que ficava no começo da Quintiliano Jardim, para devolver o cheque e pegar os bilhetes.

O Madruga, espertamente, disse ao meu pai que ele já havia trocado os bilhetes com um cambista que conferiu pra ele e que ficasse tranquilo pois o cheque seria compensado normalmente.

É claro que vocês já perceberam que meu pai entrara numa senhora “gelada” e naturalmente, depois de receber em dinheiro o prêmio na loteria do Abel Toledo, o cheque do Madruga voltou mais frio que abraço de sogra.

Bem que meu pai tentou receber o “borrachudo”, mas o Madruga fazia-se de rogado. Dizia que devolveram um cheque na conta dele e ele estava cobrando o devedor, mas assim que ele recebesse, meu pai podia ficar tranquilo pois ele pagaria tudo com juros e correção.

Pois sim! A compra foi em novembro e já estávamos em fevereiro e nada do Madruga “explicar” o pagamento.

Eu contava na época com 16 ou 17 anos e o carnaval já estava batendo na porta e eu como sempre estava “mais duro que beira de sino”, então propus ao meu pai receber o cheque, mediante uma módica taxa de 50%.

Já considerando a minha empreita como fadada ao insucesso, meu pai me entregou o cheque e disse que se eu recebesse, que ficasse com tudo.

Não me lembro agora de quanto seria a dívida, mas atualizando aos dias de hoje, o montante girava em mais ou menos R$500,00 que cobriria com folga as despesas com o carnaval e ainda sobraria para comprar uns dois ou três LPs na “A Musical” do meu amigo Bilo Miranzi.

Pensei um pouco e bolei o plano: reunir os amigos de farra, que eram muitos, fazer um esquenta no bar do Madruga, dividir a conta com os amigos, receber o dinheiro e chuchar o cheque sem fundos no pagamento da despesa da mesa.

Custei a convencer a turma que sempre se reunia no Fon-Fon a mudar de lugar o esquenta só naquela sexta-feira, e para ele não desconfiar de nada deixei para chegar mais tarde um pouco.
Lá pelas oito da noite o Marquinhos encabeçou a mesa tendo por companhia o Gontijo e o Caim.
Aos poucos foi chegando o resto da turma e quando dei as caras às oito e meia, as três mesas emendadas já contavam com uns dez ou onze amigos.

Eu assentei, tentando ficar de costas para o Madruga que estava no caixa e pedi o Campari de sempre que, competindo com o “rabo de galo”, duas bebidas da época, ganhava minha preferência por uma pequena margem.
Na sexta feira que antecedia a festa de momo, havia um banho à fantasia na Associação Esportiva e Cultural sendo que baile mesmo na cidade, só no Elite e no Lange (ah que saudades).

Lá pelas 22:30 da noite, conforme o plano, recolhi o dinheiro da turma e dei o cheque para o Marquinhos pagar a conta e receber o troco que era irrisório, pois a despesa quase alcançou o valor do cheque.

Marquei de encontrar o Marquinhos e quem fosse no banho à fantasia na Associação e saí na frente com o Ernesto e com o bolso estufado com o dinheiro recolhido.

Meia hora depois chega o Marquinho e mais uns três e eu pedi o resumo da ópera para ele:
- Deu certo Marquinhos?

-Deu sim, disse ele, - mas parece que ele não achou muito bom, não; - quando eu passei o cheque para ele, ele sem nem olhar o cheque, já espalhou comigo:

- Você sabe que eu não pego cheque.
- Mas o cheque é seu, Madruga!

Disse o Marquinhos que ele ficou vermelho, deu uma arrumada no suspensório, passando o polegar de baixo a cima nas alças do mesmo e exclamou uns dez tons acima do normal:
- Por isso mesmo!!!

- E o troco Madruga? perguntou o Marquinhos em tom de gozação, atirando o cheque em cima do balcão e já adivinhando a resposta dele, que foi exatamente a que vocês estão imaginando.

Eu só sei que aquele foi um dos melhores carnavais que brinquei, com dinheiro no bolso e rindo do Madruga, em cujo bar, nunca mais voltamos.

Deu-se ainda que por conta de alguns aluguéis atrasados o bar logo seria fechado para dar lugar ao bar K-Nequinho do Luiz e como o Luiz não desfilava no mesmo bloco do Madruga, ali permaneceu por muitos anos.

Marcelo Caparelli

O Barão de Ponte Alta

Foi Antonio Elói Cassimiro de Araújo, personagem importante da vida econômica, social e política de Uberaba.

Filho natural do Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick (Fundaddor de Sacramento-MG) e de D. Ludovina Clara dos Santos. 

Antonio Elói Cassimiro de Araújo, Barão de Ponte Alta. 
Foto do acervo pessoal da família Araújo.

Nasceu no antigo Julgado de Desemboque, no dia 16 de maio de 1816. Teve nove irmãos, dos quais lhe sobreviveu apenas uma, D. Maria Cassimira de Araújo Sampaio, a qual foi esposa do Coronel Antônio Borges Sampaio, personalidade de grande projeção na história de Uberaba.

Barão com todos os netos no dia de seu aniversário 15 de Agosto de 1.964 - Foto do acervo Pessoal da família Araújo.


Casou-se a primeira vez em 1840 com D. Marcelina Florinda da Silva e Oliveira, com quem teve dez filhos.

Próximo a foz do Ribeirão Ponte Alta, meia légua distante do Rio Grande e quatro léguas e meia da vila de Uberaba estabeleceu sua fazenda em lugar chamado Correguinho, com casa grande e demais dependências utilitárias. Abriu a trânsito público o Porto de Ponte Alta, no rio Grande, ligando Uberaba e região em comunicação e comércio com as praças de Campinas, Franca, Santos, São Paulo e as capitais de Goiás e Mato Grosso.

Sua fazenda foi pousada de muitos presidentes de província, comandantes de armas, senadores, deputados, chefes de polícia, engenheiros, carreiros, tropeiros e caminhantes, aos quais acolhia com grande hospitalidade de forma gratuita.

Tendo enviuvado em 1863, casou-se pela segunda vez com D. Francisca Augusta de Oliveira, a baronesa de Ponte Alta, com quem teve mais nove filhos. 

O 18° filho do Barão foi Abadio Cassimiro de Araújo, o nosso saudoso, Vô Barão.
O Barão da Ponte Alta foi fazendeiro, comerciante, Juiz de Paz, vereador, deputado e alferes da Guarda Nacional, em 1858 recebeu a patente de Tenente Coronel e posteriormente promovido a Coronel Comandante, tendo prestado relevantes serviços ao governo do imperador D. Pedro II por ocasião da Guerra do Paraguai.

Em 02 de agosto de 1879 foi agraciado com o título de Barão da Ponte Alta, título que nenhum outro cidadão do Triângulo Mineiro conseguiu.

O Barão faleceu as dez horas da manha do dia 25 de setembro de 1903, em sua fazenda do Correguinho, devido a problemas cardíacos. Seu cadáver foi conduzido para Uberaba à mão, por amigos e parentes.

O jornal Lavoura e Comércio manifestou-se: “Com o falecimento do Exmo Sr Barão de Ponte Alta, desapareceu um dos mais proeminentes vultos da política mineira no passado regímen.”

Fausto Rocha de Araújo - Historiador
(Referência: Uberaba, história, fatos e homens de Borges Sampaio)


sábado, 19 de dezembro de 2020

Avenida: Dr. Leopoldino de Oliveira

Conheça o Patrono da Sua Rua


Avenida: Dr. Leopoldino de Oliveira    CEP.: 38010-000 a 38081-202


Nome da principal avenida da cidade,


Nome: Leopoldino de Oliveira


Nascimento: 18 de junho de 1893


Naturalidade: Uberaba - Minas Gerais


Filiação: Joaquim José de Oliveira e de Leopoldina Augusta de Oliveira. 


Casado com: Maria Olímpia de Oliveira.


Profissão: Advogado



Leopoldino de Oliveira se formou em Direito em Belo Horizonte, em 1915. Depois de trabalhar na capital no jornal "A Tarde", ele voltou a Uberaba e instalou um escritório de advocacia.


Além de advogar, Leopoldino também foi diretor do colégio Rio Branco e ainda trabalhou nos jornais "Lavoura e Comércio", "Gazeta de Uberaba" e "A Separação".


Leopoldino também atuou na política uberabense como líder partidário, vereador e presidente da Câmara Municipal. Iniciou a carreira política ao ser eleito vereador em sua cidade natal, o que o levou a ser agente executivo (prefeito) em 1923. Ainda nesse ano, em eleição suplementar, foi eleito deputado federal por Minas Gerais. Tomou posse de sua cadeira na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em maio e exerceu o mandato até dezembro do mesmo ano. Reeleito para a legislatura 1924-1926, permaneceu na Câmara até dezembro de 1926. Faleceu em 1929, aos 37 anos.

Segundo o historiador e advogado Guido Bilharinho, ele se preocupava com o saneamento de Uberaba e com a melhoria dos serviços de energia. Além de idealizar a abertura da Avenida Central da cidade que, até 1928, era apenas fundos de quintais de imóveis em ruas paralelas. No mesmo ano, uma lei municipal autorizou a desapropriação de alguns terrenos para a abertura da Avenida entre a Rua Artur Machado e o Mercado Municipal de Uberaba, seguindo o leito do Córrego das Lajes. Então, nessa época, foi criada a Avenida Leopoldino de Oliveira. A avenida tem cerca de 6 km de extensão, segundo a Prefeitura.



Fonte: Documentos e Certidões e publicações no colégio Rio Branco Jornal Gazeta de Uberaba,Guido Bilharinho, Prefeitura Municipal de Uberaba.

Rua Dr.Barão de Ponte Alta

Conheça o Patrono da Sua Rua


Barão de Ponte Alta Antônio Elói Casimiro de Araújo


Rua Dr.Barão de Ponte Alta


Nome: Barão de Ponte Alta Antônio Elói Casimiro de Araújo 

Bairro: Nossa Senhora da Abadia CEP.: 38025-250

Nascimento 16 maio 1816
Naturalidade: Desemboque, Sacramento, Minas Gerais, Brazil

Casado com: Marcelina Florinda da Silva e Oliveira

Filiação: Cônego Hermogenes Cassimiro De Araujo Brunswick e Leopoldina Clara dos Santos


Sepultamento 26 Setembro 1903
Uberaba, Minas Gerais, Brazil


Profissão: foi um nobre brasileiro


Título de nobreza

19 julho 1879
Ponte Alta, Minas Gerais, Brasil
1° Barão de Ponte Alta


Título de nobreza: 
Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa


Título de nobreza:

Comendador da Imperial Ordem de Cristo.


Instrução primária:

Somente instrução primária


Sesmaria da Ponte Alta
Na sesmaria da Ponte Alta, fundou a fazenda Correguinho, próspera na criação de gado e lavouras, bem como no fabrico de produtos agrícolas de largo consumo.


Entreposto na Sesmaria da Ponte Alta
Comerciante, estabeleceu um entreposto na Ponte Alta, que era passagem obrigatória de mercadorias de São Paulo destinado a região e a Goiás. Tornou-se um verdadeiro potentado.


Partido liberal
Foi líder do partido liberal, ocupando diversos cargos nas esferas do poder em Uberaba.


Coronel da Guarda Nacional

Serviço militar 
Alferes


Deputado provincial
Deputado provincial em uma legislatura


Título de nobreza 


Oficial da Ordem da Rosa

Residência; 
Uberaba, Minas Gerais, Brasil
Instalou-se


Serviço militar:

Paraguay
Na área militar, foi alferes e coronel da Guarda Nacional, tendo participação importante na Guerra do Paraguai


Fonte: Documentos e Certidões e publicações no Arquivo Público Mineiro, Arquivo Público de Uberaba, Arquivo Nacional, Jornal Gazeta de Uberaba

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Rua Dr. José de Souza Prata

Conheça o Patrono da Sua Rua


Dr. José de Souza Prata - Foto - Acervo de Família.

Rua Dr. José de Souza Prata

Nome: José de Souza Prata ★1897 †1962   


Bairro: São Benedito CEP.: 38.045-190        

 

Naturalidade: Ouro Preto – MG

Filiação: Carlos Simões Prata e Maria Antonieta de Souza Prata

Casado com: Nadir Cruvinel Borges Prata (3 filhos)

Profissão: Advogado

Participação da Comunidade: Formado pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, exerceu os cargos de Promotor de Justiça, Delegado e Juiz Municipal da Comarca de Sacramento e Uberaba. Deixando a magistratura, abriu escritório de advocacia em Uberaba, distinguindo-se logo como profissional de altas qualidades e impondo-se imediatamente ao apreço de seus colegas e clientes pela sua consciência jurídica esclarecida, sólida cultura e elevada idoneidade moral. Foi professor da Escola Normal Oficial e pertencia ao corpo docente da Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro e Faculdade de Direito de Franca – SP, sendo um dos professores fundadores, prestando a estes estabelecimentos de ensino superior até  o fim de sua existência os mais apreciáveis serviços. Exerceu também cargos eletivos  na vida várias instituições uberabenses, inclusive na Presidência da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, hoje ABCZ, sendo um dos fundadores. Durante a sua administração foi erguido o edifício na Rua Manoel Borges que lhe serviu de sede  por longos anos. Varias vezes diretor do Jockey Club de Uberaba; Provedor da Santa Casa de Misericórdia: Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Uberaba. Militou na imprensa local durante muitos anos, como comentarista sagaz e cronista, sendo um de seus colaboradores efetivos, contribuindo para maior projeção dos nossos jornais e elevação  de seu conceito cultural.

A preocupação de servir foi a tônica de sua personalidade e dinamizou diversos setores na vida de Uberaba.

”A memória é que constrói a História”

(Jacques Le Goff)

Criação e Coordenação de Dorival Luiz Cicci.

Fonte: Documentos e Certidões em poder da família e publicações no Jornal Lavoura e Comércio. Publicado em 15 de outubro de 1999.

Pesquisa: Familiares e amigos. 

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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Discurso Pronunciado pelo Sr. Dr. José Mendonça, na solenidade programada pela Ordem dos Advogados do Brasil, em homenagem ao Dr. José de Souza Prata

Meritíssimos Juízes,

Prezados Colegas,

Dizem um adágio francês que quinze dias fazem de uma morte recente uma velha noticia.

Outro afirma que esquecimento cresce mais depressa nos corações dos homens do que a erva sobre os túmulos. 


Mas nós, Prata nosso amigo e nosso irmão, estamos aqui para dizer-lhe que por mais que passe o tempo continuaremos a vê-lo, nesta casa, que por mais de trinta anos você honrou e enalteceu pelo espírito, pela inteligência, pela cultura, pelo caráter, pela capacidade de trabalho e sacrifício pelo amor ao Direito, à Pátria e a Humanidade, representando o que temos de melhor e de mais puro em nossa própria civilização. 
 
  Dr. José de Souza Prata. (Foto do acervo pessoal da família Prata).
 ★1897 †1962

Estamos aqui, querido Prata para dizer-lhe que por mais que decorram os dias e os anos, continuaremos e senti-lo ao nosso lado, envolvendo-nos com o carinho de sua amizade, guiando-nos e orientando-nos com os exemplos perenes de seu reto procedimento, de suas preclaras virtudes morais e cívicas, de sua dedicação de todas as nobres causas humanas e patrióticas, iluminando-nos com as luzes de sua sabedoria.

Continuaremos, principalmente, a sentir as palpitações do seu grande coração, que tanto soube amar e sofrer, ungido de ternura e vibrando forte quando se tratava de lutar pela justiça , e que, por isso mesmo, não pode pulsar, neste mundo, por dilatado tempo, grande coração de advogado.

Você foi juiz e advogado. E, no exercício dessas profissões, um apóstolo do bem e da verdade.

Você creu, Prata na redenção espiritual e moral dos homens; na expressão romana do Direito, na expressão cristã da justiça e da bondade.

Creu no aperfeiçoamento da nossa espécie pela razão e pela fé: num mundo melhor, onde as gerações vindouras poderão viver libertas de todos os temores, cantando o hino da fraternidade, do trabalho e da paz.

Por isso você fez de sua vida um poema de amor ao Direito, à Humanidade e ao Brasil.

Você conquistou o respeito e o afeto de nossa gente, por sua prolongada atuação na luta pelo Direito; pela compressão profunda do dever: pela sua coragem que foi como um sopro divino, fazer justiça e em proclamar a verdade.

Juiz e advogado!

A sua vida, Prata, nosso amigo e nosso irmão, foi santificada pelo amor ao Direito.

Mas, você foi, também, professor.

Para ensinar, é preciso muito amar .

Ensinar! Que maravilha de altruísmo, de dedicações e de serviços encerra essa simples palavra!

Ensinar não é, apenas iluminar espíritos, redimindo-os das trevas da ignorância

Ensinar é plasmar caracteres e formar corações; é abrir às gerações, que começam a viver, os amplos e claros horizontes do saber, do trabalho, da alegria de existir para ser útil a família à, à pátria e Humanidade.

Ensinar é fazer compreender aos jovens que ninguém pode viver sem religião, sem honra e sem moral.

Ensinar é infundir no espírito dos moços a certeza de que os bens supremos , neste mundo, são os de ordem espiritual e moral, principalmente o Direito, a Justiça e a Liberdade.

Ensinar é ajudar a ser bom, pois, sem a bondade a vida seria insuportável.

Ensinar é transmitir aos outros alguma coisa do nosso próprio “eu”; é fazer com que uma chamado nosso ideal brilhe fulgure no espírito dos nossos semelhantes; é fazer com que nossa orquestra interior vibre, em sons maravilhosos.

Ensinar é formar homens.

E você querido Prata, foi um dos melhores professores de Uberaba, na Escola Normal e na Faculdade de Direito.

A sua escolha para paraninfo dos bacharéis do ano passado, em nossa Faculdade, é a melhor prova do que afirmo.

E centenas de jovens vão continuar, no tempo e no espaço, a pureza dos seu sentimentos, seguir as diretrizes de suas lições, as linhas restas dos seus propósitos, o grande, o imenso, o maravilhoso idealismo de bondade, de amor à justiça e ao dever, que aclarava a sua vida.

Centenas de moços estão hoje, elevando aos céus as preces mais comovidas, para que você encontre, no seio carinhoso de Deus, aquele mesmo e ardente amor que sempre dedicou à juventude.

Formador de caracteres plasmador de inteligências e de corações!

E você foi ainda, jornalista. Nunca a sua pena transformou em punhal do sicário, nunca feriu, nunca fraudou, nunca, direta ou indiretamente, levou o mal a quem quer seja.

Na contrário, ensinando, doutrinando, manifestando-se tão somente de acordo com os ditames da sã consciência, voltou-se, exclusivamente, aos interesses do bem comum, desdobrou-se era benefícios, fez esplender a beleza ensinou, confortou, encorajou, entusiasmou

Quantos espíritos iluminou, a quantos indicou o caminho da verdade, quantas almas confortou, quanto bem realizado!

Uberaba o abençoa pelos frutos de ouro das messes e das cearas opimas que fez crescer, das fecundas sementeiras, que espalhou!

Colega e amigo, Prata, nenhum melhor que você.

Porque não animava, apenas o sentimento das mais completa e absoluta lealdade.

Você se distinguia pela sua vontade de ser útil, de bem servir aos seus colegas, aos seus companheiros. E nos era viva, que era intensa a sua alegria, quando tinha a oportunidade prestar um serviço a qua quer que um de nós.

Eu mesmo, em momentos de dúvida, muitas vezes me dirigi a você, procurando as luzes da sabedoria e da experiência .

E via, logo, que você tinha prazer em me ajudar, em estudar comigo a matéria controvertida.

No seu grande coração, cabiam todos os seus colegas, todos os seu amigos, todos os seus companheiros.

Por isso, estamos aqui para dizer-lhe que em nossos corações, a sua presença será perene, você estará sempre vivo, na perenidade do nosso amor.

O pensamento de sua morte, Prata, nos trás pensamento de Vida.

à de sua morte, nos traz pensamento de melhoria, de purificação da nossa própria existência.

O pensamento de sua morte nos traz o pensamento de que a vida só vale como você a viveu, para a realização de nobres aspirações , que reduzem em benefício dos outros homens e aprimorem o nosso próprio espírito. O pensamento de sua morte nos faz considerar que devemos aproveitar esta vida, tão transitória , tão efêmera, para pelejarmos, como você pelejou , para que, um dia, todas as crianças sejam alegres e sadias e cresçam, sem temor do mundo e do futuro; para que todos os homens e todas as mulheres sejam felizes no trabalho, tenham um teto, alimentação, vestuário, livros, remédios educação; para que a pobreza, as misérias, as humilhações, as violências, as rapinas, as perseguições desapareceram da face da terra; para que todos os povos vivam em paz.

O pensamento de sua morte nos solicita a viver e lutar, como você viveu e lutou, pela razão , pelo direito, pela justiça, pela liberdade, pela fraternidade.

O pensamento de sua morte nos aproxima de Deus e nos renova a esperança de que viveremos, gloriosamente, mais felizes, num mundo melhor, onde você, com certeza, está vivendo.



“...ó carrilhões dos cismos

Tangei! Torres da fé vibrai os { nossos brados}

Dizei, sinos da terra, em {clamores supremos},

Toda a nossa tortura aos {astros de onde vimos, Toda a nossa esperança aos {astros aonde iremos”

Prata, amigo e irmão, vimos, hoje, trazer-lhes flores mais lindas que há no mundo; - as flores da amizade, do carinho e da ternura, nascidas no coração , para que ela, naquele mundo melhor, você as tenha perpetuamente ao seu lado, significado a perenidade do nosso Amor! 
 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A herança

Entre tios e tias e os “tios” e “tias” por afinidade, visto que eram cônjuges dos tios legítimos, tive uns 30, dos quais infelizmente, só me restam cinco, sendo que raramente os vejo.

Dentre todos, o mais divertido, sem sombra de dúvidas, foi o Tio Orestes, natural de Araxá e dentista de profissão casado com a Tia Nair, irmã de papai.

Cabe aqui uma curiosidade sobre os nomes da família:
A nona era uma italiana que além de muito bonita era autoritária ao extremo e escolhia os nomes dos filhos; porem o Nono nem sempre concordava com as escolhas dela e como era ele quem registrava os rebentos, ao fazê-lo, fazia algumas pequenas alterações, senão vejamos:

O tio Benito Caparelli, foi assim batizado em homenagem ao “Duce” (Benito Mussolini) sendo que o tio, por ironia do destino, veio a se tornar um comunista ferrenho na juventude, tendo sido eleito como o vereador mais votado em Uberaba no pleito de 64, onde findou o mandato cassado e preso pela ditadura. Tempos depois, nas palavras dele mesmo, tornou-se um capitalista selvagem, porém sem nunca renegar suas origens políticas.

Mas, pasmem vocês, eu só soube que ele se chamava Benito justamente quando ele se candidatou, pois todos o conheciam como Natal e alguns mais íntimos o chamavam às vezes de “Natal Galinha”, não sei por que. Acontece que a Nona bateu pé e queria porque queria que ele se chamasse Natale e o Nono, para não a contrariar, visto que a ideia não era lá muito saudável para a relação, o registrou como Benito e só contou a ela muito mais tarde quando foram batizá-lo.
A tia Nair, pela mesma forma foi registrada como “Iolanda” nome que ao que parece não era muito do seu agrado, tanto que nem ela o usava.
A tia Alzira teve só uma leve alteraçãozinha e foi registrada como Elzira.
Depois do longo rodeio, voltemos ao tio Orestes, que eu chamava carinhosamente de TIÓ.
O Tió não era nada bonito, pelo contrário, era um “sem beleza” (me perdoe os primos e prima), mas que na juventude, antes de namorar a tia Nair, fazia sucesso com as mulheres em Araxá, não pela beleza, mas sim pela sua simpatia, pela sua eloquência, pela sua graça e espirituosidade.

Um dos seus bordões era chamar a tia Nair como “Naíro”, visto que uma das qualidades que a tia herdou da Nona, além da beleza foi a autoridade e o tio piava fino com ela.

O tio migrou de Pratinha, onde tinha seu consultório, para Brasília com a família alguns anos antes da inauguração, meio que fugido da cidade por conta de um mal-entendido com uma certa senhora casada da comunidade pratinhense.

Deu-se que ele já com planos de se mudar para a futura capital, ao cumprimentar a senhora em questão, depois do bom-dia de praxe, emendou, inocentemente, o malfadado comentário – Vambora pra Brasília, Socorro? – Era o nome dela, Maria do Socorro.

Ela ruborizou instantaneamente e nem resposta deu ao tio, indo direto contar o sucedido ao marido, que saiu tiririca da vida ao encontro do dentista assediador para esclarecer os fatos.

Depois de muitas desculpas e explicações por parte do tio, o marido deu-se por satisfeito e retirou-se para seu sítio.

Porem a mulher dele já havia contado a “cantada”, tim-tim por tim-tim para as fofoqueiras de plantão, de formas que nesse pequeno intervalo de tempo decorrido, praticamente toda a cidade já sabia do entrevero e “de mais a mais” (expressão do meu amigo Tharsis) a ofendida não aceitou muito bem a resolução do caso, exigindo uma atitude mais enérgica do marido.

O tio então, vendo que a situação se tornava periclitante, resolveu antecipar sua mudança para a nova capital.

Ele conta que nem esperou o dia amanhecer; juntou as trouxas, tomou um carro de praça com a família e rumou para Araxá e de lá para Uberaba onde depois de alguns dias hospedado na casa da Nona e preparando a coisas para a viagem, migrou finalmente para Brasília, onde fez a vida.

A família Vieira Borges a qual o tio pertencia, se não era abastada, pelo menos tinha algumas propriedades na cidade de Araxá, formando um patrimônio respeitável.

Vários inventários depois, já na década de oitenta deu-se que um irmão do tio veio a falecer sem deixar herdeiros e a casa que ele morava, seu único patrimônio, seria dividida pelos irmãos restantes que eram três (o tio e mais dois).

Era período da Exposição de gado em Uberaba e foi marcada uma reunião de família em Araxá para acertar a divisão da herança, onde provavelmente os irmãos comprariam a parte do tio, pois os dois se deram bem na vida e eram fazendeiros bem sucedidos na região.

Passando por Uberaba o Tio fez pouso na minha casa e de manhã meu pai se prontificou a leva-lo até a rodoviária para pegar o ônibus para Araxá. Para nosso estranhamento, o tio apareceu com uns trajes bem gastos, quase trajes de mendigo e questionado pelo meu pai, ele explicou o plano:
-Tenho que parecer bem pobre, pois já falei pra eles que estou passando muitas dificuldades financeiras, assim eles abrem mão da parte deles da casa.

Meu pai achou o plano meio que simplório, mas com o Tio Orestes tudo era possível.
Tanto era possível que deu certo.

No outro dia o tio chegou todo sorridente, contando que eles concordaram em vender a casa e repassar o dinheiro para ele e ainda, condoídos com a penúria do Tió, perguntaram se ele não precisava de mais algum para se equilibrar, porem ele com crise de consciência, recusou.

Aproveitando que estava em época de exposição, o tio convidou meu pai para irem comemorar no recém inaugurado “Chopim”, hoje Cupim Grill, com toda a despesa por conta dele.

Imediatamente meu pai ligou para o Érico, dono do restaurante e cliente da loteria, para que ele reservasse uma boa mesa de pista, isto é: de frente para o movimento da rua interna do recinto da Exposição e de onde se apreciava o movimento de vai e vem do “gado vacum”.

O tio para comemorar, foi de tarde no “Caldas Magazine”, comprou uma calça linho 120, camisa e meias de seda e um belo sapato “cromo alemão” comprado na “Samello”.

Não fosse pela sua feiura de nascença, o tio estaria fazendo inveja ao Sean Connery em elegância.
Lá pelas oito da noite, chegaram no Chopin e se aboletaram na mesa, pedindo os Chopps e tira gostos.
Assim estavam os dois colocando os assuntos em dia e tomando os Chopps, quando meu pai vira para ver uma bela vaca de exposição que passava em frente e ao retornar a cabeça para o interior do bar, não vê o Tio.

Olha em todas as direções e não o encontra, pensando aonde o tio teria ido sem comunicar nada. Matutando o que teria acontecido, meu pai percebe algo puxando a barra da sua calça por baixo da mesa.

Ora, e não é que era o tio que havia se metido lá em baixo?

Colocando a cabeça um pouquinho pra fora do pano de mesa e pondo o dedo indicador sobre os lábios, o tio fez “pshiiiiiu” para meu pai pedindo pra ele ficar quietinho.

Sussurrando bem baixinho ele só conseguiu falar pro meu pai:
- Meus irmãos...... tão entrando.

Meu pai quase sem conter o riso e disfarçando também, pergunta; e agora, Orestes?
- Quando eles entrarem você me fala. Sussurra o tio.

Por sorte, as mesas da frente estavam todas ocupadas e os irmão foram lá para o fundo´
Assim que eles tomaram assento, meu pai comunicou ao tio que a barra estava limpa e ele de fininho, morrendo de medo de ser visto, saiu de baixo da mesa e rumou de gatão em direção à saída.
O Luiz garçom, de saudosa memória, vendo a situação perguntou ao meu pai:
- Uai, Caparelli, que houve com seu amigo?

Meu pai, espirituoso como sempre responde:
- Problema de coluna. - Passa a régua e traz a conta.

Marcelo Caparelli
 
 

AINDA A FARSA DO ANIVERSÁRIO DE “200 ANOS” DE UBERABA

Oi, turma !

(As mentiras podem ser nuas, mas, as verdades precisam estar vestidas...)


Mil perdões aos amáveis leitores em continuar contando a forma grosseira, estúpida, covarde e mentirosa, como a funcionária do Arquivo Municipal, Aparecida Manzan, atendendo a um destemperado e inexplicável pedido do então prefeito, Luiz Guaritá Neto, alterando data de elevação de Uberaba a condição de CIDADE, em sublime humilhação, retroagindo a FREGUESIA. O prefeito, na ânsia de obedecer a um pedido superior ( de quem ? ninguém sabe...), enviou à Câmara de vereadores, uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional), alterando o art.194, da LOM (Lei Orgânica dos Municípios), acatando a Lei Provincial no.759, de 2 de maio de 1856, em franca desobediência a uma Lei maior. Ninguém se deu conta em apresentar uma ADIN (Ação de Inconstitucionalidade), visto que, “Emenda Constitucional só se dá em projetos estaduais e federais que alterem ou modiquem suas Constituições. “Comeram mosca” nossas autoridades jurídicas, ou “fizeram de conta” no que seria” Lei Orgânica”...

O Presidente da Câmara, Ademir Vicente Silveira, de acordo com Luiz Neto, acolheu o pedido, desprezando o “Parecer do Departamento Jurídico do Legislativo (Marcelo Alegria, William Martins da Silva e Sylvio Roberto dos Santos Prata, falecido)”, contrário à solicitação, pois, 2 de maio, era data consagrada e feriado municipal e portanto, inconstitucional. Ademir Vicente, ignorou o douto Parecer de sua Assessoria Jurídica e continuou a tramitação. O arrazoado de Aparecida Manzan, não se sustentava. Chulo, se baseava apenas num Decreto real, de D.João VI, de 2/3/1820, criando a FREGUESIA de Uberaba, numa vaga e fantasiosa justificativa.

Em momento algum, a funcionária citou ou fez menção aos historiadores uberabenses, Gabriel Toti, Hildebrando Pontes, José Mendonça, Edelweis Teixeira e ou Guido Bilharinho, que nos seus livros, registravam referidas datas como FREGUESIA (2 de março) e CIDADE ( 2 de maio). Um decreto real de 1820, não pode sobrepor a uma Lei Provincial no.759, de 2 de maio/1856. Outra “justificativa” marota, Aparecida Manzan, afirma, textualmente, “ a lei Provincial de 2/5/1856, elevou a FREGUESIA de Uberaba , definitivamente, a CIDADE.” Em outro trecho, ela escreve” apesar de 2 de maio ser o dia do município, em razão da importância que tomou a Exposição Agropecuária, SUGIRO a data 2 de março , que se comemora a FREGUESIA, como data de fundação de Uberaba”...

Se precisar de uma sugestão infantil e tola, esta não serve...A subserviência funcional chegou ao extremo ! Dizer que a Expozebu, é mais importante que Uberaba, é de lascar ! É bom lembrar que, 3 de maio, quando da inauguração da Expô, nunca foi nem “ponto facultativo. Hoje, essa data não é mais preservada. Para “ tirar o seu do rumo”, o presidente Ademir Vicente, convidou diversas entidades e personalidades à discutir o assunto.

Entre outros, a Secretária de Educação, o professor Carlos Pedroso, Fundação Cultural, OAB, Arquivo Público, ACIU, ASSIDUA, CDL, Presidente da Associação de Bairros. Convites foram endereçados à reunião de 18 de agosto de 1994, as seguintes pessoas e entidades: Erwin Pulher, Eduardo Colombo (ACIU), Carlos Pedroso, Luiz Neto, Jorge Nabut, Guido Bilharinho, Sônia Fontoura, Flavo Canassa, Lauro Guimarães e Ademir Vicente, presidente da Casa. Dos 18 convidados, apenas 12, compareceram.
Posteriormente, em 20/12/94, esses mesmos nomes foram novamente convidados. Compareceram: Guido Bilharinho, Erwin Pulher, Eduardo Colombo, Aparecida Manzan, Antonieta Borges, Sônia Fontoura, Flavio Canassa e Lauro Guimarães. Apenas 8 (oito ). Nos autos do processo em meu poder, não há menor manifestação, a favor ou contra, dos acima citados. Oportuno esclarecer; nenhuma AUDIÊNCIA PÚBLICA, conforme o regimento da Câmara, foi convocada pelo Presidente da edilidade. O povo não teve a menor participação.

O projeto foi aprovado em 1ª. Discussão, em 23 de dezembro, véspera do Natal, em reunião convocada extraordinariamente. Amanhã, completo as demais informações. Abraços do “Marquez do Cassú”.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

NÃO ESTÁ FÁCIL!

Moura Miranda

É meus amigos a vida não está fácil.  Se não bastasse  a terrível COVID 19, que nos tirou o direito a uma vida normal e está nos levando a uma exaustão fisica e mental outros fatores não estão permitindo que a vida esteja fácil e tranquila pelo menos para mim. Sou jornalista esportivo há 50 anos, 47 somente na Rádio Sete Colinas de Uberaba. Nestes anos todos vivi bons e maus momentos no nosso futebol. Por uma questão de opção depois de proveitoso tempo na Rádio Guarani, de Belo Horizonte, resolvi me fixar em Uberaba e recusar ofertas de trabalho em outras cidades e veículos. Porém 

depois da virada do milênio o futebol uberabense tem enfrentado momentos de muitas dificuldades e decadência  tanto o Uberaba Sport Clube de grandes performances nos anos 70 e 80 quanto o Nacional Futebol Clube sempre respeitado participante das competições regionais. Nestes anos todos tive por parte dos torcedores, dirigentes, colegas de trabalho e principalmente dos meus patrões e anunciantes o maior respeito e admiração. Do que muito me orgulho. Isto não foi conquistado de graça. Foi graças a um trabalho sério, extremamente profissional e de sacrifícios pessoais, entre os quais centenas de viagens nas mais diferentes condições  acompanhando nossos clubes Brasil afora. Dediquei dois terços de minha vida ao esporte de Uberaba e a comunicação esportiva. Me preparei. Fiz faculdade de comunicação e inúmeros cursos de preparação e aperfeionamento. Não sou um jornalista por brincadeira ou diletantismo. Acredito que só sobrevivi na profissão até aqui por ser sério, honesto e de opiniões bem fundamentadas naquilo que acredito e aprendi em meio século de luta. Nos últimos anos, principalmente de 2012 para cá, quando o Uberaba Sport Club deixou a elite do futebol mineiro rebaixado para a segunda divisão e desta em duas oportunidades para a terceira onde se encontra, venho acompanhado as suas dificuldades. Na medida do possível dentro da ética e honestidade que minha profissão exige, tenho procurado dar minha colaboração e ajuda. Sou responsável há 40 anos pelo Departamento de Esportes da Rádio Sete Colinas, única emissora de rádio da cidade que jamais deixou de divulgar nossos clubes e nosso esporte. Além de narrar  jogos, vender e receber publicidades, pagar os funcionários, e demais despesas sempre procurei manter o meu nome limpo e respeitado. Não devo absolutamente nada e nunca dei prejuízo à ninguém e o que consegui foi fruto da minha luta, do meu trabalho. Sou extremamente grato aos amigos e colaboradores que sempre me ajudaram. 

No entanto tenho enfrentado, já há alguns anos, por parte de alguns poucos é verdade, acusações de ser um dos responsáveis pelos fracassos do Glorioso USC. Mais como? Tenho indagado. Não sou jogador, não sou dirigente que contrata jogadores e comissões técnicas, não apito jogos onde  então está minha culpa? Os fanáticos desafetos sempre justificam suas  acusações com os mesmos argumentos: você não ajuda, é sempre contra e só sabe meter o pau. Meu Deus, será que tenho estes poderes todos de transformar craques em pernas de pau e de boas contratações em fracassos? Será que minhas críticas são responsáveis por oito consecutivos anos de fracassos? Sempre admirei e elogiei  aqueles que nos últimos anos vem tentando reerguer este que é um dos maiores clubes do interior do Brasil mesmo que não tenham alcançado seus objetivos. Isto não tem bastado.

Nos últimos tempos, com o surgimento das redes sociais, tornou-se muito fácil ser "cronista esportivo". Não precisa ter nenhuma formação, responsabilidade e sequer um veículo de comunicação para tentar exercer influência e disparar suas flechas para fazer média e angariar simpatia. Basta ter coragem e acesso a uma rede social, ou ao espaço de algum amigo, para falar o que vem à cabeça com fundamento ou não.  Faço este desabafo, pelo qual peço desculpas aos meus amigos, talvez levado um pouco pelos momentos conturbados que estamos vivendo, mas acho que estou chegando ao meu limite. Há um ano prometi aos meus colegas de trabalho, que este ano iria me afastar um pouco e omitir ao invés de emitir opiniões para não ser acusado de prejudicar o Uberaba na terceira divisão.  Mais bastou o time, que teve boas condições de preparação, em três jogos só ter vencido um e assinalado apenas dois gols o que levou me a comentar que esperava um melhor rendimento dos atletas para que as armas da insatisfação de alguns poucos inconformados  se voltassem contra mim. Até alguns que considerava amigos perderam parte de seus tempos para me acusar, em rodas e redes sociais, de estar atrapalhando o time. Gostaria de ser tão poderoso mais não sou. Se tivesse algum poder superior ajudaria o USC a jogar melhor e chegar o mais rapidamente aos patamares que ele já esteve um dia e fui testemunha. Como sou apenas um jornalista que não faz média e nem vende ilusões vou continuar como sempre fui, honesto e imparcial, procurando apenas alertar, baseado na experiência acumulada com o tempo e segundo a minha consciência, mesmo que isto me custe perder algumas pessoas que julgava serem minhas amigas.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Inauguração da loja A Modelar em Uberaba

Inauguração da loja A Modelar. 04/06/1987 - Foto: Nau Mendes.

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Último cinema de rua

Em maio de 1926, a Câmara de Uberaba aprovou duas concessões que marcaram a história do cinema na cidade. Na primeira, a prefeitura transferiu para Orlando e Olavo Rodrigues da Cunha os direitos sobre o terreno na Praça da Matriz onde funcionava, desde 1864, o Theatro São Luiz. Concedeu ainda uma isenção de impostos para que a dupla erguesse e passasse a explorar no local um novo teatro. A segunda autorizava a concessão a um grupo de investidores de um terreno a ser escolhido, além de um auxílio em dinheiro, para a construção de um novo hotel. Chefiava o executivo na época um primo de Orlando, Geraldino Rodrigues da Cunha.

O resultado das duas concessões resultou na inauguração, em 1931, do novo Cine Teatro São Luís, luxuosa e moderna casa de espetáculos administrada pela empresa Orlando Rodrigues da Cunha & Cia, que tinha como sócios, além de Orlando, José Machado Borges e Alberto Fontoura Borges. A mesma firma, já renomeada “Empresa Cinematográfica São Luís” (e incorporando Joaquim Machado Borges), multiplicaria a aposta em 1941 ao inaugurar o Cine Metrópole e o Grande Hotel na Av. Leopoldino de Oliveira.

No intervalo desses 10 anos, Orlando monopolizara o negócio das salas de cinema em Uberaba. A empresa Damiani, Bossini & Cia, dona dos Cines Alhambra e Capitólio abriu falência meses após a abertura do São Luís. O Alhambra fechou definitivamente, o Capitólio seguiu alguns meses sob nova direção. Em 1932, foi comprado por Orlando e reaberto como Cine Royal. Dona de todas as salas da cidade, a São Luís inaugurou em 1948 mais um cinema: o Vera Cruz no bairro São Benedito.

A falta de concorrência era motivo de queixas em Uberaba. Como a São Luís era atendida por uma única distribuidora, muitos filmes famosos jamais chegavam à cidade. Havia reclamações também quanto ao preço dos ingressos, à qualidade da programação e a estado de conservação de algumas das salas. Em 1957, foi grande o entusiasmo com que os uberabenses saudaram o anúncio de que a Empresa Teatral Paulista – dona de mais de 20 salas de cinema no estado vizinho, em Goiás, em Araxá e em Uberlândia – iria abrir uma nova casa na cidade.

A promessa inicial falava em uma sala enorme – duas mil poltronas, tela larga CinemaScope e amplo palco – a ser erguida em um terreno na esquina da Av. Leopoldino com Rua Senador Pena, adquirido da empresa Derenusson. As obras começaram em janeiro de 1958 com um projeto moderno para a época, ainda que menos ambicioso. Em 18 de março de 1959 abriu as portas aquele que seria o último cinema de rua a ser inaugurado na cidade. Nomeado “Cine Uberaba Palace”, tinha projetores de última geração, poltronas confortáveis e foi o primeiro a oferecer ar-condicionado, um grande alívio nos meses de verão – lembrando que os cinemas da época exigiam da clientela traje social, aos homens, terno e gravata.

 Franck Pourcel, “Here, there and everywhere”.

O Uberaba Palace reativou a concorrência e aumentou a variedade de títulos, numa época em que os cinemas ainda não disputavam espaço com a TV e com sistemas de vídeo domésticos. Nunca foi um cinema muito diferente dos demais, mas deixou boas lembranças. Ao seu lado funcionou por anos a livraria “Ponto de Encontro”, de Deusedino Martins, frequentada pela intelectualidade local. Muitos se recordam com nostalgia da trilha sonora que embalava a sala nos anos 1970 e 80 antes dos filmes: músicas dos Beatles numa famosa versão instrumental de Franck Pourcel, abrindo sempre com “Here, there and everywhere”.

Vista aérea do cinema Uberaba Palace e córrego das Lajes.
 Foto: Nau Mendes.

A partir dos anos 1980, as mudanças no mercado cinematográfico selaram a decadência dos cinemas de rua, e o Palace não foi exceção. Trocou de dono algumas vezes antes de fechar as portas em 7 de março de 1993. Por algum tempo, chegou a sediar um Bar e Bingo, ligado ao Nacional Futebol Clube. Após a proibição dos bingos, o prédio foi ocupado por uma igreja evangélica.

André Borges Lopes

PATRIMÔNIO CULTURAL DE UBERABA: OS LIVROS AS ARTES AS CIÊNCIAS

Guido Bilharinho


O patrimônio cultural de uma comunidade, seja local, regional ou nacional, é representado pelo conjunto de suas manifestações artísticas, científicas e técnicas.

O livro em epígrafe consta dos blogs guidobilharinho.blogspot.com e bibliografiasobreuberaba.blogspot.com e abrange algumas de suas áreas mais relevantes, consistentes na produção intelectual materializada pela elaboração e edição de livros, físicos ou eletrônicos, além de músicas, artes plásticas, filmes e visuais.

Representa, tal cometimento, a primeira tentativa de levantamento dessa produção intelectual, constituindo provavelmente iniciativa pioneira no país, à semelhança de tantas outras promovidas em Uberaba, a exemplo da “História do Futebol” (1922), do “Sistema Fluvial de Uberaba e Região” (década de 1920), do “Dialeto Capiau” (inícios dos anos 30), do vade mecum das leis municipais (1934) – todos da lavra do historiador e polígrafo Hildebrando Pontes – da enciclopédica “História da Medicina em Uberaba”, de José Soares Bilharinho, e de “Periódicos Culturais de Uberaba”, de Guido Bilharinho.

Ao que se sabe, nenhuma outra cidade brasileira possui em seu portfólio cultural, artístico e científico, conjunto de obras e iniciativas dessa jaez.

A esse grupo de realizações intelectuais vem se juntar, agora, o presente inventário de sua produção livresca, artística e científica, setor por setor, área por área, com um mínimo de indicações necessárias a seu situacionamento autoral, temporal e material.

As características mais notáveis dessa produção intelectual são suas extraordinárias multiplicação e diversificação, notadamente de 1960 em diante, apresentando também, e cada vez mais, acentuado aumento de sua qualidade, imposto pelo natural desenvolvimento econômico-sócio-cultural da coletividade, cada vez mais exigente e necessitada de obras e realizações também cada vez mais aprimoradas, intelectual, científica e tecnicamente, aliás, como em todos os setores da vida privada e da administração pública, esta ainda muito enredada nas peias burocráticas, que ela própria se impõe, que não só prejudica e constrange sua eficácia como afeta diretamente toda a coletividade que, por sua atuação e produtividade econômica, a sustenta.

Contudo, apenas essa produção e, agora, seu levantamento e inventariação não bastam.

Necessário também que as duas unidades básicas da formação humana, da aquisição de conhecimento e do saber e da atividade intelectual - o núcleo familiar e os estabelecimentos de ensino - se conscientizem, se empenhem e se dediquem, com deliberação e propósito, metódica, consistente e permanentemente a transmitir, difundir e despertar em crianças e jovens os princípios da valorização e da imprescindibilidade do estudo, da leitura, do conhecimento e do saber, no que, de modo geral, vêm falhando lamentavelmente.

Do mesmo modo, conquanto atuando em esfera diversa, os meios de comunicação também devem ter a responsabilidade de atuar nesse sentido, procurando o mais possível se libertar das imposições da indústria do entretenimento, que privilegia o ter em contraposição ao ser e o descompromisso e o alheamento ao invés da responsabilidade e do engajamento social.

*
O citado livro não implica em análises e críticas sobre a produção intelectual uberabense, porém, tão somente em efetuar seu levantamento.

À evidência que, embora se tenha sempre, em cometimentos dessa natureza, a pretensão e o objetivo de se atingir e registrar a totalidade dessas manifestações, sabe-se não ser isso possível, pelo menos inicialmente e mesmo a médio prazo, dada a inexistência desde sempre de órgãos públicos ou particulares preocupados e dedicados à sua reunião e conservação, pelo que, com o passar do tempo, inúmeros livros físicos desapareceram ou foram parar em lugares incertos e não sabidos, além do que nunca houve – e nem se sabe se haverá – acompanhamento e registro, por exemplo, da enorme produção musical e de artes plásticas, submetida que está a permanente dispersão, dissolução, destruição e definitivo desaparecimento, constituindo inominável afronta e ofensa a seus autores e irremediável desfalque e perda para a sociedade, que a não poderá usufruir e dela se beneficiar.

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Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

GEÓLOGOS UBERABENSES: PEDRO DE MOURA

Guido Bilharinho


Pedro de Moura formou-se, em 1925, pela Escola de Minas de Ouro Preto, indo trabalhar no Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. À semelhança do conterrâneo Avelino Inácio de Oliveira, também esteve na Amazônia, efetuando mapeamento das jazidas de carvão e de petróleo, sendo o primeiro a fazê-lo, e tanto e tão intensamente trabalhou na região que contraiu malária 12 (doze) vezes.

Pesquisou também a geologia e os recursos auríferos do Gurupi, dedicando-se por fim à geologia e à prospecção de petróleo no Brasil, sendo não só pioneiro de sua exploração, como, também, pioneiro no mapeamento geológico de carvão e petróleo na Amazônia, perfurando o primeiro campo comercial de petróleo do país, o campo de Candeias, havendo foto com o presidente Vargas com as mãos sujas de petróleo.

Relevante ainda foi sua atuação na Petrobrás, onde começou a trabalhar em 1954. Chefiou seus escritórios de Nova Iorque e Paris, sendo posteriormente superintendente (gerente executivo) de exploração da Petrobrás, onde, além de outras inúmeras medidas, promoveu a substituição de técnicos estrangeiros por técnicos nacionais, tendo, ainda, decisiva participação para que a estatal explorasse petróleo no mar.

Esteve na linha de frente contra as tendenciosas conclusões do Relatório Link (geólogo estadunidense Walter K. Link), que afirmou não existir petróleo no Brasil.

Pedro de Moura, na questão do petróleo, não atuou apenas na esfera estatal. Numa época em que no Brasil ainda se debatia se havia ou não petróleo no país (Monteiro Lobato desde a década de 1930 afirmava que havia), vendeu imóveis da família para investir em prospecções na Amazônia.

Entre ensaios técnicos e outros ensaios, Pedro de Moura é coautor, juntamente com Felisberto Carneiro, do livro “Em Busca do Petróleo Brasileiro” (1976), cujo título e tema já indicam seu propósito, significação e pioneirismo.

Sua contribuição à geografia no Brasil também foi assinalada pelo geógrafo José Veríssimo da Costa Pereira no livro e ensaio referidos no artigo anterior.

Por seu pioneirismo, ativa participação, contribuição e efetivação da prospecção, descoberta e exploração do petróleo no Brasil, Pedro de Moura vem sendo lembrado, cultuado e homenageado. Exemplo disso constitui a inauguração do Memorial Pedro de Moura – com a presença, entre outros, de seus filhos Ivã Lobato de Moura e Carlos Eduardo Lobato de Moura – em 08 de junho de 2001, na província petrolífera do rio Urucu, no Alto Solimões, a 600 (seiscentos) quilômetros de Manaus, passando, também, a partir de então a Base de Operações do Urucu ser denominada Base Geólogo Pedro de Moura.

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Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/


GEÓLOGOS UBERABENSES: GLYCON DE PAIVA

Guido Bilharinho


O geólogo Glycon de Paiva é filho de Otávio Augusto de Paiva Teixeira, um dos formandos da única turma do legendário Instituto Zootécnico de Uberaba, e neto de José Augusto de Paiva Teixeira, o Casusa, que teve intensa atuação na Uberaba do último quartel do Século XIX, inicialmente como dirigente da tipografia do primeiro jornal uberabense, “O Paranaíba”, fundado pelo médico e escritor francês Henrique Raimundo des Genettes em 1874, depois como editor de inúmeros outros jornais e, por último, como político, chegando a ser Intendente (prefeito) no Conselho de Intendência empossado em 25 de janeiro de 1891, Conselho que desde 14 de fevereiro de 1890 substituiu a Câmara Municipal.

Glycon de Paiva, após fazer seus estudos colegiais em Uberaba, formou-se, como Avelino e Moura, na Escola de Minas de Ouro Preto.

Exerceu vários cargos no Departamento Nacional da Produção Mineral, sendo seu geólogo-chefe de 1934 a 1939. Chefiou, posteriormente, em 1943 e 1944, o Serviço de Produção Mineral da Coordenação da Mobilização Econômica, criado pelo Governo Vargas para promover a produção necessária à intervenção do Brasil na Segunda Guerra Mundial.

Em 1947 foi delegado do Brasil à Conferência Preparatória do Comércio e Emprego realizada em Genebra/Suíça e à Conferência de Energia em Haia/Holanda, integrando, ainda nesse ano, a Comissão Especial nomeada pelo Governo Dutra para elaborar o anteprojeto do Estatuto do Petróleo, que acabou sendo arquivado após discutido no Congresso.

Em 1948 representou o Brasil no VIII Congresso Científico Panamericano em Washington/EE.UU. e na Conferência Internacional de Comércio e Emprego em Havana/Cuba, passando, ainda, a integrar o Conselho Nacional de Minas e Metalurgia, bem como, nesse ano e no seguinte, compôs a Comissão de Exploração Mineral da Comissão Mista Brasileiro-[Norte-]Americana de Estudos Econômicos, da qual foi relator geral e, ainda, relator das subcomissões de manganês, de minerais e de fosfato. Em 1951 foi assessor econômico da delegação brasileira à IV Reunião de Consultas dos Ministros de Relações Exteriores das Repúblicas Americanas.

No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE (atual BNDES), criado pelo Governo Vargas, exerceu, a partir de 1952, inicialmente os cargos de diretor e, de 1954 a 1960, membro do Conselho Técnico de Economia e Finanças, ocupando, finalmente, sua presidência em 1955 e 1956.

Em 1955 foi ainda diretor da Companhia Vale do Rio Doce.

A partir de 1961 teve atuação participativo-política de tendência conservadora e contrária às diretivas autonomistas e nacionalistas do Governo Goulart, participando da organização e fundação, em 1962, do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais – IPES, composta de empresários do Eixo Rio-São Paulo, sendo seu vice-presidente de 1962 a 1967, entidade que deixou de existir a partir de 1972, tendo atuado no golpe que depôs Goulart em 1964.

Na sua sempre intensa atividade, ainda integrou conselhos da Confederação Nacional do Comércio – CNC, da Mercedes Benz, da Siemens, da Confederação Nacional da Indústria – CNI, da Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração – CAEMI, da editora APEC e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo do prefeito carioca Israel Klabin.

Nem por isso tudo deixou de produzir livros e relatórios técnicos de alta significação e importância nas áreas abordadas, como “Carvão Mineral do Norte do Paraná” (1934, coautoria), “Gênese do Carvão do Norte do Pará” (1939), “Carvão Mineral de Barra Bonita e Carvãozinho – Estado do Paraná” (1941, coautoria), “Reavaliação das Possibilidades Petrolíferas do Brasil” (1962), “História da Campanha de Sondagens Para Pesquisa de Petróleo na Área de São Pedro” (1975), “Ouro e Bauxita na Região do Gurupi e Carvão Mineral do Piauí” (s/d), “A Defesa Nacional”, “Jazidas de Minério de Chumbo no Estado de São Paulo”, “Geologia do Município de Lajes – Santa Catarina”, além de relatórios de diversas das diretorias que ocupou e aproximadamente duas centenas de artigos sobre geologia, recursos minerais do Brasil, economia e demografia.

Por fim (mas não ainda tudo), à semelhança de Avelino e Moura, também sua contribuição à geografia no Brasil foi ressaltada pelo geógrafo José Veríssimo da Costa Pereira no ensaio anteriormente mencionado e constante de “As Ciências no Brasil”, obra em dois volumes organizada por Fernando de Azevedo.

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Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/