terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O POPULISMO RADIOFÔNICO EM UBERABA

 O Rádio sempre foi um meio de comunicação de bastante abrangência e, em Uberaba, não foi diferente! Desde o surgimento da primeira emissora, a PRE-5 (atual, Rádio Sociedade AM), na década de 1930, esse veículo de comunicação sempre noticiou, distraiu e cumpriu seu papel social perante os ouvintes.
 
Construção do edifício Abadia Salomão -  Prédio da Ford Derenusson. PRE-5 (atual, Rádio Sociedade AM.
 Foto: Nau Mendes - Década 1960.
 
 Consequentemente, os locutores criaram uma proximidade muito grande com os espectadores e, claro, ganhando notoriedade, muitos se tornaram bastante populares e se aventuraram pela política, disputando eleições.


Ataliba Guaritá Neto. Foto: Acervo da família Guaritá.

Em 1950, o radialista Ataliba Guaritá Neto – o Netinho, que também assinava uma coluna no jornal Lavoura e Comércio – foi o pioneiro, elegendo-se vereador. Oito anos depois, Eurípedes Craide, um jovem narrador esportivo, também chegava ao Legislativo Municipal. Por dois mandatos, esteve na Câmara e foi eleito seis vezes Deputado Estadual.
 
 
Jesus Manzano.  Foto: Acervo da família Manzano.

Jesus Manzano, em 1966, foi eleito vereador e teve mandato por diversas legislaturas, Quatro anos depois, Edson Quirino de Souza, o Edinho, (Filho do casal Toninho e Marieta, artistas da música sertaneja) chegava à Câmara, onde se manteve na vereança até 1983. Em 1988, foi a vez dos radialistas Tony Carlos e Além-Mar Paranhos ocuparem suas cadeiras no poder legislativo. Tony cumpre, atualmente, o quarto mandato.
 
Toninho e Marieta. Foto: Acervo da família Quirino.
 

No ano de 1990, o comunicativo  Toninho e Marieta, da Rádio Sociedade, elegeu-se Deputado Estadual, cumprindo apenas um mandato. Em 1992, Edivaldo Santos e Paulo Silva estreavam na Câmara Municipal, onde permaneceram até 2000.

Em 2008, Almir Silva foi o vereador mais votado em nossa cidade, repetindo o feito de Eurípedes Craide, em 1962, e de Jesus Manzano, em 1976.

Mais do que saber aproveitar favoravelmente a oportunidade de se tornar popular que o rádio oferece, esses radialistas, por meio do microfone, conquistaram simpatia, notoriedade e muitos votos.

Danilo Costa Ferrari

HOTEL MODELO - UBERABA

Hotel Modelo
Foto década:1930

Editor da foto:Marcellino Guimaraes


A Lei Nº 565, de 06 de fevereiro de 1928, concede ao Cel. Quirino Luís da Costa, isenção de impostos, sobre o prédio que o mesmo vai construir para um hotel, de acordo com a planta apresentada, que será modificada pela Câmara, assim como auxílio para a instalação de água corrente em todos os quartos do hotel.

                A Lei Nº 574, de 12 de março de 1928, concede isenção de impostos sobre muros e calçamentos do prédio, para o Hotel Modelo, que está sendo construído, pelo mesmo prazo referente naquela lei.

                O prédio do Hotel Modelo foi inaugurado em 1929.

Após ser remodelado, em meados de 1990, na parte térrea passaram a funcionar estabelecimentos comerciais e na parte superior, continuou o funcionamento normal do referido hotel, tendo sua entrada sido transferida para a rua Dr. João Caetano.

(Arquivo Público de Uberaba)

TEMPESTADE DE AREIA COBRIU A CIDADE DE UBERABA

Foto Enerson Cleiton


Tempestade de areia cobriu a cidade de Uberaba em Minas Gerais.31/08/2011
UBERABA (MG) 01/09/2011 – Tempestade de areia cobriu a cidade de Uberaba nesta quarta-feira , o céu ficou coberto pela nuvem de poeira assustando a população.

ENCHENTE APÓS FORTE CHUVA NO CENTRO DE UBERABA

Foto Enerson Cleiton

Enchente após forte chuva no centro de Uberaba, em Minas Gerais. 23/02/2010
Uberaba (MG) Enchente após forte chuva no centro de Uberaba, neste segunda-feira (22), em Minas Gerais. 23/02/2010

DILMA ROUSSEFF OBSERVA CÉLULA DE CLONE BOVINO EM UBERABA

Foto Enerson Cleiton


Dilma Rousseff observa célula de clone bovino em Uberaba, Minas Gerais 18/03/2010

ILUMINAÇÃO DE NATAL NO PARQUE FERNANDO COSTAS - UBERABA

Foto Enerson Cleiton


Iluminação de natal no Parque Fernando Costas, em Uberaba, Minas Gerais. 17/12/2010

Uberaba (MG) Iluminação de natal no Parque Fernando Costas, em Uberaba, Minas Gerais. 17/12/2010

NUVENS CARREGADAS DE CHUVA ANUNCIAM FORTE TEMPORAL EM UBERABA

Foto Enerson Cleiton

Uberaba (MG) Nuvens carregadas de chuva anunciam forte temporal em Uberaba, Minas Gerais.10/01/2011


CLÍNICA SÃO JUDAS TADEU DA ASSOCIAÇÃO DE COMBATE AO CÂNCER DO BRASIL CENTRAL - UBERABA

“Hospital Mário Palmério”

É provável que pouca gente saiba ou ainda se recorde, mas meio século antes da inauguração do atual hospital universitário da Uniube, a cidade de Uberaba já teve um “Hospital Mário Palmério”.
Era esse o nome original do atual Hospital Dr Hélio Angotti, da Associação de Combate ao Câncer do Brasil Central (ACCBC), quando da sua inauguração em 1961. O que pode ser comprovado nesse anúncio publicado no jornal “Lavoura e Comércio” em março do ano seguinte. Mário Palmério e Hélio Angotti, junto com o então prefeito Jorge Furtado, eram importantes lideranças do antigo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) em Uberaba. Imagino que, com o falecimento do Dr. Hélio Angotti, em janeiro de 1971, o hospital tenha sido rebatizado em sua homenagem.
O prédio original, no arrojado estilo modernista que estava em voga logo após a construção de Brasília, acabou sendo descaracterizado pelas sucessivas reformas e ampliações. Mas até os anos 1990, funcionou nessa cúpula redonda à direita do prédio o laboratório de Anatomia Patológica dirigido pelo meu pai, Edison Lopes e pelo professor Edmundo Chapadeiro.
(ANDRÉ BORGES LOPES)

ROMEU BORGES DE ARAÚJO

Romeu Borges de Araújo, é, sem pestanejar”, o catireiro-mor desse Brasilzão sertanejo, ou rural, como queiram. Fazendeiro evoluído, bom chefe de família, contador de “causos” dos melhores, expoente do clã Borges, sua fama de dançarino, ultrapassou fronteiras. Dançar catira, sapatear, bater palmas, organizar-se, tudo ao mesmo tempo, não é obra prá qualquer um. É preciso fôlego, ginga, talento, ritmo , vocação e, acima de tudo, noção de arte. A arte da dança da catira, não é prá qualquer mortal. Habilidade, destreza, esperteza e coreografia espontânea, são requisitos essenciais. Catira, hoje em dia, corre mundo afora.

 A famosa Rede Globo de Televisão, vira e mexe, está mostrando nos seus programas, a dança caipira, tornada mundialmente famosa pelos Borges, de Uberaba. Ontem, dança dos homens, atualmente, unissex. Até ensaios literários contando a história da catira, foram escritos. Voltemos ao Romeu Borges. Repórter dos mais brilhantes do Brasil´, José Hamilton Ribeiro (“Globo Rural”), uberabense por mérito. Entusiasmou-se com a performance de Romeuzinho. Enorme acesso às produções da Globo, sugeriu um quadro no “Fantástico”, associando a dança popular sertaneja com a clássica, o balé . Da ideia à prática, alguns segundos.Romeu, topou de cara. Dançar com Ana Maria Botafogo, número um do Teatro Municipal e uma das mais famosas bailarinas do mundo, era a consagração. Ensaios no apartamento de Ana Maria, nos estúdios da Globo, no “pé do morro da Urca”, bem debaixo do bondinho, pronto! Era ali, o cenário ideal. O quadro foi ao ar. Sucesso absoluto. Os críticos elogiaram à fartar-se da composição clássico-sertanejo.

 Romeu Borges de Araújo, teve o seu momento de glória!Voltou para Uberaba, pensando em viajar o mundo, mostrando a arte do balé, com a simplicidade da dança caipira. “Seria um sucesso mundial”,pensou. – “Quem sabe até mudo de nome?Não custa nada” Chegando em casa sabendo enorme sucesso que fizera, jogou a mala no quarto do casal e, correndo, foi abraçar a esposa Marli. Ela, coitada,às voltas na máquina de lavar roupa, suada, pendurando, calça, camisa e cueca do Romeu, no varal do quintal” Marli, Marli, Marli, minha querida mudei de nome Troquei Romeu Borges prá Romeu Botafogo, cê achou bonito?” Ela parou de estender a roupa, olhou bem no rosto do marido e com voz firme decidida, retrucou. –“Eu também mudei de nome…”Romeu, quis saber na hora: “Cumé que ocê chama, bem ?” Ela, bem defronte ao marido, lascou:-“Marli Apaga Fogo!” estamos conversados Num abraço, ficaram por isso mesmo…



Luiz Gonzaga de Oliveira

MAJOR JACINTO SACRAMENTO - UBERABA

Uberaba sempre teve fama de homens valentes.Disse homens, não políticos..Major Jacinto Sacramento, militar e delegado de policia, foi um deles.Deixou página de “feitos” na cidade. Só que teve uberabense mais valente que ele. Seguinte: corria o ano de 1936. Sacramento tivera um desentendimento sério com doutor Boulanger Pucci, cuja fama de bravo também era conhecida. Médico competente, caridoso, humanitário, era tido também como um autêntico galã para os padrões da época.As causas da discórdia com Sacramento, não eram conhecidas. O certo é que Boulanger tentou publicar nos jornais locais, umas “verdades” do major delegado. Não se sabem os motivos os donos dos periódicos locais, não aceitaram, nem como matéria paga, o artigo do médico uberabense.-“Foi cagaço deles”, dizia Boulanger. Ele, não se deu por vencido. Foi a São Paulo e pagou a publicação no “Diário de São Paulo”, o mais importante jornal dos “Associados”, de Assis Chataubriand. Uma repercussão que seria , no máximo regional, virou assunto nacional. Imaginaram um médico criticar, aquela época, um delegado de policia, ainda por cima militar? Sacramento ficou sabendo da noticia e o “auê” que provocara, pela amante, Yolanda Junqueira, da tradicional família que leva seu sobrenome em usina às margens do rio Grande e base em Ribeirão Preto. Yolanda, era dona de bordel na rua São Miguel, o famoso “baculerê” da cidade. A mulher não se conteve e exigiu que o amante fosse até Boulanger e o fizesse engolir o jornal que o detratava. Para não desapontar Yolanda, a mulher-amante, faria com que o seu desafeto engolisse, pedacinho por pedacinho, o jornal que trazia a noticia. –“Palavra de macho apaixonado”, afirmou.-“Supremo desaforo, um mediquinho de merda, manchar a minha honra!”, pensou, babando de raiva. –“Amanha cedo, aquele filho da puta, vai ver com quantos paus se faz uma canoa. Ele mexeu com o caboclo errado”, gritava e olhava para a amante. Só que nem ele, nem Yolanda, sabiam que parede tem ouvido. A da pensão do “baculerê”, tinha . Amanhã, conto o final.


Luiz Gonzaga de Oliveira

“ZÉ GORDO”

O nome de batismo pouca gente sabe, mas, se falar “Zé Gordo”, toda a fazendeirada da região conhece. “Zé Gordo! Trabalhou, praticamente, para quase todos os donos de terras entre Uberaba e Uberlândia. Depois de um assassinato na região, foi esconder-se na fazenda de m uberabense lá para os lados de Mato Grosso, o do sul. confesso que, hoje, não sei se está vivo ou morto. A fama de bom peão sempre o acompanhou. Ligeiramente obeso,era de uma agilidade fora do comum. Excelente tirador de leite, vaqueiro de primeira, entendia de tudo no campo. Asseado, corajoso, amansava burro bravo de fazer inveja. Tinha um “olho” espetacular. As cercas que alinhava e construía, era uma verdadeira linha reta, tamanha a precisão de um poste ao outro… Caseiro excelente, o quintal tanto da sede da fazenda, quanto da casinha que morava, era um “brinco”. Curral nos trinques, arreata dos animais sempre organizadas, vacinação do gado em dia, “Zé Gordo” era o peão que todo fazendeiro queria ter.Era casado com a Ritinha, menina nova, boa de serviço, morena clara, limpa, perfumada, nem alta nem baixa, corpo bem feito, cintura fina, cabelos bem arrumados, olhar matreiro, era, também a cobiça dos patrões. Na fazenda que estava trabalhando, à direita do córrego Laranjeiras, antes de chegar no Tijuco, o fazendeiro estava de “olho comprido” na mulher do “Zé Gordo”. Virava e mexia, levava “agrados” para a mulher do vaqueiro, “Zé Gordo”, além de bom vaqueiro, era melhor na pontaria de um “38”. Estava na região depois de “aprontar” em Goiás. Certa tarde, depois de ir à fazenda, o fazendeiro viu “Zé Gordo”, parado, na porteira da entrada da fazenda.-“Pronto, será que ele descobriu?”, pensou. O empregado abriu a porteira e foi logo dizendo:- Patrão, tenho um assunto sério a tratar com o senhor”. Gelado, mãos trêmulas, o patrão respondeu:-“Agora não, Zé. Tenho uma reunião política em Uberaba e já estou atrasado”. Acelerou a caminhonete e se mandou. Ficou uns dois meses sem ir à fazenda. Depois de insistentes chamados de “Zé Gordo”, voltou no que era seu. Aquele cafezinho de sempre, o casal sempre amável, o marido foi trabalhar. A Ritinha , dengosa, só sorrisos. Deu pressa de ir embora. Lá em cima, na porteira, à esperá-lo, “Zé Gordo”. –“É hoje, Vou ter que enfrentá-lo”, pensou o fazendeiro. “Zé Gordo”, com a mesma conversa:- “Patrão, o assunto é sério. Tem que ser agora”. O fazendeiro ( seria um Borges?), tremendo dos pés à cabeça, respondeu:- “Desembucha, Zé. O que ta acontecendo?”. “Zé Gordo”, olhos vidrados , não se conteve: – Patrão, é grave. A Ritinha ta traindo nóis dois”…

Luiz Gonzaga de Oliveira

NOME É A EXATA DENOMINAÇÃO QUE SE DÁ A QUALQUER COISA QUE VEMOS

Nome é a exata denominação que se dá a qualquer coisa que vemos, sentimos, apalpamos, tocamos. Plantas, animais, objetos pessoais, situações vividas e por aí afora. Pessoas, formalmente, damos nomes. Os religiosos batizam e registram os seus, com nomes. Geralmente de boa fonia, dicção fácil. Outros, primam pela originalidade, esquisitice, até. Dificeis, quase sempre, anormais, diríamos…Seria inconcebível pais escolherem para os filhos nomes estranhos, pronúncias difíceis, sem razão? Cartórios, pias batismais, águas de rio, tendas de umbanda, aceitarem batismos de nomes tão exóticos? Nomes abaixo são de pessoas que conheci, ainda sem presença física. Não inventei nenhum deles. Na minha família, meus avós, Quirino e Beralda. Minha mãe. Odone, meus tios, Elinda, Filogônio,Nahum Tecla, Lyryo e Waltrudes. Primos, Brizabella, Luzmar, Agmon, Dolizor, Didon, Forizmar, Elydemar, Suzimar e Selvian. Na vila Maria Helena, vizinhos meus, o pai,Antomarck, os filhos Essênio Brasil, Vespasiano Augusto, Dompedro Segundo, Legalidade Bernardes, Flora de Minas, Aurora Boreal e Glória do Céu.. Amigas de minha mãe, Flordaliza, Graciosa, Preciosa, Venturosa, Amorosa, Pascóvia. Familia unida, nascida no Veríssimo e vida em Uberaba, Horizonta Horizontina, Helvecina Helvécia, Armelindo Amélio, Adoclecino Adoclécio, Ercina Ercia, , Adelino Adélio, Antonina Antônia, filhos de Sabino e Gercina, fazendeiros na região. Lembro-me, com saudade,da Prosolina, mãe do Eleuzes, Raulira, minha madrinha, Eiderlindo, meu padrinho. Como esquecer do Abedenago, Pincal Pedro, Deusvelindo Salvenil Cirineu, da mocinha que trabalhava lá em casa,a Aucleteclina, do baterista Aresky Cordeiro.. Saudades do Agricio, Horbilontina, Alcinério, Orlick, Elpenor , Belchiolina, Urânio, Tolendal, Dolor, Dalor, Neochovandes, Numa, , suas irmãs (dele)Flor do Chá e Flor do Mar, dona Pulchéria, sogra do Urbano Salomão… Nunca perguntei e jamais pesquisei se eles(elas)dos nomes que lhe foram dados. Não era da minha conta. Para concluir, lembro de um episódio pitoresco acontecido.Em 64, plena revolução, foi preso na cidade, um cidadão de bem que nada tinha de comunista, alvo dos militares e dos “dedo-duros” da city. Alvoroço na família, A quem procurar? Como tirá-lo da cadeia? O delegado sabia das virtudes do preso, deu a “dica” à família:
-“Procure o dr. Helvécio Moreira.Ele consegue a soltura do seu pai”, falou para um dos filhos.Desesperado, o filho mai velho foi a procura do causídico.-“Dr. O papai não deve nada, é um homem honrado. Preciso da sua ajuda!”. Cimpetente, Helvécio, não se fez de rogado ,pois conhecia o “velho”, pessoa de bem,honesto e sem vínculos políticos. Preparou a petição e perguntou o nome do jovem para preencher a procuração. – “Qual é o se nome, filho?” Sem pestanejar, frente ao advogado, quase gritando, falou: Stalin José, doutor”. Helvécio deu um pulo da cadeira, levou as mãos à cabeça e sentenciou: -“Não meu filho, com esse nome, não tiro nunca o seu pai da cadeia. Traga alguém com outro nome, senão, nada feito”. Só no outro dia, nova procuração e novo nome, o pai de Stalin, pode gosar novamente a liberdade….


Luiz Gonzaga de Oliveira

O PREFEITO ROSA PRATA TRANSFORMARA A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL - UBERABA

Setembro, 1972, em Uberaba. Ano de eleições e a política ganhava fôlego na cidade. O prefeito Arnaldo Rosa Prata transformara a administração municipal. Deu plástica nova na área central, cobrindo córregos, asfaltando avenidas, criando conjuntos habitacionais, inaugurando o semi-acabado “Uberabão”, o novo terminal rodoviário e outras obras mais. Seu afilhado político, diziam seus correligionários, “futuro prefeito de Uberaba”, Fúlvio Fontoura, filho do também ex-prefeito Lauro Fontoura, tinha como opositor, com menor chance, Hugo Rodrigues da Cunha, ex-presidente da ACIU, candidato derrotado em 70 para deputado federal. Ambos da ARENA, I e II, dito pelo governador de Minas, Francelino Pereira, “ o maior partido do ocidente”. Na oposição, o PMDB, em frangalhos, sem a menor possibilidade de vitória, indicara o alfaiate João Pedro de Souza. A TV-Uberaba, com poucos meses de vida, seria o primeiro grande palanque eletrônico das eleições. As ARENAS I e II, com as “burras”cheias de dinheiro, caprichavam nos seus programas eleitorais. No PMDB, a morte do seu grande líder, Chico Veludo, desestabilizou o partido. Chico vencera as eleições e não levou. Já lhes contei a história. João Guido, foi o “escolhido”. Novidade na praça, os programas televisivos eleitoriais, ganharam enorme audiência. Acuado, praticamente sozinho ( lembro-me apenas de um companheiro solidário, Paulo Afonso Silveira). João Pedro, com reduzido tempo de TV, ainda assim topou a “briga”. A turma do PMDB, candidatos a vereador, altamente compromissada com os candidatos arenistas. “Mote” principal da campanha de João Pedro, trazer água do rio Grande para abastecer as torneiras da cidade. O tema virou gozação.-“Onde já se viu?O João, ta louco varrido. Trazer água do rio Grande, só se for em cano de bambu…Ele precisa ser internado no Sanatório Espirita”…João Pedro, virou piada na cidade. –“Onde o PMDB, está com a cabeça?” diziam os opositores. Favorito disparado, apoiado pelo “Lavoura”, PRE-5, parte do “Correio Católico”, Difusora, Fúlvio perdeu para o da ARENA II, Hugo Rodrigues da Cunha. João Pedro, teve uma votação que não se elegeria vereador…Triste, aborrecido, abandonado pelos falsos amigos, endividado na campanha, João Pedro entrou na mais terrível das doenças- a depressão. Não suportando a terrível humilhação por que passara, um fatídico dia, a mirar-se nas águas do rio Grande, na ponte que divide Minas-São Paulo, atirou-se nas águas que queria trazer para abastecer a sua Uberaba tão amada. Lamento, sua morte foi pouco registrada. Nem sei se lhe deram nome de rua na cidade. Seus detratores não mandaram rezar missa de sétimo dia e pedir a Deus o necessário e cristão perdão pela sua alma por tão tresloucado gesto.
Poucos anos se passaram. Os mesmos adversários de João Pedro de Souza, que o chamaram de “louco varrido” por querer trazer água do rio Grande para abastecer a cidade, são os mesmos que, hoje, solicitam aos organismos internacionais, empréstimo para trazer água do rio Grande para Uberaba…Trágica ironia, não?
Desculpem pela extensão da história. Era preciso. 


Luiz Gonzaga de Oliveira

TEM PESSOAS QUE O DIVINO CRIADOR LEVA MUITO CEDO PRA O REINO DOS CÉUS

Tem pessoas que o Divino Criador leva muito cedo pra o reino dos céus. Figuras humanas, maravilhosas que no dizer de Rolando Boldrin” partem fora do combinado”. Ramon Rodrigues, foi um deles. Solteirão convicto, educado. Aprumado financeiramente, vida profissional consolidada, nutria uma paixão desenfreada pelo Botafogo carioca, Fabricio e Uberaba Sport. Pelas mãos dos saudosos Raul Jardim e Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, começou a escrever no “Lavoura e Comércio”, depois de uma rápida passagem pelo semanário esportivo “A Bola”, do excelente Raimundo Sarkis. Ramon, tinha ditados engraçadíssimos que o tornou o cronista esportivo mais popular de Uberaba e região. Exemplo? Ao analisar um futuro jogo do Uberaba, antevendo insucesso alvirrubro, escrevia: “se o Paulinho não estiver numa tarde inspirada com as bolas de açúcar que o Tati lhe passa, “adiós mariquita linda”, o seu bordão favorito. Na falecida TV-Uberaba, em 72, fez história. Frases hilariantes, comentários humorísticos, suas intervenções nos jogos do Uberabão, deram o que falar, Inteligente, atualizado, palavra fácil e texto simples, as opiniões do Ramon, eram respeitadas. No rádio fez um trio famoso na saudosa PRE-5, com Netinho e Leite Neto. Certa tarde, num lance confuso na área do Uberaba, gritou sem medo de ser feliz: cu de boi na frente do Vilmondes.Graças a Deus,não^foi gol deles…Leite Neto, surpreso com a frase que saiu, sem cerimônia, da boca do Ramon, indagou:-“que Você disse, companheiro?”, Sem pestanejar, Ramon confirmou:-“isso que Você ouviu, ta?” , Árbitro que marcava falta contra o “seu” Uberaba, Ramon gritava a plenos pulmões: “Juiz ladrãp, pega esse juiz sem vergonha, larápio”. Além dos ouvintes da rádio, o estádio inteiro também ouvia…Mas, foi na TV-Uberaba, que o fato mais inusitado aconteceu. A equipe esportiva, tinha como chefe o diretor de jornalismo da emissora, o competente Symphrônio Veiga, vindo das “Associadas” de Belo Horizonte. Netinho, Ramon, os irmãos Jorge e Farah Zaidan e esse humilde “Marques”, seus integrantes. À hora do almoço, o “Papo de Bola”,à noite, “Fornox Confidencial” e depois “Esporte Urgente”. Hora do almoço, Farah, Ramon e eu.Naqueles velhos tempos,os programas eram “ao vivo”. Longe da chega do “vídeo-tape”. Certa manhã, Ramon atrasou-se. Programa no ar, com Farah e eu. Passados alguns minutos, ele entra, esbaforido, no estúdio. Perguntei-lhe: -“E aí mestre, tudo bem?”Ele, vermelho e transpirando muito, sentou-se e soltou a primeira “pérola” :
-“Desculpe-me pelo atraso. Subia a General Osório (onde está a TV) e um bruto dum caminhão bateu num carro, derrubou um poste e o trânsito embocetou todinho. Por isso atrasei,”Farah Zaidan, quando ouviu a frase, saiu engatinhando , segurando o riso. Netinho, atrás das câmeras, saiu em desabalada carreira, o Alemão e Gim, operadores das câmeras, abandonaram seus postos, o Wanderlei Silva, que dirigia o programa, gargalhava `à cântaros. Eu, ali, atônito, completamente sem ação, segurando a gargalhada. Ramon, impassível, vendo aquela balburdia no estúdio, quis consertar o que havia dito:- “Calma, pessoal, quando eu disse embocetar, foi, puramente, no bom sentido”…
Aí que não agüentou fui eu. Escorreguei debaixo da mesa e a televisão ficou cinco minutos fora do ar….Também pudera…
Ramon Rodrigues, está no céu. Sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso !


Luiz Gonzaga de Oliveira

QUEM ME CONTOU ESSA FOI O EMINENTE PROFESSOR, AMIGO FRATERNO, DÉCIO BRAGANÇA

Quem me contou essa foi o eminente professor, amigo fraterno, Décio Bragança, figura ímpar na educação em Uberaba. Época de eleições. Disputa duríssima à deputado federal. De um lado, José Humberto Rodrigues da Cunha, homem de sólida formação moral, cultural e religiosa. Médico cirurgião, humanitário, realizou mais de 6mil cirurgias, que, segundo os anais médicos brasileiros, é recorde nacional. Formado também em Direito, não exerceu a profissão. Fez o curso apenas para ajudar um amigo.Esse, não estudou coisíssima nenhuma as leis que regem o país e ficou por isso mesmo… Dr. José Humberto, na política foi figura exponencial. Vereador, inicialmente, teve atuação destacada. Ficou algum tempo fora da política. Voltou deputado federal pela União Democrática Nacional (UDN). Dois mandatos profícuos em favor de Uberaba e da região. . Seu adversário era o famoso Sebastião Paes de Almeida, apelido “Tião Medonho”, um dos homens mais ricos do Brasil e ostentando o titulo de”!rei do vidro””il. Apoiado pelo Partido Social Democrático (PSD), diretório de Uberaba. Com enorme potencial financeiro, jogava “dinheiro prá cima”…Uma passagem pitoresca, marcou a campanha de “Tião Medonho” na região. Seguinte: Com o carrão enfeitado por todos os lados, com “santinhos, mini-banners” e cartazes, viajou de Uberaba para Araxá, onde faria comício, ao final da tarde. Ao cruzar a ponte do rio Araguari, deparou com três homens, pescando.Parou o carro, desceu e “puxou prosa” com os pescadores. – “Vida boa, hein?”Enquanto a gente trabalha,’ ceis tão aí pescando”… Um deles, de pronto, reconheceu Paes de Almeida. – “O senhor é o Tião Medonho, não é? Não precisar trabalhar mais não. Tá eleito, sô”. Todo orgulhoso, Tião Medonho, retrucou: “’Ceis acham mesmo? Então me peçam alguma coisa, que terei prazer de atendê-los?”
O primeiro pescador, foi direto:-“ O senhor me manda uma coleção de anzóis, ta?” O segundo, não deixou por menos:-“Eu quero uma coleção de linha de pescar de aço e nylon…” O terceiro pescador tinha tomado “uma e outras”, meio cambaleante, pediu: -“eu quero uma enxada novinha”. O secretário do Tião, tomava nota de tudo. Espantado e surpreso com o pedido, o “rei do vidro”, falou baixinho ao ouvido do empregado:- “Chico, prá esse aí , manda um trator no lugar da enxada. É o único que pediu um instrumento de trabalho”.
Nesse momento, veio a surpresa! Ao ouvir a ordem de “Tião Medonho”, o pescador reagiu. Alto e bom som: -“Uai, seo Tião, o senhor vai me dar um trator prá arrancar minhoca?”
Repito: José Humberto perdeu a eleição. “TiãoMedonho”, foi o mais votado em Minas. Pouco tempo depois, cassado pelos generais…

Luiz Gonzaga de Oliveira

NENÊ MAMÁ ERA DE UMA FIDELIDADE CANINA AOS SEUS AMIGOS

Nenê Mamá era de uma fidelidade canina aos seus amigos. Certa ocasião, atendendo ao apelo do amigo Artur Teixeira, candidato à prefeito, aceitou pleitear à vereança municipal, segundo ele, pelo “PSD veio de guerra”, como costumava dizer. Distribuiu panfletos, entregou “santinhos”, visitou amigos(as), fez discurso, onde pudesse apresentar seu nome. A campanha municipal pegando fogo. Celso Rodrigues da Cunha e Jorge Furtado, disputavam com Artur Teixeira, palmo a palmo, o voto dos uberabenses. Campanha acirrada. Xingatório daqui, resposta de lá; denúncia de cá, revide do outro lado, coisas próprias dos embates políticos. Oradores brilhantes não faltavam nos palanques. A tradição familiar do grupo da UDN, o discurso progressista do PTB, a maneira mineira de fazer política, davam a tônica da campanha. A fala erudita da “eterna vigilância”(UDN), o tom agressivo dos trabalhistas (PTB) e o discurso moderador , coluna do meio,dos pessedistas(PSD), a campanha entrou na sua reta final. Finalzinho de setembro. Grandioso comício marcado para a Abadia, maior contingente eleitoral da cidade, mas, o mais carente em melhorias. Poucas ruas calçadas, esgoto a céu aberto, iluminação super precária, água de cisterna e outras carências da periferia urbana. PSD em peso no caminhão. Artur Teixeira, José Bilharinho, Rafael Angotti, Álvaro Barra Pontes, Nagib Cecilio, Lauro Fontoura, Ranulfo Borges e outros “caciques” do partido. A praça da Abadia, apinhada de gente. Primeiros discursos dos candidatos a vereador, entre eles, Nenê Mamá. Araudio Pereira Melo, o saudoso Xin, apresentador oficial dos comícios do PSD, preparava para anunciar o nosso Nenê, que cochichou ao ouvido do amigo: -“Capricha na minha apresentação, ta?”.Xin, caprichou. Falou do grande desportista, do diretor do USC., do rei Momo que ele representava e outros adjetivos mais.Aplaudido, Nenê começou o discurso:
-Povo querido da minha Abadia! Quero ajudar a acabar com o sofrimento de vocês! Vou fazer algumas perguntas e quero respostas ultra sinceras
– Vocês tem água encanada aqui?
O povão a uma só voz:
Não!
Vocês tem energia elétrica para iluminar suas casas?
O povão:
-Não
-Tem ruas calçadas ?
-Não!
Tem esgoto?
-Não!
Nenê Mamá não se conteve e soltou a frase lapidar da sua vida:
-E por que ‘oceis num muda daqui, cambada !”
Depois do comício, o PSD agradeceu a “colaboração” do Nenê e retirou-lhe a candidatura….
À propósito, Artur Teixeira, ganhou as eleições e foi prefeito por quatro anos…



Luiz Gonzaga de Oliveira

ANTIGAMENTE ELE ERA APENAS O MASSAGISTA

Antigamente ele era apenas o massagista. A figura do pombo correio, mensageiro das ordens do treinador ao jogador em campo, sempre ganhou destaque no chamado grupo “ dos que não jogam , simplesmente dirigem “. Massagista que não contava com a simpatia do treinador, tinha 2 alternativas;mudava de clube ou abandonava a profissão. O mais famoso dos massagistas brasileiros foi, inegavelmente, Mário Américo,ex-Portuguesa de Desportos e, depois, 20 anos de Vasco da Gama e bi-campeão mundial (58 e 62). Pelas nossas “bandas”, conheci 3 que fizeram história e se tornaram famosos: Tupy, Xin e Aldair Martins. Cada um na sua época. Só que, hoje, massagista mudou de nome. Não sei se em função da ampliação de suas atividades no departamento médico do clube ou se por esnobação ou frescura. Massagista, atualmente, é chamado de “enfermeiro”. È mais clássico. Dá mais “status”. Dos 3, pela singeleza, educação e humildade no trato pessoal, o que mais deixou saudade foi o Tupy. Veio para Uberaba pelas mãos do lendário treinador Dorival Knipell, o Yustrich, um dos mais famosos do Brasil e que treinou o Uberaba Sport. Tupy, ficou na terrinha o tempo que quiís. Certa ocasião, trabalhando com Hector Roberto Grita, um dos melhores treinadores que passaram pelo futebol local, Tupy e Grita, foram convidados pelo saudoso Anísio Cury, outra figura lendária do nosso esporte, a “tomar umas e outras” na “boite Luna”, da querida e sempre saudosa tia Lêda, eterna companheira do grande Anisio. . Excelente cozinheira, tia Lêda, ofereceu-lhes uma suculenta e apetitosa rãzada. Escolheu as mais gordinhas, tempero ao ponto, rã à passarinho, rã à milanesa, além da tradicional cachacinha e muita cerveja. Tupy, afirmava, passara uma das melhores noites da sua vida boêmia. Uns 15 dias depois, terminado um treino do USC, Tupy puxa Grita pelo braço e cochichou no seu ouvido:”-Chefe, ‘guenta a mão, logo mais vamos ter nova rãzada”. Mais que depressa, Grita, liberou a moçada para chegar ao estádio, onde se alojavam sem hora marcada. Tupy esmerou naquela baciada. Comeram e beberam a fartar-se.Madrugada fatal ! Pouca sorte, de manhãzinha, Tupy e Grita, baixaram hospital. Bolotas vermelhas apareciam por todo o corpo. Um que vomita, o outro respondia…Um ia no vaso sanitário, o outro corria também. O que um queixava, o outro também. Foram ao desespero. O exame médico.dias depois, constatou:estavam literalmente intoxicados…Por quê? Tupy, não conhecendo e, muito menos sabendo diferenciar sapo de rã, matou todos os sapos que coaxavam no velho estádio “Boulanger Pucci” e adjacências…
Meus votos de feliz inicio de semana.


Luiz Gonzaga de Oliveira

PLANTA DA “VILLA CARLOS MACHADO”

Planta da “Villa Carlos Machado

Planta da “Villa Carlos Machado”, em 1892. Aparentemente, um novo loteamento em implantação logo acima da antiga estação e da linha férrea da Companhia Mogiana (inaugurada em 1889), que passava por onde é hoje a Rua Menelick de Carvalho. Os prédios da estação aparecem na parte inferior esquerda da planta.

Comparando a planta da época com um mapa atual das ruas, percebe-se que muitas delas mudaram de nome. O nome “Rua Cazuza” mudou de uma rua paralela da atual João Pinheiro para uma transversal, onde se encontra atualmente. E a “Praça da Boa Esperança” que se destaca no meio do loteamento, pelo visto, foi uma esperança que não se concretizou.

Nos anos 1950, a ferrovia foi afastada do centro da cidade e transferida para o lugar atual, depois da Villa Carlos Machado.


Do acervo do Arquivo Público Mineiro.


André Borges Lopes


Cidade de Uberaba

INAUGURAÇÃO DO ASFALTO NA ENTÃO RODOVIA ESTADUAL MG-177 ENTRE UBERABA E A PONTE DELTA-IGARAPAVA

Ponte Delta-Igarapava, em setembro de 1960

Inauguração do asfalto na então rodovia estadual MG-177 entre Uberaba e a ponte Delta-Igarapava, em setembro de 1960, uma velha reivindicação dos uberabenses. Esse trecho foi mais tarde federalizado, como parte da BR-050, que segue até Brasília.
Posando na ponte para a foto, da esquerda para a direita: Dr. Jorge Furtado (prefeito de Uberaba); Bias Fortes (governador de Minas), Eng. Randolpho Trindade (diretor do DER-MG) e Carlos Delamare (diretor da Comércio e Engenharia Minerva, empresa responsável pelas obras).
Foto da revista “O Cruzeiro”, edição de 08/10/1962
(André Borges Lopes‎)

A “VELHA GUARDA” DA POLÍTICA UBERABENSE

Espero que tenham passado uma alegre noite de passagem de ano.Merecem.Hoje, uma historinha política-familiar. A “velha guarda” da política uberabense, Décadas de 50|60, era dominada pelo PSD “veio de guerra”, conforme afirmavam seus dirigentes. “Pululavam “ estrelas do pessedismo, João Laterza, José Soares Bilharinho.Álvaro Barra Pontes, Mizael Borges. Lauro Fontoura, Antônio Sabino de Freitas, Artur Teixeira, João Henrique Vieira da Silva e, como presidente, o “coronel” Ranulfo Borges do Nascimento. Na UDN, nomes famosos também se pontificavam :José Humberto Rodrigues da Cunha, seus irmãos Celso e João Gilberto, Randolfo Borges Júnior, Bruno Oliveira Júnior e outros mais. No PTB, Mário Palmério, Hélio Angotti, Ivo Monti. Roberval Alcebíades Ferreira, Silvério Cartafina Filho, Jorge Furtado, eram as principais figuras. No PSP, Boulanger Pucci, Antônio Próspero, José Pedro Fernandes e Antônio Alberto de Oliveira, os principais nomes. Conciliador, matreirice política mineira, o PSD, mandava no Brasil. JK. Benedito Valadares, Tancredo Neves, Alkimin, Otacilio Negrão de Lima, eram os donos da República. Em Uberaba não se fazia nada, sem consultar o “coronel” Ranulfo… O filho, Joaquim Roberto Leão Borges, foi deputado estadual enquanto quis. As 2 filhas moravam nos EE.UU. e pouco vinham a cidade.Quando vinham visitar os pais, era um tormento.Era um tal de “papi”,”mami”, “boy”, “friend”, encabulando o velho Ranulfo. Não acostumado ao “modus vivendi” das filhas, não entendia nada do seu linguajar. Certa tarde, refastelado na sua poltrona favorita na casa onde morava à praça Santa Terezinha, cigarro de palha no canto da boca, pensando no comício de amanhã, uma das filhas, toda alegre, acerca-se do pai e, em tom carinhoso, pergunta: -“Papi whos Ellen?” Ele não entendeu nadica. A filha falou em portugês:- “onde está a Helena?” O “Coronel” apenas pigarreou:”saiu com a kit” ,
Quem não entendeu foi a filha –“que kit,papi?” . Ranulfo , levantou a perna da cadeira, deu uma bela baforada no inseparável cigarro de palha e respondeu;” A que ti pariu,filha”. E continua a matutar no comício que o PSD realizaria no outro dia na praça das “promessas”…

Luiz Gonzaga de Oliveira

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

CEL. TOBIAS ANTÔNIO ROSA – PROPRIETÁRIO DO JORNAL GAZETA DE UBERABA DE 1879 A 1915

 Cel. Tobias Antônio Rosa


O ex-prefeito de Uberaba Arnaldo Rosa Prata assina hoje – 10 de abril, no gabinete do prefeito Paulo Piau, o termo de empréstimo do acervo do jornal de sua propriedade, o “Gazeta de Uberaba”, para que a Superintendência de Arquivo Público possa digitalizá-lo.
Arnaldo Rosa Prata é neto de um dos antigos proprietários do jornal, o Cel. Tobias Antônio Rosa. O “Gazeta de Uberaba” circulou de 1879 a 1915 e foi o primeiro jornal no município veiculado diariamente.
A digitalização deste acervo será mais uma realização do projeto “Hemeroteca Digital”, uma parceria da Superintendência de Arquivo Público, de Uberaba – SAP com o Arquivo Público Mineiro – APM e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG.
 O projeto tem por finalidade disponibilizar para consulta pública os principais acervos jornalísticos da região do Triângulo Mineiro. Para isso, está sendo desenvolvido um site na internet pela Codiub, empresa que administra os recursos de tecnologia da informação do município e a Superintendência de Arquivo Público. Em breve todos terão acesso a esse riquíssimo universo de informações de nossa história!
Fonte: Arquivo Público de Uberaba

UBERABA BOM!




Autor do Samba Tercio Guimarães
Uberaba bom, bom
Do meu coração, bom
És a princesa mais formosa do sertão.
Boa cidade mineira
Que tem a graça faceira
Das moreninhas mimosas
Que pisam no teu chão.
Oh, Uberaba,
Das sete colinas,
Da zona de gado,
Rica e mais fina.
Lá no Triângulo Mineiro,
Pedaço bem brasileiro,
Seu povo fez tradição
Desde D. Pedro I
Oh, Uberaba, princesa
Do tempo da realeza
Carregando na vida
Um passado de glória
De rara beleza.
Lá, laiá laiá laiá laiá.
Uberaba bom!
História da música:
“Em 1956, Tercio Palmerston Guimarães e Lêda Gloriette Borges Cunha Palmerston conheceram-se no Bar Bambu, em Goiânia, cidade onde Lêda foi fazer um recital de poesia. Tercio foi encontrar-se com os amigos e tocar seu violão e foi apresentado a Lêda naquele dia. Logo depois, começaram o namoro e quando Tercio foi conhecer Uberaba, a cidade onde moravam os pais da futura noiva, ele quis fazer uma homenagem a ela e à cidade. Casaram-se em 1957 e moraram no Rio de Janeiro até o ano de 2008.”
Editado por Uberaba em Fotos
(Jornalista Virgínia Borges Palmerston filha, do autor.)


UBERABA SEMPRE TEVE FAMA DE CIDADE BOÊMIA

O episódio aconteceu a uns 40 anos, mais ou menos. Mais prá mais que prá menos. Uberaba sempre teve fama de cidade boêmia, alegre, responsável por grandes programas de homens casados e (i)responsáveis. Era só a família viajar e a freqüência das “casas” da Deide, Lêda, Carolina, “Dentinho de Ouro”, Cida, Ivete. Sônia, Vailda e outras menos votadas, fazer a alegria e movimento das supra citadas. Mocinhas bonitas do “fundão” do Triângulo, Goiás e Mato Grosso, virem para Uberaba atraídas pela fama de cidade rica para “fazer a vida”, era usual. “Gente nova na praça”, família em férias, dinheiro no bolso, a alegria da “homaiada casada” era geral. Bertolino, gerente de banco, reuniu os amigos e foi prá noite. Bebeu, comeu, dançou, brincou, trepou, divertiu a valer. Em sua homenagem, Zenilda, nada lhe cobrou. Nada, “modus in rebus”,dizia um amigo meu, queria apenas um pequeno empréstimo no banco onde ele era gerente. – “Empresto sim. Vai lá amanhã”, sorriu. Zenilda, no outro dia, mal esperou o banco abrir. Roupa discreta, sem pintura, lenço nos cabelos, sandália “rasteirinha”, humildemente, senta-se frente do gerente. Sem graça, camisa engomada, gravata discreta, sério, cumprimenta-a formalmente, abre a gaveta e mostra-lhe um telegrama da matriz do banco, suspendendo a carteira de empréstimos. – “Sinto muito”, lamentou. Decepcionada e abatida, volta prá casa. Em lá chegando, colocou em prática a vingança. Dias depois, voltou ao banco. Cabelos produzidos em salão de beleza, rosto maquiado, lábios borrocados de um reluzente batom vermelho, sapatos salto alto, mini saia provocante que deixava à mostra suas lisas e roliças coxas.”bustiê” super generoso, destacando parte dos fartos seios e……uma nota fiscal às mãos. Lá no fundo, Bertolino, pálido, quase gelado, assiste a cena. Zenilda, sem se perturbar, vai direto ao caixa e pede:- “Por favor, pague-me esta nota. Foi despesa do gerente lá em casa, anteontem, com uma das minhas “Camélias”. Vanderlino, o caixa, foi direto ao gerente. O “visto, pague-se”. Saiu em segundos. Dinheiro na bolsa à tiracolo,Zenilda olhou o gerente, deu-lhe uma piscadinha marota, num rebolado provocativo, deixou a agência, Sem olha prá trás.

Juram os amigos do Bertolino que, querer pé de briga é chamar o gerente para ir na “zona”.


Luiz Gonzaga de Oliveira

UM ARCEBISPO E DOIS GENERAIS

Em 1964, um de meus irmãos trabalhava na Sudene, em Recife. O diretor daquela famosa instituição era o Dr. Celso Furtado, economista de nome internacional e autor de vários livros. Como analisava a realidade brasileira em seus aspectos de injustiças e miséria do povo, era rotulado como comunista. Isto, na lógica dos militares e das classes dominantes e reacionárias. Acontece que meu irmão era da equipe de Celso Furtado, por isso foi preso para um posterior julgamento. Depois de quatro meses ficamos sabendo dos acontecimentos e minha mãe entrou em pane.

Fui, então, escolhido para ir a Recife tentar a soltura de meu irmão. A chefia do Serviço Secreto de Informações do Exército estava nas mãos do Coronel Ibiapina, homem duro e sem diálogo. Era apelidado de “o terror do Nordeste”.  Fui procurá-lo, expliquei meu caso, o problema de minha mãe já velha e que vinha a Recife ver se conseguia uma indulgência. O Coronel respondeu friamente: “Seu irmão é comunista e ficará preso até o julgamento”. Por sorte, deu-me permissão pela vê-lo uma vez por semana.

No dia determinado fui ao Quartel. Trouxeram meu irmão até mim, escoltado por dois militares armados de fuzil e baioneta. Estava macérrimo e estranhamente descorado. Dei a ele notícias de casa, de todos. Quanto a ele, quase nada me disse de fundamental, temendo a vigilância grudada entre nós dois.

Comecei a procurar pessoas de influência, tentando ajuda. Fui à residência do Arcebispo de Recife, Dom Helder Câmara. Disse-me que pessoalmente era mal-visto pelos militares. Sugeriu-me procurar o General Muricy. Segundo o Arcebispo, esse general era casado com uma senhora muito religiosa e militante de Igreja. Quem sabe? Muricy recebeu-me educadamente, sem alterar a voz, mas com a afirmação de que nada poderia fazer. Aconselhou-me a procurar o General Bandeira. Este recebeu-me de pijamas, em seu quarto de hotel. Contei-lhe minha história. Começou a chorar (sic), dizendo que nada podia fazer, tinha um filho preso, também acusado de comunista.

Diante dos fatos, decidi voltar para Uberaba. Antes de partir, fui ao Bairro Casa Amarela. Queria ver uma famosa criação de colibris do jornalista Assis Chateaubriand, a maior e melhor do Brasil. Realmente, era de se tirar o chapéu.

Na volta, vi uma casa de dois andares com a inscrição: Casa Leão XIII, residência dos padres idosos. Desci do ônibus e fui ver, de perto, aquela instituição. Conversando com vários padres, todos muito simpáticos, contei minha história. Um deles deu-me a seguinte informação: “Você não vai conseguir nada com as autoridades. Só há uma possibilidade, muito longínqua. Reside aqui um padre espanhol, muito amigo do Ibiapina. Todos os domingos eles se reúnem na Igreja, pois são da Sociedade de São Vicente. Esse padre vem para o almoço. Não deve demorar.” De fato, quinze minutos depois eu já estava conversando com ele. Era um padre  miudinho, de fala mansa, um pinguinho de gente. Ao vê-lo, pensei: Estou perdendo tempo com esse velhinho… Pelo sim ou pelo não, contei a ele a minha história. Ele ouviu com carinho e disse que ia conversar com a fera.

Na segunda-feira, voltei ao Quartel. O Coronel Ibiapina não me recebeu, mas deixou-me um bilhete na portaria: “Padre Prata, pode voltar para Uberaba. Diga à sua mãe que seu irmão será libertado na próxima quarta-feira. Garanto-lhe. Coronel Ibiapina.” E assim aconteceu.

É assim na vida: uma informação certa vale mais que um arcebispo e dois generais.

Padre Prata