terça-feira, 3 de janeiro de 2017

“ZÉ GORDO”

O nome de batismo pouca gente sabe, mas, se falar “Zé Gordo”, toda a fazendeirada da região conhece. “Zé Gordo! Trabalhou, praticamente, para quase todos os donos de terras entre Uberaba e Uberlândia. Depois de um assassinato na região, foi esconder-se na fazenda de m uberabense lá para os lados de Mato Grosso, o do sul. confesso que, hoje, não sei se está vivo ou morto. A fama de bom peão sempre o acompanhou. Ligeiramente obeso,era de uma agilidade fora do comum. Excelente tirador de leite, vaqueiro de primeira, entendia de tudo no campo. Asseado, corajoso, amansava burro bravo de fazer inveja. Tinha um “olho” espetacular. As cercas que alinhava e construía, era uma verdadeira linha reta, tamanha a precisão de um poste ao outro… Caseiro excelente, o quintal tanto da sede da fazenda, quanto da casinha que morava, era um “brinco”. Curral nos trinques, arreata dos animais sempre organizadas, vacinação do gado em dia, “Zé Gordo” era o peão que todo fazendeiro queria ter.Era casado com a Ritinha, menina nova, boa de serviço, morena clara, limpa, perfumada, nem alta nem baixa, corpo bem feito, cintura fina, cabelos bem arrumados, olhar matreiro, era, também a cobiça dos patrões. Na fazenda que estava trabalhando, à direita do córrego Laranjeiras, antes de chegar no Tijuco, o fazendeiro estava de “olho comprido” na mulher do “Zé Gordo”. Virava e mexia, levava “agrados” para a mulher do vaqueiro, “Zé Gordo”, além de bom vaqueiro, era melhor na pontaria de um “38”. Estava na região depois de “aprontar” em Goiás. Certa tarde, depois de ir à fazenda, o fazendeiro viu “Zé Gordo”, parado, na porteira da entrada da fazenda.-“Pronto, será que ele descobriu?”, pensou. O empregado abriu a porteira e foi logo dizendo:- Patrão, tenho um assunto sério a tratar com o senhor”. Gelado, mãos trêmulas, o patrão respondeu:-“Agora não, Zé. Tenho uma reunião política em Uberaba e já estou atrasado”. Acelerou a caminhonete e se mandou. Ficou uns dois meses sem ir à fazenda. Depois de insistentes chamados de “Zé Gordo”, voltou no que era seu. Aquele cafezinho de sempre, o casal sempre amável, o marido foi trabalhar. A Ritinha , dengosa, só sorrisos. Deu pressa de ir embora. Lá em cima, na porteira, à esperá-lo, “Zé Gordo”. –“É hoje, Vou ter que enfrentá-lo”, pensou o fazendeiro. “Zé Gordo”, com a mesma conversa:- “Patrão, o assunto é sério. Tem que ser agora”. O fazendeiro ( seria um Borges?), tremendo dos pés à cabeça, respondeu:- “Desembucha, Zé. O que ta acontecendo?”. “Zé Gordo”, olhos vidrados , não se conteve: – Patrão, é grave. A Ritinha ta traindo nóis dois”…

Luiz Gonzaga de Oliveira