domingo, 15 de agosto de 2021
VALLIM, REZENDE E GUIMARÃES - LAÇOS FAMILIARES
terça-feira, 10 de agosto de 2021
SANTINO GOMES DE MATOS
Maquinaria ou Maquinário?. Duas palavras iguais, com o mesmo sentido. O dicionário Michaelis registra que uma é sinônimo de outra.
Na década de 1960 dois grandes estudiosos da Língua Portuguesa, brilhantes e invejáveis intelectuais portadores de riquíssimos currículos com diplomas em PHD mantiveram, por um longo período, um embate por meio da imprensa por divergirem na interpretação deste vocábulo.
Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, então bispo metropolitano da Diocese de Uberaba, reconhecido como um dos expoentes da cultura brasileira, com formação eclesiástica e considerado como o maior orador do clero brasileiro, ao escrever a palavra maquinário em um de seus artigos publicados pelo Correio Católico, teve a contestação de Santino Gomes de Matos, um dos raros intelectuais que ainda poderia ser encontrado no interior do país.
Com uma vasta formação acadêmica Professor Santino possuía profundos conhecimentos de Linguística, Filologia, Literatura e Português o que o transformavam em Mestre da Língua Portuguesa.
Enquanto Don Alexandre se expressava pelo jornal que ele mesmo fundou, Santino Gomes de Matos fazia suas réplicas e tréplicas por meio das páginas do Jornal Lavoura e Comércio.
Foram meses de embates, mas foram também aulas valiosíssimas proporcionada pelos dois gigantes da Língua Portuguesa para os leitores que, embora divididos em suas opiniões, acompanhavam extasiados o desenrolar da contenda literária.
Não havia animosidade pessoal nesta diferença de interpretação. Afinal o Professor Santino Gomes de Matos, na época, lecionava na FISTA, faculdade que teve sua criação estimulada por Don Alexandre.
E quem era este ‘ousado’ professor? Santino Gomes de Matos, nascido em 1º de março de 1908 na cidade de Icó, Ceará, já demonstrava sua genialidade desde criança pois aos 4 anos de idade já conseguia ler corretamente. Aos 7 anos já era responsável por 3 alunos da escola de seu pai.
Sua vocação para o magistério o fez professor em Crato, (CE) e Ribeirão Preto (SP).
Chegou a Uberaba em 1935 a convite de amigos para ser redator-chefe do jornal “Gazeta de Uberaba”, cargo que ocupou até 1939, época em que foi contratado pelo Lavoura e Comércio ali permanecendo até 1948.
Desta data em diante se dedicou exclusivamente ao magistério sem perder o vínculo com o Jornal Lavoura onde, semanalmente, publicava uma coluna sobre filologia e gramática e, posteriormente, uma coluna intitulada “Cupim, Barbela e Gavião” incentivando a vocação uberabense para o aprimoramento da raça zebuína.
Era também correspondente do Jornal o “Estado de São Paulo” onde registrava os fatos importantes que ocorriam na região.
Mas foi na área educacional que o Santino Gomes de Matos mais se destacou. Professor de português, francês, inglês e latim, lecionava na Escola Normal, (hoje, Colégio Estadual Castelo Branco) e foi o primeiro diretor do Colégio Dr. José Ferreira. Foi um dos fundadores da Faculdade de Filosofia Santo Tomás de Aquino (FISTA) e professor da Língua Portuguesa e de Filologia Romântica.
Para um erudito que traduzia até as línguas mortas, Grego e Latim e as neolatinas, Francês, Italiano e Espanhol, Santino Gomes de Matos foi um dos primeiros convidados a participar da fundação da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ocupando a Cadeira n. 2.
Poeta e prosador surpreendeu a todos pela qualidade literária de sua obra – o conto “Flagrantes ao Sol do Norte” e os poemas “Procissão de Encontros”, “Céu Deposto” e “Oração dos Humildes”. Este último mereceu um artigo especial no jornal “Lavoura e Comércio” em março de 1940, data em que completava 32 anos de idade, ao relatar que é uma obra prima em duas áreas, Prosa e Poesia.
No setor Filológico, a obra “O Inferno Divertido da Análise Sintática” foi editado pela imprensa oficial do Estado de Minas Gerais. O conjunto de sua primorosa obra o levou para a Academia Municipalista de Letras de Belo Horizonte.
Para colocar um ponto final na polêmica mantida com Dom Alexandre, escreveu o livro “Porque Maquinaria e Nunca Maquinário.”
Maria Isabel, a filha que deu continuidade aos estudos da Língua Portuguesa iniciados com seu pai, nos conta que vários dos poemas do Professor Santino fizeram, e continuam fazendo, “curso na admiração de leitores de Uberaba e de todo o Brasil, pois as edições de seus livros esgotaram-se rapidamente, solicitadas por livrarias de vários pontos do território nacional. Os seus livros de poemas ou de prosa são verdadeiras mensagens de um talento de escol, dirigidas a todos, especialmente aos que precisam de uma palavra de alento e de estimulo”.
Diversos contos de sua autoria foram premiados em concursos promovidos em São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, destacando-se “Fome”, “As Calças do Defunto” e “Mr. Severaine”.
Santino Gomes de Matos era funcionário público lotado no IBGE, chefe da Agência Modelo, cargo pelo qual aposentou. Chegou a ser promovido, mas com a condição de se mudar de Uberaba. A única forma de evitar sua transferência, mesmo com acenos de rendimentos muito maiores, foi a de se candidatar para uma cadeira na Câmara Municipal de Uberaba. Nas eleições de 1962 mostrou seu prestígio ao ser eleito como o vereador mais votado. Seu amor por Uberaba falou mais alto do que a majoração de seu salário.
Santino Gomes de Matos faleceu em 14 de outubro de 1975 aos 67 anos de idade. Era casado com Ione Passaglia Gomes de Matos, professora e escritora e tiveram três filhos: Cleômenes, (falecido), Evandro (médico) e Maria Isabel, funcionária da ALMG e professora de Língua Portuguesa em Belo Horizonte.
Fica na memória de todos a imagem de um homem íntegro, um intelectual que contribuiu sobremaneira com a imprensa e a educação em Uberaba, que está intrinsicamente ligado à cultura da cidade, e que deixou seu rastro de saudades em todas as entidades, imprensa, escolas e faculdades, por onde o grande Jornalista, Poeta, Prosador, Escritor e Mestre da Língua Portuguesa, passou.
Gilberto Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Fontes – Maria Isabel Gomes de Matos
Uberaba em Fotos.
quarta-feira, 4 de agosto de 2021
NICODEMOS
Adeus grande violeiro. Adeus companheiro. Vá com Deus, mas você deixa muitas saudades. Quantas encontros em que até as luzes dos terreiros brilhavam mais quando você entoava sua viola na Casa do Folclore. Foram incontáveis encontros em mais de trinta anos de admiração pelo seu talento.
Às vezes você vinha acompanhado de seu parceiro Odair. Às vezes, sozinho, você solava, cantava e encantava com seus preciosos acordes e sua bonita e potente voz, interpretando Tião Carreiro e outros ídolos sertanejos.
Você era violeiro, professor, amigo e conselheiro frente aos seus alunos da Escola de Viola que por mim foi criada na Fundação Cultural de Uberaba e que, por muitos e muitos anos você emprestou seu prestigiou para maior glória da Escola de Violas Gaspar Corrêa.
E o que dizer da Orquestra de Violas de Ouro, que você criou? Você era o violeiro, era o maestro, era o cantador, era a alma do conjunto onde, sob sua batuta, alunos reproduziam com muito entusiasmo tudo aquilo que seu mestre ensinou. Foram mais de 300 apresentações em que o público vibrava com o requinte das vozes e o tanger das violas. Uberaba e toda região vão guardar na lembrança, com muito carinho e com muitas saudades, os repetidos e entusiasmados aplausos destas apresentações.
Não dá para esquecer que você, por longo tempo, foi também um grande comunicador que prestigiou, em seus programas de TV, duplas de violeiros de todos os rincões. Vinham para mostrar sua arte. Muitos vinham para aprender.
Que momentos memoráveis ao se lembrar do toque de sua viola para que sua filha Nathaly pudesse dançar balé em companhia do maior catireiro que o Brasil já conheceu, Romeu Borges.
Nicodemos, todos nós seus amigos e companheiros, admiradores, parceiros e familiares, custa a acreditar que você já não está mais entre nós. Certamente está entre os amigos que já partiram primeiro, preparando sua chegada para que a viola nunca possa parar de tinir, nem na terra e nem no Céu.
Um dia, certamente, todos nós vamos nos reunir e aí voltaremos a bater palmas para o grande artista a quem todos chamavam de NICODEMOS.
Gilberto de Andrade Rezende – Ex-Presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.domingo, 25 de julho de 2021
ARLINDO DE CARVALHO
quarta-feira, 21 de julho de 2021
DR. SÍLVIO PONTES PRATA.
sexta-feira, 25 de junho de 2021
Baile do Cowboy no Jockey
E o Baile do cowboy já teve Reggae. Lembra? Sabia?
Como diretor social do Jockey na gestão do Delcides, trouxe um “tal” de Leandro & Leonardo para o Baile do Cowboy. Isso em 1992. O sertanejo, que nem tocava em rádio FM, prometia. Apostamos neles e foi um sucesso. Camarote nem existia. Inventei essa coisa e foi um tremendo sucesso. Qual festa grande no Brasil não tem camarote? “Viralizou”. Bom, o ano de 1993 chegou e eu virei presidente do Jockey. Por incrível que pareça, o sertanejo naquele ano deu uma caída. O Reggae estava tocando muito. Não tive dúvidas. Contratei o Jamaicano JIMMY CLIFF. O sucesso foi muito grande.
Uma passagem que não me esqueço foi quando o Mário Sérgio Borges ( Marreco), uberabense que estava morando em Goiânia, me chamou num canto e me disse: Zé, vim de Goiânia para te prestigiar e conhecer essa dupla. Eu fui logo perguntando. Que dupla Marreco? Ele, com um humor invejável, foi logo respondendo: uê, o Jimmy e o Cliff.
Choramos de rir. O Baile do Cowboy de lá pra cá nunca deixou de ser o palco dos sertanejos e uma das principais festas do Brasil.
José Renato Gomes
Ex-diretor Social do Jockey Clube de Uberaba
Bandido da Cartocheira.
LEMBRANÇAS DE COBERTURAS JORNALÍSTICAS: SERIAL KILLER
segunda-feira, 21 de junho de 2021
AURÉLIO LUIZ DA COSTA
As vendas corresponderam ao preço do prêmio, um carro zero km Aero-Willis. Apurado o resultado, a sorte finalmente sorriu para a Entidade, concedendo-lhe a premiação.
Este dinheiro era necessário para cobrir os custos finais de implantação da torre de transmissão da TV TUPI que, de Buritizal, SP, jogaria o sinal para Uberaba.
Era o remate de uma epopeia que se iniciou quando a TUPI, a pioneira da TV no Brasil, criada em 1950, passou a se expandir na década de 1960, para o interior de São Paulo.
As tratativas iniciais para trazer o sinal para Uberaba começaram na gestão de Mário Grande Pousa na ACIU (1961/1962), tendo como auxiliares diretos nesta empreitada, entre outros, os seus diretores José Sexto Batista de Andrade, Aurélio Luiz da Costa, Lincoln Borges de Carvalho, Gilberto Rezende e Mário Salvador.
Grande parte dos entusiastas deste processo firmaram compromissos de apoio mediante a promessa de pagamentos em parcelas para cobertura das despesas. Todavia, muitos não puderam resgatar seus compromissos.
A responsabilidade dos custos remanescentes recaiu sobre a gestão de Aurélio Luiz da Costa (1963). Desavenças que a poeira do tempo apagou, reduziu para oito o número de diretores da Entidade. Mesmo assim, novos personagens se juntaram nesta empreitada, entre outros, Benedito Jorge, Zito Sabino de Freitas, Jorge Dib Neto, Ronaldo Benedito Cunha Campos e José Leal do Alemão.
Não foi nada fácil para a diretoria da ACIU concretizar o compromisso assumido com a comunidade. Recursos e pessoal escasso, todavia, não foi capaz de aquebrantar o espírito de luta do presidente Aurélio. Dezenas de viagens a São Paulo, busca de apoio com o deputado estadual José Marcus Cherém em Belo Horizonte e por fim, o resultado de uma rifa, deu a ele e a sua diretoria, o troféu de “Vencedor”.
O pequeno e improvisado estúdio foi implantado no final da Rua Artur Machado. Os remates ficaram por conta da diretoria de Leo Derenusson (1964/1965) para que, finalmente, na gestão de Edson Simonetti, (1966/1967), a cidade contasse com a programação da TV Tupi.
Uma nova era foi inaugurada com a implantação da TV em Uberaba. Novos pilares econômicos foram se assentando. Lojas se abriram para o comércio de aparelhos de televisão e de antenas; novos profissionais para oficinas de reparos e novas profissões vinculadas às áreas artísticas e de comunicação. Um mundo novo e deslumbrante de fantasias se apresentou na cidade que só conhecia o rádio. A paixão pela novidade foi retumbante.
Apesar do tempo dedicado à missão TV, outras questões mereceram a atenção da ACIU na gestão do Aurélio. Foi neste período que a Entidade participou da elaboração do Código Tributário Municipal.
A UNASBA-União das Associações e Sindicatos de Uberaba, criada a cerca de uma década, tinha Aurélio na presidência neste período, contribuindo assim com a ACIU, na luta para o asfaltamento de Uberaba/Belo Horizonte (BR 262) e Uberaba/Uberlândia (BR 50) bem como para a campanha de canalização dos córregos.
Aurélio foi o maior acionista individual do Banco do Triângulo, criado por Fidélis Reis e que posteriormente foi encampado pelo Banco Nacional de Magalhães Pinto e que, por sua vez, foi encampado pelo Banco da Lavoura, virou Banco Real e hoje é Santander.
Uma de suas atividades era o comercio de madeiras, inicialmente na Praça Frei Eugênio com a empresa “Madeireira Triângulo”, posteriormente transferida para a Rua Capitão Manoel Prata.
Foi também diretor da empresa estatal FRIMISA - Frigorífico de Minas Gerais, localizada onde se encontra hoje as instalações do Frigorífico Boi Bravo.
Dotado de espírito comunitário, Aurélio fez diversas doações de terrenos para instituições de caridade e escolas municipais e estaduais, entre estas, a da Abadia e do Jardim Induberaba.
Sua morte prematura em 25 de dezembro de 1965, aos 34 anos de idade, deixou inconsolável sua esposa Ivani Amaral Costa e seus quatro filhos Marco Aurélio, Aurélio Jr., Márcia e Márcio (Budú)
Aurélio Luiz da Costa é hoje nome de uma Praça de Uberaba localizada no bairro de São Benedito. É também nome da Escola Estadual localizada no Jardim Induberaba. É saudade de seus amigos e familiares. É exemplo de luta extremada na defesa dos interesses de Uberaba. É história que jamais poderá ser esquecida.
Gilberto de Andrade Rezende.
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.
Fontes;
ACIU –
Mário Salvador –
Marco Aurélio Luiz da Costa.
TURFA – UM ESTUDO DE SUA POTENCIALIDADE ENERGETICA
DOM ALEXANDRE GONÇALVES DO AMARAL.
ANTÔNIO MARTINS FONTOURA BORGES
Guido Bilharinho – Livro - Uberaba Dois Séculos De História – Volume II;
Firmino Libório Leal – Artigo - Antônio Martins Fontoura Borges “Toniquinho”. Uma página esquecida na história de Conquista;
Superintendência do Arquivo Público de Uberaba;
Jornal da Manhã;
Museu do Zebu – livreto - Fazendas de criação do Triângulo Mineiro;
Carla Mendes Bruno Brady e Randolfo Borges Filho – livro A epopeia dos Borges;
Claudia Marun Mascarenhas Martins – Tese - As empresas do grupo Mascarenhas e o desenvolvimento de sociedades anônimas.
REYNALDO DE MELO REZENDE.
Velharias e velhacarias
A propósito de um aniversário
Uberaba está em todas` também com Paulo Mesquita
HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA
domingo, 20 de junho de 2021
POETAS DO TRIGO
“Os poetas com a pureza que têm n’alma, sempre são chamados a expressar seus versos nos momentos cruciais da humanidade”. Não me lembro qual foi o feliz autor da frase acima, porém que é verdade não tenhamos a menor dúvida.
No dia 17/06/2021, tive a honra de, representando a Academia de Letras do Triângulo Mineiro, integrar a Comissão Julgadora do Concurso de Poesias “Pão nosso de Cada Dia: POETAS DO TRIGO”, promovido pela Secretaria de Educação de Uberaba/ FIEMG Social e Sindicato das Panificadoras. Concorreram cerca de 120 alunos adolescentes da Rede Municipal de Ensino.
Quatro concorrentes sagraram-se vencedores! Desnecessário é pontuar que: fica patente o quanto a juventude tem a oferecer nesse momento delicado -pandemia-pelo qual está passando a humanidade.
Versos extraídos do coração, formam poesias, rimadas ou não, que penetram nos arcanos da sensibilidade muito além do alcance da mão... Rimou? Não era esta a intenção.
Nós os jurados ficamos deslumbrados com o talento dos jovens, ao construírem poesias (autênticas obras de arte),
que nos levaram às lágrimas. O PÃO, primoroso alimento, foi o foco. Impressionante foi o valor expresso pelos jovens ao trigo, ao pão, ao padeiro, etc., que muitas vezes não lhes damos a importância merecida...
Que venham outros Concursos!
A Academia apoiará sempre.
João Eurípedes Sabino.
Presidente da ALTM.
Uberaba, 20/06/2021.
Obs: breve divulgaremos os nomes dos vencedores e seus poemas.