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segunda-feira, 21 de junho de 2021

AURÉLIO LUIZ DA COSTA

“Olhe a sorte”. Esta era a abordagem dos empolgados diretores da ACIU, travestidos de vendedores de rifa junto aos transeuntes de Uberaba naqueles dias de dezembro, próximos do Natal de 1963. Mil bilhetes numerados estavam à venda sob a responsabilidade da diretoria de Aurélio Luiz da Costa.
As vendas corresponderam ao preço do prêmio, um carro zero km Aero-Willis. Apurado o resultado, a sorte finalmente sorriu para a Entidade, concedendo-lhe a premiação.

Este dinheiro era necessário para cobrir os custos finais de implantação da torre de transmissão da TV TUPI que, de Buritizal, SP, jogaria o sinal para Uberaba.

Era o remate de uma epopeia que se iniciou quando a TUPI, a pioneira da TV no Brasil, criada em 1950, passou a se expandir na década de 1960, para o interior de São Paulo.

As tratativas iniciais para trazer o sinal para Uberaba começaram na gestão de Mário Grande Pousa na ACIU (1961/1962), tendo como auxiliares diretos nesta empreitada, entre outros, os seus diretores José Sexto Batista de Andrade, Aurélio Luiz da Costa, Lincoln Borges de Carvalho, Gilberto Rezende e Mário Salvador.

Grande parte dos entusiastas deste processo firmaram compromissos de apoio mediante a promessa de pagamentos em parcelas para cobertura das despesas. Todavia, muitos não puderam resgatar seus compromissos.

A responsabilidade dos custos remanescentes recaiu sobre a gestão de Aurélio Luiz da Costa (1963). Desavenças que a poeira do tempo apagou, reduziu para oito o número de diretores da Entidade. Mesmo assim, novos personagens se juntaram nesta empreitada, entre outros, Benedito Jorge, Zito Sabino de Freitas, Jorge Dib Neto, Ronaldo Benedito Cunha Campos e José Leal do Alemão.

Não foi nada fácil para a diretoria da ACIU concretizar o compromisso assumido com a comunidade. Recursos e pessoal escasso, todavia, não foi capaz de aquebrantar o espírito de luta do presidente Aurélio. Dezenas de viagens a São Paulo, busca de apoio com o deputado estadual José Marcus Cherém em Belo Horizonte e por fim, o resultado de uma rifa, deu a ele e a sua diretoria, o troféu de “Vencedor”.

O pequeno e improvisado estúdio foi implantado no final da Rua Artur Machado. Os remates ficaram por conta da diretoria de Leo Derenusson (1964/1965) para que, finalmente, na gestão de Edson Simonetti, (1966/1967), a cidade contasse com a programação da TV Tupi.
 
Uma nova era foi inaugurada com a implantação da TV em Uberaba. Novos pilares econômicos foram se assentando. Lojas se abriram para o comércio de aparelhos de televisão e de antenas; novos profissionais para oficinas de reparos e novas profissões vinculadas às áreas artísticas e de comunicação. Um mundo novo e deslumbrante de fantasias se apresentou na cidade que só conhecia o rádio. A paixão pela novidade foi retumbante.

Apesar do tempo dedicado à missão TV, outras questões mereceram a atenção da ACIU na gestão do Aurélio. Foi neste período que a Entidade participou da elaboração do Código Tributário Municipal.
A UNASBA-União das Associações e Sindicatos de Uberaba, criada a cerca de uma década, tinha Aurélio na presidência neste período, contribuindo assim com a ACIU, na luta para o asfaltamento de Uberaba/Belo Horizonte (BR 262) e Uberaba/Uberlândia (BR 50) bem como para a campanha de canalização dos córregos.
Aurélio foi o maior acionista individual do Banco do Triângulo, criado por Fidélis Reis e que posteriormente foi encampado pelo Banco Nacional de Magalhães Pinto e que, por sua vez, foi encampado pelo Banco da Lavoura, virou Banco Real e hoje é Santander.

Uma de suas atividades era o comercio de madeiras, inicialmente na Praça Frei Eugênio com a empresa “Madeireira Triângulo”, posteriormente transferida para a Rua Capitão Manoel Prata.
Foi também diretor da empresa estatal FRIMISA - Frigorífico de Minas Gerais, localizada onde se encontra hoje as instalações do Frigorífico Boi Bravo.

Dotado de espírito comunitário, Aurélio fez diversas doações de terrenos para instituições de caridade e escolas municipais e estaduais, entre estas, a da Abadia e do Jardim Induberaba.
 
Sua morte prematura em 25 de dezembro de 1965, aos 34 anos de idade, deixou inconsolável sua esposa Ivani Amaral Costa e seus quatro filhos Marco Aurélio, Aurélio Jr., Márcia e Márcio (Budú)
Aurélio Luiz da Costa é hoje nome de uma Praça de Uberaba localizada no bairro de São Benedito. É também nome da Escola Estadual localizada no Jardim Induberaba. É saudade de seus amigos e familiares. É exemplo de luta extremada na defesa dos interesses de Uberaba. É história que jamais poderá ser esquecida.


Gilberto de Andrade Rezende.
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.
Fontes;
ACIU –
Mário Salvador –
Marco Aurélio Luiz da Costa.

domingo, 3 de janeiro de 2021

Cidade

ENSAIOS TÉCNICOS UBERABENSES (VI)


GUERRA DO PARAGUAI

Não obstante Uberaba tenha participado diretamente da Guerra do Paraguai com a reunião e concentração na cidade, em 1865, das Forças Expedicionárias que invadiram o norte do Paraguai, do que resultou na ominosa Retirada da Laguna, ao que se sabe apenas o ensaio de JOSÉ MENDONÇA, “O Triângulo Mineiro de 1865 e o Visconde de Taunay” (1964), refere-se a esse acontecimento histórico e, assim mesmo, não diretamente, mas, para muito justamente defender Des Genettes das incompreensões do visconde em relação a essa importante personagem da História de Uberaba.

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Contudo, mesmo que não concernente a fato local, o advogado, romancista e contista JOÃO CUNHA publicou, sem indicação do ano da edição, mas em 1981, consoante a data da dedicatória, o livro “Guerra do Paraguai – Indiscrições de Um Soldado”, consistente em cartas de voluntário maranhense a um seu amigo, por sinal, pai da sogra de João Cunha, recipiendário dessa correspondência. Na primeira parte do livro, João Cunha disserta sobre o missivista e o destinatário, publicando, na segunda, por ordem cronológica, todo esse importante e significativo depoimento de quem participou dessa Guerra e sobre essa participação previdente e livremente depôs.


MEIO AMBIENTE

Acompanhando a crescente preocupação com o meio ambiente, alguns livros foram escritos por uberabense a respeito da momentosa questão.



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O professor JOSÉ HUMBERTO BARCELOS, em edição da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, publicou, em 1994, o livro “Uberaba, Meio Ambiente e Cidadania”, focalizando o processo educativo ambiental; localização e características do município; áreas verdes de preservação permanente; habitação; saneamento básico; atividades produtivas; legislação municipal e estadual sobre meio ambiente.



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Em 1997 foi publicado “Lendo e Recriando o Verde”, sob coordenação e redação geral da professora e escritora VÂNIA MARIA RESENDE e estudos sobre o cerrado e aspectos botânicos de ÉLCIO CAMPOS GÁRCIA, focalizando em bela e ilustrada edição, entre outros temas, educação e ecologia, paisagem urbana de Uberaba, reciprocidade entre o ser humano e o meio e áreas verdes na Univerdecidade.

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Em setembro de 2019 foi publicado o livro eletrônico no blog http://guidobilharinho.blogspot.com/, de nossa autoria, “Meio Ambiente e Patrimônio Arquitetônico”, no qual são expendidas considerações a respeito desses temas, questionando as tendências contemporâneas de transferir para os produtores e proprietários todos os ônus da preservação ambiental e de restrições e manutenção de imóveis tidos em geral equivocadamente como de excepcional valor arquitetônico.


ESTUDOS CINEMATOGRÁFICOS

Na década de 1950 iniciaram-se os estudos cinematográficos em Uberaba em reuniões de troca de ideias e diálogos de pequeno grupo de cinéfilos liderados pelo dominicano frei Raimundo Cintra. Em 1962 foi fundado o Cine Clube de Uberaba com projeções de filmes, debates, cursos, Bolsa de Cinema (avaliação mensal de filmes lançados na cidade) e seleção anual dos Dez Melhores Filmes projetados nos cinemas locais, além de artigos esparsos publicados no “Correio Católico” e eventuais cursos e palestras em colégios e faculdades.

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Porém, livros sobre cinema somente começaram a ser elaborados e editados de 1996 em diante, todos de nossa autoria, iniciados com “Cem Anos de Cinema” e “Cem Anos de Cinema Brasileiro”.

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Em 1999 começou a ser editada a coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica, a única coleção editorial brasileira do gênero, ainda em andamento, com 17 (dezessete) livros publicados em papel e 13 (treze) livros eletrônicos no blog https://guidobilharinho.blogspot.com/, abrangendo tanto a análise e avaliação de filmes brasileiros quanto estrangeiros, sendo o primeiro deles “O Cinema de Bergman, Fellini e Hitchcock” e, o mais recente, “O Cinema dos EE.UU. (I): Filmes Ótimos”.


MANIFESTAÇÕES POPULARES

Existem muitas diferenças entre Folias de Reis, Catira, Benzeções e Crendices, porém, forte elo as une, que é a cultura popular, em seu mais amplo sentido, onde ocorrem e vicejam, abrangendo, nesse amplexo, o Folclore.

Nessa linha de manifestações, vários livros foram publicados em Uberaba, dos quais aqui se registram os que se teve acesso.

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Em 1997, o Arquivo Público de Uberaba editou “Em Nome de Santos Reis, vol. I: Um Estudos Sobre Folias de Reis em Uberaba; vol. II: Os Números das Folias”, ambos sob a coordenação de SÔNIA MARIA FONTOURA e autoria dessa renomada pesquisadora e de LUÍS HENRIQUE CELULARE e FLÁVIO ARDUINI CANASSA. No primeiro volume expõem-se a história, a composição social, a organização ritual e o processo da Folia, além de outras considerações, incluindo-se capítulo sobre o futuro da Folia. O segundo volume apresenta levantamento do número de Folias existentes no município.

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Em 1998, o professor e pesquisador CARLOS PEDROSO publicou o livro “Cafubira e Vauranas”, em que expõe, analisa e explica crendices, benzeções e diferenças entre o benzedor, que não receita nem recomenda remédios, e o carimbamba, espécie de farmacêutico prático, lido no Chernoviz, concluindo, por fim, e revelando o propósito do livro, que constitui a necessidade de registrar a benzição porque ela vai desaparecendo aos poucos.

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Em 2003, o mesmo professor e pesquisador CARLOS PEDROSO publicou a obra “Folia de Reis – Folclore Encantado”, na qual se encontra, conforme expõe o prefaciador João Batista Domingos Filho, “explicação das mais profundas camadas da criação e da repetição de um padrão social de relacionamento da religiosidade com as demais instituições sociais”. 

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Já GILBERTO ANDRADE RESENDE, um dos maiores promotores culturais do país, publicou em 2004 o livro “Catira – A Poesia do Sertão”, composto de pesquisa, exposição e recuperação de textos de cantorias, modas e recortados de autoria principalmente de Manuel Rodrigues, mas também de Sinhô Borges, Antônio Augusto Soares Borges, Paulo José Curi, Manuel Teles José Barbosa e diversos outros.

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Com indenização e colaboração de texto de GILBERTO ANDRADE RESENDE e pesquisa e texto de LISETE RESENDE, foi publicada, em 2014, em primorosa edição, a obra “Catira – Uma Tradição de 450 Anos”, dividida em duas partes: Catira (origem, estrutura musical e coreográfica, a música, a viola, a moda, o recortado, etc.) e Catireiros (apresentação de mais de trinta grupos de Catira de todo o país), ambas as partes profusa e coloridamente ilustradas.


FRANÇA

O país com que Uberaba mais se identificou no século XIX e primeiras décadas do século XX – antes da avassaladora presença do cinema estadunidense – foi a França, a ponto de ser cunhada a expressão “Paris, Rio de Janeiro, Uberaba” e o poeta e historiador Jorge Alberto Nabut denominá-la de “França Sertaneja” em artigo que destaca principalmente a presença e atuação na cidade do médico e polígrafo francês Raimundo des Genettes desde 1853, dos frades e irmãs dominicanas e irmãos maristas que para aqui vieram, respectivamente, em 1881, 1885 e 1903.

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Nada menos de dois livros foram editados por uberabenses sobre a influência da França, seja no país seja em Uberaba, no primeiro caso “A França do Brasil” (2009), de autoria de LUÍS EDMUNDO DE ANDRADE, radicado no Rio de Janeiro e filho de José Sexto Batista de Andrade (presidente do Banco do Triângulo Mineiro e vice-presidente do Jóquei Clube de Uberaba), enfocando a presença francesa nas artes, ciências, filosofia, diplomacia, direito, literatura e diversos outros setores e atividades.

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O outro livro, publicado por iniciativa e organização da então superintendente do Arquivo Público de Uberaba, LÉLIA BRUNO SABINO, “A França em Uberaba” (2010), refere-se particular e exclusivamente a Uberaba no qual, em nada menos de 27 (vinte e sete) artigos de diversos autores, é repassada e analisada a influência e os traços marcantes da presença cultural, religiosa e social francesa na cidade.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017,