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terça-feira, 3 de maio de 2022

Prédio do Grande Hotel de Uberaba e Cine Metrópole.

O prédio do Grande Hotel de Uberaba e Cine Metrópole, foi inaugurado em 12 de fevereiro de 1941 e construído em apenas 15 meses no estilo Art Decó. Luxuoso e moderno para a época, o empreendimento foi o primeiro edifício erguido no Triângulo Mineiro, com 6.945,93m² de área construída.

Prédio do Grande Hotel de Uberaba e Cine Metrópole. Foto Antônio Carlos Prata.

Sua história foi marcada pelos bailes, o luxuoso restaurante Galo de Ouro, o bar Buraco da Onça, frequentados pela classe boêmia, pela hospedagem do ex-presidente Juscelino Kubitschek, a famosa equipe de basquete Harlem Globetrotters, o tenor italiano Tito Schipa, do cantor Roberto Carlos e pelo Cine Metrópole, um famoso cinema de rua que naquela época reunia públicos de todas as idades. 

Antônio Carlos Prata 

segunda-feira, 21 de junho de 2021

A propósito de um aniversário

“Grande Hotel e Cine Metrópole: o maior edifício do Brasil Central.” Essa é uma das legendas encontradas no Álbum de Uberaba, publicado por Gabriel Toti em 1956

“Grande Hotel e Cine Metrópole: o maior edifício do Brasil Central.” Essa é uma das legendas encontradas no Álbum de Uberaba, publicado por Gabriel Toti em 1956, ano em que Uberaba completou 100 anos como cidade. Outros destaques eram o Cine Vera Cruz e o Cine Royal.

Toti mostra uma pujante cidade, com a economia exercendo intensa influência nas localidades próximas, graças à sua força no comércio, indústria e pecuária. A prova disso é que, então, a cidade possuía 215 ruas, 16 praças, duas travessas e dez avenidas.

As muitas fotos que ilustram a obra mostram o desenvolvimento estrondoso por que o município tinha passado nesse primeiro século de vida. Frondosas palmeiras decoravam a praça Rui Barbosa. O fórum estava em construção. Os Correios e Telégrafos inauguravam seu prédio. Foi fundada a Associação Comercial e Industrial de Uberaba, cuja sede fora construída por Santos Guido, na gestão de Fidélis Reis.

Essa época dourada também repercutia nos anúncios de lojas e fábricas que fazem parte da memória afetiva do uberabense: Casa Aliança, Hawai Café, Casa Guimarães, Casa Molinar, Barros & Borges (com quatro lojas), Farmácia Cruzeiro, Notre Dame de Paris, Produtos Espéria, Relojoaria Gaia, Relojoaria Cardoso, Companhia Têxtil, Banco do Triângulo Mineiro, Casa Victor (discos, rádios, vitrolas), Loja São Geraldo, A Futurista, Fábrica de Cigarros Pachola, Livraria e Papelaria A Escolar, Lojas Riachuelo, Drogasil, Casas Pernambucanas, Sociedade Derenusson, Livraria ABC Papelaria, Loja Síria, Minerva, Joalheria Mundim, Casa de Couros Irmãos Dornfeld, Comércio João Scussel & Filhos, A Nova Ótica, Confeitaria Vasques, Casa da Sogra, Casa das Meias, Casa do Pintor, A Noiva, Sapataria Mirandinha e tantas outras...

Além desse rol, Toti fez um esboço histórico do município, computou dados geográficos, divisão judiciária e divisão eclesiástica. Também enumerou todos os jornais que circularam no município, num total de 234 publicações, como o Lavoura e Comércio, fundado em 1899, e o Correio Católico, de 1897, que se tornou este Jornal da Manhã.

Fidélis Reis, Nicanor de Sousa, Frei Eugênio de Gênova, Coronel Antônio Borges Sampaio e Hildebrando Pontes são alguns dos nomes enumerados na lista Homens de Uberaba, um dos pontos altos do álbum.

Uma das histórias mais curiosas do centenário, no entanto, foi passada apenas oralmente: Na noite do centenário, o prefeito Artur de Mello Teixeira, cujo mandato iria de 1955 a 1959, pretendia ler o discurso feito pelo secretário Lúcio Mendonça de Azevedo. Porém caiu uma tempestade na cidade e a festa foi remarcada para o dia seguinte. Dizem que, ao meio-dia, na praça central, o prefeito começou a ler o discurso: “Nesta noite memorável...”

Mario Salvador / Uma primeira versão desse texto foi publicada no Jornal da Manhã em 02/03/2010)

domingo, 26 de julho de 2020

Vista aérea do Centro da Cidade de Uberaba na década de 1930

Na década de 1930, os aviões do Correio Aéreo Militar da Aviação do Exército (mais tarde renomeado Correio Aéreo Nacional) visitavam com regularidade a cidade de Uberaba, que fazia parte da "Rota do Tocantins", rumo ao norte do Brasil. Nas passagens pela nossa cidade, produziram algumas fotos aéreas, que agora estão nos arquivos do Musal, o Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.


Centro de Uberaba visto a partir do Alto da Boa Vista.


No primeiro plano aparece a linha de trem da Companhia Mogiana, com a antiga estação e as oficinas situadas na atual Rua Menelick de Carvalho.

Praça Rui Barbosa e a Catedral.

Seguindo a Rua Artur Machado, chega-se ao centro da cidade, onde se vê a Praça Rui Barbosa e a Catedral. Mais ao fundo, o prédio do Senai (que na época da foto alojava o 4º Batalhão da Força Pública Mineira). A Avenida Leopoldino de Oliveira estava tendo seu primeiro quarteirão aberto, com o córrego canalizado a céu aberto. O Grande Hotel e o Cine Metrópole seriam construídos poucos anos depois.

Colégio Diocesano e os currais da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro.

No canto superior direito da foto, o Colégio Diocesano e os currais da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (antecessora da ABCZ) onde aconteciam as Exposições de Gado Zebu antes da inauguração do Parque Fernando Costa.

Estação da Mogiana na atual Rua Menelick de Carvalho

Detalhe da Estação da Mogiana na atual Rua Menelick de Carvalho, com a rotunda das locomotivas, oficinas e armazens. Curioso notar que antiga Praça da Gameleira (onde hoje fica a Concha Acústica) era um pequeno bosque na época.

A rotunda de locomotivas da Mogiana em Uberaba.


Uberaba visto a partir do Alto da Boa Vista.

Na década de 1930, os aviões do Correio Aéreo Militar da Aviação do Exército (mais tarde renomeado Correio Aéreo Nacional) visitavam com regularidade a cidade de Uberaba, que fazia parte da "Rota do Tocantins", rumo ao norte do Brasil. Nas passagens pela nossa cidade, produziram algumas fotos aéreas, que agora estão nos arquivos do Musal, o Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.

Vamos publicar algumas delas, começando por essa foto feita em junho de 1937, que mostra o centro de Uberaba visto a partir do Alto da Boa Vista. No primeiro plano aparece a linha de trem da Companhia Mogiana, com a antiga estação e as oficinas situadas na atual Rua Menelick de Carvalho.
Nos comentários estão alguns detalhes ampliados da imagem, para facilitar a identificação.


No canto superior direito da foto, o Colégio Diocesano e os currais da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (antecessora da ABCZ) onde aconteciam as Exposições de Gado Zebu antes da inauguração do Parque Fernando Costa.


Praça Santa Terezinha, em cartão postal da década de 1930. Essa igreja, inaugurada em 1929, deu lugar a uma maior, construída nos anos 1960.



Praça Santa Terezinha, fotografada em 1937. A igreja que aparece na imagem, inaugurada em 1929, deu lugar a uma nova construída nos anos 1960.Fonte: Musal: Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.



     Prédio da Santa Casa de Misericórdia, em foto aérea tirada em 4 de junho de 1935. Fonte: Musal - Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro. 

Mercado Municipal, Penitenciária e Colégio Nossa Senhora das Dores, em foto aérea tirada em 4 de junho de 1935.
Fonte: Musal - Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.

Detalhe da foto destacando a Fábrica de Tecidos e o terreno da antiga Associação Atlética do Triângulo em 1º de junho de 1935
Foto acervo do Musal – Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.



Ampliando um detalhe dessa foto, dá para ver o prédio do terminal velho do Aeroporto, que foi construído por volta de 1940 (não sei a data exata) e tinha até um pequeno restaurante. Ele foi demolido logo depois da inauguração do terminal novo.


Vista aérea do Campo de Aviação de Uberaba, em junho de 1937
Foto do acervo do Musal: Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.


Matéria da Revista Fru-Fru


Matéria da Revista Fru-Fru publicada na edição de junho de 1934, sobre a inauguração dos voos da VASP em Uberaba, ainda com os aviões Monospar. Aparentemente o hangar ainda não existia. Os primeiros pousos da VASP na cidade foram em fevereiro de 1934, mas os voos comerciais só começaram em 31 de março.




O Campo de Aviação visto por outro ângulo, provavelmente em outubro de 1934 quando a VASP passou a fazer os voos com o DH-84 Dragon. Notem que, em comparação com a foto de 1937, algumas construções ainda não existem, nem o nome da cidade sobre o telhado do hangar.


Detalhe da vista aérea do Campo de Aviação de Uberaba, em junho de 1937. Foto do acervo do Musal: Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro

Detalhe da foto aérea do Rio Grande em junho de 1937, mostrando a ponte rodoferroviária da Companhia Mogiana, entre as cidades de Delta-MG e Igarapava-SP Foto do acervo do Musal: Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.


Foto aérea do Rio Grande, na divisa dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, em junho de 1937. Ao fundo, a cidade de Igarapava.
Foto do acervo do Musal: Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro



Detalhe da arquibancada do Hipódromo do Jockey Clube e da estação ferroviária da Cia Oeste de Minas em 1º de junho de 1935

Foto do acervo do Musal – Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro. 


Foto aérea do Bairro de São Benedito, com o Hipódromo do Jockey Clube e a estação ferroviária da Cia Oeste de Minas em 1º de junho de 1935


Foto do acervo do Musal – Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.


Mais uma foto aérea de Uberaba, essa realizada no dia 6 de janeiro de 1935, pelos pilotos do Correio Aéreo Nacional.

A imagem mostra de cima o antigo hipódromo de Uberaba, conhecido como "Prado de São Benedito" que, nessa época, pertencia ao Jockey Clube. Aberto no início do século, no ano de 1911 sediou a primeira grande Exposição de Zebu realizada em Uberaba. Até a inauguração do Campo de Aviação em 1934 (onde hoje é o Aeroporto) esse hipódromo funcionou como campo de pouso para os aviões que visitavam a cidade.

Contornando em uma grande curva o hipódromo está a linha férrea da Companhia Oeste de Minas (depois renomeada Rede Mineira de Viação) que seguia pelo traçado da atual Av. Francisco Pagliaro até chegar em uma estação precária (pouco mais que um barracão) que ficava ao lado de onde está hoje a Rodoviária de Uberaba.

No primeiro detalhe ampliado, é possível ver a arquibancada do hipódromo, os armazéns da Estação e a linha do trem.

Na parte de cima da foto (ampliada no segundo detalhe), aparece o prédio antigo da Fábrica de Tecidos (onde hoje funciona a loja Casas do Babá) e, do outro lado da Av. Alberto Martins Fontoura Borges, um enorme terreno onde, na década anterior à essa foto, funcionava a sede e o campo de futebol da Associação Atlética do Triângulo (sucessora do time Red & White).


Estação de Trem da Oeste de Minas
Existem pouquíssimas imagens da Estação de Trem da Oeste de Minas. Segundo a imprensa da época, era pouco mais que um casebre. Foi demolida no início dos anos 1970.








O campo da Associação Atlética do Triângulo em 1921.

A arquibancada do Prado de São Benedito, por volta de 1920.


A Fábrica de Tecidos, por volta de 1930.


Detalhe da foto aérea destacando a Fábrica de Tecidos e o terreno da antiga Associação Atlética do Triângulo em 1º de junho de 1935
Foto do acervo do Musal – Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.


Detalhe da arquibancada do Hipódromo do Jockey Clube e da estação ferroviária da Cia Oeste de Minas em 1º de junho de 1935
Foto do acervo do Musal – Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.


Foto aérea do Bairro de São Benedito, com o Hipódromo do Jockey Clube e a estação ferroviária da Cia Oeste de Minas em 1º de junho de 1935

Foto do acervo do Musal – Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.




Mais uma foto aérea de Uberaba, essa realizada no dia 6 de janeiro de 1935, pelos pilotos do Correio Aéreo Nacional.

A imagem mostra de cima o antigo hipódromo de Uberaba, conhecido como "Prado de São Benedito" que, nessa época, pertencia ao Jockey Clube. Aberto no início do século, no ano de 1911 sediou a primeira grande Exposição de Zebu realizada em Uberaba. Até a inauguração do Campo de Aviação em 1934 (onde hoje é o Aeroporto) esse hipódromo funcionou como campo de pouso para os aviões que visitavam a cidade.

Contornando em uma grande curva o hipódromo está a linha férrea da Companhia Oeste de Minas (depois renomeada Rede Mineira de Viação) que seguia pelo traçado da atual Av. Francisco Pagliaro até chegar em uma estação precária (pouco mais que um barracão) que ficava ao lado de onde está hoje a Rodoviária de Uberaba.

No primeiro detalhe ampliado, é possível ver a arquibancada do hipódromo, os armazéns da Estação e a linha do trem.

Na parte de cima da foto (ampliada no segundo detalhe), aparece o prédio antigo da Fábrica de Tecidos (onde hoje funciona a loja Casas do Babá) e, do outro lado da Av. Alberto Martins Fontoura Borges, um enorme terreno onde, na década anterior à essa foto, funcionava a sede e o campo de futebol da Associação Atlética do Triângulo (sucessora do time Red & White).


(André Borges Lopes)


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quarta-feira, 3 de junho de 2020

UBERABA SOB OLHAR CARIOCA

COMO disse ontem no Tapete Voador, o pesquisador André Borges Lopes está se aventurando, com resultados excelentes, pelas histórias do cinema em Uberaba. Já encontrou documentos raros, desde 1907, ano mais remoto a que chegou. Enquanto vasculha os primórdios, não dá trégua ao tempo presente. Entre lá e cá, entre preciosidades de todos os tipos, uma delas, que não se limita ao cinema, merece nosso desfrute. Trata-se de reportagem feita pela revista Cinelândia, do Rio de Janeiro, na edição de 29 de maio de 1949, assinada por certo Pedro Lima. De sabor inigualável, a matéria, de nome Snapshot de Uberaba, nos eleva ao patamar top do país. O texto é também uma crônica da cidade daquela época e vem completo somente na edição online.

A pandemia nos permite retroagir ao passado, em larga escala.

• “Uberaba é uma cidade de Minas Gerais, conhecida no mundo, tanto quanto o Rio de Janeiro ou São Paulo. Possui uma população de cerca de 70 mil almas, sem contar os zebus. A religião predominante é o ‘zebuísta’, dividida em quatro cismas: a Nelore, a Gir a Guzerá e a Indubrasil.
Não se fala outra língua que não a do ‘plantel de animais’. Possui um clima ameno e é uma terra de mulheres belas, de porte esbelto e de sorriso mais bonito que os lábios deixam ver através de dentes alvos e uniformes.”

• “São quatro os cinemas de Uberaba. Dois deles, o Metrópole e o Vera Cruz, estariam melhor na Cinelândia carioca. São casas amplas, bonitas e as preferidas de todos do lugar e forasteiros. Pertencem à Empresa São Luís, que, apenas do nome, não tem nada com o trust que domina a maioria dos cinemas do país.”

• “O cinema Metrópole talvez seja o único do Brasil que oferece matinées dançantes aos domingos e feriados. As moças chegam uma hora mais cedo e, antes do início da sessão, uma orquestra na sala de espera embala os pares ao som das músicas mais modernas. De quando em vez, um cantor faz ouvir sua voz ao microfone e, por tudo isso, muita gente desejaria que as exibições começassem atrasadas...”

• “Outro costume interessante: todas as moças nas sessões em que não se dança entram com a revista O Cruzeiro na mão; é chic, na sala de espera, folhear a revista, até que a sineta marque que a sessão vai principiar. Depois do programa, que consta de uma única função, meia hora de footing na calçada do cinema, onde, no mesmo prédio, funciona o Grande Hotel, e a cidade volta ao sossego, exceto para os grupinhos que fazem roda separadamente, não para falar da vida alheia e de política, mas do zebu.”

• “Vendo-se as moças de Uberaba, conhecendo-se as fazendas, pelas suas belezas naturais e pelos ricos plantéis de gado, fica-se admirado porque nossos produtores ainda não se lembraram de fazer filmes com um material tão nosso e tão rico, ao invés de fitinhas com cheiro de suor, sambinhas e sambistas, piadas de Otelo e de Oscarito, para só se falar no que temos de melhor.”

• “Vimos alguns filmes projetados nas telas dos grandes cinemas locais. Os da Warner, então, estão em péssimo estado. Faltam cenas, estão arranhados, deixam muito a desejar. Vimos, lá, Os Últimos Dias de Pompéia, da RKO Rádio. Parece um filme salvo do terremoto de Pompeia, depois do Vesúvio.”

• “E o que falar, então, dos shorts nacionais. Até pura propaganda é exibida dentro da obrigatoriedade. Alguns filmezinhos ‘novos’ apresentam o presidente Getúlio sob o regime Dipearo (relativo ao DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Vargas).”

• “Uberaba, afinal de contas, é uma cidade que não pertence a Minas, porque é um dos orgulhos da pecuária nacional que atrai os estrangeiros para o Brasil, com seus plantéis de zebu que fizeram cair o queixo dos ganadeiros e do ministro da Venezuela.”


Jorge Alberto Nabut
Escritor e colunista/Uma primeira versão desse texto foi publicada no da Jornal da Manhã em 03/06/2020)


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Cidade de Uberaba

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

TITO SCIHPA, GLÓRIA MÁXIMA DO CINE METRÓPOLE

Até a década de 1980, o Cine Metrópole foi a mais elegante e sofisticada casa de espetáculos de Uberaba. Inaugurado em 1941, funcionava anexo ao imponente Grande Hotel que, na época, detinha simultaneamente os títulos de maior edifício de concreto armado e de melhor hotel do Brasil Central. Ambos eram empreendimentos de Orlando Rodrigues da Cunha, sócio diretor da Empresa Cinematográfica São Luiz e também do hotel. Um espelho do progresso da “Princesinha do Sertão” em uma das épocas de ouro da pecuária do gado Zebu.

Durante décadas, o Metrópole foi palco de grandes eventos na cidade. Nos anos 1950, quando as faculdades uberabenses começaram a formar suas primeiras turmas de alunos, o grande auditório lotava, recebendo as famílias orgulhosas que vinham assistir às cerimônias de colação de grau de seus filhos. Muitas vezes, tendo celebridades nacionais, como Juscelino Kubitscheck e Carlos Lacerda, no papel de paraninfos. Mesmo em dias comuns, as sessões de cinema eram concorridas e as regras da casa exigiam que os frequentadores fossem devidamente trajados: aos homens, era obrigatório paletó e gravata.

A casa também recebia shows de música. Muitos que tiveram a chance de frequentar o cinema devem ter notado uma placa de bronze colocada no elegante hall de entrada com os dizeres: “TITO SCHIPA (glória máxima da Arte Lírica) cantou neste teatro – Grande Hotel – Uberaba, em XVII-VII-MCMXLI”. Dai surgiu uma lenda de que esse famoso tenor italiano teria cantado na inauguração da sala, o que não é verdade. Tanto o hotel como a sala de cinema foram abertos ao público no dia 8 de março de 1941, a apresentação de Schipa se deu dois meses depois, em 17 de maio – como indica a data gravada na placa em algarismos romanos.

Tito Schipa
Algumas semanas antes dele, já havia se apresentado na casa uma celebridade do canto nacional: Vicente Celestino, conhecido como “a voz orgulho do Brasil”. Nascido no Rio de Janeiro, filho de imigrantes calabreses, Celestino emocionava multidões interpretando com estilo dramático e vozeirão de tenor canções de sua autoria, como O Ébrio e Coração Materno. Fez tanto sucesso em Uberaba que a direção do Metrópole foi obrigada a abrir uma segunda apresentação, no dia seguinte, para atender à demanda do público.

“TITO SCHIPA (glória máxima da Arte Lírica) cantou neste teatro – Grande Hotel – Uberaba, em XVII-VII-MCMXLI”.
Foto: Antonio Carlos Prata

Embora também fosse tenor, Raffaele Attilio Amedeo Schipa era quase o oposto de Celestino. Nascido em 1888 na cidade italiana de Lecce, tinha um estilo de canto extremamente doce e sofisticado. Max Altman, um amante da música erudita que foi diretor do Teatro Municipal de São Paulo, descreveu como surpreendente o fato de que “um ‘tenor ligeiro’, como Schipa, tenha tido uma carreira tão longeva quanto frutífera, quando se inteira que era um cantor com demasiadas limitações vocais. Não possuía uma voz potente nem com tons musculares, tinha dificuldades com o floreado, não alcançava a emitir um dó de peito, faltava fundo a sua voz, e, ainda se fosse pouco, nem sequer contava com uma voz particularmente bela nem com potência. (…) Não obstante, é considerado um gênio. Seu instinto musical o colocou num lugar privilegiado da lírica mundial. Schipa, mais que nenhum outro cantor, soube tirar proveito de seus dons naturais, à base de engenho e inspiração, e criou um estilo original e personalíssimo de interpretação”.

O fato é que, em maio de 1941, Tito Schipa era uma astro internacional de primeira grandeza. Cantava em 11 idiomas diferentes, compunha canções em italiano e espanhol, havia gravado dezenas de discos, integrava o elenco da New York Metropolitan Opera e fazia enorme sucesso em nos EUA e em Buenos Aires. Poucos meses depois, tomou uma decisão desastrosa: voltou à Itália natal, onde tornou-se um artista de estimação do líder fascista Benito Mussolini. Embora tenha retornado à Nova York após o fim da Segunda Guerra Mundial, nunca mais fez o mesmo sucesso. Gravou pouco e dedicou-se ao ensino de música, até falecer em dezembro de 1965.

Na época Uberaba tinha 40 mil habitantes, a maior parte de baixo poder aquisitivo, muitos vivendo na zona rural. A decisão de pagar por uma uma apresentação de Schipa – que fazia uma temporada no Brasil – para cantar em uma casa de espetáculos no interior do País com mais de 1500 lugares, foi uma decisão arriscada da Empresa Cinematográfica São Luiz. Os ingressos foram vendidos a 20 mil reis, um bom dinheiro para a época. Não se sabe se a plateia lotou mas, segundo o escritor Guido Bilharinho, o evento teria dado prejuízo aos promotores. Uma ousadia que ficou imortalizada em bronze no saguão de um belo e histórico cinema, abandonado há décadas.


(André Borges Lopes)



Cidade de Uberaba

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

GRANDE HOTEL E CINE METRÓPOLE

GRANDE HOTEL E CINE METRÓPOLE

“Dois grandes melhoramentos, da mais indiscutível utilidade pública, assinalam bem o progresso da cidade de Uberaba, o espírito dinâmico e realizador dos seus filhos. Aludimos à inauguração, alí, no dia 8 de março, do GRANDE HOTEL e do CINE METRÓPOLE, fato esse que abre novas possibilidades ao futuro da florescente e tão amável cidade mineira. (…) Às 16 horas daquele dia, presentes ainda outras pessoas de relevo na vida local, foi servido um fino “cocktail”no luxuosíssimo salão de refeições (…) De fato está o GRANDE HOTEL à altura de qualquer cidade civilizada. Nada lhe falta. Há, em tudo, um conforto completo. Dispõe a modelar casa de hospedagem de esplêndidas instalações, ótimos quartos para casais e solteiros, quartos com sala de banhos, apartamentos simples e de luxo. Em todas as suas dependências encontra o hóspede água fria e quente, havendo uma rede telefônica interna.

Dispõe o CINE-METRÓPOLE de uma elegante sala de espera e de um grande salão de projeções, sendo a melhor a sua instalação sonora, último modelo 1941, sistema Western Electric, Super Wide Range. Daí produzir uma projeção nitidíssima, perfeita em todas as suas minúcias. As poltronas em imbuia são muito elegantes, atestando os surpreendentes progressos da indústria nacional. Os espetáculos do CINE-METRÓPOLE serão organizados com os melhores filmes do mercado, escolhidos dentre o que melhor possuem a Metro G. Mayer, Fox Film do Brasil, Warner Bross, First Nacional, Universal Pictures, United Artists, Paramount Films e Columbia Pictures do Brasil.”


Foto editada por Marcellino Guimarães

Década: 1950


(André Borges Lopes)



Cidade de Uberaba

domingo, 15 de janeiro de 2017

CINE METRÓPOLE, E GRANDE HOTEL

Cartão postal Colombo -  Cine Metrópole, e Grande Hotel

Década: 1940/50

Cartão postal Colombo

“Vê-se o arranha-céu de Uberaba – cine Metrópole, e Grande Hotel, mesmo prédio. E também vê-se brotinhos isto é após uma matinée,aos domingos. Esta é a Av.Leopodino de Oliveira o ponto mais social da cidade, onde geralmente tem as moças mais lindas e granfinas de Uberaba “.

Editada por Marcellino Guimarães

Arquivo Público de Uberaba