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terça-feira, 20 de agosto de 2019

A IMPONENTE ESTAÇÃO DE JAGUARA

Em março de 1888 a locomotiva a vapor "Minas Gerais" da Companhia Mogiana cruzou o Rio Grande e chegou ao Triângulo Mineiro. Menos de um quilômetro depois da ponte, ainda próximo às barrancas do rio, havia sido erguida a estação de Jaguara. Era a segunda estação da empresa a ser aberta na província de Minas Gerais: a pioneira havia sido Caldas (mais tarde renomeada Poços de Caldas), inaugurada em outubro de 1886. Formalmente, a estação Jaguara marcava o final da “linha do Rio Grande” da companhia. Dali em diante, os trilhos pertenciam à “linha do Catalão”. A Mogiana tinha a concessão do governo para estender sua ferrovia até essa cidade no sul de Goiás, mas acabou encerrando sua linha em Araguari, onde chegou em 1896.

     A estação de Jaguara em registro sem data, já no período final das operações, início da década de 1970. Foto de coleção particular.


A estação de Jaguara em registro sem data, já no período final das operações, início da década
de 1970. Foto de coleção particular.


Reprodução de trechos do jornal"Gazeta de Uberaba" do dia 10 de março de 1888.


Reprodução de trecho do jornal "A Província de São Paulo"

Reprodução de trecho da "Revista Ferroviária" de abril de 1888.


  Foto recente de satélite do Google Earth, vendo-se à esquerda a ponte de Jaguara sobre o Rio Grande e à direita as construções remanescentes da estação de mesmo nome.

Localizada em um local deserto, sem nenhum povoado ou cidade por perto, as instalações da estação de Jaguara impressionam pela seu tamanho e imponência. O prédio principal é mais amplo e mais bonito do que o da estação que foi erguida no ano seguinte em Uberaba (que, na época, era maior cidade de toda a região). Os terrenos para construção dos pátios de manobra, armazéns e uma vila ferroviária foram cedidos pelo Coronel Manoel Pereira Cassiano, residente em Uberaba. Apesar do estado precário de conservação, alguns desses prédios resistem até hoje ao abandono.

Há uma explicação para esse aparente exagero. Jaguara não era somente uma estação de trem. A Cia. Mogiana havia conseguido do governo também a concessão para explorar a navegação no Rio Grande. A 300 metros do prédio da estação, já abaixo das pedras e corredeiras da região da ponte, a empresa construiu um atracadouro de barcos. De lá, descendo o rio, era possível navegar até os portos fluviais de Boca Grande, Santa Rita do Paraíso (Igarapava), Ponte Alta (nas proximidades de Delta) e Espinha (um pouco abaixo do atual Distrito Industrial 3 de Uberaba). A Mogiana pretendia utilizar esse trecho do rio para recolher e distribuir as mercadorias transportadas pelos seus trens em Jaguara. Entre elas, sacas de sal grosso para os criadores de gado da região.

Segundo documentos da época, foram trazidos para o Rio Grande ao menos dois pequenos barcos e vapor e batelões para realizar esse trabalho. Mas a iniciativa não deu resultado. Antes da construção das represas, o Rio Grande tinha diversas corredeiras e águas bastante agitadas, em especial nas épocas de cheia. Um dos barcos naufragou poucos meses depois do início das operações e a Mogiana desistiu do projeto. Uma curiosidade é que, por algumas décadas, a estação teria se tornado um ponto de embarque para peixes pescados no Rio Grande.

A interrupção da ferrovia da Mogiana no início de 1970 pelo lago da represa de Jaguara selou o destino da estação. Transformado em um ramal da linha que alcançava Uberaba por Igarapava, o trecho entrou em rápida decadência. Um acidente ferroviário com dezenas de vítimas ocorrido no final do mesmo ano pôs fim ao tráfego de passageiros. O transporte de cargas encerrou-se por volta de 1975, e a linha foi desativada.

(André Borges Lopes)


Há mais informações sobre a estação no site Estações Ferroviárias do Brasil

Os créditos das imagens estão nas legendas.


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Em 1971, a antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada à empresa estatal paulista Fepasa. Na década de 1990, todas as linhas de longo curso remanescentes da Fepasa foram transferidas para a Rede Ferroviária Federal e, em seguida, divididas em lotes e privatizadas. O Arquivo Público do Estado de São Paulo, conseguiu que os acervos históricos das antigas empresas ferroviárias paulistas ficassem sob sua guarda. Nesse acervo, encontrei algumas fotos originais das linhas de trem da Cia Mogiana no Triângulo Mineiro.



História, causos e memória: acesse www.uberabaemfotos.com.br

Cidade de Uberaba

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

TRAGÉDIA NO TREM DE CONQUISTA

A história trágica de um acidente que, em 1970, marcou a vida de muitas famílias às vésperas das festas de Ano Novo. Eu era criança ainda mas lembro que meu falecido pai, médico legista em Uberaba, passou a noite e a madrugada daquele fatídico 26 de dezembro liberando os corpos e tentando consolar as famílias da vítimas.

Ao que eu saiba, as causas e as responsabilidades desse acidente nunca foram completamente esclarecidas, ao menos para a população. Como os mortos e feridos eram quase todos lavradores humildes e seus familiares, tampouco houve grande empenho para punir os responsáveis.

Em anexo, um mapa com o traçado da velha linha marcando o lugar aproximado onde a locomotiva estancou e o local do acidente. Não consegui descobri qual foi a exatamente a locomotiva envolvida (os jornais da época a denominam como M.U.-1), mas era provavelmente uma das diesel-elétricas GE Cooper Bessemer 64T de 600 HP compradas em 1952, como essa da foto, que hoje está no acervo da ABPF da Campinas.

Final de ano é uma época associada a festas e comemorações. Quando acontece algum infortúnio nesse período, a tragédia fica marcada na memória das pessoas. Foi o que ocorreu entre o Natal e o Ano Novo de 1970, quando um grave acidente ferroviário marcou para sempre as vidas de muitas famílias uberabenses.

Para entendê-lo, é preciso falar da linha de trem da Cia Mogiana, que chegou em Uberaba no século XIX. Essa ferrovia saía de Ribeirão Preto, passava pela cidade de Franca e descia para o o Rio Grande na altura de Rifaina. Num trecho estreito, cruzava o rio em uma ponte que sobrevive até hoje, em ruínas, abaixo da barragem da hidrelétrica. Já em território mineiro, havia a estação de Jaguara, com dois grandes armazéns. Por alguns anos, a Mogiana chegou a ter ali um porto fluvial e dois barcos a vapor, que recolhiam produtos para a ferrovia.

A linha seguia então para o oeste, acompanhando o rio até a estação do Cipó, de onde partia uma linha de bondes elétricos rumo a Sacramento. Dali o trem subia as encostas do vale rumo a Conquista, de onde vinha para Uberaba passando antes por Guaxima e Peirópolis – entre outras estações no trajeto. Esse trecho montanhoso sempre foi difícil e demorado: os trens levavam cerca de três horas para cumprir todo o percurso.

A linha de Jaguara perdeu importância em 1915, quando foi aberto o Ramal de Igarapava – ligação mais rápida entre Ribeirão Preto e o Triângulo. A partir de 1930, a crise financeira da Cia. Mogiana agravou a decadência. Mas o tiro de misericórdia foi dado em 1970: o lago da hidrelétrica inundou Rifaina e alguns quilômetros da ferrovia. A Mogiana não se interessou em fazer um novo trajeto e, a partir de então, restou no lado paulista o “Ramal de Franca” e no lado mineiro o “Ramal de Jaguara”.

O mapa da antiga linha de Jaguara da Cia Mogiana.

A locomotiva marca o lugar aproximado da parada do trem, no alto da subida. A estrela é o local do acidente, ao lado do Ribeirão dos Dourados.

  Locomotiva GE Cooper Bessemer 64T modelo 1952, nas cores da Cia Mogiana, restaurada pela ABPF de Campinas. Foto: Dominique Torquato/AAN.

Com pouco movimento, o ramal de Jaguara durou ainda alguns anos transportando cargas e passageiros em trens mistos. Atendiam as populações dos povoados que haviam junto as estações e algumas empresas da região. Muitos usuários se queixavam dos trens velhos, da demora e do descumprimento dos horários. Mas era uma alternativa de transporte barato, numa época em que as estradas não eram asfaltadas e ficavam impraticáveis com as chuvas.

Na manhã do sábado, 26 de dezembro de 1970, o maquinista João Peralta se surpreendeu quando encontrou 100 pessoas aguardando o trem que iria de Uberaba a Jaguara. Normalmente, havia poucos passageiros. Dois casamentos a serem realizados naquele dia – um em Guaxima e outro em Conquista – explicavam a grande procura. Junto no trem, seguiriam dois vagões carregando 1200 sacas de cimento destinadas às obras da hidrelétrica de Jaguara. Peralta e seu ajudante, Carmo Reis Terra, acionaram uma antiga locomotiva diesel-elétrica e deram início a viagem.

Adiante da estação Eng. Lisboa, a 50 km de Uberaba, a ferrovia começava uma longa subida de três quilômetros para transpor a Serrinha dos Dourados. Chovia e a velha locomotiva arrastou-se com dificuldade morro acima até que, no alto da subida, o motor parou de funcionar. Alguns minutos depois, Peralta desistiu de tentar religá-la e pediu a Carmo que voltasse a pé até a estação para pedir socorro. Com o calor, muitos passageiros desceram dos carros que estavam no fim da composição. Foi quando se deu a fatalidade.

Uma falha nos freios e o trem começou a voltar de ré. O maquinista acionou o freio de emergência, que também não funcionou. Pressentindo o perigo, algumas pessoas saltaram, mas cerca de 60 passageiros continuaram nos dois carros que desceram descontrolados ganhando velocidade morro abaixo. No fim da descida, a mais de 100 km/h, o trem não conseguiu fazer uma curva e precipitou-se na ribanceira ao lado do Ribeirão dos Dourados. Sobre os carros dos passageiros desabaram 60 toneladas de cimento e a locomotiva desgovernada.

No saldo final da tragédia, mais de 20 mortos e cerca de 30 feridos graves. Foi o maior acidente da história da Cia Mogiana, e acabou de vez com a confiança dos usuários na linha. Menos de cinco anos depois, o ramal seria desativado também para cargas.


(André Borges Lopes)






Cidade de Uberaba



Músicos não morrem! Viram notas musicais

Sempre ouvi dizer que a linguagem universal é a matemática. Depois de algumas décadas de vida, ouso dizer que a linguagem universal é a música. Por favor, eu disse Música! Não confundam com “dançar na boquinha da garrafa”. Ao tecer esta diferença de interpretação, esclareço: a matemática é fria e calculista. Absoluta! Definitiva! Já a música nos leva a sentimentos que fogem à razão. A música não impõe. Ela permite ao ouvinte a exacerbação da imaginação e, por isso, deixa livre o coração. Busca o mais alto da emoção. 

Laura Novais e seu pai, odontólogo e músico André Novais. Foto: Acervo do Jornal da Manhã.

Por que estou refletindo sobre isso? Deixou a vida física nosso amado amigo e colega André Luiz Borges Novais (foto). Músico e Dentista. Professor de grande carisma e um apaixonado pela vida. Homem de fino trato. Um mestre na prática do amar ao próximo. Como diria o imperador romano: “veni, vidi e vici” ou “vim, vi e venci”. Pois é isso mesmo. André veio para estar entre nós. Nos mostrou seu desapego às coisas. Muitas vezes seus amigos usavam a frase pela qual descrevia bem o espírito nobre de André, qual seja: “O André é um sujeito que conquista e distribui”. O que poderia usar como se dele fosse não retinha para si. Tirava dele e repassava.

E agora meu querido amigo André? O palco está vazio? As luzes se apagaram? É certo que não. Um grande show está acontecendo no céu e você é a estrela. Por isso reafirmo que músicos não morrem! Viram notas musicais. Tenho certeza que você estará sempre entre nós. Sua vibração virá em melodiosos acordes que todos nós, os seus privilegiados amigos, reconheceremos imediatamente. 

Vá meu querido amigo. Obrigado por tudo! Você é uma grande lição de amizade. Que tenhamos a humildade para reconhecer, aprender e praticar.

Texto escrito pelo professor Maurício Ferreira - Presidente da ABO – Uberaba.







Cidade de Uberaba



CENA DE SANGUE NUM CABARET DAS MERCÊS

A edição de domingo, dia 2 de agosto de 1936, do jornal “Diário Carioca” do Rio de Janeiro destacava na capa a cena escandalosa de um crime passional: “A Tiros e Machadadas Abateu as Rivais!”, dizia a manchete em letras garrafais. Para, em seguida, completar, “Trágica ocorrência em um cabaret de Uberaba. O marido infiel provocou a cena de sangue e desapareceu”. A ilustrar a notícia, um desenho recriando o momento fatal: uma jovem, vestindo um pesado casaco, dispara seu revólver contra um homem e duas mulheres sentados em uma mesa de bar, coberta por garrafas vazias. Na outra mão da assassina, uma pesada machadinha.

A matéria não é assinada. O jornal cita como fonte um anônimo correspondente em nossa cidade. O qual narra a história com dedicação de jornalista literário adiante do seu tempo. Segundo ele “as mulheres já desistiram de pertencer ao sexo fraco (...) ainda ontem, entre a dolência de um tango e a estridência de um fox, uma representante do sexo feminino virou em ‘frege’ um cabaret do bairro alto das Mercês, só pelo simples fato de estar seu esposo querido divertindo-se ‘inocentemente’ com algumas bailarinas daquela casa de boemia”. E contava em detalhes o enredo: o marido José Amâncio farreava em um “dancing” enquanto sua mulher Maria Amâncio passava a noite fria em vigília. Ensandecida pelo desrespeito do amado, a esposa tomou um carro e foi à casa de diversões. Viu no fundo do salão – em companhia das bailarinas Latif Facur e outra de apelido Mulata – o marido José, que “entregava-se a uma orgia desenfreada”.

Recorte do jornal “Diário Carioca" - Rio de janeiro, domingo, 2 de agosto de 1936.

"Diário Carioca" com a notícia do assassinato das mulheres no fantasioso Cabaret.
Maria, ensandecida pelo ódio, dirigiu-se à mesa. Tirou das vestes um revólver “fazendo-o vomitar toda sua carga contra as duas mulheres”. Em seguida, avançou com a machadinha sobre José, “que amedrontado foge, abandonando o campo de luta”. A esposa, então, despejou sua ira sobre as rivais, mutilando os cadáveres a machadadas. Para, em seguida, entregar-se aos guardas que acorreram à cena do crime. Uma história pronta para se tornar letra da canção “Ronda”, que o paulistano Paulo Vanzolini só iria compor em 1953. A partir do “Diário Carioca” a notícia foi reproduzida em jornais de todo o Brasil. Bárbaro desfecho da vingança de uma mulher honesta ofendida.

Vamos então em busca dos mesmos fatos nos arquivos do saudoso “Lavoura e Comércio”. E descobrimos que, ao menos na versão do sóbrio vespertino uberabense, as coisas não correram bem assim. A edição de sábado, 1º de agosto, traz na capa a notícia do crime, “A obra dementada do ciúme”, que teria acontecido à luz do dia, e não de madrugada. O marido infiel não era José Amâncio, mas sim seu irmão Benedito – de quem José era sócio em um comércio na praça Dom Eduardo, esquina com a Rua Cassu. Já a esposa traída, Maria Cristina de Souza, “possuidora de temperamento exageradamente emotivo” e de “um lar feliz” – ao menos no entender dos redatores – “enveredou pelos caminhos tortuosos do crime, esquecida de que a sua maior e única glória é a mansuetude, a permanência devotada dentro do lar”.

Descobre-se ainda que a suposta “bailarina” Latif Palis Facur seria, na verdade, uma viúva – residente na Rua Barão de Ponte Alta e mãe de duas meninas – que, há anos, mantinha um caso amoroso com Benedito. Num tempo de dificuldade para os amores clandestinos, a dupla encontrava guarida para seus encontros furtivos na residência de outra viúva: a costureira Francisca Teixeira de Carvalho, de apelido “Mulata”, dona de uma casinha modesta na rua 15 de Junho, no alto das Mercês. Não se sabe se alguém contou ou se Maria Cristina descobriu por conta própria as travessuras do esposo. O fato é que, no início da tarde de quinta-feira, 30 de julho, Maria viu Latif Facur passando demoradamente defronte à loja da praça. Em seguida, o marido saiu, alegando que ia visitar um amigo doente.

Com sede de vingança e armada com um revolver, Maria saiu atrás. Perdeu Benedito de vista perto do campo do Uberaba Esporte mas, já conhecedora de seus segredos, dirigiu-se à alcova da rua 15 de Julho. Lá chegando, não perguntou nem discutiu: matou com três tiros a dona da casa que lhe abrira a porta. Latif, que estava acompanhada por uma das filhas, tentou refugiar-se na cozinha, mas teve igual sorte. Não encontrando o marido infiel, Maria fugiu da cena do crime e foi se esconder em uma fazenda, entregando-se à polícia alguns dias depois. No jornal uberabense, sequer é mencionada a tal machadinha. Para os dias de hoje, pouco mais que um crime banal, em cenário modesto. Que transformou-se em luxuoso enredo de samba-canção na imprensa carioca, por obra e graça de um redator criativo.


(André Borges Lopes)

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

CONSTRUTORES DE PONTES

Imagens resgatadas dos arquivos da Companhia Mogiana.


A primeira é bastante conhecida: mostra as obras da ponte rodoferroviária sobre o Rio Grande, ligando Igarapava (SP) e Delta (MG), na época ainda pertencente ao município de Uberaba.

Nessa versão em alta resolução é possível ver alguns detalhes do processo de construção e, principalmente, os destemidos trabalhadores que erguiam as estruturas, sem qualquer preocupação com a segurança individual – algo impensável nos dias de hoje. A legenda original nos revela a data (20 de abril de 1915) e o também nome do fotógrafo: O. Pasetto.

Construção da ponte rodoferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro entre Igarapava (SP) e  Delta (MG) em 20/04/1915. Crédito: O. Pasetto./ acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo

  Detalhe da construção da ponte rodoferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro entre Igarapava (SP) e Delta (MG) em 20/04/1915.

   Construção da ponte ferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro sobre o Rio Uberaba no trecho entre entre Uberaba e Uberlândia (MG), circa 1894.

 Detalhe da construção da ponte ferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro sobre o Rio Uberaba no trecho entre entre Uberaba e Uberlândia (MG), circa 1894. 

   Ponte ferroviária da antiga Cia. Mogiana de Estradas de Ferro sobre o Rio Uberaba no trecho entre entre Uberaba e Uberlândia (MG). Foto de 2016. Crédito: Google Earth.

Nota-se ainda um detalhe curioso, que pouca gente conhece: a falta do último vão metálico do lado de Igarapava. A Cia Mogiana mudou o traçado da ferrovia depois que a estrutura da ponte já havia sido encomendada na Europa. No novo local de travessia, o rio era ligeiramente mais largo e foi preciso adicionar um quinto vão à ponte. Com o início da 1ª Guerra Mundial, foi impossível comprar essa estrutura extra, e a ponte teve de ser inaugurada (em outubro de 1915) com um vão provisório, feito em madeira. Só depois de 1919 ele foi substituído pela estrutura metálica (um pouco menor que as outras quatro) que está lá até hoje.

A segunda imagem é mais antiga e bem menos conhecida: mostra a construção da ponte sobre o Rio Uberaba, já no trecho Uberaba-Uberlândia da ferrovia. A foto não tem data, mas deve ter sido tirada por volta de 1894, quando esse prolongamento estava sendo construído (foi inaugurado em 1895). É possível que seja a mesma ponte que se encontra lá até hoje, cruzando o rio logo atrás da pedreira da empresa Jasfalto, e que pode ser vista do alto no Google Earth.

Não achei na Internet fotos recentes dessa ponte. Que não deve ser confundida com a outra que passa sobre o Córrego Alegria (um afluente do Rio Uberaba) na antiga linha Uberaba-Ibiá, inaugurada em 1925 – onde aconteceu o famoso acidente que deixou a cidade sem água por semanas em 2003.

Crédito das imagens PB: acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo.

(André Borges Lopes)

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Em 1971, a antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada à empresa estatal paulista Fepasa. Na década de 1990, todas as linhas de longo curso remanescentes da Fepasa foram transferidas para a Rede Ferroviária Federal e, em seguida, divididas em lotes e privatizadas. O Arquivo Público do Estado de São Paulo, conseguiu que os acervos históricos das antigas empresas ferroviárias paulistas ficassem sob sua guarda. Nesse acervo, encontrei algumas fotos originais das linhas de trem da Cia Mogiana no Triângulo Mineiro.


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Cidade de Uberaba

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A ESTRELA QUE BRILHA! JOÃO MENEZES!

Oi, turma!

( O sabor da vitória é um dom divino...)


Estrela é uma esfera luminosa mantida pela gravidade. As estrelas tem milhões de anos. A “minha” estrela é nova. Saiu dos cueiros, recentemente.. .A estrela que mais brilha perto da Terra, é o Sol, fonte maior de energia do planeta. A “minha” estrela, brilha perto de nós e irradia luz mundo afora. A constelação de estrelas é visível à noite, com ou sema Lua. A “minha” estrela , é vista a qualquer hora. Sempre iluminada. Dia e noite. Estrelas ganham nomes. A “minha” tem nome de santo. Estrelas brilhantes transmitem intrépida energia. A “minha” estrela, tem luz própria. As estrela gravitam no espaço, A “minha” estrela”, dança nas quadras do mundo. As estrelas giram no espaço sideral. A “minha” estrela gira perto da gente... A “minha” estrela sorri, chora, canta, encanta, luta, esforça, combate e vence ! Estrelas cintilam nos céus. A “minha” estrela cintila na Terra, espargindo alegria, gosto de vitória ! As estrelas emitem cores, verde, amarelo, azul, branco, vermelho, laranja... A “minha” estrela , preferiu o verde, amarelo, azul e branco , cores da nossa bandeira. A “minha” estrela é brasileira , nascida aqui na terrinha. As estrelas dão sinal de vida. A “minha” estrela, dá mostras de sucesso, vitória, paixão, bravura, mãos firmes que sabem conduzir e conquistar títulos ! Determinada é séria na carreira que, vitoriosamente, encarna.

João Menezes celebra vitória sobre chileno Tomas Barrios - Foto: Ivan Alvarado / Reuters.

A ”minha” estrela é tudo isso e mais um pouco. “Minha” estrela é papável, alegre, jovem, de carne e osso, sorridente, bravo, valente ! “Minha” estrela, dá luminosidade aos que com ele convivem. “Minha” estrela, é homem ! Mente sã, corpo sadio. “Minha” estrela “acendeu” para o mundo e é hoje, a estrela mais fulgurante dessa Uberaba que tanto amamos ! Chama-se JOÃO ! Poderia ser Antônio, Pedro, Joaquim, José, Fabiano, Murilo ou Aluízio. Aliás, esses três últimos são familiares à “minha” estrela... Ontem, quando subiu no “podium” dos vencedores e a “medalha de ouro” no peito, como melhor tenista latino-americano, a Bandeira Brasileira tremulando no mastro da vitória, “minha” estrela não conteve as lágrimas, cantando chorando e eu, cá de longe, da santa terrinha que o viu nascer, chorei junto.

Murilo Pacheco de Menezes e Terezinha Hueb de Menezes (avós in memoriam) Foto pessoal da família.

Vi o JOÃO ontem, pela vez primeira. Amigos meus o conhecem há anos. Vou lá atrás. Conheço as famílias. Paterna e materna. Do lado do pai, Fabiano, os avós Terezinha e Murilo, exemplos de dignidade e trabalho. No céu, aplaudiram a grande vitória do neto. Em vida, aqui pertinho de casa, Fernanda, a mãe, junto aos avós, José Aluízio (alô, “Sogrão”!) e Marília, orgulhosos com o neto “ herói nacional “. Nesse mundão perdido, onde parte dos jovens não estudam, nem trabalham, perdidos nas drogas do dia a dia, é maravilhoso saber que a grande parcela da nossa juventude sabe honrar Deus, Pátria e Família! JOÃO, é o nosso ídolo!

Fabiano Menezes (pai) e João Menezes. Foto pessoal da família.

Do vazio dos homens vazios que pululam em Uberaba, JOÃO é o nome que honra e orgulha UBERABA ! Ao arrepio da letargia que atinge em cheio a santa terrinha, JOÃO alegra e dignifica nossos corações uberabenses. Ao subir nos píncaros da glória, uma vitória do “João Sem Medo” e gritar EU SOU DE UBERABA ! vale mais que qualquer fábrica, qualquer mentira que estamos vendo e ouvindo nos dias atuais. JOÃO, minha “estrela”, redescobriu a nossa auto-estima tão em baixa nos últimos anos. 

Espero que a sua vitória, o pedestal que atingiu, elevando o nome da cidade, seja devidamente homenageado com as honras de estilo que é merecedor. O JOÃO é nosso ! Patrimônio da cidade tão vazia, atualmente, de personalidades. JOÃO, é nosso orgulho! Abraço feliz do “ Marquez do Cassú “.

Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba


Uberabense João Menezes conquista a medalha de Ouro para o tênis brasileiro no Pan de Lima

“O pessoal vê a pontinha do iceberg. Só a minha família sabe o que eu passei”.


A frase é de João Menezes, que surpreendeu a toda América e ficou com o ouro no tênis dos Jogos Pan-Americanos. A consagração vem sendo se olharmos a idade dele, apenas 22 anos. Mas quase também vem tarde demais. Alguns meses atrás, João estava depressivo e a um passo de deixar o sonho de ser um tenista profissional.
A história dele, ele mesmo conta.

“Eu sou João Menezes, natural de Uberaba, Minas Gerais. Do interior. Comecei a jogar por influência familiar, meu pai jogava, meu avô jogava. Eles iam para o clube e eu ficava brincando com a raquete. Minha família sempre foi apegada ao esporte. Para o futebol eu não levava muito jeito e fui para o tênis. Gostei, gostei, gostei e sempre fui uma pessoa que tem um compromisso muito sério com as coisas que eu faço, coloco bastante intensidade. E aí foi indo. Passa até um filme na cabeça, mas posso dizer que tudo está valendo a pena e é só o começo de uma grande caminhada que está por vir.

Dá para escrever um livro com as vezes que pensei em desistir. Foram quatro, cinco momentos de pensar que não vai dar. Eu tive muitas dificuldades. Primeiro quando eu saí de casa. Morei um ano em Uberlândia e até aí tudo bem. Mas mudei para Itajaí e fiquei quatro anos. A saudade pegou lá, a adaptação também. E como eu não tinha muito resultado era difícil. Tinha meninos da minha geração que ganhavam muito mais, eram muito mais badalados. E eu ficava em segundo, terceiro plano. Então era difícil me mantar bem, com convicção.

Fui tentar algo diferente e morei na Espanha por dois anos. Lá tive coisas muito boas, mas também coisas muito difíceis. Fiquei 10 meses sem ir para casa, fiquei um pouco depressivo. Dependia muito do resultado para estar feliz. Quando a vitória não vinha, ficava cabisbaixo. E no final o ano passado foi a principal vez que quase parei de jogar tênis. Mas assim: foi por muito pouco! Eu falei com minha antiga equipe de Itajaí e fizemos um acordo diferente, mais individual, mais especializado. A proposta foi muito boa e eu aceitei”.

João Menezes - Foto: Reprodução.

Se precisava de vitória para ser feliz, João conta que elas não vinham. Lembra que chegou a vencer apenas dois jogos em 12 torneios disputados. A família, claro, foi fundamental para que ele não parasse.

“Eu nunca fui o juvenil mais badalado, nunca joguei um Sul-Americano por equipe na base pelo Brasil, nunca tive o melhor ranking. Mas talvez eu fui o que mais persistiu, o que mais trabalhou. Talvez também seja um pouco de sorte, acaso, mas posso dizer que o trabalho tem uma parcela grande”, diz, consciente de que não pode se vislumbrar com o bom momento.

Mas, afinal, o que mudou em Itajaí que o transformou em um tenista de elite nas Américas?

“Eu credito esse momento ao trabalho. Eu montei um time só para mim desde novembro do ano passado, para começar a pré-temporada. E estamos trabalhando muito firme em Itajaí (SC). Quando você se sente bem fisicamente, capaz de jogar em alto nível, você precisa jogar torneio. Não comecei muito bem, mas é a questão de confiança. Quando você bota na cabeça que pode jogar nesse nível, você começa a ir melhor. E acho que é essa deslanchada que está acontecendo comigo agora. E eu posso ir bem mais longe, tenho convicção disso”, explica.

“No Brasil ninguém me conhecia. Antes dos Jogos Pan-Americanos, tenho certeza de que não tinham ideia de quem era. Agora pode mudar um pouquinho o cenário. Esse é o divisor de águas da minha carreira”, completa.

Claro que você pode ir mais longe, João. E sim, agora o Brasil te conhece: dono de uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos!


Igor Resende e José Renato Ambrosio, de Lima (PERU)

Transcrito de www.espn.com.br


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Cidade de Uberaba


sábado, 3 de agosto de 2019

SAURO BÓSCOLO E SUA FAMÍLIA DE EMPREENDEDORES

Nascido em Adria, em 02/07/1890, Sétimo Bóscolo, junto com seus familiares e centenas de outros imigrantes partiram da Itália no início da década de 1910 com destino ao Brasil. Sufocavam as saudades do torrão natal com as esperanças de uma nova vida em um país que acabara de enterrar uma monarquia.

O destino o trouxe para Uberaba. Com grande senso em oportunidades, Sétimo em pouco tempo já tinha sua fazenda e seu próprio comércio. Foi um dos fundadores da ACIU com direito a retrato no quadro dos pioneiros. Na década de 50, era membro da Loja Maçônica Estrela Uberabense fundada em 1949 na praça Comendador Quintino.

Sétimo casou-se com Josephina Silvati Buchianeri, filha de cônsul italiano no Brasil e nascida na América do Norte. Sétimo faleceu em 17/07/1964 tendo sua esposa, por coincidência, falecida no mesmo ano. Desse casamento nasceram três filhos, Sauro, Nelson e Dora.

Dora, hoje com 94 anos, viúva de Nelson Valentim, gerou 4 filhos, dos quais Nelson Valentim Jr e Lenira atuam na esfera empresarial e Lisete com Andréia, na área de odontologia.

Nelson, com 92 anos, foi um dos proprietários da Destilaria Gaia e um dos fundadores da empresa Floryl - Florestadora Ypê Ltda. Por alguns anos, participou ativamente como diretor da ACIU.

Casado com Iris Gomes Bóscolo, Nelson tem orgulho dos seus cinco filhos, onze netos e seis bisnetos – o renomado médico Ronaldo casado com Adriana Cartafina Perez, 4 filhos e 2 netos; Sétimo Neto, médico e empresário, ex-presidente da Unimed na qual se destacou com seus relevantes serviços, casado com Ana Lúcia Soares Almeida, 2 filhos e 1 neto; Nelson Jr., empresário casado com Mara Denise Paschoaline, 3 filhas e 2 netos; Renato, divorciado com 1 filha e Denise, divorciada, 2 filhas e 1 neta.

O mais velho dos irmãos, Sauro, egresso da fazenda do pai e por algum tempo sócio de seu irmão Nelson na Destilaria, foi também sócio na empresa Floryl que acabou se integrando no grupo da empresa Triflora, da qual participávamos na década de 70 e que, posteriormente, foi transferida para a Shell do Brasil.

Sauro Bóscolo.

Sauro se casou com Dira de Oliveira com a qual teve oito filhos e dezessete netos – Regina, casada com Sinfrônio da Veiga, empresária em Belo Horizonte com 3 filhas; Maria Josefina (Pina), já falecida, deixou viúvo José Elias e uma filha; Estela, empresária em Uberaba, esposa de Roberto Fontoura, 2 filhos; Sauro Jr. com a esposa Ana Maria Facure, 2 filhos; Flavio, casado com Lucélia de Freitas, uma filha; Sérgio com sua Ana Lucia Queiroz, 3 filhos; Paulo Renato, casado com Luzelma Franco, 3 filhos e, Ricardo, casado com Patrícia Oliveira, 2 filhos.

Com o crescimento da família, os irmãos resolveram se separar para criar novos empreendimentos. Nelson continuou com a fábrica de refrigerantes e fez investimentos no setor imobiliário, mas o destino reservou uma trajetória diferente para o Sauro.

Seu pai, Sétimo Bóscolo, que sempre usava a via aérea para ir a São Paulo em tratamento de saúde, conheceu em uma destas viagens um engenheiro da Companhia de Força e Luz de Uberaba que manifestou interesse em construir uma fábrica de materiais elétricos. Vislumbrou que uma indústria dessa natureza se enquadrava no perfil de Sauro.

São essas oportunidades que deve encontrar a pessoa certa no lugar certo e na hora certa. Feita as apresentações, nasceu, em 1959, a empresa Eletrotécnica, primeira fábrica de para-raios brasileira e que, neste ano de 2019, completa 60 anos de atividades. Uma grande ousadia em uma época em que a cidade tinha o seu projeto de desenvolvimento assentado no setor agropecuário.

Por ser a única fábrica brasileira com avançada tecnologia desenvolvendo produtos de alto padrão e sem similares no país, a indústria teve um rápido crescimento, obrigando sua transferência de sua sede inicial na antiga avenida Brasil, hoje Fidélis Reis, para o Distrito Industrial I.

Ganhando espaços no mercado internacional, parcerias foram firmadas com a Alemanha, Estados Unidos e toda a América. Produtos fabricados pela Eletrotécnica em Uberaba eram sinônimos de qualidade, motivando sua procura pelas grandes concessionárias do Brasil e do exterior.
Quando os produtos subsidiados pela China começaram a entrar com força nesse mercado e se espalhou por todo o mundo, Sauro reestruturou sua empresa e criou com seus filhos outras para agregar valores.

Para coordenação de todas as atividades, criou-se a “holding” com a designação de grupo AEL englobando as empresas Eletrotécnica, a Eletrocerâmica, comandada pelo Flavio, a Eletrometalúrgica e a Incel – Indústria Nacional de Componentes Elétricos - sob o comando de Sauro Jr.

Atualmente o grupo produz isoladores, chaves elétricas e eletro ferragens para postes. Além da Agropecuária 7B, foi criado também a Transportadora 7B, sob a administração do Sérgio, para o transporte dos produtos.

Apesar de a AEL não ser a maior organização brasileira do setor, ela é a mais completa. Fabrica tudo que existe em postes de iluminação, com exceção de lâmpadas e fios. Uma série destes equipamentos elétricos foram desenvolvidos pela própria organização. Uma demonstração da capacidade e do talento de seus administradores.

A história da ACIU registra a presença de diversas gerações dos Bóscolos em seus quadros. A atuação de seus membros em diversas diretorias, iniciada pelo Sétimo em 1923 e continuada pelos seus filhos Nelson e Sauro e mais recentemente pelos netos Nelson Jr. e Sérgio, demonstra o espírito de associativismo familiar.

Em que se louve o trabalho de todos, o de maior destaque ficou com o Sérgio que, em 1996, que, eleito vice-presidente da entidade, teve de assumir o comando da Casa até 1997, em decorrência do falecimento em pleno mandato do presidente Antônio Carlos Guillaumon.

Sérgio, em sua gestão repleta de realizações, entre outros feitos, conseguiu a implantação da ETFG - Escola Técnica de Formação Gerencial -, a realização da FÁCIL - Feira de Comércio e Indústria de Uberaba - parceira com a ABCZ, a LIQUIDABERABA, em parceria com o CDL e instituiu o Troféu “Antônio Carlos Guillaumon” para homenagear empresários de destaque.

Em resumo, esta é a história de um sonhador que veio da Itália para Uberaba e aqui constituiu uma grande família. Seus filhos criaram empresas e empregos e um deles, Sauro, ainda formulou produtos para vender para a Itália e o resto do mundo.

Sauro Bóscolo nasceu em Uberaba em 22 de dezembro de 1921 e faleceu em 30 de Junho de 2009, com mais de 87 anos.

“Sétimo Bóscolo” é hoje nome de uma rua localizada no bairro do Fabrício.

“Sauro Bóscolo” é hoje nome do Distrito Industrial I, onde se localiza as seis empresas do homenageado. Deixou exemplos edificantes de trabalho e de amor à família. Deixou saudades para os seus familiares e para todos os seus amigos.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM) e ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes: ACIU, Jornal da Manhã, Guido Bilharinho, Sérgio, Sétimo Neto e Adriana Cartafina Perez Bóscolo.

Foto – Sauro Bóscolo.






Cidade de Uberaba

domingo, 28 de julho de 2019

Ex-aluno da Uniube vai apresentar o Jornal Nacional da Globo.

Para comemorar os 50 anos do Jornal Nacional, a Rede Globo selecionou jornalistas de 26 Estados mais o Distrito Federal para ocuparem, por um sábado, a função de William Bonner e Renata Vasconcellos. O ex-aluno de Jornalismo da Universidade de Uberaba (Uniube), Fábio William, de 53 anos, formado em 1987, foi um dos escolhidos. Ele vai representar a região de Brasília na bancada do JN, onde atua como editor-chefe e âncora do DF1, telejornal local da Globo na capital federal.

Para comemorar os 50 anos do Jornal Nacional, a Rede Globo selecionou jornalistas de 26 Estados mais o Distrito Federal para ocuparem, por um sábado, a função de William Bonner e Renata Vasconcellos. O ex-aluno de Jornalismo da Universidade de Uberaba (Uniube), Fábio William, de 53 anos, formado em 1987, foi um dos escolhidos. Ele vai representar a região de Brasília na bancada do JN, onde atua como editor-chefe e âncora do DF1, telejornal local da Globo na capital federal.

Fábio iniciou a carreira na Rádio Sete Colinas AM quando ainda estava no segundo semestre da universidade. Um ano depois, começou a trabalhar na TV Uberaba, afiliada da extinta Rede Manchete. Mais tarde, foi para Brasília, com passagens nas TVs Record, Bandeirantes e Apoio. Também atuou por 20 anos como locutor de rádio, ganhando importantes prêmios e títulos por causa da boa atuação.

Desde 1996, ele está na Globo, na qual já atuou como repórter de política e fez coberturas de fatos importantes para todos os telejornais da emissora. Em 2011, tornou-se editor-chefe e âncora do DF1, substituindo o jornalista Alexandre Garcia. Desde 2013, faz parte do rodízio de apresentadores do Jornal Hoje, aos sábados, nas folgas de Donny de Nuccio e Sandra Annenberg. (JU).


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Cidade de Uberaba

LÍNGUA DE FOGO

Oi, turma!
( Como dizem os políticos “ não tem virgem na zona”... )


Enquanto “teve vida”, a rua São Miguel, foi um dos locais mais seguros de Uberaba. O Delegado Lindolfo Coimbra, designou ao seu “ homem forte”, o escrivão Mário Floriano de Moraes, que por ter uma pinta no canto esquerdo do nariz, tinha o apelido de “ Pinta Roxa”, responsável pela guarda policial da cidade. Este, por seu turno, “nomeou” o cabo Tatá e o sargento Ranulfo, pela segurança, ordem e respeito, da zona do meretrício. Qualquer encrenca, logo era resolvida pela dupla.

Os “gigolôs” das ex-donzelas, tremiam de medo e eram incapazes de achacar a namorada, ou mesmo tentar agredi-la. “Cuidado, que eu chamo o cabo Tatá”, era a senha da mulherada.

 O máximo permitido, era dormir sem pagar o “ michê” das meninas... Fato hilariante que marcou a rua São Miguel, foi protagonizado por um jovem da terrinha, filho de família rica e frequentador assíduo da rua São Miguel. Com seus 20 e poucos anos, bancário, dinheiro no bolso, era querido pela mulherada.
Boa pinta, andava na moda. “Gumex” nos cabelos, barba escanhoada, camisas seda pura, calças de vinco bem passadas, sapatos sempre engraxados, fazia sucesso. Contudo, segundo as putas, tinha um costume estranho para a época, a prática do sexo oral. Seus amigos, quando ficaram sabendo, partiram para a gozação, “ o Cidão ( apelido falso) é um tarado”, diziam.

Apreciador da comia baiana, toda vez que “Cidão” se dirigia ao quarto da “companheira”, sem que ela percebesse, mastigava com gosto, 2 a 3 pimentas “malaguetas”. No auge da prática sexual, a mocinha não se continha e começava a gritar, frenéticamente:-“ai, ai, ai, tá ardendo demais !” ocê tem língua de fogo ! Para ! Para !” “Cidão”, delirava. Ria à cântaros do desespero da pobre coitada...

A fama do bancário correu, célere, em toda a “São Miguel”. Aquelas “sofredoras”, por medo ou vergonha, sei lá, não contavam para a nova parceira do “Cidão” e assim, o “língua de fogo” ia fazendo suas “vítimas”. A queixa das meninas era uma só:- “Credo ! Tô com ardume na perereca, até hoje”, reclamavam quando a “ prática” veio à tona...

“Cidão”, ficou famoso na zona. Chegava cedo. Banho tomado, 8 da noite, já estava na zona. Comia 2 espetinhos do Jaime, esquina da rua com a praça Frei Eugênio e ia para sua habitual aventura. Madrugadão, passava no “Tabu”, comia o delicioso sanduíche de pernil do Shin (alô, Waldir !) e voltava prá casa. Até que um dia...

“Cidão”, começou namorar”firme”, moça rica da terrinha. Casou. Ficou uns tempos, quieto. Não resistiu. Continuou mulherengo. Chegava em casa sempre pela madrugada. A mulher, desconfiada das andanças dele. A desculpa era uma só: estava jogando sinuca no bilhar do Manogra”. (Saudade do Manograsse Honório Campos...) Até que uma certa madrugada...

“Cidão” chega em casa. Pé ante pé, tira a roupa. A mulher acordada, espumando de raiva . Levanta-se e ele espanta:- “quéisso, mulher?!”
-On’cê tava ?” perguntou., séria.
-“Tava na casa do Dentinho de Ouro ! E daí ?”
Ela olhou o marido, de cima em baixo.
-“Mentiroso!”
-“Tá ficando louca, mulher ?”
Olhos marejados de lágrimas, o abraça, ternamente e diz:
-“Ocê tava jogando sinuca no Manogra né , meu amor!”
Daquele noite em diante, foram felizes para sempre! Marquez do Cassú.


Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

O ‘’CASINO BRASIL’’...

Oi, turma!

( Em casa de gato, rato não passa perto...)


A fama de Uberaba como cidade boêmia, extrapolou fronteiras e correu mundo. Vir a Uberaba e não conhecer a rua São Miguel , é como se fosse “a Roma e não conhecesse o Papa”... Nem a “casa da Ení”, em Baurú, foi tão famosa quanto a “ nossa rua do santo”...O “Casino Brasil”, era o ponto principal. Seus donos, Paulo e Negrinha, esmeravam no atendimento. Era o ápice das noites boêmias da terrinha. Mulheres lindas com o apelido de “bailarinas” ( hoje, elas são conhecidas como “modelos”...), vindas de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Rio verde, Jataí, Ribeirão Preto e alhures, faziam a festa e enchiam as “bolsas”, alegrando ricos, jovens e velhos fazendeiros que faziam de Uberaba, seu ponto comercial e na folga,agradar seu apetite sexual.

Moças lindas, loiras, morenas, aptas à “atividade sexual”. Corpo “violão”, muito em moda nos anos 50/60, pernas bem torneadas, lábios carnudos e provocativos e um batom vermelho que chamava a atenção; o perfume, a gente sentia à distância. Os puteiros, de um lado e outro da rua, tinham à porta, luzes vermelhas cintilantes, chamando a atenção. A São Miguel, ligava os bairros São Benedito ao d’Abadia. Durante o dia, trânsito normal; à noite, aquele burburinho!

Quando o sol escondia, logo ouviam-se os primeiros acordes da orquestra do “Casino Brasil”; músicos afinando seus instrumentos. As moçoilas de vida nada fácil, começavam a ouriçar ! Era só atravessar a rua e exibir-se para aquele munduréu de homens, ávidos e tarados por belo “programa”... A “pobreza”, coitada ! morria de ciúme, inveja e vontade em participar daquele lauto “banquete”. Ficava tão somente na vontade... 

Quando aparecia a primeira “ex-donzela”, vestido que mal cobria os joelhos, pernas roliças, coxas e bundas apetitosas, bem a gosto da “freguesia”, decotes generosos, seios que quase saltavam dos sutiãs, cabelos bem penteados, caindo nos ombros e começava a desfilar, a homaiada delirava ! Em questão de minutos, em dupla, loiras, morenas, altas e baixas, bonitas e mais bonitas, ia chegando e chamando a atenção do “cabaré” já quase lotado...

No palco, todo iluminado, rebolando a não mais poder, os primeiros travestis da terrinha. Os viados, “Birinha”, um crioulo forte e o branco “Diquinha”, peruca esfusiante, cantando e imitando a Ângela Maria, “Babalú...aiê...Babalú aiê” e o coro de palmas que se seguia...Com o comando do maestro “Docinho”, a voz romântica de Mauricio Silva, um dos mais perfeitos imitadores do maior “seresteiro do Brasil”, Sylvio Caldas. O salão, regorgitava de dançarinos!

As raparigas mais antigas da ”casa”, seguindo ordem do “Centrão”, faziam, no mínimo, dois “programas” por noite. As novatas, “trabalhavam” enquanto houvesse “freguês”. A festa seguia noite a dentro, até que, devidamente acompanhadas, tomavam o rumo de suas casas. As “ex-donzelas”, cansadas da guerra, iam para o seu sono, profundo e reparador, pois que, amanhã, a “luta” recomeçava...

Amanhã, conto-lhes como um jovem da santa terrinha, ganhou o apelido de “língua de fogo”. Vale conhecer. Obrigado pela atenção. Abraços do velho “Marquez do Cassú”.





Cidade de Uberaba

CENTRÃO!

Oi, turma !


( Lé com lé... crê com crê... entendido ?...)


Não resisti a tentação. Relendo antigos textos, deparei-me com esse. Peço vênia para repeti-lo, em homenagem àqueles que não tiveram a oportunidade de lê-lo.

Na década de 50/60, as donas dos bordéis da rua São Miguel, estavam preocupadas em perder a hegemonia e a liderança da vida noturna e boêmia da santa terrinha. Rumores corriam fortes que um “novo tempo” estava chegando, aparecendo “focos ”de outras casas, em meio às casas familiares, portanto, fora da zona, à atrapalhar o “rentável negócio” que a elas, pertencia.

Essas casas recebiam casais descasados, mulheres e homens casados e comprometidos e mocinhas “regateiras”, que não se sabe as razoe$$$, estavam também frequentando. As “cafetãns”,~ reuniram-se num lauto jantar no amplo salão do “casino Brasil”. Lá estavam: a Negrinha, Tubertina, Amelinha, Tia Moça, Nena, Sudária e Isolina e decidiram associar-se num amplo “ centrão” para barrar a investida que ameaçava o rentável negócio delas. Em “convenção”, sairiam as decisões das “ mandonas”do pedaço do pecado...

Primeiro, era necessário superar algumas “divergências” entre elas. Cínicamente, foram dados os “abraços de tamanduá” e a conhecida amabilidade da “troca de falsidades”... Afinal, diz o ditado que quando “o navio está afundando, não existem inimigos. Todos devem unir-se para salvar a embarcação”. A Negrinha trocou beijos com Tia Moça; a Nena deu um comovido abraço na Tubertina; de braços dados saíram Isolina e a Sudária. O pacto estava consolidado e recebeu o nome “Centrão da Putaria”. O “comando”, seria “ colegiado” .As casas com mais kengas, teriam o maior número de votos( desculpe, decisões...).

Vieram as primeiras, pois, não poderia perder tempo. O “inimigo” avançava. As “novatas ”não poderiam, por hora, mudar de partido,( perdão ! de casa)... Teriam que permanecer; ,caso contrário, perderiam o “bônus do rateio” da propaganda eleitoral (desculpem-me, outra vez !), quero dizer, sua parte no “michê”, controlado pelo ”Centrão” . Afinal, o “Centrão”, precisava frear o avanço dos” rendez-vous” e dos recentes motéis, que incomodavam bastante o velho e tradicional puteiro da rua São Miguel...

O que fizeram elas ? Passaram a exigir a mais absoluta higiene e fidelidade às casas, das putas recém chegadas. A obediência a essas determinações eram imprescindíveis a otimização dos futuros resultados. Aquela que fugisse às regras, seria levada ao conhecimento do “cabo Tatá” e do seu homem forte, o sargento Ranulfo, paras devidas reprimendas. Negrinha, Nena, Isolina, Tia Moça, Amelinha Sudária e Tubertina, comandantes do “Centrão”, não poderiam perder o controle dos seus filiados ( hi! Perdão outra vez...), do dinheiro, do poder e das negociatas, que exerciam na rua São Miguel. Era preciso ”trabalhar” para não perder o poder!

Só que as putas iniciantes queriam conhecer novos lugares, puteiros de luxo. A velharia não mais seduzia as ex-donzelas. Mesmo com todo o esforço do “Centrão”, ele não prosperou. Os motéis, cada um mais chique que o outro, as chácaras” especializadas”, tomaram conta do pedaço, sepultando,de vez, a saudosa e lendária rua São Miguel...

Segundo conta a história recente, muitos filhos daquelas distintas damas, mudaram-se para Brasilia e juntando às filhas e netas(os) das “damas da noite”, formaram um novo “Centrão”, voltado à política brasileira .É a fase que estamos vivendo... Abraços do “ Marquez do Cassú".


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Cidade de Uberaba



MOMENTO CULTURAL EM VERSO E PROSA

Ani e Iná pontuaram muito bem! 

Ontem vivemos momentos inesquecíveis no Shopping Uberaba. Mais uma vez a Academia de Letras do Triângulo Mineiro marca indelevelmente a sua presença indo onde o povo está. A abertura do evento com a execução do Hino da Academia, concebido por Harahilda Alves foi transcendente! 

Poetas Acadêmicos e outros convidados deram o tom com as suas declamações recheadas de lindas prosas. 

Livros foram sorteados e distribuídos, bem como belos poemas impressos também oferecidos ao público!

Músicas marcaram no ar enlevando-nos a planos superiores. A simplicidade e espontaneidade dos presentes fizeram a moldura do “quadro”.

Todos receberam Diploma de Participação sob aplausos da plateia. O som de altíssima qualidade permitiu que ressoássemos à distância e esse fato fez aglutinar pessoas que também voluntariamente declamaram seus versos e contaram causos. Uma menina (desculpem-me por não lembrar o seu nome) nos emocionou a todos. 

Nota máxima ao Acadêmico Pedro Lima que há tempo sugeriu esse projeto e hoje vê seu sonho realizado a convite do Shopping Uberaba!

Foi grande o número de membros da Academia, como também o de pessoas, inclusive famílias inteiras, admiradoras da ALTM. 

O MOMENTO CULTURAL EM VERSO EM PROSA ocorrido ontem me da uma certeza: estamos no rumo certo!

Está lançada a semente da I-SEMANA DE VERSO E PROSA. Vamos realizá-la?

A todos os que compareceram o nosso abraço afetivo.

Aos ausentes, eventuais ou eternamente, o mesmo abraço e saibam que suas ausências foram e serão para sempre sentidas. 

(João Sabino)

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Paróquia de Nossa Senhora D’Abadia – Romaria - Minas Gerais.

A Paróquia de Nossa Senhora d‘Abadia de Água Suja foi criada pela Lei Imperial nº 1.900, em 19 de julho de 1872.

O processo de povoamento do antigo Carmo da Bagagem (atual Romaria) deu-se principalmente por essa região ter apresentado a riquíssima presença de diamantes, cuja extração se iniciou em 1840, dando origem ao povoado de Água Suja. Entretanto, somente em 1867 um garimpeiro chamado Sebastião descobriu diamante no córrego de Água Suja.

A origem do povoado, além da presença dos diamantes, e posteriormente do ouro, se deve à migração dos trabalhadores que anteriormente estavam instalados em um antigo povoado conhecido por Bagagem-Diamantina (atual Estrela do Sul). Estes, por causa da Guerra do Paraguai (1864-1870), travada entre a Tríplice Aliança (Argentina, Uruguai e Brasil) e o Paraguai, foram motivados a se deslocarem da região para não serem convocados para lutar no conflito, visto que a região do Triângulo Mineiro serviu de certa maneira como base militar.

O nome “Água Suja” foi dado em razão do córrego do mesmo nome, que passa perto da região onde surgiu o povoado, e da terra vermelha que se desprende dos barrancos, dando a aparência turva do córrego.

A origem devocional do povoado de Água Suja em relação a Nossa Senhora d’Abadia advém da tradicional festa religiosa de Moquém (cidade localizada no estado de Goiás). Tal festa tinha grande significado para o povoado, pois durante anos os habitantes dela participavam.

Em 1869, o povoado de Água Suja pediu ao então bispo de Goiás (Diocese à qual o Triângulo Mineiro pertenceu até 1907), Dom Joaquim Gonçalves de Azevedo, que permitisse à região a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora d’Abadia (título de grande expressão, sobretudo para os portugueses). Tal pedido foi aceito por Dom Joaquim. Em 1870, o português Custódio da Costa Guimarães foi até o Rio de Janeiro e adquiriu a imagem de Nossa Senhora d’Abadia, na casa comercial de Franco & Carvalho. A imagem foi recebida com grandes festas e, após uma procissão, foi entronizada na Capela que, durante quatro anos, foi o espaço de veneração da imagem e celebração de sua festa. Em 1907, o vigário da época Frei Pio Antonãnzas Palacios solicitou a Dom Eduardo a elevação da Capela à categoria de Santuário Episcopal, pedido aceito em 18 de dezembro do mesmo ano.

A devoção rapidamente expandiu-se pela região do Triângulo Mineiro, chegando até mesmo aos estados de Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. Assim, as romarias surgiram e a popularidade da festa, iniciada em 6 de agosto, tornou-se muito grande. Durante o surto da gripe espanhola (1918), conta-se que muitos devotos pediram a proteção de Nossa Senhora d’Abadia e foram curados.

Em 1920, a festa de Nossa Senhora d’Abadia já estava comemorando seu cinquentenário. Dom Eduardo Duarte Silva, bispo diocesano, convocou todos seus diocesanos a participarem de tal festividade: “[…] sendo de nosso maior desejo que as solenidades deste ano jubilar se revistam de feérico brilho, para maior realce de tão grata e consoladora comemoração e para que a ela não deixem de comparecer, temos resolvido endereçar caloroso convite […] Como testemunho de nossa gratidão, a todos que atenderem a este nosso Convite, neste preito de gratidão, solenizando tão auspiciosa data jubilar, concedemos sessenta dias de indulgências.” A resposta dos fiéis foi grande e o relato fala da existência de 3.500 carros de bois e aproximadamente 45.000 fiéis.

Desta maneira, percebemos que a riquíssima tradição da Festa de Nossa Senhora d`Abadia já possuía grande valor religioso, e a motivação episcopal significava que sua expressão havia atingido um elevado grau na religiosidade popular, considerando a expressiva presença de romeiros que, ao longo dos anos, foram aumentando e popularizando ainda mais a romaria.

Para que o cinquentenário fosse o centro da religiosidade de toda sua Diocese, dom Eduardo endereçou também uma carta a todos os vigários pedindo a transferência das demais festividades marianas comemoradas em 15 de agosto para o dia 8 de setembro (natividade de Nossa Senhora) ou outra data, conforme carta endereçada em 6 de janeiro de 1920: “ […] para que não se venha a desviar qualquer parcela de devotos e romeiros […] resolvemos transferir para o dia 8 de setembro, ou para qualquer outra data a seu arbítrio, quaisquer festejos que em suas Matrizes ou Capelas filiais costumem ter lugar no dia 15 de agosto.”

A construção atual iniciou-se em 1932. Com autorização de Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, pôde ser usada antes mesmo de sua conclusão que se deu na década de 1960.

Em 25 de março de 1988, nosso segundo arcebispo, Dom Benedicto de Ulhoa Vieira, endereçou uma carta ao Santo Padre João Paulo II, pedindo a elevação do Santuário a Basílica Menor. Nessa carta, apresentou um breve histórico e argumentou seu pedido, destacando a média de fiéis que passavam pelo Santuário anualmente, cerca de 60.000 pessoas, além de afirmar que o Santuário era considerado o mais importante do Triângulo Mineiro.

Dom Alexandre, no dia 24 de março, declarou seu apoio à causa, dizendo que desde o início de sua administração tomara conhecimento da vigorosa religiosidade, pois além dos fiéis da região do Triângulo Mineiro, havia a presença de fiéis dos Estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e até mesmo do Rio de Janeiro.

No processo de elevação a Basílica Menor, consta que a alteração do nome de “Água Suja” para “Romaria” deu-se devido ao grande fluxo de romeiros e, em 1962, quando a Vila Romaria se emancipou de Monte Carmelo, passou a denominar-se “Romaria”. Contudo, como se verifica até mesmo na atualidade, o termo “Nossa Senhora d’Abadia de Água Suja” não se perdeu, em virtude da identidade religiosa fortemente presente.

A riqueza religiosa da festa de Nossa Senhora é evidente. Mais ainda surpreende o fato de que, no dia da festa em 1987, foram atendidas 2.226 confissões individuais e houve 6.000 comunhões, número bastante expressivo, chegando à presença de 20.000 fiéis na procissão.

Além disso, na década de 1970, de acordo com o processo de elevação a Basílica, foi ministrado a 400 fiéis o sacramento da Confirmação, enquanto a média de batizados chegou a 600.

Esses números corroboram uma reflexão acerca da religiosidade popular, pela expressividade das romarias, ainda responsáveis pela grandiosidade de manifestações religiosas, bem como de celebrações.

Este ano, o Santuário de Nossa Senhora d’Abadia de Água Suja completará 146 anos de história e, em 2022, será o jubileu de 150 anos. Pedimos a Nossa Senhora d’Abadia que continue abençoando o Triângulo Mineiro e derramando sobre nós infinitas graças.

Amanda Oliveira


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Cidade de Uberaba


História de Uberaba é a História da Câmara Municipal

A cidade inicia-se no século XVIII a partir da exploração do interior brasileiro, na busca do ouro. A Estrada do Anhangüera localizada entre o Rio Grande e o Paranaíba foi à primeira entrada no Triângulo Mineiro, comandada pelo bandeirante Bartolomeu Bueno. Aberta em 1722 tornou-se, por ordem régia posterior, o único caminho permitido para o transporte do ouro até Goiás.

Bem próximo ao local onde hoje está Uberaba, iniciou-se a extração do ouro, num lugarejo conhecido como Desemboque e mais de meio século depois, ocorre o esgotamento das minas. No início do século XIX, Major Eustáquio, morador do local, resolve explorar a região e encontra água em abundância e pastagens naturais do cerrado, condições muito propícias para a criação de gado e, conseqüentemente, uma saída econômica para o fim da mineração.

No Império, o governo doava as terras não cultivadas, num sistema conhecido por sesmarias. Após o extermínio e a expulsão dos Caiapós, acompanhando o Major Eustáquio, algumas famílias estabeleceram-se na região, depois que receberam terras por esse sistema. Assim, formou-se o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião. O registro da vida do Arraial se dava na Igreja Matriz (foto abaixo), instituição que documentava nascimentos, batizados, casamentos ou quaisquer outros acontecidos. Em 1836, o governo imperial determinou que se construísse o prédio da Câmara Municipal e o primeiro agente-executivo (termo equivalente à palavra “prefeito”) foi Capitão Domingos então irmão de Major Eustáquio.

No início, a atividade econômica mais relevante era a criação do gado chamado “pé duro” ou “curraleiro”. Como um dos importantes componentes da alimentação desse gado era o sal, rotas salineiras foram estabelecidas, Carros-de-boi traziam o sal e outras mercadorias, oriundas de São Paulo e Rio de Janeiro e levavam produtos da região, do Mato Grosso e de Goiás. Uberaba transformou-se em um entreposto comercial e surgiu outra atividade, fundamental para o desenvolvimento da cidade: o comércio. Tanto movimento justificou a chegada do trem de ferro, em 1889. Os trilhos vinham de Ribeirão Preto e acompanhavam as fazendas de café.

A cidade se desenvolveu e passou a abrigar – além das casas comerciais – bancos, livraria, cinemas, teatro, hotéis e escolas. Vieram os imigrantes e, dentre eles, arquitetos cujos estilos marcaram uma época de grande desenvolvimento. A estrada de ferro prosseguiu e seus trilhos alcançaram Goiás, Mato Grosso e outros centros comerciais. Com a desativação do comércio na cidade, iniciou-se a criação de gado zebu. Uberabenses foram até a Índia buscar os animais e aqui aprimoraram a raça, com trabalho genético e exposições do zebu que evidenciam o município no cenário nacional.

A cidade organizou seu espaço a partir da Praça Rui Barbosa. A principal Avenida Leopoldino de Oliveira localiza-se na parte baixa da Praça (sobre o córrego das Lajes) e dela se ramificam as colinas que formam os bairros. Por isso costuma-se falar “vou descer para o centro” ou “vou subir para casa”. As antigas, colinas eram: Boa Vista, Estados Unidos, Misericórdia, Matriz, Cuiabá e Barro Preto, destacadas pelo escritor Borges Sampaio, agente executivo de 1878 a 1883.

Texto, Marise Diniz.


Câmara Municipal, a história da sua vida.


Em 2012, Uberaba comemorou os 175 anos de instalação da Câmara Municipal.

Acompanhem os principais fatos.

07de Janeiro de 1837 - Instalada a Câmara Municipal de Uberaba

Instalada a Câmara Municipal de Uberaba. Deste ato, segundo Hildebrando Pontes, o único documento existente é o “Auto de Instalação da Câmara Municipal de Uberaba” (documento até então não encontrado) e a Lei que elevou o Arraial de Santo Antônio do Uberaba à condição de Vila.


03 de Março de 1854 – Uberaba quer ser Capital

Foram eleitos para nova legislatura municipal, entre outros, Joaquim Antônio Rosa, Antônio Borges Sampaio e José Ferreira da Rocha. Estes formularam uma representação ao Senado, Câmara de Deputados e Imperador D. Pedro II, ponderando que a distância que separa comarca do Paraná de Ouro Preto, provoca sempre tardia ação do governo, assim solicita a criação da Capital, em Uberaba ou na Vila do Pium-i. 


22 de julho de 1857 – De Vila à Cidade

São eleitos para a Câmara Municipal, entre outros, Francisco Rodrigues de Barcelos, Joaquim Antônio Rosa, José Teixeira Alves de Oliveira e João Batista Machado, que passa a ter nove vereadores, em decorrência da Lei provincial mineira nº 759 que elevou a Vila de Santo Antônio de Uberaba á categoria de cidade em 2 de maio de 1856.


22 de outubro 1880- Primeiro Plano Diretor de Uberaba

Procedida oficialmente pela Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Joaquim Rodrigues, a nomenclatura das ruas da cidade, baseada em plano do também vereador Antônio Borges Sampaio publicado em seu livro, contando a cidade com 45 ruas, 9 praças, 3 travessas e 2 becos, quase todas conhecidas e designadas pelo nome de alguma pessoa mais notória nelas residente ou por alguma características ocasional, como rua dos Ingleses (João Pinheiro), do Boi (mercês e, depois Afonso Rato), Direita ou grande (Vigário Silva e Manuel Borges) do Pedro (Carmo), de Manuel Antônio (Alaor Prata), de Santa Rita (Sete de Abril), do Rancho (Castro Alves), da Presiganga (Carlos Rodrigues da Cunha).


11 de agosto de 1880 – Câmara Municipal coloca o primeiro tijolo em prol da Igreja Abadia

A Câmara Municipal de Uberaba concede a Eduardo José de Alvarenga Formiga licença para construção de capela no alto da Misericórdia, a futura Igreja da Abadia.


15 de Janeiro de 1886 – Partido Conservador toma a Câmara Municipal e impede Barão de entrar

Neste período monárquico, havia em Uberaba uma forte disputa entre o Partido Liberal e o Conservador, contam que neste dia a direção política conservadora com mais trezentos homens armados, tomaram a Câmara Municipal, onde aconteceria à eleição geral, impedindo o ingresso dos eleitores liberais. Nem mesmo o Barão da Ponte Alta, consegue entrar no paço municipal para votar. 


18 de Novembro de 1889 – Junta Provisória eleita na Câmara Municipal passa a Governar Uberaba

Foi realizada uma reunião histórica e aclamada pelo povo na Câmara Municipal, onde deu posse a Junta do Governo Provisória com o a Proclamação da República em 15 de novembro. Composta, entre outros, por Venceslau Pereira de Oliveira, José Oliveira Ferreira, José de Oliveira Ferreira, José Joaquim Saraiva Júnior, Manuel Raimundo de Melo Meneses e Alexandre Barbosa. Essa Junta funciona até 14 de fevereiro do ano seguinte, quando é empossado o primeiro Conselho de Intendência, de nomeação do governo estadual.


07 de Março de 1892 - Eleita a primeira Câmara Municipal Republicana

Eleita a primeira Câmara Municipal republicana pelo Partido Republicano Municipal, que surgiu de um racha do “Grupo União Política” e este também se formou de um racha com “Clube Republicano 20 de Março”. O presidente e agente executivo eleito, foi Gabriel Orlando Teixeira Junqueira


30 de novembro de 1899 – Câmara Municipal impede o surgimento da Peste bubônica em Uberaba

Com o surgimento da peste bubônica em Santos, a Câmara Municipal movimenta-se no fim de outubro no sentido de tomar medidas preventivas, nomeando comissão composta dos médicos Filipe Aché, João Teixeira Álvares e José Ferreira com o objetivo de assessorar o poder legislativo, sendo o Filipe Aché nomeado inspetor sanitário da Câmara. Um dos fatos importante foi à construção do desinfetório na linha Mojiana, a três quilômetros da estação ferroviária da cidade. Todas as medidas preventivas implementadas impediram o surgimento de casos de peste na cidade.


14 de setembro de 1900 – Câmara Municipal separa Cargos e os torna Gratuito

A Câmara vota a Lei Municipal nº 99 que separa o cargo de agente executivo do cargo de presidente e o torna gratuito.


07 de março de 1903 – Câmara Municipal elimina Febre Amarela em Uberaba

A Câmara Municipal, que está em sessão permanente, participa de debates sobre a febre amarela com os médicos Tomás Pimentel de Ulhoa, José Ferreira, Guilherme Peixoto, Manuel Joaquim Bernardes e Domingo Paraíso Cavalcanti, resolvendo-se a intensificação da eliminação dos mosquitos por meio de pó de Piretro ou pó da Pérsia.


29 de Janeiro 1904 – Câmara Municipal Acende as luzes da cidade de Uberaba

A Câmara Municipal aprova Lei nº 171, de iniciativa do vereador Quirino Luís da Costa, autorizando o agente executivo Antero Ferreira da Rocha a contratar com o médico José de Oliveira Ferreira e com Gabriel Orlando Teixeira Junqueira, a iluminação pública e particular da cidade pelo sistema de eletricidades. E em 30 de dezembro de 1905, foi a inaugurado luz elétrica com grandes festejos que continuaram no dia seguinte.


08 de Abril de 1909 - Câmara Municipal cria Biblioteca e Museu, administrativo joga o acervo no lixo

A Câmara Municipal aprova a Lei nº231 que cria na administração Filipe Aché, a Biblioteca Pública Bernardo Guimarães. E em julho do mesmo ano, a Câmara cria Museu anexo à Biblioteca Pública Bernardo Guimarães com mais de 400 peças minerais, arqueológicas e indígenas, além de objetos de outras categorias, que a futura administração Silvino Pacheco jogou tudo no lixo, como já havia feito com a maior parte da Biblioteca.


20 de Julho de 1909- Inédito! Araras e Pacholas juntos

Reunião no salão do Paço Municipal dos eleitores do Partido Republicano Municipal e do Partido Republicano Mineiro, contrários à candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à presidência da República, com o objetivo de organizar nova agremiação política. Surge o Partido Republicano Democrata, onde reuniu-se, araras e pacholas*. Com isso os partidos passam a se denominar P.R Mineiro (hermistas) e P.R Democrata (civilista).

*Os apelidos das facções do PR tinham origem em anedotas. Em Uberaba contam que um grupo de eleitores do PR-Municipal estava na porta de um estabelecimento comercial quando se aproximou um grupo de eleitores do PR-Mineiro. Os que estavam parados comentaram:- Lá envém os “arara”!
“Arara” tinha um sentido depreciativo. Significava bobão, tolo. Os “Araras” ouviram e retrucaram:
- E ali está um monte de “pachola”!
“Pachola” também era termo pejorativo. Significava farsante, folgado, malandro.


03 de Abril de 1912 – Câmara cria transporte público e autoriza construção do Fórum

A Câmara Municipal firma contrato para execução do serviço de tráfego de veículos de passageiros e cargas no município por 25 anos, exclusivamente nas estradas que a empresa construir. E em julho, autoriza a doação de área ao governo do Estado para construção da fundação de instituto fundamental, do Fórum e da Escola Normal.


19 de fevereiro de 1920 – A Princesa do Sertão ocupa seu lugar com inauguração de novo Prédio e Partido operário na Câmara Municipal

Concluído e colocado na parede principal do salão nobre da Câmara Municipal, o painel “Uberaba -Princesa do Sertão”, autoria dos pintores Vicente Corcione e Rodolfo Mosello, retratam mulher corada, vestida à moda imperial, sentada numa poltrona sobre pedestal com degraus, tendo ao fundo vila da época do Império, representando Uberaba. Em Julho, foi inaugurado o novo prédio da Câmara. E em outubro, foram abertas duas vagas por renúncia na Câmara Municipal, onde se procedeu à eleição, tendo o Partido Republicano Federativo (Partido Operário) sufragado o nome de Alexandre Barbosa e o Partido da Concentração Municipal o de João Henrique Sampaio Vieira da Silva.


09 de Julho de 1921 – Câmara Municipal cria escola para filho de operários

Aprovada na Câmara Municipal a Lei nº 450, de iniciativa do agente executivo João Henrique, cria escola para filho de operários.


05 de Abril de 1924 – Câmara aprova Projeto de ensino gratuito, o Clero revoga

Tumulada sessão da Câmara Municipal pela discussão do projeto de seu presidente e agente executivo do município, Leopoldino de Oliveira, para vinda da organização Granbery. O Projeto é aprovado contra os votos dos vereadores cônego César Borges, Geraldino Rodrigues da Cunha e Helvécio Prata. Contudo os católicos, convocados pelo Clero, reúnem-se na Igreja Matriz e na São Domingos, dirige-se a Câmara, fazendo uso da palavra o médico João Teixeira Álvares e a professora Edite França em discursos calorosos contra Leopoldino de Oliveira.

E no dia 07 de abril, a Lei que autorizava à organização Granbery concessões para a Fundação em Uberaba, de estabelecimentos de ensino, consistentes em ginásio, escola normal e patronato agrícola, abrigando gratuitamente trezentos alunos, diante da oposição discriminatória do clero e dos católicos, a lei é revogada. 


11 de Janeiro de 1925 – Batalhão da Polícia cerca a Câmara e Leopoldino de Oliveira tranca as Portas

Realizaram-se em 11 de janeiro de 1925, eleições para duas vagas de renunciantes da Câmara Municipal. O Partido Republicano Mineiro transformou o recinto das seções eleitorais em praça de guerra, ocupadas por tropas da polícia a serviço dos mesmos. O que não resultou a priori em nada, a junta apuradora constatou a derrota do Partido Republicano Mineiro, frente à vitória da “Coligação Uberabense (Partido Operário)” com Lucas Borges de Oliveira e Alexandre Barbosa.

Em 14 de março, com a posse dos dois vereadores vitoriosos, Leopoldino de Oliveira, como Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo, procede à eleição para vice-presidência, com base nas leis 02/1891 e 373/1903 sendo eleito Ismael Machado (avô dos advogados José e Paulo Salge). Com isso não concorda o senhor Geraldino Rodrigues da Cunha, que era o então vice-presidente, e para ele só não seria mais, quando o renunciasse. A partir daí trava-se séria disputa entre Geraldino/Governo de Estado (Fernando de Melo Viana) e Leopoldino de Oliveira. Melo intervém ilegalmente no município e o batalhão da polícia cerca a Câmara.

Em 16 de março, Leopoldino de Oliveira faz uma proclamação ao povo:

“... Não posso passar ao meu substituto legal o governo do município, pois a ordem do Senhor presidente de Minas Gerais, dada ao comandante do batalhão, é de assaltar e tomar a Câmara, pouco importa a autonomia do município... entendi, como um protesto, deixar na Câmara cuja presidência não renuncio, fechada, enviando, nesta data, ao instrumento da tirania o seguinte ofício: Senhor Comandante do 4ª Batalhão de Polícia... Licenciado pelo Câmara, tenho a necessidade de deixa - lá. O edifício fica fechado, à espera de que V.S o arrombe para nele ingressar. Eu não entrego o que é do povo a ninguém; venha V.S. Tomá-lo.” (Bilharinho, 2007, p. 207. apud. Ponte, 1978, p.201)


11 de maio de 1928 – Câmara Municipal aprova o Escudo do Município

A Câmara Municipal aprova a Lei nº 582, e Uberaba passar a ter o símbolo municipal - o escudo do município executado pelo historiador Afonso d´ Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista.


03 de outubro de 1930 – Câmara Municipal é dissolvida e Guilherme Ferreira é Nomeado.

Inicia-se em Uberaba o Golpe de 30 

A aliança liberal deflagra o movimento armado de âmbito nacional. No dia seguinte realiza-se à noite, na Praça Rui Barbosa, grande manifestação popular em apoio à aliança liberal. Uberaba começa a receber os combatentes armados que ocupam as pontes dos rios Grande e Paranaíba. No dia seis, a Câmara é dissolvida e seus membros depostos, O governador militar da cidade, representado pelo Major Afonso Elias Prais, nomeia por Portaria Guilherme de Oliveira Ferreira como governador civil, que toma posse às 13 horas, no paço municipal, na presença de diversos lideres políticos. 

No dia oito, na Praça Rui Barbosa acontece grande manifestação de apoio aos governadores civil e militar da cidade, nessa noite arrancaram o Busto de Melo Viana existente na Praça e o leva para a Câmara, de onde, dias depois, é transportado e atirado no rio Grande de cima da ponte de Delta. A partir daí inicia-se a batalha na ponte de Delta, entre paulista e mineiros.


23 de Julho de 1934 – Câmaras Municipais não têm função definida pela Constituição de 34

A Constituição Federal de 1934 restabelecem os órgãos legislativos municipais, mas tiram deles a função executiva, delegando aos prefeitos, a Câmara Municipal funcionou de forma imprecisa, pois suas funções não estavam bem definidas pela Constituição de 34. Compõem essa legislatura, entre outros, Fidélis Reis, Boulanger Pucci e Jorge Frange.


23 de Julho de 1937 – O mais longo mandato de Prefeito eleito pela Câmara Municipal

Eleito Prefeito pela Câmara Municipal, o advogado e agropecuarista Whady José Nassif que assume, até então, o mais longo mandato de prefeito de Uberaba, findando em 13 de julho de 1943.


1ª de Setembro de 1939 – Inicio da Segunda Guerra Mundial, Brasil é único país da América Latina a entrar na Guerra

Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 e 1945 e, em agosto de 1942, no governo de Getúlio Vargas, o Brasil uniu-se aos Aliados e declarou guerra ao Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. Foi o único país latino-americano a participar do confronto. No qual Uberaba participará com a ida de mais de 800 jovens junto à principal ação militar brasileira que aconteceu principalmente na organização da campanha da Itália, onde os brasileiros foram para o combate ao lado das forças estadunidenses.


05 de fevereiro de 1946 - Instalada a Assembléia Nacional Constituinte

Instalada a Assembléia Nacional Constituinte sob a presidência do Senador Fernando de Melo Viana, ex-juiz de direito em Uberaba, ex-vice-presidente da República, onde nasce a Constituição de 1946, que restabelece o poder legislativo independente do poder executivo e o voto popular para escolha do governo municipal.


11 de abril 1946 – Câmara elege Prefeitos

Lauro Fontoura é eleito pela Câmara Municipal e assume a prefeitura de Uberaba, exercendo a função de prefeito até 1ª de janeiro de 1947. E em dois de maio de 1947, Também eleito pela Câmara Municipal, João Carlos Belo Lisboa, exerce a função de prefeito até 07 de dezembro desse ano.


21 de Novembro de 1947 – Eleita a primeira Câmara com voto popular

Eleita a primeira Câmara pelo voto popular. Tendo como primeiro Presidente o Dr. Henrique Von Krüger Schroeder, nascido em Resende (RJ), Formado em Farmácia na década de 1920 e em Medicina, pela Faculdade de Medicina de Niterói, em 1934. Elegeu-se vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e assumiu a presidência da Câmara de 1947 a 1950. Como espírita foi presidente do Centro Espírita de Uberaba. Participou ativamente do "Ponto Bezerra de Menezes", entidade que originou o Sanatório Espírita de Uberaba. Como presidente do Centro Espírita de Uberaba, lançou a pedra fundamental do edifício do Sanatório em 06/01/1928. Atuou como diretor do Sanatório Espírita de Uberaba e, como clínico, atendia gratuitamente a comunidade carente. Era considerado, popularmente, o patrono dos trabalhadores.


04 de Julho de 1951 – Câmara suspende sessão para debater com população a situação da cidade, face à poluição de suas águas.

O Jornalista Quintiliano Jardim promove reunião no auditório da PRE-5, para debater a situação da cidade face à poluição de suas águas, conforme verificada por exame procedido dias antes pelo Instituto Oswaldo Cruz, notícia que causou impacto na cidade tomada pelo surto de hepatite, onde no imaginário popular, ficou vinculado o problema da epidemia com o da água.

Entre os oradores, manifestam-se os advogados Lamartine Cunha Campos e Homero Vieira de Freitas e o médico Romes Cecílio, decidindo-se, ao final, que o Prefeito deveria tratar a questão com então Governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek e o Presidente Getúlio Vargas. Dessa reunião os presentes dirigem-se ao Paço Municipal, onde a Câmara está reunida e logo suspende a sessão, fala Quintiliano Jardim em nome de todos. E o Prefeito aceita a incumbência de Procurar as citadas autoridades.

E em 05 de julho, pela rádio Inconfidência, de Belo Horizonte às 23 horas, o Governador Juscelino Kubitschek dirige mensagem ao povo de Uberaba, dizendo: “... Acabo de estar com o Prefeito Dr. Antônio Prospero, que, pessoalmente veio trazer-me completas informações sobre a situação naquela cidade, em face da epidemia ali verificada...” Informando, ao final, que já tinha determinado as medidas para o atendimento do caso.

No mesmo dia foi publicado no Jornal Lavoura e Comércio, comunicado do Centro de Saúde, afirmando que na maioria dos casos a propagação da hepatite deu-se por meio de agulhas e seringas não esterilizadas.


03 de Janeiro de 1957 – Câmara bate o Martelo no impasse do Hospital de Clínicas

A Câmara Municipal aprova o recebimento do hospital da Santa Casa pela Prefeitura para nele ser instalado hospital de clínicas e pronto socorro. Alguns dias depois, após questões suscitadas e longos debates pela bancada udenista, é aprovado pela Câmara Municipal à criação da Fundação de Assistência Hospitalar para incorporar e gerir o hospital de clínicas e o pronto socorro. Mas, somente após um mês depois de novas reuniões e sanadas as divergências entre udenistas e pessedistas, os dirigentes da Santa Casa concordam em se afasta da Faculdade e da fundação, as quais passariam a ter uma presidência única, que deveria ser o Dr. Lauro Fontoura. E assim em 19 de Fevereiro foi firmando convênio entre a Fundação Arthur de Melo Teixeira e a Santa Casa, cabendo a primeira a responsabilidade do hospital e, à segunda, do restante do patrimônio. 


03 de Março de 1963 – Trabalhadores escolhem Câmara Municipal como Porta-Voz de suas reivindicações

Na assembléia geral dos trabalhadores uberabenses aprova-se manifesto dirigido à Câmara Municipal e ao prefeito para que:

“usando dos poderes de representação popular conferidos aos atuais dirigentes municipais no ultimo pleito de 07 de outubro, interfiram junto às autoridades federais no sentido de elevar a elas o ponto de vista dos trabalhadores uberabenses sobre as distorções existentes no processo econômico nacional e causadoras do alto custo de vida.” Enfatizando, “o capital estrangeiro, como bomba de sucção de nossas poupanças e fator descapitalização nacional”, sem que “o latifúndio, forma pré-capitalista de exploração da terra... “Representa, por sua vez, outro grande empecilho para o desenvolvimento autônomo” (Bilharinho, 2008, p. 148)


01 de Abril de 1964 – Cai Jango e cassam Caparelli

Com a derrubada do Presidente João Goulart foi instaurado o Golpe Militar de 64, um regime de exceção democrática no país, com muitas perseguições e assinados ainda não foram esclarecidos no país. Em 13 de abril, uma resolução da Câmara Municipal nº 34/64 decorrente da pressão das circunstâncias do momento, cassa o mandato do vereador Benito Caparelli, “em virtude da comunicação verbal feita a esta casa, por intermédio do seu presidente e pelo comando revolucionário desta cidade, de que o mesmo vinha pregando a subversão da ordem, a violência e a luta de classes no meio rural” (Bilharinho, 2008, p. 148), resolução resultante de processo nesse dia recebido pela mesa da Câmara, presidida pelo médico Randolfo Borges Júnior. Caparelli fica preso 84 dias, sendo encaminhado à penitenciária de Neves.


26 de setembro de 1969 - Câmara Municipal extingui zona de prostituição

Câmara Municipal decide extinguir a zona de prostituição, localizadas há décadas na Rua São Miguel (atual Paulo Pontes), concedendo prazo de seis meses para completa desocupação.


20 de Dezembro de 1975 – Câmara Municipal barra repressão de Delegado

Campanha de repressão iniciada pelo Delegado da Comarca, Marcos Peres Rodrigues de Carvalho, que leva a prisão 165 pessoas por falta de documentos ou por serem considerados insatisfatórios, o que provocou forte reação da comunidade, dos partidos políticos ARENA e MDB, tendo este, lançado nota oficial de protesto, que terminou com ampla reunião na Câmara Municipal, de 15h30 as 20h00, entre prefeito, vice-prefeito, vereadores, delegados e comandantes do 4ªBPM.


04 de Junho de 1988 – Câmara Municipal recebe Fuscão Preto

Após ser condenado a 10 anos de prisão e afastamento imediato do cargo, pelo Juiz da 2ª Vara Criminal de Uberaba, Mauro José de Souza, o engenheiro Wagner do Nascimento foi beneficiado por uma liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e volta a Uberaba, na condição de chefe do executivo. Onde foi carregado por uma multidão numa passeata que seguiu para o centro da cidade, a bancada do PMDB, que participava da sessão ordinária da Câmara Municipal, no andar superior do Paço Municipal, conduziu Wagner do Nascimento ao Plenário onde cumprimentou os vereadores, e da sacada saudou a multidão que o aguardava na Praça Rui Barbosa. Em 20 de setembro, Wagner do Nascimento é indiciado em inquérito policial. E no mês de dezembro é editado o informativo da Prefeitura – administração 1983/1988, expondo as realizações mais importantes, como entre outras, a implantação da Fundação Cultural, criação do circo do povo, bolsa de arrendamento rural e a criação da Secretaria de Assistência Social e Promoção Humana.


30 de Dezembro de 1991 – Câmara aprova Código de Edificação do município

Nesta data a Câmara aprova a Lei complementar que estabelece os parâmetros para o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas, atendendo os critérios definidos pelo Plano Diretos e a Lei Complementar com 227 artigos instituindo o Código de Edificação de Uberaba.


31 de Dezembro de 1992 – Câmara Municipal aprova Hino

A Câmara Municipal aprovou a Lei municipal nº 5.081 que oficializa o Hino de Uberaba, música do historiador Gabril Totti e letra do Jornalista Ari de Oliveira.


07 de fevereiro de 1995 – Câmara vota sim pela mudança de data de comemoração do Dia de Uberaba

Após longo estudo de historiadores locais, foi votado na Câmara a emenda constitucional municipal nº 13, alterando para dois de março a data de comemoração do Dia de Uberaba, considerando assim o documento mais antigo e importante do município, o Decreto de D. João VI de 02 de março de 1820, criando a freguesia no distrito de Uberaba.


Pesquisa e texto, Sumayra Oliveira - Diretora de Documentação e Pesquisa da Câmara Municipal de Uberaba, de 2009 a 2012.


Referências Bibliográficas:

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Uberaba: Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1970.

Administração Municipal em Uberaba de Capitão Domingos a Anderson Adauto. Uberaba, Arquivo Público de Uberaba, 2011.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: Dois Séculos de História. Vol. 1. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2007.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: Dois Séculos de História. Vol. 2. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2009.


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