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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

UM CASAMENTO EM 1925

No dia 10 de setembro de 1925, o jornal Lavoura e Commercio de Uberaba informava que haviam acabado de se casar "a gentil senhorinha Ercilia Gomes, filha do nosso amigo sr. major Delfino Gomes, importante fazendeiro no município, com o estimável moço sr. Antenor Alves Gomes, filho do major Eduardo Gomes e da exma. sra. d. Ambrosina Alves Gomes".

Esse casarão na Rua Barão do Triunfo, era onde o fazendeiro Delfino Gomes vivia com a família quando estavam na cidade. 
Tinha um enorme quintal que se estendia por quase um quarteirão. Posteriormente, alguns dos filhos construiram suas casas no terreno e foi aberta, ao lado do casarão, a travessa que leva seu nome. Foto do acervo da família.
O jornal informa como data do enlace o próprio dia da edição, 10 de setembro, e se engana na grafia do nome da noiva, que era Hercília. No entanto, não é essa data que consta no verso da bela foto, do acervo da família, que foi feita no dia do casamento, defronte à casa do pai da noiva, na Rua Barão do Triunfo, perto da Praça Dom Eduardo. A anotação, feita a mão, informa como data o dia 7 de setembro de 1925, uma segunda-feira.
Recorte do jornal Lavoura e Commercio do dia 10 de setembro de 1925.
 Na época, esse jornal ainda não era diário: circulava duas vezes por semana, aos domingos e às quintas-feiras.

Acervo do Arquivo Público de Uberaba.


Pesa a favor da data anotada na foto, o fato de que 7 de setembro era o dia do aniversário do dono da casa (e, na época, de quase todo o quarteirão adjacente), o Major Delfino Gomes, que vem a ser meu bisavô. Conhecido na família como "Vô Fifino", ele hoje empresta o nome a uma pequena alameda que liga as Ruas Barão do Triunfo e Jaime Bilharinho.

Do antigo casarão em estilo colonial pouco restou após uma série de reformas por que a residência passou nesses quase 100 anos. 
Com a abertura da Travessa Delfino Gomes, tornou-se uma casa de esquina,
 que ainda pertence aos descendentes do major.


Como era razoavelmente comum na época, os noivos eram primos entre si. Antenor Alves Gomes, se tornaria, anos depois, proprietário de uma grande chácara nos fundos do bairro do Fabrício e também da construtora Conspav, que explorava uma pedreira na região. Faleceu em 1970, aos 69 anos. Viúva, tia Hercília ainda viveu por muitos anos na velha chácara, cuidando com devoção das hortaliças e dos animais que sempre gostou de criar.
Aparecem na foto, entre muitos outros, o padrinho (e irmão do noivo) Domingos "Nenê" Alves Gomes, e minha avó (irmã da noiva) Guiomar Gomes Borges. O velho casarão em estilo colonial, completamente descaracterizada por quase um século de sucessivas reformas, ainda resiste de pé na Rua Barão do Triunfo.

(ANDRÉ BORGES LOPES)

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

CENA DE SANGUE NUM CABARET DAS MERCÊS

A edição de domingo, dia 2 de agosto de 1936, do jornal “Diário Carioca” do Rio de Janeiro destacava na capa a cena escandalosa de um crime passional: “A Tiros e Machadadas Abateu as Rivais!”, dizia a manchete em letras garrafais. Para, em seguida, completar, “Trágica ocorrência em um cabaret de Uberaba. O marido infiel provocou a cena de sangue e desapareceu”. A ilustrar a notícia, um desenho recriando o momento fatal: uma jovem, vestindo um pesado casaco, dispara seu revólver contra um homem e duas mulheres sentados em uma mesa de bar, coberta por garrafas vazias. Na outra mão da assassina, uma pesada machadinha.

A matéria não é assinada. O jornal cita como fonte um anônimo correspondente em nossa cidade. O qual narra a história com dedicação de jornalista literário adiante do seu tempo. Segundo ele “as mulheres já desistiram de pertencer ao sexo fraco (...) ainda ontem, entre a dolência de um tango e a estridência de um fox, uma representante do sexo feminino virou em ‘frege’ um cabaret do bairro alto das Mercês, só pelo simples fato de estar seu esposo querido divertindo-se ‘inocentemente’ com algumas bailarinas daquela casa de boemia”. E contava em detalhes o enredo: o marido José Amâncio farreava em um “dancing” enquanto sua mulher Maria Amâncio passava a noite fria em vigília. Ensandecida pelo desrespeito do amado, a esposa tomou um carro e foi à casa de diversões. Viu no fundo do salão – em companhia das bailarinas Latif Facur e outra de apelido Mulata – o marido José, que “entregava-se a uma orgia desenfreada”.

Recorte do jornal “Diário Carioca" - Rio de janeiro, domingo, 2 de agosto de 1936.

"Diário Carioca" com a notícia do assassinato das mulheres no fantasioso Cabaret.
Maria, ensandecida pelo ódio, dirigiu-se à mesa. Tirou das vestes um revólver “fazendo-o vomitar toda sua carga contra as duas mulheres”. Em seguida, avançou com a machadinha sobre José, “que amedrontado foge, abandonando o campo de luta”. A esposa, então, despejou sua ira sobre as rivais, mutilando os cadáveres a machadadas. Para, em seguida, entregar-se aos guardas que acorreram à cena do crime. Uma história pronta para se tornar letra da canção “Ronda”, que o paulistano Paulo Vanzolini só iria compor em 1953. A partir do “Diário Carioca” a notícia foi reproduzida em jornais de todo o Brasil. Bárbaro desfecho da vingança de uma mulher honesta ofendida.

Vamos então em busca dos mesmos fatos nos arquivos do saudoso “Lavoura e Comércio”. E descobrimos que, ao menos na versão do sóbrio vespertino uberabense, as coisas não correram bem assim. A edição de sábado, 1º de agosto, traz na capa a notícia do crime, “A obra dementada do ciúme”, que teria acontecido à luz do dia, e não de madrugada. O marido infiel não era José Amâncio, mas sim seu irmão Benedito – de quem José era sócio em um comércio na praça Dom Eduardo, esquina com a Rua Cassu. Já a esposa traída, Maria Cristina de Souza, “possuidora de temperamento exageradamente emotivo” e de “um lar feliz” – ao menos no entender dos redatores – “enveredou pelos caminhos tortuosos do crime, esquecida de que a sua maior e única glória é a mansuetude, a permanência devotada dentro do lar”.

Descobre-se ainda que a suposta “bailarina” Latif Palis Facur seria, na verdade, uma viúva – residente na Rua Barão de Ponte Alta e mãe de duas meninas – que, há anos, mantinha um caso amoroso com Benedito. Num tempo de dificuldade para os amores clandestinos, a dupla encontrava guarida para seus encontros furtivos na residência de outra viúva: a costureira Francisca Teixeira de Carvalho, de apelido “Mulata”, dona de uma casinha modesta na rua 15 de Junho, no alto das Mercês. Não se sabe se alguém contou ou se Maria Cristina descobriu por conta própria as travessuras do esposo. O fato é que, no início da tarde de quinta-feira, 30 de julho, Maria viu Latif Facur passando demoradamente defronte à loja da praça. Em seguida, o marido saiu, alegando que ia visitar um amigo doente.

Com sede de vingança e armada com um revolver, Maria saiu atrás. Perdeu Benedito de vista perto do campo do Uberaba Esporte mas, já conhecedora de seus segredos, dirigiu-se à alcova da rua 15 de Julho. Lá chegando, não perguntou nem discutiu: matou com três tiros a dona da casa que lhe abrira a porta. Latif, que estava acompanhada por uma das filhas, tentou refugiar-se na cozinha, mas teve igual sorte. Não encontrando o marido infiel, Maria fugiu da cena do crime e foi se esconder em uma fazenda, entregando-se à polícia alguns dias depois. No jornal uberabense, sequer é mencionada a tal machadinha. Para os dias de hoje, pouco mais que um crime banal, em cenário modesto. Que transformou-se em luxuoso enredo de samba-canção na imprensa carioca, por obra e graça de um redator criativo.


(André Borges Lopes)

sábado, 14 de janeiro de 2017

INAUGURAÇÃO DO OBELISCO DA PRAÇA DOM EDUARDO

Inauguração do Obelisco da Praça Dom Eduardo. Foto: Museu do Zebu. Foto: João Schroeder.

Ano 1939


Inauguração do Obelisco da Praça Dom Eduardo realizada em 15 de novembro de 1939 em homenagem ao cinquentenário da entrada do primeiro Zebuíno em Uberaba, o boi “Lontra”

“Algumas versões afirmam ser o “touro Lontra” um dos primeiros animais a entrar em Minas Gerais. Um monumento foi erguido em Uberaba em homenagem a esse animal. Alguns deles defendem que este animal teria pertencido a D. Pedro II”.



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Cidade de Uberaba


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

HOMENAGEM AO MAIOR LÍDER SINDICALISTA DE XAPURI – CHICO MENDES

Chico Mendes


 Foto de 2004

 Praça Dom Eduardo

Uberaba rendeu homenagem ao maior líder sindicalista de Xapuri – Chico Mendes, morto em 1988

Foto: Marco Túlio Oliveira Reis (Túlio Reis)