O acontecido foi na metade da década de 60, aqui na terrinha. Empresário bem sucedido, seus negócios prosperavam a cada ano. Adorava carro zero. Chegava na concessionária, ele adquiria. À esposa e os filhos pequenos, o “fusquinha”. Nada mais. Domingo de carnaval, a suculenta macarronada e a soneca costumeira.Acordou às 4 da tarde. –“Vou dar umas voltinhas e mostrar o carro aos amigos”, disse à mulher. “Bandeou” pelo São Benedito, Parque das Américas (casa da Vailda), na Abadia , nada que prestasse, chegou aos Estados Unidos, casa da Silvia, na Marquês do Paraná. Velhos amigos pensaram a mesma coisa e lá se encontraram. Nem imaginava que a esposa e os filhinhos, fossem passear de “fusquinha”…Passaram pela Marquês do Paraná e o filho mais velho, 10 anos por aí, viu o “carrão” do pai, ali estacionado. –“Vamos lá, mãe”, pediu o garoto. A esposa estaciona o carro, em frente, atravessa a rua e, calmamente, aperta a campainha da casa. Uma das “inquilinas” observa o “olho mágico” , apavorada, em pleno alvoroço, avisa o “maridão”.Ele desesperou-se. Pulou o muro do vizinho, na ânsia de fugir do”flagrante”. Deu azar. Caiu dentro do chiqueiro, em meio aos porcos. No quintal, um feroz pastor alemão, tentava, a todo custo, pular no chiqueiro. Alvoroço era pouco. Não fosse o compreensivo vizinho “fechando” o cão bravio e o ajudando a sair do chiqueiro, o prejuízo seria maior. Na casa da Sílvia, a desculpa de sempre;-“ele num tá aqui não”…A esposa acreditou, entrou no carro e continuou dando voltas com a meninada. Um chamado urgente para o Bahia, velho motorista da praça Rui Barbosa, levou o assustado cidadão para a sua casa, a mil por hora. Agoniado ao ver as roupas sujas de bosta de porco, sapatos enlameados de barro, camisa rasgada debaixo do braço. Como um azougue, juntou tudo , vestiu um calção e no primeiro terreno vago perto da casa,”despachou a mercadoria”. Adrenalina no Monte Everest, aguardou a chegada da família, maquinando a desculpa que iria dar. Sorte sua! Amigo seu que estava na casa e presenciou o desatino do enlouquecido marido, levou o carro até a sua casa, que, “valha-me Deus”, me confessou dias depois,no exato momento que a esposa chegava em casa. –“Gostei do carro que você me emprestou. Chique!” Levou o inesquecível amigo no hotel, pagou-lhe as diárias da sua estada na cidade e o reconhecimento eterno. Jurou, para ele mesmo, nunca mais exibir carro novo que comprasse e, muito menos, estacionar em porta de bordel…
Luiz Gonzaga de Oliveira