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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

GERSON DAIA FOI UM DOS TIPOS POPULARES MAIS INTELIGENTES QUE CONHECI NESSA NOSSA UBERABA

Gerson Daia foi um dos tipos populares mais inteligentes que conheci nessa nossa Uberaba. Confesso-lhes não o conheci na minha mocidade. Quando para minha felicidade, privei da sua amizade. Ele com 50 ou mais pedrada e eu, um pouco menos de 40. Melhor de humor e graça depois dos “enta”, tenho certeza. Gerson Daia, fez de tudo na vida, menos roubar e matar. O que gostava mesmo era fazer os outros rirem, alegrar com as histórias que contava e personagens que encarnava. Gerson tinha o rosto cravado por pequenas cicatrizes, que, segundo contava, fruto de uma varicela violenta que contraíra ainda jovem. Gerson não tinha feições delicadas, pelo contrário, era feio e aproveitava da sua feiúra para fazer os outros rirem. Piadista de primeira, tirava de cada fato do cotidiano, fosse bom ou ruim, verve para suas anedotas… Aprendiz de ventríloquo, Gerson, quando o dinheiro escasseava e a situação apertava, passava a mão no seu inseparável boneco preto e um arremedo de violino, feito de penico velho e um cabo de vassoura e três cordas e improvisava uma canção da moda e dos desarranjados sons emitidos daqueles pedaços de fios ligados ao fundo penico. Gerson, era alegre. Se recebesse chutes ou tapas, não se queixava, sabia fazer “ do limão uma doce limonada”. Jamais rejeitou contar uma piada se tivesse duas ou mais pessoas á sua volta. Piadas, diga-se, sempre novas…Uma ocasião, quando a cadeia pública ainda funcionava na praça do mercado, prédio atual da nossa Federal de Medicina, Gerson, devidamente “trolado”,foi preso pela enésima vez na sua carreira de boêmio. Fim de tarde, quase na hora da sida do famoso delegado, dr. Lindolfo Coimbra de Souza. O”homem” mandou chamar o preso e deu-lhe tremenda “ bronca”.

.-“Gerson, vê se toma jeito. Nem sei quantas vezes já te vi aqui., Você não fica com vergonha?” inquiriu, duramente, o delegado.

Gerson, na maior tranqüilidade do mundo, olhou o delegado de “cima em baixo” e savou:

-“Não fico não, dotô”.

Foi a conta. Esbravejando, o dr. Lindolfo, insistiu na clássica pergunta:

-“Você não fica envergonhado de vir aqui na cadeia quase todo mês?”

Gerson, de bate pronto, na bucha, retrucou:

-“E o senhor não vem todo dia?

A prisão terminou em gostosas gargalhadas do delegado e Gerson, uma vez mais, imediatamente solto..

Luiz Gonzaga de Oliveira