sábado, 5 de dezembro de 2020

Xico Xadrez marcou história do esporte uberabense

Francisco José dos Santos Neto, o Xico Xadrez. Jornalista e Relações Públicas, pós-graduando em Crítica Literária e Literatura Comparada. Também enxadrista com título de CM-Candidate Master, titulado FIDE – Federação Internacional de Xadrez. Com mais de 35 anos praticando este esporte que é, ao mesmo tempo, arte, ciência, cultura e educação.

Francisco José dos Santos Neto, o Xico Xadrez

O sonho de Xico sempre foi usar o xadrez como ferramenta de inclusão social, desenvolvimento do raciocínio e de avanço modelar de cidadania. A trajetória de Xico Xadrez é de um campeão. Mais de 100 troféus conquistados. Há 30 anos fundou a Liga Uberabense de Xadrez (LUX) e não parou mais. Ensinou 11 mil novos enxadristas, que popularizaram sobremaneira o esporte da inteligência em Uberaba e região.

Abaixo um verdadeiro Memorial de Atividades, um vasto caminho percorrido, na trincheira de implantar a cultura e o esporte no país.

Desde a gestão de Luiz Guaritá Neto (1996), prestou serviços à Prefeitura Municipal de Uberaba em prol do xadrez. Em 1º de março de 1988, foi contratado, em definitivo, pelo então prefeito Marcos Montes Cordeiro como professor de xadrez da FCU – Fundação Cultural de Uberaba, desenvolvendo o Projeto Xeque-Mate, que já formou aproximados 11 mil novos enxadristas, o que atesta, também, sua experiência como professor contratado pela Aciu – Associação Comercial e Industrial de Uberaba.

Fundou a LUX – Liga Uberabense de Xadrez em 25 de agosto de 1980 e, desde então, fez tudo para popularizar o xadrez na cidade, no Estado, na Nação e até no exterior, fato reconhecido pelo então presidente da FMX (Federação Mineira de Xadrez), Dr. Estevão Antônio dos Reis Bakô, onde atesta seu trabalho “em prol do xadrez, desde a data de 1995, ministrando aulas e cursos em nossa comunidade”.

Foram mais de 100 títulos enxadrísticos nas diversas esferas, conquistados em meio ao ofício de ensinar o esporte da inteligência. Torneio de xadrez rápido, vencido em Buenos Aires (Argentina), em 2003, foi seu maior título. (PMU)


Aumento de salário

Eu comecei a trabalhar na loteria bem novinho (já com nove anos atendia o balcão, vendendo bilhetes) e também comecei a ler cedo, muito cedo.

Devorava os gibis da época, adorava tio Patinhas, Mickey, Donald e em consequência desse vício, o meu “salário” era investido quase todo na Banca do Vilmondes, pai da dona Sônia.

O restinho que sobrava ficava no bar do Lara, que fazia uma coxinha com 90% de batata e 10% de recheio, mas que eu adorava.

A transição para uma leitura, digamos, mais culta, se deu quando descobri os livrinhos de faroeste. Foi paixão à primeira vista.

Mas aí deu-se o problema; para comprar aqueles hebdomadários, que como todos sabem é uma publicação com frequência semanal, teria que abdicar de algum gibi ou, extremo suplício, retirar a coxinha do cardápio.

Como nenhuma dessas duas hipóteses me agradaram, cogitei de pedir algum socorro pecuniário.
Primeiro pedi para Nona, depois para minha mãe, mas as duas não vendo utilidade alguma naquelas aquisições semanais, negaram terminantemente as minhas súplicas.

Porém, a Nona com sua sabedoria infinita, me aconselhou a pedir um aumento de salário ao meu pai e me instruiu para que, caso ele perguntasse o motivo, dissesse que eu estava trabalhando muito, pois como estivesse em recesso escolar, estava trabalhando de manhã e de tarde.

Acho que ela já sabia como seria a conversa, pois deu uma risadinha sacana e me despachou para a sala, onde meu pai assistia TV.

Foi aí que a porca torceu o rabo! O diálogo com meu pai deu-se mais ou menos assim:
- Pai, tô preciso de um aumento no meu salário, e atropelando o conselho da Nona, já adiantei o argumento: - acho que eu tô trabalhando muito.

-Hummmm, disse ele, criando um leve suspense.

- Vamos ver, então. Pega o lápis e caderno, vamos lá prá mesa calcular seu aumento.

-Opa, agora me dei bem; pensei tão alto que até fiquei com medo dele escutar.

Feito os preparativos, meu pai começou os cálculos.

-Quantas horas você está trabalhando por dia?

- Oito, respondi.

-Então, sabendo que o dia tem 24 horas e você trabalha 1/3 do dia, podemos afirmar que você trabalha 1/3 do ano, que arredondando dá 122 dias trabalhados, certo?

Tá certo, assenti, já começando a desconfiar daquela conta.

E ele continuou:
- Dos 122 dias trabalhados, temos que descontar os domingos e metade dos sábados, em que você não trabalha, certo?

Então descontando 52 domingos sobram 70 dias que você trabalha e descontando mais 26 dias correspondentes aos sábados, sobram agora 44 dias, certo?

Realmente eu não trabalhava nem aos sábados à tarde e muito menos aos domingos, então, relutantemente, concordei, com a pulga atrás da orelha já me incomodando.

Antes que eu raciocinasse melhor ele continuou:
- Agora temos que descontar 30 dias de férias que você passa em Brasília com seus primos, daí sobram 14 dias, certo?

Confesso que aqueles “certo” no final dos cálculos já estavam me dando nos nervos, mas ele implacável continuou:
- Temos agora que descontar os dias santos e os feriados nacionais que somam 13!

Aí não aguentei:
– ô pai, quer dizer que eu só trabalho um dia no ano todo?

O Arremate foi o melhor:
- Não senhor, respondeu; amanhã é o dia do trabalho e ninguém trabalha esse dia!

A nona ria muito da minha cara de aflição por não ter conseguido o aumento, mas deu a solução para a aquisição dos sonhados livrinhos de faroeste.

-Vai lá no Idílio Cardosi, que ele tem alguns e te empresta.

Saí correndo na sete de setembro e passando no bar do seu João na esquina da Padre Zeferino vi o Idílio lá dentro e perguntei se era verdade a informação da nona.

Ele confirmou a veracidade do fato e disse para escolher qualquer um na casa dele, que ficava a uns 20 metros descendo a rua.

Chegando lá a dona Magda, sua esposa, me atendeu e mandou que eu entrasse para escolher alguns.
Quando entrei no quartinho onde ele guardava os ditos cujos, quase caí das pernas.

Havia lá, calculando modestamente, mais de 2000 livrinhos daqueles e tanto meu amigo Astolfo, sobrinho do Idílio quanto o Justino, seu filho, são testemunhas vivas desse fato.

Foi assim que fiz a transição do gibi para leitura de livrinhos de faroeste, que me levariam a outras leituras, mas isso já é outra história.

Marcelo Caparelli

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Morre o apresentador e jornalista Fernando Vannucci

Jornalista Fernando Vannucci - Foto/Divulgação.

Morre o apresentador e jornalista Fernando Vannucci aos 69 anos, em Barueri, na Grande São Paulo, na tarde desta terça-feira (24). Vannucci deixa quatro filhos. Criador do ‘Alô, você’.

Segundo Fernandinho Vannucci, filho do apresentador, na manhã desta terça, ele passou mal em casa e foi levado para o hospital. Fernando Vanucci começou a trabalhar quando tinha quinze anos, na Rádio Sociedade Triângulo Mineiro em Uberaba, onde nasceu. Em seguida, foi para a Rádio Sete Colinas, apresentando o programa Pintando o Sete. Na mesma emissora, começou a fazer carreira como repórter esportivo. 

Uberaba em Fotos presta suas condolências à família e amigos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

MÁ ESCOLHA

Conversando domingo no zap com uma amiga, surgiu uma conversa sobre a escolha do nome do filho de outra amiga dela. A amiga estava indecisa entre Salomão e Joaquim.

Quando ela me perguntou o que eu achava, optei por Salomão e imediatamente me veio a lembrança de um fato acontecido com um “cambista” cego que se chamava Salomão.

Cambista é um vendedor ambulante de loterias e naquela época - década de 80 – sem a inclusão que existe hoje, as oportunidades para um cego trabalhar eram pouquíssimas e uma dessas atividades consistia justamente em ser vendedor ambulante de bilhetes ou “cambista”, como são chamados.

Grande parte dos cegos adultos internados no Instituto dos cegos de Uberaba trabalhavam como cambistas na nossa loteria, comprando os bilhetes com algum deságio e revendendo-os por um preço acima do estampado na face dos mesmos, auferindo assim um bom rendimento semanal.

Me recordo ainda de alguns deles, tais como o Inocêncio, jogador de truco, (isso mesmo; jogava com amigos no Bar do Lara com baralho em Braile) que vendeu o bilhete Nº 00389 premiado com o primeiro prêmio em um sorteio de fim de ano.

O Antônio Marcos que volta e meia era atropelado, o Darcy e o Zé Augusto que vendiam seus bilhetes nas cidades vizinhas do estado de São Paulo, e o Pula-pula, que não é cego, porem deficiente e que até hoje vende seus bilhetes na porta do Banco do Brasil.

Além desses, tinha um cambista do Abelzinho Toledo, cego também e que foi namorado de uma amiga da minha esposa. Consta que esse tal era muito paquerador e mesmo namorando, se engraçava com outras mulheres; porem dadas as dificuldades de esconder as escapadas em virtude de não saber se a namorada ou alguma amiga dela estivesse no barzinho do encontro com a “filial”, foi flagrado pela “matriz” em uma dessas escapadas furtivas, onde levou, além do fora das duas, uma descompostura monumental. Da matriz e da filial.

Voltando ao Salomão, ele era um dos bons vendedores de bilhetes, vendendo mais de cinquenta bilhetes inteiros por extração, porem às vezes não conseguia vende-los todos e quando isso acontecia era obrigado a concorrer com as sobras, que normalmente, seguindo a Lei de Murphy, raramente eram premiados.

Os bilhetes mais fáceis de vender eram os bichos chamados de “escolhidos”, tais como Cobra, Borboleta e Vaca, e os piores eram Avestruz, Veado, Peru, nessa ordem. As extrações, como é ainda hoje, aconteciam às Quartas-Feiras e Sábados e o grande prêmio era para quem comprasse a quina fechada (que consistia em cinco bilhetes com o mesmo número) e acertasse o numero correspondente ao primeiro prêmio.

Pois bem, em um sábado bem já de tardinha, perto da hora de correr a extração, o Salomão estava amargando um encalhe de duas quinas, ou seja, dez bilhetes, e para piorar, duas quinas do mesmo bicho, justamente o bicho que ninguém comprava. 

As duas quinas eram do bicho “Avestruz”; uma com o final 04 e a outra com o final 01 (a pior delas para vender).

Já desanimado, subindo a Rua Padre Zeferino, rumando para a pensão da Serginha e do Emílio, na Martim Francisco ao lado da “Farmácia do Babá”, onde morava também a Núbia de Oliveira, parou em frente ao consultório do meu amigo dentista Além Mar Paranhos, que era a sua última esperança de desencalhar pelo menos uma das quinas.

Do alpendre do consultório ele gritou o “Mazinho” (apelido do Alem Mar) que saiu na porta e depois de alguma negociação o Mazinho combinou que pagava na lista, isto é: depois que o Salomão levasse a lista com os resultados e conferissem. Era comum esse procedimento.
Fechada a negociação o Mazinho não quis ficar com as duas quinas e passou para a fase de escolher a quina com a qual concorreria.

Quando olhou as duas Avestruzes, o Alem Mar fez cara feia, mas como já tinha combinado, escolheu os bilhetes terminados em 04 e voltou para seus afazeres no consultório.

Meio aliviado por ter diminuído o prejuízo, o Salomão atravessou a rua batendo a bengala no meio fio e assim que subiu na calçada, uma caminhonete encostou ao seu lado e o motorista perguntou para o Salomão se ele ainda tinha bilhete para o sorteio da tarde.

Ele assentiu e o freguês perguntou:

-Tem Avestruz? Quero uma quina do Avestruz com o final 01!!!!

O Salomão pensou: meu Deus, é muita sorte!

Seguindo a lei de mercado, tendo procura, aumenta-se o preço e o Salomão vendeu a quina com um belo ágio, e foi feliz bebericar uma cerveja no “Cacique”, onde ficou até tarde da noite.

Chegando na pensão, o Emílio abre a porta para ele e diz que o Mazinho o esteve procurando e como ele não estava, resolveu deixar uns bilhetes para que o Emílio lhe entregasse.

A Serginha ao lado comentou que o Mazinho estava com cara de desolado e pediu ao entregar os bilhetes para que dessem os parabéns pra ele, que ele merecia.

- Deu o final, pensou o Salomão, sendo assim o bilhete havia sido premiado com o mesmo dinheiro que custou e a dívida estava quitada.


Mas parabéns por que? O Salomão ficou sem saber até no outro dia quando os dois se encontraram na missa da igreja São Domingos.


Explico: a quina terminada com o final 01 foi contemplado com o primeiro prêmio daquele sábado e o Mazinho achava que o Salomão não conseguira vender os bilhetes, tendo por consequência ganhado a bolada e ficado rico.

Foi isso que havia acontecido.
Rezaram e choraram bastante juntos.


Marcelo Caparelli

terça-feira, 3 de novembro de 2020

JOGO DO BICHO

Meus avós nasceram, cresceram e se casaram em uma pequena comunidade no sul da Itália, região da Calábria, por nome de Mongrassano.

Fugindo das dificuldades do pós guerra embarcaram em Nápoles e desembarcaram no porto de Santos no ano da semana de artes modernas de 1922 em um navio chamado Cesare Battisti.

Vieram nessa leva meu avô, minha avó que estava grávida do meu pai e a Tia Anita com dois anos.

Muitos anos depois, a “nona”, que era assim que nós a chamávamos, me contou que ao desembarcar em solo brasileiro, o “nono” tapou seus olhos para que a sua primeira visão de humanos no Brasil não fosse a de um negro e assim, por consequência, o bebê não nascesse negro, visto que eles jamais haviam contemplado um “niuro” (era assim que ela os chamava).

Eles vieram na esteira do Tio Eduardo que já havia imigrado anos antes e era irmão da nona.

Sendo um exímio alfaiate havia se estabelecido em Uberlândia e era pai do “Fabinho”, sobrinho e próspero (e põe próspero nisso) banqueiro do “jogo do Barão”, vulgo jogo do bicho.

Meu avô veio para Uberaba em 1939 seguindo os conselhos do Fabinho, para abrir aqui uma, digamos, filial do negócio dele em Uberlândia e montou a “casa lotérica “Estrela Aparecida” que ficava em uma das lojas do Hotel Modelo na Artur Machado.

Ali, além de fazer o jogo do bicho, vendia bilhetes e, conta meu tio Benito, tinha uma roleta nos fundos, onde, por ser um tanto quanto barrigudo, controlava a parada da bolinha apertando um botão estrategicamente posicionado, pressionando esse botão com a “pança”.

Mas isso já é folclore.

O certo é que com esse DNA a família toda gostava de qualquer tipo de jogo, inclusive eu, que com 15, 16 anos, já jogava baralho, sinuca, pebolim, além de apontar o jogo do bicho, tendo na família alguns dos meus melhores clientes.

Todos sabem (pelo menos os viciados) que a chave para ganhar no jogo é ter um sonho e decifrá-lo corretamente. Sabendo essa arte, é batata acertar um pulo, um grupo, ou até mesmo uma centena. Existem até livros que ensinam como desvendar todos os mistérios dos sonhos e transformá-los em palpites certeiros.

A tia Ilza, (Ilza Cussi – mãe da Rosa, da Ângela, da Alzirinha e da Sandra) era uma expert nessa arte e muitas vezes acertava os palpites.

Certa feita, ela me ligou e pediu para jogar dois cruzeiros no grupo do Leão na cabeça. Eu perguntei, querendo que ela apostasse um pouco mais, se ela não queria jogar mais dois cruzeiros de 1º ao 5º que era para salvar a aposta.

Ela não quis e disse enfaticamente:

Vai dar na cabeça, eu sonhei. Meu sonho não falha!

Anotei no talão, entreguei a cópia e no fim da tarde olha o Leão na cabeça!

A tia ganhou 36 cruzeiros que eu, no outro dia fui levar para ela.

Morrendo de curiosidade para saber o sonho da tia, já fui logo perguntando ao entregar o dinheiro:

- Mas que sonho certeiro foi esse, tia?

Ela não se fez de rogada e contou o sonho:

- Sonhei que era menina e estava catando jurubeba no mato com a Mariita.

- ?!?!?!???!?!?!?!?!??!?!?!?... Uai tia, o que tem a ver?

Com aquele jeito educado de ser ela responde:

- Você é burro? Olha em cima da mesa.

Olhei e tinha uma garrafa de vinho que era muito popular naquele tempo.

“Jurubeba, Leão do Norte”.

Saí sorrindo e pensando: - Vai decifrar sonhos assim no inferno!!!!

Marcelo Caparelli 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Chico Xavier ganha estátua na Praça Rui Barbosa, em Uberaba

Homenagem

Estátua de bronze de Chico Xavier. Foto Antonio Carlos Prata.

Praça Rui Barbosa ganha estátua de bronze de Chico Xavier. A estrutura foi instalada nesta quarta-feira 28 de outubro de 2020 e, inaugurada nesta quinta-feira (29) às 09h. Retrata Chico sentado em um banco de ferro e madeira fixada em piso de concreto. De acordo com a artista plástica, o material pesa 250 kg de bronze fundido na Fundição Artística São Vicente, em Belo Horizonte, sob a coordenação do artista Diego Rodrigues. A peça, que custou R$ 80 mil, graças ao pagamento de contrapartida de uma empresa beneficiada pela lei de incentivos fiscais e estímulos econômicos de Uberaba. Segundo a Prefeitura de Uberaba, as empresas Agronelli e P&D tinham que pagar uma contrapartida para ao município, permutada em entrega de bens e serviço, no caso de obras. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, José Renato Gomes, a obra chega nesse momento como um presente de Natal para a população, é semelhante a uma existente em Pedro Leopoldo. A estátua está posicionada ao lado do Ponto de Táxi. e defronte aos extintos bares: Café 1001 (Mil e Um), e Café da Praça. Segundo a história, na década de 60, eram os locais onde Chico tomava café frequentemente. (Antônio Carlos Prata)


Monumento está sendo disputado. Não se passam nem dois minutos sem que um turista ou morador esteja ao lado para tirar uma foto e levar de lembrança.


Chico Xavier saboreava um cafezinho no bar Café 1001, em Uberaba, em companhia
 do Dr. Jarbas Varanda e de seu filho Luciano Varanda .No início da década de 70, (Foto pessoal do acervo família Varanda)


"Bar e Lanchonete 1001”, que nunca fechava - Foto -  Uberaba Em Fotos


Chico preparando para o fotógrafo. Ao fundo Casa Caldeira e bar Café da Praça.

"Esta é uma das primeiras imagens feita por mim, no início de minha carreira de jornalista. O momento exato em que o nosso saudoso e querido médium Chico Xavier, entrava em um táxi, na praça Rui Barbosa, no final de década de 70. Ele me agradeceu na oportunidade dizendo "eu não mereço ser fotografado, sou uma pessoa comum, obrigado ". Lembro como se fosse hoje.." (Foto/Jornalista/Paulo Nogueira)


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Quem passeia pela praça Rui Barbosa em Uberaba, no Centro, se depara com a estátua do médium Francisco Cândido Xavier. Carinhosamente chamado de Chico Xavier. Logo após a retirada do pano sobre a estátua, todos os presentes passaram a tirar fotos ao lado dela, gesto que vem sendo repetido diariamente por moradores e turistas desde então. Sua inauguração se deu hoje, 29 de outubro de 2020 às 09h00 em meio às homenagens. Embora mineiro de Pedro Leopoldo, passou parte significativa de sua vida na cidade de Uberaba. (Antônio Carlos Prata)


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Cidade de Uberaba



sexta-feira, 23 de outubro de 2020

“COCOZINHO”

Uma outra passagem do meu falecido pai:

Já no seu leito de morte, minha mãe, dona Mariita (com dois “is” mesmo) se revezava com uma cuidadora nos cuidados do meu pai, que sendo acometido pela diabete, teve, além de um AVC, os rins e a visão comprometidos, ficando acamado permanentemente no último ano de sua vida, porém sem perder nunca a lucidez.

A cuidadora que atendia por Marlene, entrava às sete da manhã e ficava até às cinco da tarde e uma das tarefas que ela executava assim que chegava, consistia em trocar meu pai, já que ele foi obrigado a usar fraldas geriátricas, dada a sua total impossibilidade de locomoção.

A Marlene, assim como a maioria das cuidadoras e enfermeiras em geral, tinha a tendência de infantilizar o paciente, usando e abusando dos diminutivos com expressões do tipo: “a comidinha tá pronta”; “quer um leitinho?” “tá na hora do seu banhozinho” e assim por diante.

Meu pai não falava nada, mas acho que ele não gostava muito daquilo, até que um dia, a Marlene, chegando em casa, encontrou, como sempre, meu pai já acordado e, de praxe, começou com o martírio, tentando puxar conversa com ele:

- Bom dia “seu” Armando, passou bem a noite?

E ele, mentindo, porem altivo e resignado manteve o diálogo
- Muito bem Marlene...sonhei que estava pescando com o Tufizinho (pai do Cássio Facure) e o Ari (Ari Rossi, irmão de maçonaria e companheiro de pescarias).

- Que gracinha, seu Armando, continuou ela, sem prestar atenção na pescaria dele e já cortando a sua fala, quase que maquinalmente lascou duas perguntas absolutamente impertinentes e constrangedoras:

-Fez cocozinho, seu Armando?

- Fiz sim, respondeu ele, já meio sem paciência.

- Fez muito, “seu Armando?

Eu não presenciei a cena, mas minha mãe contava que riu o dia todo da resposta do Kappa e da perplexidade com que a Marlene recebeu a resposta:
- Não sei, não pesei!!!


Marcelo Caparelli


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Cidade de Uberaba

O filante

Pelo caso das Bananadas vocês tiveram uma ideia da presença de espírito do meu pai, que para quem não sabe era o saudoso José Armando Caparelli, exemplo de caráter, honradez, honestidade e dedicação à família.

Essa passagem diz respeito ao Sebastião Carlos da Silva, vulgo Tião, morador do bairro EEUU que contava com a mesma idade do meu pai e os dois foram convocados para a guerra na mesma época.
O Tião, ao que parece, veio de fora para jogar futebol no time do independente e foi alocado nos correios, pois como salário de jogador era curto na época, tornava-se necessário arranjar alguma atividade complementar e remunerada para as contratações dos clubes.

Meu pai e o Tião eram amigos e serviram juntos em Juiz de Fora onde aguardavam ser chamados para compor as tropas brasileiras na Itália. A companhia do Tião foi embarcada no final de agosto de 1945 no Rio de Janeiro, enquanto a companhia do meu pai embarcaria cinco dias depois, ficando aguardando em Juiz de Fora.

Foi quando a guerra acabou (2/10/45), com o Tião no navio e meu pai em terra.
Parece a mesma coisa, pois nenhum deu um tiro sequer e nem ao menos pisaram em solo italiano. Mas para o governo da época não, pois o Tião deu baixa recebendo soldo de ex-pracinha e meu pai ficou “a ver navios’.

Tenho a suspeita que a expressão nasceu aí.

Contam que ele era um tanto quanto “controlado” em questões financeiras e não gastava um centavo com supérfluos, e acho que nem com os “principais”; em suma, era um belo de um “pão duro”.
O Tião que depois de dar baixa no exército nunca pegou no batente, passava todos os dias de manhã na lotérica e convidava meu pai para tomar café e comer uns biscoitinhos, coisa que meu pai às vezes ia, às vezes não, dependendo do movimento na loja. Só que o lugar desse pequeno lanche matinal, não era em lanchonete alguma; o destino do sovina, pasmem vocês, era a funerária Pagliaro onde, quando tinha velório, tinha sempre uma mesa com quitandas, café, leite e chá para os presentes.

Nessa época, meu pai praticava o tabagismo, bem como o Tião e numa dessas incursões funerárias, depois de cumprimentar os parentes do defunto, e depois de fazer a devida “boquinha”, saem os dois e meu pai saca um “minister“ do bolso, acende e dá uma bela tragada, já esperando o Tião tentar filar um cigarro dele.

Antes de voltar o cigarro à boca para a segunda tragada o Tião, seguindo seu mau hábito de filante inveterado, pediu um cigarro para meu pai, que já esperando, ironizou:
- Tião, você tá fumando muito!

Mas pão duro tem sempre uma resposta pronta:

- Caparelli, eu fumo, mas não trago...

Num átimo a resposta veio definitiva:

- Pois devia trazer, Tião!


Marcelo Caparelli


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Cidade de Uberaba

UMA FOTO RARA E UMA CADEIA QUE DESAPARECEU

No dia 27 janeiro de 2015, essa foto histórica apareceu pela primeira vez na página "Uberaba em Fotos". Ela havia sido enviada para nós por Maria Regina Vieira Teixeira, que informou que se tratava de uma foto feita por José Severino Soares, sem anotação de data. Trata-se do famoso fotógrafo “Juca Severino”, que teve um estúdio em Uberaba entre o final do século 19 e inicio do século 20. São de sua autoria alguns dos registros fotográficos mais antigos da nossa cidade. 



O local retratado é facilmente identificável: a foto foi feita da porta da Igreja de Santa Rita, em direção ao Colégio Nossa Senhora das Dores. O prédio original do colégio das Dominicanas (inaugurado em 1895) aparece ao fundo, bem no meio da imagem. O prédio da penitenciária, atual Faculdade de Medicina da UFTM e do Mercado Municipal ainda não estavam construídos. Esses trabalhadores que vemos no primeiro plano provavelmente estão consertando o gramado (ou a escadaria) que dá acesso à Santa Rita. Assim, é possível estimar a data aproximada do registro da foto como sendo por volta do ano 1900.

A publicação original, de janeiro de 2015.


Trata-se de uma imagem era muito rara e, na ocasião, inédita. Fez bastante sucesso na página: teve mais de 300 curtidas, 160 compartilhamentos e cerca de 20 comentários. Por conta dos algoritmos automáticos do Facebook, a foto voltou a aparecer na página duas outras vezes naquele mesmo ano: em maio e em dezembro. Nessa última aparição, eu incluí junto aos comentários uma versão com algumas legendas, mostrando o que eram cada um dos prédios retratados e levantando uma dúvida: o que seria esse grande sobrado que aparece com destaque do lado direito da imagem, mais ou menos no local onde (em 1924) foi inaugurado o Mercado Municipal?

A foto com legendas, incluída nos comentários em 2015.


Comparação dos dois prédios. Notem a posição, o número e o formato das portas e janelas, além da guarita na lateral.

Foram quase seis anos para solucionar o mistério. Vários pesquisadores foram consultados na época e ninguém soube afirmar com certeza o que seria esse sobrado que, por volta de 1900, certamente estava entre os mais imponentes da cidade. Tampouco havia informação clara a respeito dele nos dois livros clássicos que norteiam a pesquisa histórica desse período em Uberaba (escritos pelos memorialistas Borges Sampaio e Hidelbrando Pontes). Várias hipóteses foram levantadas e descartadas. Estranhamente, o prédio havia desaparecido não apenas da história oficial, mas também da memória coletiva da comunidade. Foi preciso garimpar pequenos fragmentos de informação em jornais antigos, diários oficiais e atas da Câmara Municipal de Uberaba para enfim chegarmos a uma conclusão.


CADEIA E TRIBUNAL

Hoje, podemos afirmar com razoável certeza que esse prédio foi construído entre março de 1886 e dezembro de 1887, e teve as obras encomendadas e pagas pelo governo da então Província de Minas Gerais, para funcionar como a nova Cadeia Pública de Uberaba. Provavelmente, foi inaugurado no primeiro semestre de 1888. Também sabemos que, no seu piso superior, funcionou por longo tempo o Tribunal do Júri da comarca. Com a inauguração dessa “cadeia nova”, desativou-se a “cadeia velha” que funcionava até então no piso térreo do prédio da Câmara Municipal, na esquina do Largo da Matriz (atual Praça Rui Barbosa) com a Rua Municipal (atual Manoel Borges). O memorialista Borges Sampaio, que morava defronte a essa cadeia velha (no casarão onde depois foi a loja Notre Dame de Paris) foi um dos que batalhou, desde o final dos anos 1870, para que a cadeia fosse transferida da praça central da cidade para um prédio mais adequado. No antigo sobrado da Câmara não havia fornecimento de água e nem sistema de esgoto. Todos os dias, um preso saia do prédio sob escolta, com os pés acorrentados, levando um tonel cheio de excrementos dos detentos e dos carcereiros até a ponte da Rua do Comércio (atual Artur Machado), onde eram atirados no Córrego das Lages. Pelo caminho, os presos e sua carga passavam defronte aos palacetes que ladeavam o primeiro quarteirão da que era então a mais sofisticada das ruas de Uberaba.

No prédio da Cadeia Nova, que foi construído onde hoje é o Mercado Municipal, havia água corrente, trazida por um rego d’água que descia do alto da Santa Casa. E tinha logo ao fundo o córrego, para onde escoavam seus esgotos. Temos notícia de que, em 1896, foram construídos o pátio murado e as pequenas guaritas laterais do lado de fora do prédio, que podem ser vistos nessa foto. A cadeia e o tribunal funcionaram nesse sobrado por quase três décadas e, por isso, a atual praça Manoel Terra passou a ser conhecida por “Largo da Cadeia Nova”, desde muito antes da inauguração do prédio da Penitenciária (atual Faculdade de Medicina). 

Os presos foram transferidos da cadeia velha e, em 1889, a Câmara contratou uma grande reforma no prédio do Paço Municipal. As obras se estenderam até 1903, mas temos notícia de que em 1894 os Correios foram autorizados a usar o piso térreo do prédio. Há uma foto bem conhecida desse novo Paço Municipal (datada de 1900) que recebeu decoração do arquiteto italiano Luis Dorça (Luigi d’Orsa, na grafia original). Em 1921 esse prédio antigo foi demolido e a Câmara abriu uma concorrência para o projeto e as obras de um novo prédio, que foi vencida pelo construtor Santos Guido. O novo Paço Municipal, erguido em concreto armado, foi inaugurado em 1922 e é o mesmo que segue sendo usado até hoje.

DEMOLIÇÃO E NOVA PENITENCIÁRIA

No final da primeira década do século passado (1901-1910), o prédio da “Cadeia Nova” já estava velho e em precário estado de conservação. As condições de higiene eram péssimas e as fugas de presos muito frequentes. Após muita pressão local, o governo de Minas Gerais ordenou a demolição do prédio para que se construísse uma nova cadeia – mais moderna e mais segura – no mesmo local da antiga. Aparentemente, os presos foram provisoriamente alojados, em algumas salas emprestadas, no antigo prédio da Santa Casa. As obras da nova cadeia ficaram a cargo do construtor Jesuíno Felicíssimo, que iniciou a demolição do prédio antigo em abril de 1909. Mas, no mês seguinte, as obras foram suspensas. O governo de Minas havia decidido que não iria mais reconstruir uma cadeia no mesmo lugar da antiga. Iria erguer em Uberaba uma nova “Penitenciária Modelo”, nos moldes das que então se construíam nas principais cidades do Brasil.

O prédio da Penitenciária, inaugurado em agosto de 1912.


As datas de conclusão das obras e do início da demolição, em recortes dos jornais da época.


O engenheiro Nicodemos de Macedo, funcionário do governo estadual, veio a Uberaba preparar o projeto. Chegou a ser cogitada a construção dessa nova Penitenciária no bairro do Fabrício, mas a ideia foi abandonada em função das dificuldades para o abastecimento de água. Decidiu-se, por fim, construir a nova Penitenciária no mesmo largo da cadeia antiga, porém num terreno mais acima, cedido pela Prefeitura, ao lado do colégio das Dominicanas. A obra, orçada em 73 contos de reis, teve o início autorizado em agosto de 1909. Ficou a cargo dos italianos Luis Dorça e Miguel Laterza, e só foi inaugurada em agosto de 1912.

O antigo prédio do Paço Municipal em foto de 1900,
após a saída da cadeia e a longa reforma, que seria concluída em 1903




O prédio do Fórum, construído na Rua Lauro Borges e inaugurado em 1916.


Eu ainda não encontrei a data em que a demolição da antiga cadeia foi retomada e concluída. Aparentemente, o município recebeu o terreno onde ficava cadeia velha em troca daquele que cedeu para a Penitenciária. Dez anos mais tarde, a prefeitura usou esse terreno para erguer o Mercado Municipal (construído entre 1922 e 1924 pela firma paulista Salles Oliveira & Valle). O antigo mercado da cidade ficava na Ladeira do Mercado (atual Rua Lauro Borges) e seu terreno foi cedido ao governo do estado para a construção de um novo Fórum (inaugurado em 1916), já que o Tribunal do Júri também havia ficado sem sede após a demolição da cadeia.

CÂMARA OU CADEIA?

Por fim, uma surpresa. Existe no Arquivo Público Municipal de Uberaba uma foto bem conhecida de um prédio de dois pavimentos, com uma cadeia no piso inferior. Há anos, essa imagem é identificada como sendo do prédio original do Paço Municipal (aquele que, até 1888, abrigou no térreo a cadeia da cidade). É assim que essa foto aparece em inúmeras publicações. Mas ao fazermos uma comparação entre o estilo desse prédio e o da cadeia que vemos na foto do Juca Severino, surgem fortes indícios de que essa identificação está equivocada. A foto divulgada como sendo da Câmara seria, na realidade, dessa Cadeia Nova inaugurada em 1888. Fotografada pelo lado oposto, com o fotógrafo posicionado nas proximidades da esquina onde há hoje o Bar do Mil Reis. Reforça essa conclusão o número, a disposição e o formato – exatamente iguais – das portas e janelas nas duas imagens. Além disso, constata-se a presença nas duas fotografias da pequena guarita posicionada a pequena distância, na lateral externa. E há ainda a questão da declividade do terreno, mais semelhante à da Praça Manoel Terra do que à da esquina da Praça Rui Barbosa com Rua Manoel Borges. Caso seja confirmada essa hipótese, a identificação dessa imagem terá de ser retificada.

O novo Paço Municipal, inaugurado em 1922.


Infelizmente, ainda não temos uma cópia física em papel dessa fotografia original feita por Juca Severino. Segundo nos informou a advogada Maria Regina Ferreira Teixeira – a quem registramos nosso agradecimento pela ajuda – essa foto pertenceu a um professor residente em Campinas, que lhe mostrou a ampliação há mais de dez anos. Na ocasião, ela fez uma cópia digital e devolveu o original ao professor, com quem não tem contato já há algum tempo. Foi esse arquivo digital que ela nos enviou em 2015 que serviu de base para a produção dessa imagem restaurada, e também para todo o trabalho de pesquisa. É possível que haja outras cópias de época dessa fotografia guardadas em coleções particulares, porém o Arquivo Público de Uberaba não a possui. Se algum dos leitores da página souber da existência de uma cópia física, pedimos a gentileza de nos informar.

André Borges Lopes


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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Citar falecido...

Bastidores forenses -  03/12/2003  

O juiz da 4ª Vara Cível da Comarca de Uberaba, ao apreciar pedido de reconhecimento de sociedade de fato, formulado pela concubina diante da morte do companheiro, atendendo o pedido do advogado, proferiu o seguinte despacho:

“Cite-se o falecido para os termos da presente ação”. Ao devolver o mandado de citação, o oficial de Justiça, afirmou que, depois de várias diligências, recebeu informação de que o citando, “desde o dia 5 de setembro de 1997, está residindo no Cemitério São João Batista, nesta cidade, à quadra 1, sepultura nº 142”. O oficial certificou que, “prosseguindo as diligências, bati, por inúmeras vezes, à porta da citada sepultura no sentido de proceder à citação determinada, mas nunca fui atendido. Certifico, ainda, que entrei em contato com os coveiros e com o administrador do citado cemitério, sendo informado por todos que tinham a certeza de que o citando se encontrava em sua sepultura porque viram-no entrar e não o viram sair”. 

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Cidade de Uberaba

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

CINTURA FINA, personagem do Livro de Roberto Drummond HILDA FURAÇÃO.

José Arimatéia Carvalho era mulato, baixo e auto intitulou-se de Cintura Fina. Auto intitulou porque ninguém se atreveria a caçoar de Cintura Fina. Ele famoso pelas brigas e temido pela destreza com que manejava a navalha, sempre amarrada a um cordão. Fez muitas vítimas, foi preso inúmeras vezes era inimigo declarado da Polícia e também temido por eles.

José Arimatéia Carvalho

Além da habilidade com a navalha era também muito hábil com a costura. Excelente alfaiate e melhor ainda como costureiro. Sempre que uma mulher da vida saia da Guaycurus para contrair matrimônio era ele o eleito para costurar o Vestido de Noiva. Cintura Fina também fazia a vida trabalhando em um Hotel chamado de Monte Carlo localizado na antiga Praça Vaz de Melo. O temido Cintura Fina também era um boêmio que todos as noites tomava cerveja no Bar Maracanã ou qualquer outro Bar do Mercado Mauá. O último endereço de Cintura Fina em Belo Horizonte foi na favela São Jose local hoje ocupado pela Avenida Tancredo Neves. Apesar de quase todos os lugares em que Cintura Fina fez história terem sido destruídos, desapropriados ou não existirem mais sua fama permanece e acabou por ser imortalizado no romance de Roberto Drummond " HILDA FURACÃO". Cintura Fina morreu no presídio da cidade de Uberaba em 1972.

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Cidade de Uberaba

100 anos de Hélvio Fantato

Hélvio Fantato nasceu em Uberaba em 1920, tendo falecido em 1997.

Iniciou seus estudos na escola infantil ou jardim da infância, como se denominava, dirigida pela célebre professora Edite Novais França, cursando posteriormente a Escola de Comércio José Bonifácio, onde foi aluno dos renomados professores Amadeu Pascoalini, José Maciotti e Raul de Melo Resende, de quem, então, fez inúmeras caricaturas.

Hélvio Fantato - Foto/Divulgação


Em 1935 iniciou suas atividades comerciais, trabalhando com João Laterza, seu tio e pai do filósofo Moacir Laterza.

No decorrer de toda sua vida exerceu a profissão de comerciante, tendo montado em sociedade com seu primo Mozart Laterza e outros importante loja de material elétrico no quinto quarteirão da rua Artur Machado, na qual sempre atendeu no balcão.

Em 1942 iniciou, nas horas vagas, suas atividades de pintor, que daí em diante exerceu no decorrer de sua existência, legando considerável obra pictórica, posteriormente acrescida com trabalhos de escultura.

Destituído totalmente das excentridades e idiossincrasias de grande número de artistas, que se julgam acima de seus semelhantes, Hélvio Fantato caracterizou-se pela simplicidade de viver e afabilidade no trato pessoal.

A respeito, o arquiteto Demilton Dib, afirmou: “o que mais me fascina e alcança grande importância, além da obra em si, é a pessoa de Hélvio Fantato [...] Sua simplicidade, seu despojamento, o ‘fazer’ sem o menor conhecimento técnico, esse autodidata” (depoimento à Marisa Dexheimer, in “Hélvio Fantato Mostra Sua Obra Recente Amanhã”, Jornal de Uberaba, 25 abril 1990).

Por necessitar de espaço, tanto para exercitar sua arte quanto para acomodar e guardar o crescente número de quadros e esculturas, montou estúdio em imóvel situado na saída de Uberaba, nas proximidades da antiga estação ferroviária de Amoroso Costa, onde, entre outras, recebeu a visita do pintor Israel Pedrosa.

Aí, nesse refúgio artístico, cultivou sua arte pictórica e, à certa altura da vida, expandiu-a consideravelmente com a dedicação à escultura.

Exposições Individuais

Na sua modéstia e nenhuma pretensão de publicidade e de aplausos, contentando-se e atendo-se tão somente às imposições vocacionais e ao prazer da criação artística, Hélvio nunca se propôs a expor seus quadros e, muito menos, a organizar exposições para essa finalidade, aptidão que, de resto, não tinha.

Contudo, conhecedores e admiradores do valor de sua obra se propuseram a esse cometimento, promovendo dela algumas marcantes e significativas exposições.

Jóquei Clube de Uberaba - 1964

Promovida principalmente por Paulo Sousa Lima e José Sexto Batista de Andrade, este então vice-presidente do Clube, grandes animadores das artes em Uberaba.

Nessa mostra, segundo Jorge Alberto Nabut, “vende o primeiro quadro [.... o que] veio modificar um pouco o seu modo de encarar sua obra, mesmo não tendo abandonado o hábito de doá-las” (“Hélvio Fantato: A Arte de Fazer Arte Sem Nunca Ter Estudado Arte”, Jornal da Manhã, 18 abril 1976).

Nessa exposição vende nada menos de 15 (quinze) quadros dos 25 (vinte e cinco) expostos.

Livraria Ponto de Encontro - 1968

Nessa livraria foram expostas 13 (treze) quadros.

Folha de S. Paulo – Novembro 1968

Na galeria desse jornal paulistano realizou-se exposição de seus quadros.

Jóquei Clube de Uberaba – Outubro 1969

Outra exposição de sua obra no Jóquei Clube de Uberaba.

Jóquei Clube de Uberaba – Outubro 1974

Nova exposição de quadros de Hélvio, com grande afluência de público, foi idealizada por Jorge Alberto Nabut, então coordenador de cultura do Clube, e organizada por ele e Demilton Dib, com apoio de Lincoln Borges de Carvalho, Salvador Cicci Neto, Cecílio de Castro Silva e outros.

Jóquei Clube de Uberaba – Junho 1980

Em comemoração aos 80 (oitenta) anos do Clube, foi idealizada e organizada por Jorge Alberto Nabut a primeira retrospectiva das obras de Hélvio, reunindo 90 (noventa) peças entre quadros e esculturas sobre estruturas metálicas concebidas por Demilton Dib e executadas por Vandir Laterza.

Galeria de Arte Reis Júnior / Fiube – Junho 1982

Nova mostra retrospectiva de Fantato, pinturas e esculturas, foi realizada na referida galeria, inaugurada na oportunidade, sob a curadoria do professor e crítico de artes Marco Antônio Escobar.

Fantato Atelier – Abril 1990

Nesse atelier, Fantato expôs na ocasião pinturas e esculturas recentes.

Fundação Cultural de Uberaba – Agosto 1993

Quando funcionando no prédio situado no pátio da igreja São Domingos, a Fundação Cultural promoveu nova exposição de pinturas e esculturas de Fantato.

Exposições Coletivas

Em diversas mostras coletivas realizadas em Uberaba, geralmente promovidas pela Fundação Cultural de Uberaba, também foram expostas pinturas e esculturas de Fantato, salientando-se, todavia, entre elas, por sua realização no exterior, a efetuada na

Galeira Debret – Paris/França – Setembro 1996

Idealizada, promovida e organizada por Jorge Alberto Nabut, foi realizada na mencionada galeria a exposição Triangle des Arts composta de quadros de 10 (dez) pintores uberabenses, entre eles Fantato.

Outras Mostras

Obras de Fantato ainda integraram outras mostras e exposições coletivas, a exemplo das que se seguem.

Galeria Municipal de Arte instituída pela Prefeitura na praça Rui Barbosa em abril de 1971; Exposições Coletivas da Feira de Arte/Participação organizadas, feira e mostras, por Hélio Siqueira em 1981, 82, 83, 84 e 90; 2ª Mostra de Arte Uberabense, promovida por Maison Interiores em abril/maio de 1983; Panorama da Pintura Uberabense na galeria de arte da Fundação Cultural de Uberaba em abril/maio de 1984; 1º Salão de Artes Plásticas Cidade de Uberaba promovido pela Fundação Cultural de Uberaba no pavilhão Henry Ford em abril/maio de 1995; Acervo da Fundação Cultural de Uberaba, mostra realizada na galeria de arte da Oficina Cultural de Uberlândia em fevereiro de 1998; A Pintura Brasileira nas Coleções em Uberaba, módulo I, na galeria de arte da Fundação Cultural de Uberaba em fevereiro/março de 2000; 1º Panorama das Artes Plásticas de Uberaba, como um dos homenageados, na galeria de arte da Fundação Cultural de Uberaba em setembro/outubro de 2001.

Catálogo e Vídeo

Fantato integra o importante catálogo Uberaba Mostra Seus Artistas, às p. 21 e 22, editado em 1996 pela Fundação Cultural de Uberaba.

Em 2010 André Laterza montou vídeo de 15 (quinze) minutos referente à obra de Fantato, num “filme de poucas palavras [....] mas um registro sensível de um artista que merece sempre voltar à tona, pois que foi um divisor de águas nas artes plásticas uberabenses” (Jorge Alberto Nabut, “Adágio da Dor nas Telas de Fantato”, Jornal da Manhã, 16 janeiro 2011).

Literatura

Não se sabe quando Fantato iniciou sua produção literária, mas o fato é que escreveu diversos contos – os dois ou três datados são de 1992 – dos quais pelo menos um, “Dedão”, foi publicado numa das duas ou três únicas edições do Caderno de Cultura editado pelo poeta Tony Gray Cavalheiro no Jornal Jumbinho de 25 de novembro de 2000.

Crítica

No ensejo de cada exposição surgiram análises, comentários e críticas atinentes à obra de Fantato, expendidas por Paulo Sousa Lima, Jorge Alberto Nabut, Marco Antônio Escobar, Marisa Dexheimer e Moacir Laterza.

(do livro Personalidades Uberabenses)

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

O menino que esqueceu o duplo

Esse caso vai para meus companheiros de loteria.

Antes de contar esse caso, cabe uma explicação para quem não sabe como funcionava a loteria esportiva na época:

O jogo custava CR$2,00 e o apostador marcava o resultado de treze jogos e se acertasse os treze palpites ganhava o prêmio. Além dessas marcações, na cartelinha de marcação (volante) deveria constar obrigatoriamente um palpite DUPLO que nada mais era do que duas marcações em um único jogo, por exemplo: digamos que um dos treze jogos constasse Bahia X Náutico e o apostador resolvesse colocar o duplo nele; então ele escolheria dois resultados possíveis (por exemplo: vitória do Bahia e empate) e se acontecesse um desses dois resultados, ele garantiria o ponto desse jogo.

Isso posto, vamos aos fatos: Já de tardezinha, depois de passar a tarde toda no caixa, me surge um senhor já entrado na casa dos setenta, acompanhado de um garoto, ao que tudo indicava, seu neto. Me entregou um punhado de “volantes” e eu, antes de perfurar os cartões na máquina, conferi os jogos para ver se estava certo, que era o procedimento para não fazer jogo errado.

Notando que um dos volantes faltava o palpite duplo alertei o senhor mostrando o volante:
- Senhor, esse volante tá faltando o duplo, o senhor esqueceu.
Uma fração de segundo e ele responde:

- Não taí não?

- Não.

Ele pensa um pouquinho e fala para o menino: - Dito, cadê o duplo?

- Uai, não sei, diz o menino, acho que esqueci em casa...

- Ô menino esquecido, puxou a mãe, né? Já te falei prá prestar atenção nas coisas.

Antes que a bronca aumentasse e me segurando para não rir, chamo o idoso:

- Senhor, eu tenho um duplo aqui de reserva e coloco para o senhor.

Dito isso fiz a marcação, registrei a aposta desejei boa sorte e ele saiu ainda ralhando com o menino.


(Marcelo Caparelli)

O ESPÍRITO PÚBLICO

Moeda rara, cada vez mais rara, raríssima, vem sendo o espírito público.

Tal “espírito” implica em se sobrepor aos interesses particulares (pessoais e corporativos) o interesse coletivo, respeitados, porém, aqueles, desde que exercidos dentro dos limites da lei visando objetivos legítimos.

A liberdade individual, em todas suas manifestações e áreas de atuação, pensamento, ação e organização é bem supremo, que deve ser alcançado, mantido e defendido. Contudo, quando exercitada legal e legitimamente, sob legislação colhida e implementada por órgãos legislativos livres e independentes, eleitos seus componentes diretamente pela população votante.

O espírito público, de que o Brasil anda tão carente e cujas escassas manifestações passam quase despercebidas justamente por serem raríssimas, dispõe que a sociedade como um todo e cada cidadão em particular respeite e objetive atingir e manter o primado do coletivo, do geral, sobre o particular.

Todo candidato a qualquer cargo público, em todos os níveis, deveria (ou deverá) pretender trabalhar, primeiro, pelo bem comum e só depois por suas pretensões eleitorais, desde que, é claro, estas não entrem em conflito com aquele.

Todavia, o que observamos e o que se tem, é justamente o oposto, circunstância que não outorga a essa realidade foros de legitimidade e, muito menos, de permanência e aceitação. É propósito inatingível? Mesmo se fosse, como diz o poeta espanhol Antônio Porchia, “cuando no se quiere lo imposible, no se quiere”. Todo cidadão digno e responsável, para sê-lo efetivamente, tem de querer e de agir em consonância, sem o que o país nunca emergirá da precariedade e do desequilíbrio humano e social que o caracterizam, não obstante os avanços e progressos havidos em alguns setores.

Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

Professor Santino Gomes de Matos

Santino Gomes de Matos - Cadeira 2

Patrono: Hildebrando de Araújo Pontes

Posição: Fundador

Sucedido por: Agenor Gonzaga dos Santos


Santino Gomes de Matos nasceu na cidade de Icó, CE, em 1908.

Estudou em seminário e lecionou português, francês, inglês e latim nas cidades de Crato, Batatais e Orlândia.

Em 1935 transferiu sua residência para Uberaba, onde se dedicou intensamente ao jornalismo e ao magistério.

Foi redator e depois diretor da Gazeta de Uberaba e, posteriormente, por muitos anos, reda-tor-secretário do Lavoura e Comércio.

Após deixar a militância diária em jor-naíTcontinuou a colaborar na imprensa, onde manteve seção de filologia.

Foi professor de língua portuguesa na Escola Normal e Oficial de Uberaba, de filologia romântica e de língua portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino, de português e literatura no Colégio Triângulo Mineiro. Exerceu as funções de chefe da Agência Municipal de Estatística e de vereador à Câmara Municipal de Uberaba. Pertenceu à Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, sediada em Belo Horizonte.

Era membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, na qual ocupou a Cadeira n9 2, que tem como patrono Hildebrando Pontes.
Faleceu em 1975.

Obras publicadas:
Flagrantes ao Sol do Norte: contos
Oração dos Humildes: poesias
Porque Maquinaria e Nunca Maquinário, filologia
Inferno Divertido da Análise Sintática, filologia

Bibliografia:

Paolinelli, Sônia Maria Rezende. Coletânea Biográfica de Escritores Uberabenses. Uberaba (MG): Sociedade Amigos da Biblioteca Pública Municipal “Bernardo Guimarães”, 2009. 171 p (Academia de Letras do Triângulo Mineiro)

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Professor Santino Gomes de Matos

Aqui está uma homenagem a ele no Lavoura e Comércio, no dia 1 de março de 1940, por ocasião de seu aniversário.

Ou mato ou morro!

Essa história minha mãe adorava e foi contada pelo meu folclórico amigo Aluísio ex-combatente da grande guerra e que se casou em segundas núpcias com minha gerente à época (ele já com mais de 80 anos).

Conheci alguns ex-combatentes, entre eles o Mario Daher, que mancava um pouco, segundo ele devido a um tiro em batalha; o Sr. José Rodrigues, freguês da loteria; o Pororoca, que foi sócio do Finado Pantaleão e o impossível Aluísio.

Para se ter uma ideia desse personagem, reza a lenda que dentre os “pracinhas” da região que combateram na Itália, ele foi o único que se apresentou voluntariamente. Contava-se também, nas nossas rodas de conversas algumas peripécias dele depois da guerra, entre elas o assalto ao banco do Brasil em plena manhã e de cara limpa.

Como na época estava muito em moda os assaltos a banco praticado por terroristas, resolveu ele que seria muito engraçado passar um susto nas pessoas e assaltou o banco com uma pistola de brinquedo. Depois de colocar todos deitados no chão, rumou para a mesa do gerente, colocou a arma ali e começou a rir.

Outra foi com um desafeto dos correios (me dou o direito de não mencionar o nome) que andou espalhando o boato que ele não teria participado de combate algum.

Pois bem, certo dia nosso personagem invadiu o escritório do Zez... (ops, quase saiu o nome), parou em frente à sua mesa, sacou o trabuco e anunciou a menos de um metro de distância:
- É hoje que te mato, vagabundo!

Ato contínuo, mirou o peito do servidor que paralisado pelo medo, balbuciava qualquer coisa ininteligível e “pregou fogo”. Sorte que a bala era de festim, só fez barulho.

Contava-se que o fofoqueiro desmaiou, isso não sei, o que sei é que calça e cueca ficaram imprestáveis.
Depois dessa apresentação, vamos à história, que é curtinha:
Estavam eles em uma caminhada por uma estrada na região de Pistóia, durante uma das tentativas de tomar o Monte Castelo quando um batedor alertou esbaforido:

- Sargento, os alemães nos viram! Estão chegando pela retaguarda!

O sargento, com aquele garbo nato de comandante de homens chamou seus homens aos brios:
- Soldados, é chegada a hora! E soltou o lema bem alto:
- Ou mato ou morro!

E todos em uníssono: Ou mato ou morro!

Lá de trás, um soldado franzino comunica ao superior:

- Sargento, não tem mato!

Responde o sargento: - Então corre pro morro!

Os.: Trata-se evidente de mais uma piada do Aluísio, pois nossos pracinhas souberam dignificar o nome do Brasil perante o mundo, conquistando o morro de Monte Castelo depois de cinco tentativas. Fizeram mais de 20000 prisioneiros e dos 25 mil componentes da Força, 450 soldados, 13 oficiais e oito pilotos morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos. Em tempo, quem comandou a “tomada” foi o tenente coronel Humberto de Alencar Castello Branco (ele mesmo, o primeiro presidente da revolução).

(Marcelo Caparelli)