domingo, 18 de agosto de 2019

A PRIMEIRA PONTE FERROVIÁRIA DO TRIÂNGULO MINEIRO

Quase todo mundo em Uberaba conhece a velha ponte metálica sobre o Rio Grande que liga a cidade de Delta a Igarapava. Ela foi, por décadas, uma ponte rodoferroviária: por ali passavam os trens da Cia Mogiana (mais tarde Fepasa) entre 1915 e 1977, mas também os carros, caminhões e ônibus da BR-050. Até 2001, quando foi inaugurada uma ponte nova na rodovia.

     Trem de passageiros da Cia Mogiana cruzando o Rio Grande sobre a ponte de Jaguara. Foto sem data, do acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Bem menos gente sabe da existência uma outra ponte ferroviária, quase trinta anos mais antiga, que atravessa o Rio Grande em Jaguara (num trecho coberto de pedras, um pouco abaixo da barragem da usina hidroelétrica de mesmo nome). Inaugurada em maio de 1888, ainda no tempo do Império, foi a primeira ligação entre o norte da então “Província de São Paulo” com o Triângulo Mineiro. Mais estreita que a estrutura de Igarapava, só dava passagem a trens ou pedestres. Cruzando essa ponte, chegou em Minas Gerais a primeira linha de trens da Cia Mogiana, que vinha de Ribeirão Preto por Batatais, Franca e Rifaina. Depois de cruzar o rio, a ferrovia acompanhava a baixada do vale até as proximidades de Sacramento, cruzava a cidade de Conquista e chegava a Uberaba passando pela estação de Peirópolis (na época chamada "Paineiras").

     Detalhe de um mapa do Ministério da Viação e Obras Públicas mostrando as ferrovias paulistas em dezembro de 1913. É possivel ver o traçado das duas linhas da Cia Mogiana que chegavam a Uberaba: a mais antiga por Jaguara e a nova (ainda em construção) por Igarapava.

Com a inauguração (em outubro de 1915) da variante de Igarapava, mais curta e moderna, a velha linha férrea de Jaguara foi perdendo movimento e importância. Mas, nas revoluções de 1930 e 1932, as duas pontes foram palco de combates entre tropas mineiras e paulistas. Em meados dos anos 1960, o lago da represa de Jaguara inundou a antiga cidade de Rifaina e interrompeu alguns quilômetros da linha no lado paulista.

      Cartão Postal da Ponte de Jaguara da Cia Mogiana no início do Seculo XX. Foto dos arquivos da Agência Turismo Rifaina (www.turismorifaina.com.br)

A Mogiana não se interessou em refazer a ferrovia em novo traçado, e desativou o tráfego na ponte. O trecho Uberaba-Jaguara foi transformado em um ramal – que ainda operou precariamente por alguns anos. Hoje, 131 anos depois de aberta, a velha ponte de metal ainda segue de pé, embora em ruínas.

     A ponte em ruínas, em foto recente do Google Earth. Ao fundo, a barragem da usina hidroelétrica de Jaguara.

Os créditos das imagens estão nas legendas das fotos.

(André Borges Lopes)






Cidade de Uberaba


quinta-feira, 15 de agosto de 2019

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu

Visite o Museu do Zebu em Uberaba no Parque Fernando Costa e conheça parte da saga da trajetória da pecuária brasileira!


100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.
100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.

100 anos ABCZ na 36ª Mostra do Museu do Zebu - Foto: Bruna Marinho.






Cidade de Uberaba


quarta-feira, 14 de agosto de 2019

CONSTRUTORES DE PONTES

Imagens resgatadas dos arquivos da Companhia Mogiana.


A primeira é bastante conhecida: mostra as obras da ponte rodoferroviária sobre o Rio Grande, ligando Igarapava (SP) e Delta (MG), na época ainda pertencente ao município de Uberaba.

Nessa versão em alta resolução é possível ver alguns detalhes do processo de construção e, principalmente, os destemidos trabalhadores que erguiam as estruturas, sem qualquer preocupação com a segurança individual – algo impensável nos dias de hoje. A legenda original nos revela a data (20 de abril de 1915) e o também nome do fotógrafo: O. Pasetto.

Construção da ponte rodoferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro entre Igarapava (SP) e  Delta (MG) em 20/04/1915. Crédito: O. Pasetto./ acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo

  Detalhe da construção da ponte rodoferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro entre Igarapava (SP) e Delta (MG) em 20/04/1915.

   Construção da ponte ferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro sobre o Rio Uberaba no trecho entre entre Uberaba e Uberlândia (MG), circa 1894.

 Detalhe da construção da ponte ferroviária da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro sobre o Rio Uberaba no trecho entre entre Uberaba e Uberlândia (MG), circa 1894. 

   Ponte ferroviária da antiga Cia. Mogiana de Estradas de Ferro sobre o Rio Uberaba no trecho entre entre Uberaba e Uberlândia (MG). Foto de 2016. Crédito: Google Earth.

Nota-se ainda um detalhe curioso, que pouca gente conhece: a falta do último vão metálico do lado de Igarapava. A Cia Mogiana mudou o traçado da ferrovia depois que a estrutura da ponte já havia sido encomendada na Europa. No novo local de travessia, o rio era ligeiramente mais largo e foi preciso adicionar um quinto vão à ponte. Com o início da 1ª Guerra Mundial, foi impossível comprar essa estrutura extra, e a ponte teve de ser inaugurada (em outubro de 1915) com um vão provisório, feito em madeira. Só depois de 1919 ele foi substituído pela estrutura metálica (um pouco menor que as outras quatro) que está lá até hoje.

A segunda imagem é mais antiga e bem menos conhecida: mostra a construção da ponte sobre o Rio Uberaba, já no trecho Uberaba-Uberlândia da ferrovia. A foto não tem data, mas deve ter sido tirada por volta de 1894, quando esse prolongamento estava sendo construído (foi inaugurado em 1895). É possível que seja a mesma ponte que se encontra lá até hoje, cruzando o rio logo atrás da pedreira da empresa Jasfalto, e que pode ser vista do alto no Google Earth.

Não achei na Internet fotos recentes dessa ponte. Que não deve ser confundida com a outra que passa sobre o Córrego Alegria (um afluente do Rio Uberaba) na antiga linha Uberaba-Ibiá, inaugurada em 1925 – onde aconteceu o famoso acidente que deixou a cidade sem água por semanas em 2003.

Crédito das imagens PB: acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo.

(André Borges Lopes)

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Em 1971, a antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada à empresa estatal paulista Fepasa. Na década de 1990, todas as linhas de longo curso remanescentes da Fepasa foram transferidas para a Rede Ferroviária Federal e, em seguida, divididas em lotes e privatizadas. O Arquivo Público do Estado de São Paulo, conseguiu que os acervos históricos das antigas empresas ferroviárias paulistas ficassem sob sua guarda. Nesse acervo, encontrei algumas fotos originais das linhas de trem da Cia Mogiana no Triângulo Mineiro.


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Cidade de Uberaba

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A PRIMEIRA FAZENDA MODELO

Em 1911, aconteceu a primeira “Exposição Agro-Pecuária” de Uberaba. Visitaram o evento o presidente estadual (equivalente aos atuais governadores) Júlio Bueno Brandão e representantes do Ministério da Agricultura, que elogiaram qualidade dos animais e o trabalho de seleção de gado Zebu feita pelos pecuaristas da região. Fidélis Reis – na época inspetor agrícola em Minas Gerais – sugeriu ao governo que instalasse no Triângulo Mineiro “uma fazenda modelo para aclimação de animais de raça de elite”. Essa exposição é relatada em detalhes no livro “ABCZ 100 anos: história e histórias”, recentemente lançado.

No ano seguinte, o Ministério da Agricultura mandou a Uberaba dois técnicos para que fizessem um relatório sobre a pecuária no Triângulo e escolhessem uma propriedade rural que pudesse ser comprada para montar uma fazenda modelo. O relatório listou sete fazendas no município de Uberaba e duas em Sacramento, descrevendo cada uma. Os autores recomendavam que a fazenda ficasse próxima a Uberaba, em local de fácil acesso. Como a maioria dos zootecnistas da época, a dupla não estava convencida das vantagens de criar o gado indiano, em lugar de gado europeu: “É inútil tentar demonstrar, aos que se convenceram das vantagens comerciais da aclimação e multiplicação do zebu, que esse caldeamento de sangue, assim feito, sem obedecer aos preceitos zootécnicos e a um rigoroso critério científico (…) é de resultado duvidoso e pode vir a ser nocivo e perigoso”. Diante disso, defendiam que a fazenda modelo deveria abrir novos rumos à pecuária da região, “ensinando pelo exemplo” e orientando os fazendeiros sobre métodos melhores de criação.

Das propriedades visitadas, a preferência ficou com a Fazenda do Veadinho, que pertencia ao Coronel Raymundo Soares de Azevedo – dono do casarão defronte ao atual Hospital da Criança, onde hoje funciona a Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Sua fazenda ficava próxima da estação de Peirópolis da Cia Mogiana. Tinha cerca de mil alqueires de terra roxa, água abundante, invernadas de capim gordura e Jaraguá, plantações de café, cana de açúcar, arroz e um bom pomar. No final de 1912 o governo do estado de Minas desapropriou as terras e as doou ao governo federal – que criou a Fazenda Modelo de Criação e assumiu sua administração.

Essa iniciativa teve vida breve. O Almanak Laemmert de 1914 informa que o agrônomo José Maria dos Reis, irmão de Fidelis, foi seu primeiro diretor. Em matérias publicadas no jornal “O Paiz”, do Rio de Janeiro, encontramos algumas informações sobre os trabalhos desenvolvidos por ele à frente da instituição. Em setembro de 1913, o autor das reportagens deixa evidente a intenção de que “a imunização do gado exótico com o azul de trypan, o melhoramento das pastagens e o desenvolvimento dos serviços da fazenda modelo (…) concorrerão, de certo, para dissipar nos criadores o fanatismo pelo zebu.”

Em outubro de 1914 direção da fazenda passou para o engenheiro agrônomo Militino Pinto Carvalho. Natural do estado de Sergipe, Militino havia sido colega de José Maria e Fidélis Reis na única turma de alunos formada pelo Instituto Agronômico – a primeira faculdade a funcionar em Uberaba, entre 1895 a 1898. Antigo funcionário dos Correios e da Cia Mogiana, Militino tornara-se professor da Escola Normal e exercia desde 1907 o cargo de inspetor técnico de ensino em Uberaba. Ele comandou a Fazenda Modelo até o final de 1915, quando passou o bastão para Armando Alves da Rocha. Poucos anos mais tarde, Militino fez parte do grupo de aventureiros que atravessou o mundo para ir buscar gado na Índia – contagiado pelo tal “fanatismo pelo zebu” que o estabelecimento pretendia combater.

O fim dessa primeira Fazenda Modelo de Criação foi melancólico. A partir de 1916, há relatos nos jornais de atrasos de pagamentos a funcionários e fornecedores. No fim desse ano, a Câmara dos Deputados aprovou um enxugamento no orçamento federal para 1917, onde autorizava o Ministério da Agricultura a devolver a propriedade ao governo mineiro, “ficando a União exonerada de quaisquer encargos referentes ao seu custeio e administração, e suprimindo os cargos do pessoal em serviço”. Em 1918, estava extinta.

A Fazenda do Veadinho foi revendida a particulares, e existe até hoje. Seus atuais proprietários talvez nem saibam que lá funcionou a primeira Fazenda Modelo do Triângulo Mineiro. Só em 1937, no governo de Getúlio Vargas, foi criada uma nova Fazenda Experimental de Criação, onde hoje é a Univerdecidade.

(André Borges Lopes)




Cidade de Uberaba

O FAZENDEIRO

O FAZENDEIRO E A QUADRILHA PERONISTA


Em 8 de maio de 1958, uma quinta-feira, a cidade de Uberaba vivia os dias agitados de mais uma Exposição de Gado Zebu quando foi sacudida por uma notícia-bomba. Um avião Lockheed Lodestar da FAB pousou no aeroporto local trazendo policiais de São Paulo e militares do serviço secreto do Exército e da Aeronáutica. O grupo se dirigiu ao Hotel Regina, na Rua Manoel Borges, onde efetuou a prisão de um respeitável hóspede – Valter de Melo Azevedo – levado em seguida a São Paulo, sob forte esquema de segurança.

Grande fazendeiro na vizinha cidade de Barretos, Valter tinha 38 anos, era criador de gado zebu e velho conhecido dos uberabenses. Hóspede frequente do Grande Hotel, expunha e negociava gado da raça Gir nas Expozebu, onde conquistou alguns prêmios. Também era conhecido como homem perigoso. Doze anos antes, em abril de 1946, envolvera-se em uma discussão de trânsito em plena Praça do Patriarca, na capital paulista. Na briga, baleou e matou um capitão do Exército. Detido pela polícia, disse que portava um revólver porque carregava consigo grande quantidade de dinheiro vivo, destinado a negócios na Capital. Alegou legítima defesa e acabou absolvido. Nos anos seguintes, envolveu-se em delitos menores: autuações por crimes ambientais e por pilotar aviões civis sem licença.

Dessa vez, no entanto, a acusação era mais séria. Nos dias anteriores, a polícia paulista havia desbaratado uma quadrilha de ladrões de carros, acusada de roubar mais de 40 veículos nas cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. O grupo era formado por meia dúzia de jovens entre 18 e 30 anos, liderados por Nelson Bassani, um criminoso foragido da penitenciária de Porto Alegre. Especializados em roubar veículos da marca Chevrolet, todos tinham nacionalidade argentina. Interrogados pela polícia, entregaram o fazendeiro Valter Azevedo como chefe do bando e mentor intelectual dos crimes, que incluía até o assassinato de alguns comparsas.

No entanto, segundo alguns órgão da imprensa, a coisa não parava por aí. Investigações secretas do Exército e da Aeronáutica apontariam vínculos da quadrilha com envio de recursos e contrabando de armas de fogo para a Argentina. Os criminosos estariam vinculados a grupos interessados em formar milícias armadas no país vizinho, com objetivo de reconduzir ao poder o ditador Juan Domingo Perón, que havia sido deposto pelos militares em 1955 e se encontrava no exílio. Segundo alguns relatos, os argentinos tramavam até mesmo um atentado contra o atual presidente, Arturo Frondizi, que visitaria o Rio de Janeiro naquele ano.

Com Valter preso na Casa de Detenção de São Paulo, os investigadores desvendaram o funcionamento do esquema criminoso. Os jovens argentinos eram responsáveis pelo furto dos Chevrolet nas ruas grandes cidades, e por levar os veículos até Barretos – usando salvo-condutos do Exército, aparentemente falsificados. Eram entregues na fazenda de Valter, que pagava pelos carros e se encarregava de “esquentá-los” para a revenda. Oficinas localizadas em Barretos e em Uberaba mudavam a aparência dos modelos, trocando a pintura, cromados e estofamentos – além de alterar a numeração dos motores e chassis. Uma pequena tipografia em Barretos confeccionava novos documentos para os veículos, que eram colocados à venda na região.

Defendido por renomados advogados da capital paulista, Valter Azevedo logo conseguiu deixar a cadeia. Embora tenha sido apontado pela imprensa como chefe da quadrilha, respondeu em liberdade apenas pelos crimes de receptação de mercadoria roubada e falsificação de documentos. As acusações de ligação com tráfico internacional de armas e a guerrilha peronista desapareceram por falta de evidências. No ano seguinte, foi condenado em primeira instância a pouco mais de três anos de prisão, mas recorreu da sentença.

Embora o caso tenha tido grande repercussão na mídia nacional, o jornal uberabense Lavoura e Comércio não dedicou a ele uma mísera nota de rodapé, seguindo uma velha tradição de não dar destaque a malfeitos de gente importante. A história da quadrilha de Valter entrou para as lendas da cidade de Barretos, mas o caso sumiu dos jornais. Já o pecuarista, pelo visto, não se emendou: em 1978 foi preso novamente. Dessa vez como mandante do assassinato de um homem, que estaria tendo um caso com uma de suas amantes.

(André Borges Lopes)

Em 1971, a antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada à empresa estatal paulista Fepasa - Uberaba

Em 1971, a antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada à empresa estatal paulista Fepasa. Na década de 1990, todas as linhas de longo curso remanescentes da Fepasa foram transferidas para a Rede Ferroviária Federal e, em seguida, divididas em lotes e privatizadas.

Por sorte, o Arquivo Público do Estado de São Paulo, conseguiu que os acervos históricos das antigas empresas ferroviárias paulistas ficassem sob sua guarda. Pesquisando nesse acervo, encontrei algumas fotos originais das linhas de trem da Cia Mogiana no Triângulo Mineiro.

A primeira imagem mostra os trilhos e a plataforma primeira estação de Uberaba (inaugurada em 1889, onde hoje está a rua Menelick de Carvalho, junto ao final da rua Artur Machado). É, ao menos para mim, uma imagem inédita. No detalhe, vemos funcionários da estação e outras pessoas não identificadas.

A segunda imagem já é mais conhecida. Mostra a garagem de locomotivas (rotunda) que havia nas oficinas de Uberaba, localizadas nas imediações da estação. O detalhe permite ver quatro locomotivas a vapor nas garagens.

As duas fotos não têm data, mas devem ter sido feitas por volta de 1900. No final da década de 1940, o traçado da linha da Mogiana foi afastado do centro da cidade para a posição atual, no Alto da Boa Vista. Os prédios das fotos foram demolidos. Resta hoje apenas um armazém na rua Menelick de Carvalho. Talvez seja o mesmo que se vê bem ao fundo, na foto da estação.

(André Borges Lopes)

Crédito das imagens: acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo


Estação Ferroviária de Uberaba da Companhia Mogiana de Estadas de Ferro. Circa 1900.
Crédito: acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo

Estação Ferroviária de Uberaba da Companhia Mogiana de Estadas de Ferro. Circa 1900.
Crédito: acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo.


Garagem de locomotivas (rotunda) e oficinas da Companhia Mogiana de Estadas de Ferro em Uberaba. Circa 1900. Crédito: acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

FIDÉLIS REIS – EXEMPLO DE EMPREENDEDORISMO

“De duzentos contos como era previsto, mudamos os planos e construímos um dos mais lindos edifícios da cidade com cinco pavimentos, a um custo superior a setecentos contos”.

Essas são as palavras, em síntese, de Fidélis Reis em 26/07/1942, ao se referir à construção da sede da ACIU, em seu discurso de inauguração.

Eleito presidente da entidade em 1938, em três anos conseguiu realizar o sonho dos empresários que, ao criar a ACIU em 16/12/1923, tiveram que esperar por quase vinte anos para ter sua própria sede. A ação foi possível através do apoio dos associados e empréstimos do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (I.A.P.C.).

Por dez anos, 1938/1948, Fidélis Reis esteve à frente da ACIU, coincidindo com o período da Segunda Guerra Mundial (1939/1945), oportunidade em que a associação se manifestou contra a ação alemã nas costas do Brasil, em 1940.

Em sua gestão foi realizado um congresso das classes produtoras com repercussão nacional. Foi nesse período que a entidade contribuiu, através de seus contatos nos governos estadual e federal, para a solução do problema de abastecimento de açúcar, provocado pela guerra, e ajudou os produtores rurais a conseguir gasolina durante a safra numa época em que, por racionamento e escassez, a maioria dos veículos utilizavam o gasogênio.

Fidélis Reis. Foto: Arquivo Público de Uberaba.

Nascido em 4 de janeiro de 1880 em Uberaba, Fidélis Reis graduou-se como engenheiro agrônomo, aos 21 anos, na primeira e única turma do Instituto Zootécnico de nossa cidade, em 1901.

Sua primeira missão como integrante do Governo Federal, na Diretoria Geral de Povoamento em 1907, foi a de investigar secretamente na Argentina, por seis meses, o serviço de colonização e imigração. A atitude despertou profundamente para abordagem na sua vida política. De 1907 a 1909, foi inspetor do Serviço de Povoamento no Espírito Santo.

Um ano após, em 1910, já era inspetor agrícola federal em Belo Horizonte (MG) e, em 1911, foi eleito presidente da Sociedade Mineira de Agricultura e um dos fundadores da Escola de Engenharia, onde lecionou ao longo de cinco anos.

Na Europa, Fidélis Reis fez o curso de Ciências Físicas e Naturais na Sorbonne, seguindo posteriormente para a Suíça e Itália, países nos quais, a serviço do Governo Federal, estudou os projetos para emigração dos italianos ao Brasil.

Em 1919 iniciou sua carreira política ao ser eleito deputado estadual pelo PRM - Partido Republicano Mineiro. Em 1921 foi eleito deputado federal, no qual através de outras três eleições, permaneceu até 23 de outubro de 1930, quando teve o mandato interrompido pela revolução que levou Getúlio Vargas ao poder e extinguiu todos os órgãos do legislativo do país.

Em sua passagem pelo Legislativo Federal, Fidélis Reis se distinguiu pela apresentação de inúmeros projetos de interesse nacional, como o Tratado de Santos Dumont, pelo qual os países signatários abster-se-iam de utilizar aviões como arma de guerra.

Dois de seus projetos conseguiram fazer história.

O primeiro, apresentado em 1923, se relacionava à imigração. Alicerçado em suas observações feitas em viagens ao exterior, Fidélis Reis estava convicto de que o serviço de imigração teria que manter um rigoroso controle para impedir a entrada de qualquer elemento julgado “nocivo” à formação étnica, moral e psíquica da nacionalidade.

Esse projeto, que dava prioridade às famílias da Europa em detrimento das raças negra e amarela, causou intensas polêmicas durante muitos anos e dividiu opiniões em todo o país.

Todavia, o segundo projeto teve mais sucesso ao abordar a economia. Ele era destinado a criar o ensino profissionalizante obrigatório em tempo integral, sob a égide do Liceu de Artes e Ofícios, apresentado em 1922, foi o marco inicial da transformação da economia nacional do setor industrial.

Para a sua elaboração, Fidélis Reis manteve contatos com todos os parlamentares, com a imprensa regional e nacional e até com sumidades internacionais como Albert Einstein, Henry Ford e Vladimir Lênin, com o objetivo de buscar subsídios sobre a relevância do ensino técnico e profissional. Aprovado em 1927, após cinco anos de sua difícil tramitação, a lei deixou de ser aplicada por falta de verbas.

No entanto, para concretizar seu intento, Fidélis Reis fomentou a construção dos edifícios que iriam compor o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba na praça Frei Eugênio que contou com a contribuição financeira de personalidades do Triângulo Mineiro bem como recursos dos governos estadual e federal.

Inaugurado em 1928, o Liceu - que tem um de seus pavilhões com o nome de Henry Ford - nunca chegou a funcionar de fato, instalando-se ali a Escola Normal de Uberaba e, posteriormente, o 4º Batalhão de Caçadores Mineiros.

Foi apenas em 1942, com a criação do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem - que os sonhos de Fidélis Reis esboçaram a possibilidade de se concretizar. Porém, só em 1948 que a entidade ocupou as dependências que foram idealizadas para o Liceu.

As dezenas de milhões de profissionais já formados pelo SENAI no território nacional ao longo destes anos são frutos de uma obsessiva determinação em prol do ensino profissionalizante do idealista Fidélis Reis.

A participação comunitária desse grande uberabense não se restringiu apenas ao setor político. Foi um dos fundadores do Herd Book Zebu, do qual foi presidente de 1929 a 1934, data em que esta entidade foi incorporada pela recém-criada Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (S.R.T.M).

Eleito primeiro presidente da S.R.T.M em 1934, em sua curta gestão criou os núcleos de Araxá e Prata, além de buscar recursos junto ao governo federal para a realização de exposições e instalação da fazenda Modelo.

Renunciou em 1935 por razões políticas.
Fidélis Reis também foi vereador na Câmara Municipal de Uberaba. Entre seus companheiros estavam Boulanger Pucci, eleito prefeito em 1947, e Jorge Frange.

Em 1936 criou o Banco do Triângulo Mineiro tendo como parceiros Alexandre Campos, Euclides Prata dos Santos, entre outros. Chegou a ter agências em várias localidades inclusive em São Paulo. Posteriormente, o banco foi encampado pelo Banco Nacional de Magalhães Pinto que, por sua vez, vendeu para o Banco da Lavoura de Minas Gerais, hoje, Banco Real.

Jornalista por vocação, Fidélis Reis colaborava com a imprensa local, o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro e outras publicações, sendo reconhecido como um dos principais articulistas da cidade.
De sua lavra foram publicados os livros “A política da gleba”, “País a organizar”, “Homens e problemas do Brasil”, “Política econômica”, “Ensino profissional” e “O problema emigratório e seus aspectos étnicos”.

Fidélis Reis, falecido em 1962, aos 82 anos de idade, é patrono da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ocupando a cadeira de n. 01. É nome de uma escola estadual da rua Vitória, no bairro Santa Marta. É nome de uma das principais avenidas de Uberaba. É um dos maiores empreendedores que a cidade e região já conheceram e figura proeminente na galeria dos vultos da nossa história.

Gilberto de Andrade Rezende - Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e do Conselho Consultivo da ACIU e do CIGRA.

Fontes:

ACIU;

Thiago Riccioppo – historiador do Museu do Zebu;

Guido Bilharinho – livro Personalidades Uberabenses;





Cidade de Uberaba


TEREZINHA HUEB E MURILO PACHECO – ALIANÇA DE IDEAIS

O Folclore faz parte da grade disciplinar do Colégio Nossa Senhora das Graças desde sua fundação

Na quadrilha das festas juninas, nas décadas de 60 e 70, o marcante era Edelweis Teixeira - médico e inspetor de escolas por profissão e folclorista por devoção. Teixeira era uma das mais notáveis figuras da área cultural brasileira e recebeu em 1984, por indicação do professor e vereador Murilo Pacheco de Menezes, o título de “Cidadão Uberabense”.

A partir de 1977, foram criados os concursos que integravam os festivais anuais de folclore no qual, se destacou a folclorista Iraídes Madeira com o tema “O Folclore em Quatro Tempos”.

O folclore é apenas uma das áreas culturais reverenciadas pelo Colégio Nossa Senhora das Graças. Concursos literários, Revista “Bolando Comunicação”, edições de livros de contos e poesias de autoria dos próprios alunos, Feiras de Trabalhos Artísticos e Feiras de Pesquisas e Criatividade sempre foram uma constante.

O Colégio tem a chancela do pioneirismo na criação em Uberaba da Fanfarra Feminina que, juntamente com a Masculina, chegou a atingir 120 participantes. Ele foi pioneiro também a adotar calças compridas para as alunas no início da década de 70. Uma ousadia que contou com o beneplácito dos pais.

Esses fatos marcantes são frutos do arrojo e pioneirismo do casal formado por Murilo e Terezinha, fundadores e administradores do Colégio Nossa Senhora das Graças, criado em março de 1958, em sociedade com Salim Hueb, pai de Terezinha.

Murilo nasceu em 03/06/1929, na cidade de São Raimundo Nonato, Piauí. Com 14 anos, em 1943, já era seminarista em Salvador, onde percebendo falta de vocação para o sacerdócio, iniciou a carreira de Magistério em 1952, na cidade de Belo Horizonte. Após alguns anos, mudou-se para Uberaba, tornando-se professor no Diocesano, Cristo Rei e José Ferreira.

Terezinha Hueb de Menezes. Foto: Reprodução.

Ao conhecer a professora Terezinha Hueb, brotou o amor e a conjugação de ideais. O casamento com Terezinha, então com 19 anos, recém-formada pelo Colégio Nossa Senhora das Dores, foi realizado em 1958, onde, na frente do altar da Igreja de São Benedito, os noivos se completaram na comunhão de propósitos.

Murilo ajudou a fundar a Escola de Química e Agrimensura e se enveredou também na política onde foi eleito para vereador na década de 1980. Foi presidente da Comissão de

Justiça, Legislação e Redação, recebendo em sua vida os títulos de Cidadão Uberabense, Personalidade do Ano, Mérito Político, Homenagem Personalidade do Ano – Melhores 87, Destaque Político, Medalha Major Eustáquio (que ele mesmo criou), Diploma de Honra ao Mérito e Mérito Rotário Uberaba-Leste.

Na sua vida empresarial teve seus percalços como tem qualquer empresário que luta por seus ideais. Nem sempre as leis econômicas caminham junto com nossos sonhos. As rotineiras oscilações de mercado trazem sempre grandes frustrações empresariais.

A mudança da sede do Colégio da rua Veríssimo para o novo prédio da rua Edmundo Borges de Araújo, construído em apenas seis meses, trouxe dificuldades para a família, que se viu obrigada a transferir sua residência para o próprio Colégio. Todavia, Murilo, com um caráter forjado na têmpera do aço, soube enfrentar com muita dignidade as tempestades circunstanciais.

Murilo faleceu em 19 de agosto de 1999. Ao se referir a ele em 2014, o então Presidente do Legislativo Elmar Goulart relatou que ele deixou seu nome cravado na história da política da cidade como representante da expressão máxima da ética e da cidadania. “O Plenário desta Casa, onde são aprovados projetos importantes para o desenvolvimento de Uberaba, leva o nome do professor Murilo Pacheco de Menezes”, disse.

Já a irrequieta e dinâmica Terezinha, graduada em Letras na FISTA, por uns tempos passou a lecionar e participar da administração desta Instituição, dirigia o Centro de Ciências e Letras da Universidade de Uberaba e ainda encontrava tempo para lecionar e administrar seu próprio Colégio.

Teve intensa participação nas atividades educacionais e culturais. Foi membro do Fórum dos Articulistas de Uberaba e Região e da ALTM (Academia de Letras do Triângulo), eleita em 23/02/1991, ocupando a cadeira de nº 27.

Por coincidência, essa cadeira que tem como patrono a figura de Machado de Assis, pertenceu a Edson Prata, um dos fundadores do Jornal da Manhã, no qual Terezinha manteve por muitos anos como articulista uma coluna semanal, editada aos domingos, em nome da Academia.

Em 2012 reuniu as crônicas mais marcantes em um livro intitulado Assim Como Nós e fez seu lançamento no Centro Cultural Mário Palmério. Publicou Tempesfera, de poesias e temas do cotidiano. Organizou o livro Murilo Pacheco de Menezes – O Homem e Seu Legado - reunindo crônicas do marido, além de uma biografia.

Segundo Guido Bilharinho, foi ela que introduziu em Uberaba e no Brasil Central a poesia construtivista, que é aquela que usa razão e sensibilidade.

Cooperou ainda com a escritora Vânia Maria Resende na elaboração do livro ‘Quantas saudades do Colégio eu vou levar’. Participou da Revista Dimensão e do livro A Poesia em Uberaba do Modernismo à Vanguarda, ambos editados por Guido Bilharinho.

Eleita a primeira mulher na presidência da ALTM em 12/03/2009, conseguiu junto à diretoria da ACIU o início de uma parceria para edição dupla da revista da Academia – Convergência e Saberes – em participação com a FCETM - Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro.

Terezinha recebeu inúmeras homenagens em vida, entre elas as medalhas do Mérito Rotário e Major Eustáquio, o título de Mulher Destaque, pela Câmara Municipal de Uberaba e da Associação de Mulheres de Negócios e, por duas vezes, figurou entre “Os Dez Mais”.

A conquista de uma sede própria para a Academia de Letras sempre foi uma de suas preocupações. Segundo palavras da Ilcéa Borba, ex-presidente da ALTM, a quem Terezinha incentivou a se tornar escritora, ela lutou muito para a conquista da sede. “Mesmo quando estava doente, solicitava esforços de seu filho Fernando para concretizar mais este sonho”, declara.

Terezinha faleceu em 22 de maio de 2014 provocando grande consternação na comunidade. O Jornal da Manhã destacou suas realizações administrativas, culturais, educacionais e sociais.

De todos os legados deixados por Murilo e Terezinha o mais importante foram os seus cinco filhos – José Luiz, Paulo César, Maria Angélica, Fabiano e Fernando.

Fernando relata que na parte cultural, o aprendizado dos filhos foi até por ‘osmose’. Ele e os irmos aprenderam a seguir o caminho da harmonia e do diálogo. Ele se lembra de que seu pai dizia que a melhor forma de ensinar é com o exemplo. Com ele, os filhos aprenderam os princípios de honestidade e caráter.

“Vereador Professor Murilo Pacheco de Menezes” é hoje nome de rua no conjunto residencial Mário de Almeida Franco.

“Terezinha Hueb de Menezes” é nome da sede da ALTM - Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Só não tem nome a saudade que deixaram.

Fontes consultadas:

Colégio Nossa Senhora das Graças (site);

Jornal da Manhã (reportagens);

Guido Bilharinho – escritor, advogado e membro da ALTM;

Ilcea Borba – psicóloga e membro da ALTM;

Maria Antonieta Borges – ex-presidente da Fundação Cultural de Uberaba, historiadora, membro da ALTM;

Fernando Hueb – filho.


Autor- Gilberto de Andrade Rezende – Folclorista e Membro da Academia de Letras do Triângulo.
 

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A Penalização dos Proprietários

(EDITORIAL XLII)

Patrimônio Cultural (I):



Conquanto oriunda da década de 1930, com o primeiro dispositivo legal atinente ao assunto (Dec-Lei Nº 25/1937), foi no último meio século (1970 a esta parte) que se estendeu e se ampliou a preocupação com o que se denominou de modo geral de “patrimônio cultural”.

Daí partiu-se em muitas cidades, com notáveis celeridade e desequilíbrio, do 8 (oito) para o 80 (oitenta). Antes, tudo nesse seguimento era permitido. Com o passar dos anos e da legislação tudo deixou de ser permitido, submetido que foi ao preservacionismo, erigido em verdadeira ideologia.

A órgãos públicos foram dados poderes para proceder a tombamentos, inventariações e registros de imóveis por eles considerados de valor cultural, com ampliações e detalhamentos posteriores no três níveis da administração, sem se restringirem, como preconizado e determinado no citado artigo 1º Dec-Lei Nº 25, aos imóveis de “excepcional valor...”

Tais procedimentos implicaram em interferências e intervenções diretas, coercitivas e constrangedoras em imóveis particulares, de tal modo e com tal amplitude, que seus titulares perderam, de fato e na prática, o direito de propriedade, transferido que foi para Prefeituras, Estados e União. 

Não satisfeitos com isso, os preservacionistas ainda impuseram aos proprietários a obrigação de manter tais imóveis como estão, nada podendo fazer na área que ocupam e em seu entorno, a não ser serviços de preservação, ainda assim sob licença, direção e fiscalização de órgão público.

Providências de preservação, aliás, que os proprietários são obrigados a fazer quando a deterioração do imóvel o exigir, sob suas únicas e exclusivas expensas.

Além disso, quaisquer intervenções dos proprietários que alterarem o imóvel são penalizadas com multas, algumas vezes de valores extorsivos, em verdadeiro delírio punitivo.

Todavia, as limitações, restrições e ônus dos proprietários não acabam aí. Os imóveis tombados e inventariados (e seus entornos), ao sê-lo, automaticamente se desvalorizam e são marginalizados no mercado imobiliário, vez que ninguém, em sã consciência, a não ser excepcionalmente e a preços muito inferiores a seu valor real, irá adquiri-los.

Ainda não param aí, no entanto, e nem se limitam essas agruras aos proprietários, recaindo também sobre seus sucessores, visto que tais impedimentos, restrições e ônus estendem-se ao futuro, para sempre.

Em suma, os proprietários desses imóveis e seus sucessores, além de não poderem alterá-los, demoli-los e construírem outros (novos, modernos, funcionais, valorizados) a seu talante ou vendê-los pelo valor de mercado, ainda são obrigados a assumir para sempre o encargo de conservá-los, aplicando recursos que não terão retorno e que, irônica e terrivelmente, irão prolongar-lhes a existência e, em decorrência, os gastos para mantê-los em pé e vistosos, já que sua única finalidade é de serem contemplados.

Por fim, a legislação direciona verbas estaduais às Prefeituras de acordo com o número de imóveis inventariados. Quer dizer, órgãos públicos que arrecadam impostos ainda recebem recursos em detrimento dos direitos constitucionais dos proprietários. (Guido Bilharinho)

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A ESTRELA QUE BRILHA! JOÃO MENEZES!

Oi, turma!

( O sabor da vitória é um dom divino...)


Estrela é uma esfera luminosa mantida pela gravidade. As estrelas tem milhões de anos. A “minha” estrela é nova. Saiu dos cueiros, recentemente.. .A estrela que mais brilha perto da Terra, é o Sol, fonte maior de energia do planeta. A “minha” estrela, brilha perto de nós e irradia luz mundo afora. A constelação de estrelas é visível à noite, com ou sema Lua. A “minha” estrela , é vista a qualquer hora. Sempre iluminada. Dia e noite. Estrelas ganham nomes. A “minha” tem nome de santo. Estrelas brilhantes transmitem intrépida energia. A “minha” estrela, tem luz própria. As estrela gravitam no espaço, A “minha” estrela”, dança nas quadras do mundo. As estrelas giram no espaço sideral. A “minha” estrela gira perto da gente... A “minha” estrela sorri, chora, canta, encanta, luta, esforça, combate e vence ! Estrelas cintilam nos céus. A “minha” estrela cintila na Terra, espargindo alegria, gosto de vitória ! As estrelas emitem cores, verde, amarelo, azul, branco, vermelho, laranja... A “minha” estrela , preferiu o verde, amarelo, azul e branco , cores da nossa bandeira. A “minha” estrela é brasileira , nascida aqui na terrinha. As estrelas dão sinal de vida. A “minha” estrela, dá mostras de sucesso, vitória, paixão, bravura, mãos firmes que sabem conduzir e conquistar títulos ! Determinada é séria na carreira que, vitoriosamente, encarna.

João Menezes celebra vitória sobre chileno Tomas Barrios - Foto: Ivan Alvarado / Reuters.

A ”minha” estrela é tudo isso e mais um pouco. “Minha” estrela é papável, alegre, jovem, de carne e osso, sorridente, bravo, valente ! “Minha” estrela, dá luminosidade aos que com ele convivem. “Minha” estrela, é homem ! Mente sã, corpo sadio. “Minha” estrela “acendeu” para o mundo e é hoje, a estrela mais fulgurante dessa Uberaba que tanto amamos ! Chama-se JOÃO ! Poderia ser Antônio, Pedro, Joaquim, José, Fabiano, Murilo ou Aluízio. Aliás, esses três últimos são familiares à “minha” estrela... Ontem, quando subiu no “podium” dos vencedores e a “medalha de ouro” no peito, como melhor tenista latino-americano, a Bandeira Brasileira tremulando no mastro da vitória, “minha” estrela não conteve as lágrimas, cantando chorando e eu, cá de longe, da santa terrinha que o viu nascer, chorei junto.

Murilo Pacheco de Menezes e Terezinha Hueb de Menezes (avós in memoriam) Foto pessoal da família.

Vi o JOÃO ontem, pela vez primeira. Amigos meus o conhecem há anos. Vou lá atrás. Conheço as famílias. Paterna e materna. Do lado do pai, Fabiano, os avós Terezinha e Murilo, exemplos de dignidade e trabalho. No céu, aplaudiram a grande vitória do neto. Em vida, aqui pertinho de casa, Fernanda, a mãe, junto aos avós, José Aluízio (alô, “Sogrão”!) e Marília, orgulhosos com o neto “ herói nacional “. Nesse mundão perdido, onde parte dos jovens não estudam, nem trabalham, perdidos nas drogas do dia a dia, é maravilhoso saber que a grande parcela da nossa juventude sabe honrar Deus, Pátria e Família! JOÃO, é o nosso ídolo!

Fabiano Menezes (pai) e João Menezes. Foto pessoal da família.

Do vazio dos homens vazios que pululam em Uberaba, JOÃO é o nome que honra e orgulha UBERABA ! Ao arrepio da letargia que atinge em cheio a santa terrinha, JOÃO alegra e dignifica nossos corações uberabenses. Ao subir nos píncaros da glória, uma vitória do “João Sem Medo” e gritar EU SOU DE UBERABA ! vale mais que qualquer fábrica, qualquer mentira que estamos vendo e ouvindo nos dias atuais. JOÃO, minha “estrela”, redescobriu a nossa auto-estima tão em baixa nos últimos anos. 

Espero que a sua vitória, o pedestal que atingiu, elevando o nome da cidade, seja devidamente homenageado com as honras de estilo que é merecedor. O JOÃO é nosso ! Patrimônio da cidade tão vazia, atualmente, de personalidades. JOÃO, é nosso orgulho! Abraço feliz do “ Marquez do Cassú “.

Luiz Gonzaga de Oliveira


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Uberabense João Menezes conquista a medalha de Ouro para o tênis brasileiro no Pan de Lima

“O pessoal vê a pontinha do iceberg. Só a minha família sabe o que eu passei”.


A frase é de João Menezes, que surpreendeu a toda América e ficou com o ouro no tênis dos Jogos Pan-Americanos. A consagração vem sendo se olharmos a idade dele, apenas 22 anos. Mas quase também vem tarde demais. Alguns meses atrás, João estava depressivo e a um passo de deixar o sonho de ser um tenista profissional.
A história dele, ele mesmo conta.

“Eu sou João Menezes, natural de Uberaba, Minas Gerais. Do interior. Comecei a jogar por influência familiar, meu pai jogava, meu avô jogava. Eles iam para o clube e eu ficava brincando com a raquete. Minha família sempre foi apegada ao esporte. Para o futebol eu não levava muito jeito e fui para o tênis. Gostei, gostei, gostei e sempre fui uma pessoa que tem um compromisso muito sério com as coisas que eu faço, coloco bastante intensidade. E aí foi indo. Passa até um filme na cabeça, mas posso dizer que tudo está valendo a pena e é só o começo de uma grande caminhada que está por vir.

Dá para escrever um livro com as vezes que pensei em desistir. Foram quatro, cinco momentos de pensar que não vai dar. Eu tive muitas dificuldades. Primeiro quando eu saí de casa. Morei um ano em Uberlândia e até aí tudo bem. Mas mudei para Itajaí e fiquei quatro anos. A saudade pegou lá, a adaptação também. E como eu não tinha muito resultado era difícil. Tinha meninos da minha geração que ganhavam muito mais, eram muito mais badalados. E eu ficava em segundo, terceiro plano. Então era difícil me mantar bem, com convicção.

Fui tentar algo diferente e morei na Espanha por dois anos. Lá tive coisas muito boas, mas também coisas muito difíceis. Fiquei 10 meses sem ir para casa, fiquei um pouco depressivo. Dependia muito do resultado para estar feliz. Quando a vitória não vinha, ficava cabisbaixo. E no final o ano passado foi a principal vez que quase parei de jogar tênis. Mas assim: foi por muito pouco! Eu falei com minha antiga equipe de Itajaí e fizemos um acordo diferente, mais individual, mais especializado. A proposta foi muito boa e eu aceitei”.

João Menezes - Foto: Reprodução.

Se precisava de vitória para ser feliz, João conta que elas não vinham. Lembra que chegou a vencer apenas dois jogos em 12 torneios disputados. A família, claro, foi fundamental para que ele não parasse.

“Eu nunca fui o juvenil mais badalado, nunca joguei um Sul-Americano por equipe na base pelo Brasil, nunca tive o melhor ranking. Mas talvez eu fui o que mais persistiu, o que mais trabalhou. Talvez também seja um pouco de sorte, acaso, mas posso dizer que o trabalho tem uma parcela grande”, diz, consciente de que não pode se vislumbrar com o bom momento.

Mas, afinal, o que mudou em Itajaí que o transformou em um tenista de elite nas Américas?

“Eu credito esse momento ao trabalho. Eu montei um time só para mim desde novembro do ano passado, para começar a pré-temporada. E estamos trabalhando muito firme em Itajaí (SC). Quando você se sente bem fisicamente, capaz de jogar em alto nível, você precisa jogar torneio. Não comecei muito bem, mas é a questão de confiança. Quando você bota na cabeça que pode jogar nesse nível, você começa a ir melhor. E acho que é essa deslanchada que está acontecendo comigo agora. E eu posso ir bem mais longe, tenho convicção disso”, explica.

“No Brasil ninguém me conhecia. Antes dos Jogos Pan-Americanos, tenho certeza de que não tinham ideia de quem era. Agora pode mudar um pouquinho o cenário. Esse é o divisor de águas da minha carreira”, completa.

Claro que você pode ir mais longe, João. E sim, agora o Brasil te conhece: dono de uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos!


Igor Resende e José Renato Ambrosio, de Lima (PERU)

Transcrito de www.espn.com.br


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