quinta-feira, 12 de setembro de 2024

UM CASAMENTO EM 1925

No dia 10 de setembro de 1925, o jornal Lavoura e Commercio de Uberaba informava que haviam acabado de se casar "a gentil senhorinha Ercilia Gomes, filha do nosso amigo sr. major Delfino Gomes, importante fazendeiro no município, com o estimável moço sr. Antenor Alves Gomes, filho do major Eduardo Gomes e da exma. sra. d. Ambrosina Alves Gomes".

Esse casarão na Rua Barão do Triunfo, era onde o fazendeiro Delfino Gomes vivia com a família quando estavam na cidade. 
Tinha um enorme quintal que se estendia por quase um quarteirão. Posteriormente, alguns dos filhos construiram suas casas no terreno e foi aberta, ao lado do casarão, a travessa que leva seu nome. Foto do acervo da família.
O jornal informa como data do enlace o próprio dia da edição, 10 de setembro, e se engana na grafia do nome da noiva, que era Hercília. No entanto, não é essa data que consta no verso da bela foto, do acervo da família, que foi feita no dia do casamento, defronte à casa do pai da noiva, na Rua Barão do Triunfo, perto da Praça Dom Eduardo. A anotação, feita a mão, informa como data o dia 7 de setembro de 1925, uma segunda-feira.
Recorte do jornal Lavoura e Commercio do dia 10 de setembro de 1925.
 Na época, esse jornal ainda não era diário: circulava duas vezes por semana, aos domingos e às quintas-feiras.

Acervo do Arquivo Público de Uberaba.


Pesa a favor da data anotada na foto, o fato de que 7 de setembro era o dia do aniversário do dono da casa (e, na época, de quase todo o quarteirão adjacente), o Major Delfino Gomes, que vem a ser meu bisavô. Conhecido na família como "Vô Fifino", ele hoje empresta o nome a uma pequena alameda que liga as Ruas Barão do Triunfo e Jaime Bilharinho.

Do antigo casarão em estilo colonial pouco restou após uma série de reformas por que a residência passou nesses quase 100 anos. 
Com a abertura da Travessa Delfino Gomes, tornou-se uma casa de esquina,
 que ainda pertence aos descendentes do major.


Como era razoavelmente comum na época, os noivos eram primos entre si. Antenor Alves Gomes, se tornaria, anos depois, proprietário de uma grande chácara nos fundos do bairro do Fabrício e também da construtora Conspav, que explorava uma pedreira na região. Faleceu em 1970, aos 69 anos. Viúva, tia Hercília ainda viveu por muitos anos na velha chácara, cuidando com devoção das hortaliças e dos animais que sempre gostou de criar.
Aparecem na foto, entre muitos outros, o padrinho (e irmão do noivo) Domingos "Nenê" Alves Gomes, e minha avó (irmã da noiva) Guiomar Gomes Borges. O velho casarão em estilo colonial, completamente descaracterizada por quase um século de sucessivas reformas, ainda resiste de pé na Rua Barão do Triunfo.

(ANDRÉ BORGES LOPES)

Santuário da Medalha Milagrosa - Uberaba.


Foto -  André Borges Lopes.

“Em 1957 foi lançada a pedra fundamental da Capela Conventual do Mosteiro, que mais tarde se tornaria o Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. A inauguração se deu no dia 26/11/1961. A imagem em madeira com dois metros de altura, foi inaugurada em 1962, esculpida pelo português, radicado no Rio de Janeira, Sr. Joaquim de Souza F. Silva. A arte em gesso no interior do Santuário foi obra do espanhol Sr. Carlos Pachon Sanches, concluída em 08/08/1975.”

OS RESERVISTAS DE 1928 DO GINÁSIO DIOCESANO

Em janeiro de 1908, foi publicada no Brasil a Lei Federal 1.860 que regulava o serviço militar obrigatório, o alistamento, o sorteio militar e reorganizava o exército. Essa lei tornou obrigatória a instrução militar para os alunos maiores de 16 anos em todas as escolas secundárias. Em maio do mesmo ano, um decreto regulamentou que todos os colégios reconhecidos oficialmente pelo governo deviam organizar um batalhão escolar com alunos maiores de 16 anos, aos quais seria ministrada a “instrução obrigatória do Tiro de Guerra e evoluções militares”.

Os Reservistas de 1928, alunos do Ginásio Diocesano de Uberaba, posam para uma foto com os instrutores e o diretor do estabelecimento. Foto de Andrade Photo, acervo familiar.

A treinamento militar, a cargo de instrutores cedidos pelo exército, incluía exercícios de esgrima, tiro com fuzis Mauser e evoluções militares. Os alunos que participassem desses exercícios nos ginásios estariam dispensados do serviço militar, caso fossem sorteados. Em 1917, um novo decreto determinou que – ao final da instrução – os alunos aprovados nos exames receberiam a carteira de reservistas de 2ª categoria. Essa prática vigorou até 1934, quando o Tiro de Guerra deixou de estar vinculado às instituições de ensino.
Foto publicada na Revista Fon-Fon, do Rio de Janeiro, em 1913.

Em Uberaba, o então Ginásio Diocesano, dos Irmãos Maristas, oferecia treinamento militar nas aulas de ginástica do nível Ginasial. Os alunos que concluíam o curso recebiam o certificado de reservistas e ficavam dispensados do serviço militar que, na época, era prestado na 8ª R.A.M. da cidade de Pouso Alegre.

Batalhão de reservistas do Ginásio Diocesano de apresenta na Praça Rui Barbosa, em 1916.

A primeira foto registra a formatura dos reservistas do ano de 1928. Na primeira fila está, ao centro, o Irmão Afonso Estevão, diretor do Ginásio, ladeado pelos instrutores militares.
Grande parte desses alunos residia em Uberaba e muitos foram convocados para lutar nas escaramuças de Revolução de outubro de 1930. No Triângulo Mineiro, as tropas revolucionárias de Minas Gerais enfrentaram as tropas legalistas do Estado de São Paulo nas pontes e nas barrancas do Rio Grande. Essa situação se repetiria na Revolução de 1932.

José Carlos "Juquita" Machado Borges (29/08/1911 - 26/06/2004).

Entre os que foram convocados em 1930 estava meu avô materno, José Carlos "Juquita" Machado Borges, que aparece muito sério nessa foto, aos 17 anos de idade (é o quarto, da esquerda para a direita, na segunda fila de reservistas de pé na foto). Entre os reservistas está também Alberto Prata, pai do escritor Mário Prata. Meu avô Juquita faleceu em junho de 2004, aos 93 anos. Guardava em sua biblioteca duas ou três balas de fuzil Mauser, lembranças dos tempos das batalhas e revoluções.
(André Borges Lopes)

Casa no Largo da Matriz Nova, Uberaba, Residência de Antônio Borges Sampaio.

Encontrei essa novidade meio escondida no acervo do Arquivo Público Mineiro. A foto original está bem degradada, mas foi possível fazer um tratamento para melhorar a definição da imagem.

Imagem 1.
Essa foto foi feita no ano 1900, e esse sobrado era a casa do jornalista, memorialista, advogado e farmacêutico Antônio Borges Sampaio. Ficava na esquina da Rua Artur Machado com a praça Rui Barbosa. Dá pra ver que, entre as portas da casa, está escrito "Pharmacia". No térreo, os Sampaio tinham uma "botica", e ela ainda funcionava em 1900.

                                                                              Imagem 2.

Antes de Sampaio se estabelecer em Uberaba, no ano de 1847, nesse mesmo terreno havia um casarão térreo em estilo colonial, que pertencera ao Major Eustáquio e teria sido, supostamente, a primeira casa a ser erguida na cidade. Borges Sampaio comprou o imóvel e o reformou, adicionando um piso superior e mudando o estilo da construção.

                                                                             Imagem 3.

Português naturalizado brasileiro, Borges Sampaio faleceu, aos 81 anos de idade, em 1908 – menos de um ano após a morte de sua mulher, Maria Cassimira, que era filha do Barão da Ponte Alta. Décadas mais tarde, funcionou por muitos anos – numa versão reformada do mesmo sobrado – a loja "Notre Dame de Paris". O casarão foi demolido em 1981 para dar lugar a um predinho de estilo duvidoso, no qual funcionam um comércio no térreo e um hotel nos pisos superiores.

 Imagem 4.
 

Essas anotações (na grafia original) constam na foto de 1900:
"Casa no Largo da Matriz Nova, Uberaba, Residência de Antônio Borges Sampaio e sua mulher D. Maria Cassimira de Araújo Sampaio, desde 24 de março de 1850, na qual esta falleceu a 10 de Setembro de 1907, e se [ilegível] seus filhos Hermogenes, Joaquim e Severino, bem como os nettos Hermogenes, Antônio, Maria e José. Photographia tomada em 1900, por José Severino Soares, offerecida ao "Arquivo Público Mineiro", pelo seu correspondente official Antônio Borges Sampaio. Uberaba, novembro de 1907."
Antonio Borges Sampaio era amigo de "Juca Severino", e usualmente contratava o fotógrafo para que registrasse cenas da cidade, que eram depois enviadas aos Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, dos quais Sampaio era correspondente. Uma parte significativas dessas imagens está disponível nos acervos digitais, mas muitas ainda não foram recuperadas.
(André Borges Lopes)


PAULO EDSON ARAÚJO, "FIFITA", "O HOMEM QUE CONSERTA O TEMPO"

Em meio aos tique-taques, Paulo Edson Araújo, natural de Uberaba, Minas Gerais, o "FIFITA", "o homem que conserta o tempo”. Trabalha na manutenção de relógios há mais de meio século. Mesmo aos 78 anos, as pequenas peças, parafusos e engrenagens não fogem aos olhos atentos de quem já realizou a tarefa milhares de vezes.

Paulo Edson Araújo - Foto Antônio Carlos Prata.

Fui impulsionado por um amigo, o "seu" Levy Theodoro. Me ensinou muita coisa. Ele dizia que era para eu ter uma profissão, e se eu queria aprender este ofício", de prontidão aceitei na hora. Sou muito grato. Sempre admirei e sempre gostei de fazer o que faço. Me dediquei a ela e continuo por isso, por amor mesmo.
Conserto relógios de parede, em especial com os modelos do tipo cuco, o pedestal. Dos carrilhões a outros modelos antigos e atuais. Sou único que faz embuchamento no Triângulo Mineiro que se tem notícia.
Dei manutenção várias vezes no relógio histórico da praça Dr. Jorge Frange, doado pela colônia japonesa para os uberabenses. Atualmente, Paulo é procurado por donos de verdadeiras relíquias de colecionadores ou de filhos que herdaram relógios dos pais ou avós.
Por ser valor sentimental vão sempre precisar de manutenção. Por isso que eu digo que nossa profissão não vai ser extinta. Finalizou.
Sua oficina está localizada na rua Governador Valadares, 341 (centro), Uberaba Minas. Telefone: 9 96328632. (Antônio Carlos Prata).

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

NOVO LIVRO SOBRE A FAMÍLIA PRATA E UBERABA

José Raimundo Gomes da Cruz


Procurador de Justiça de São Paulo aposentado

Em memória do PADRE THOMAS DE AQUINO PRATA,

FALECIDO EM 4/4/19, EM UBERABA, MG
Acabava de sair o novo livro do Padre Thomaz de Aquino Prata. Tratava-se de primorosa edição gráfica do seu irmão José Expedicto Prata. Título da obra: Memórias da memória. Subtítulo: “De Joaquim a José: uma visita à casa paterna” (São Paulo : José Expedicto Prata, 2008). O livro é dedicado à memória de D. Laura, bisavó do autor, dos pais e dos seus irmãos falecidos; enfim, aos três ainda vivos.

Coincidência curiosa consiste na presença de D. João VI, cujos duzentos anos da vinda para o Brasil se comemoram, nos primórdios da “saga de Joaquim a José”. Foi por volta de 1808 que, como outros comerciantes e agricultores, “Joaquim José e seus irmãos decidiram partir” (p. 27). Chegando ao Rio de Janeiro, partiram para a região de São Bento
do Tamanduá, hoje Itapecerica, província de Minas Gerais (p. 30). Época de muitos portadores de hidropisia e lepra, com a surpreendente cura “com picada de cascavel” (p.33). Enfim, o “Sertão da Farinha Podre”, como se chamava a região do atual Triângulo Mineiro (p. 39). O Arraial da Farinha Podre também se chamava Santo Antônio de Uberaba (p. 48). A vez do “genocídio brutal e impiedoso” dos indígenas locais (p. 49). A aquisição
das terras já dependia de “muita falcatrua, apadrinhamento político, negociatas” (pp. 49/50). A vocação agro-pecuária de Minas (pp. 50/51).

Interrompo a resenha à p. 53, para reflexão que venho fazendo sobre o tão propalado “fio de barba”. Se havia escravidão, “genocídio brutal e impiedoso”, “falcatrua, apadrinhamento político, negociatas”, fio de barba não passa de lenda. À p. 62 existe até referência a certo “roubo legal”. Aí mesmo se esboçam os futuros “esquadrões da morte”, contra os “desocupados”. E o próprio catolicismo só valia dentro da igreja (p. 63).

O nome “Prata” tem sua explicação à p. 64. A descrição dos pratos e sobremesas inclui “o indispensável arroz doce” (p. 66). Não falta o riso: “Contou-me tio Quinzinho que alguém, certa vez, perguntou ao velho Joaquim José por que tinha se casado com uma mulher tão pequeninha. Carrancudo e mal-humorado, respondeu seco: ‘Dos males, o menor’.” (pp. 67/68).

Frase lembrada: “O Brasil é o café, e o café é o negro” (p. 73). O dia seguinte da Lei Áurea se resume: “Não eram mais escravos, mas viviam como se ainda fossem”. Não se nega o óbvio: a escravidão era apoiada pelo Estado e pela Igreja. A suprema e infame contradição: antes de embarcar para o Brasil, os escravos “eram marcados no peito com uma cruz por um ferro em brasa, significando que já eram batizados” (p. 74). Os “padreadores” tinham privilégios: eram os reprodutores de escravos. É que ainda não havia a inseminação artificial... (p. 77) Sobre a “padreação” e “criatórios” de escravos, convém ver a p. 93.

Já existia na família Prata quem se levantasse às quatro horas da madrugada (p. 82).
Era, mesmo, a regra, pois as pessoas dormiam ao escurecer. A propósito, antecipo observação importante do editor do livro, meu concunhado. Consta, à p. 148, que seu pai, homem religioso, fazia “Noite de Guarda, na Igreja da Adoração Perpétua, no dia 16 de cada mês.” Havia “ficha de comparecimento” e o José Expedicto, ainda criança, saía, por determinação da D. Quita, sua mãe, entregando as fichas a cada encarregado da “adoração”, com o horário. Alberto Prata, pai do autor e do editor, fazia a “adoração” sempre às duas horas da madrugada.

Quando a Maria Lúcia e eu participamos do Encontro de Casais com Cristo, ficamos sabendo que vários casais se revezavam fazendo adoração na Capela do Colégio Assunção, aqui em São Paulo. Perguntamos a dois casais dirigentes se a adoração era também durante toda a noite. Acharam, com razão, ingênua a nossa pergunta e responderam:
– Nós ainda não somos tão santos assim. – Quer dizer, quando se encerravam as atividades de cada dia, cessava a adoração dos casais.

Se dependesse da adoração, contínua e ininterrupta, da Uberaba dos anos trinta e
quarenta do século passado, a santidade seria ampla e irrestrita.

A justiça da época do suposto fio de barba era bem estranha. Certo escravo deixou de ser condenado à forca, por homicídio, com o compromisso de tornar-se carrasco (p. 84).

E houve vista grossa para a execução de um escravo idoso, quando a ré era sua filha de
apenas 25 anos, portanto, mais lucrativa (p. 85). Isso faz lembrar o caso daquele condenado por participação na Confederação do Equador, que conseguiu fugir e asilar-se numa das Guianas, de onde mandou procuração para certo conhecido seu sofrer a execução na forca em seu lugar. De outras eras e lugares é também a historinha do lugarejo onde havia só um sapateiro, um alfaiate, um ferreiro etc. Cometeu-se um bárbaro homicídio e o réu era o único alfaiate. Alguém se lembrou, então, de propor, como na ocasião eles tinham dois sapateiros, que fosse condenado um destes, para evitar a falta dos serviços do verdadeiro
culpado.

A Guerra do Paraguai também passou por Uberaba (pp. 90 e ss.). Merece especial atenção a carta do Visconde de Taunay, às pp. 275/277.
Chegam a Uberaba os partidos políticos: o Conservador (“Cascudo”) e o Liberal (“Chimango”). O caso do capanga que mata a vítima errada faz lembrar seu colega de conto mais recente, que confessou isso ao mandante do crime, mas disse que não ia cobrar nada pela vítima que ele matara por engano; só receberia pela morte encomendada. A versão de Anjo Azul tem sua vez (p. 103). O primeiro automóvel chega (p. 107). E o trágico também (p. 116). A surra, por não cumprimentar o avô paterno (p. 120). A propósito do mamão, que
o avô não comia, devo lembrar que homem algum comia mamão em certa região de Minas Gerais, no meu tempo de Promotor de Justiça: mamão era frio. Segue-se explicação para a chamada “religião popular” (p. 123).

À p. 151, o autor do livro ordena que o leitor pare de ler. Preferi desobedecer e
recomendo que todos o façam.
Essa recomendação inclui o texto do editor, às pp. 159/162. Teria a saga de Joaquim José acabado em 1937? Não, a história prossegue.

Os versos de Alberto Prata são precedidos de apresentação (p. 167), que transcreve a apreciação crítica da professora Terezinha Hueb de Menezes (pp. 168/170). A poesia, como a casa do Pai, tem muitas moradas. Em recente matéria inédita da minha autoria, cito alguém que observa que, entre os poemas mais lembrados, nem sempre se encontram aqueles de prestígio acadêmico. Prefiro que a análise da autoridade prevaleça, para não
passar, como o sapateiro da velha Grécia, diante da pintura de Apeles, além da sandália.

A rigor, isso valeria também para todo o livro. Mas aí me sinto mais à vontade.
Mesmo diante do texto do Hugo Prata, sobre as fazendas mineiras no início do século XX
(pp. 253 e ss), fico bastante em casa. Destaco a lembrança do berreiro do porco levado ao
sangramento (p. 258). Desde menino, em Espinosa, norte de Minas Gerais, não consigo explicação para a “adivinhação” do destino trágico pelo animal.

O livro se mostra rico em ilustrações e documentos, como afirmei no início sobre o requinte de sua edição.
Intencionalmente, deixei para o final a apresentação da Maria Regina Mendes Prata,
mulher do editor, sob o título “Recordar, narrar, esquecer”. Porque o final desse texto constitui o fecho mais conveniente para suprir as grandes omissões da minha tentativa de comentário:
“Este livro é bem-vindo, pois vai tecendo uma rede de afetos que se rompeu em vários lugares no passado e cujas conseqüências podem ser sentidas até hoje. Ao se contar a saga desta família, o que fica é a coragem, o otimismo, a esperança e a confiança na vida, de tal forma poder-se afirmar que, hoje, não há haveres a haver nem débitos a serem pagos.
A conta da família está fechada.”

terça-feira, 20 de agosto de 2024

José Vitor Aragão

José Vitor Aragão, nascido em Uberaba em 27 de novembro de 1944, foi um empresário e engenheiro civil. Filho de Victor Aragão e Emília Henrique Aragão, ele aprendeu sobre o mundo dos negócios com seu pai, contribuindo para as empresas Brasilar Móveis e Decorações e Indústrias de Cadeiras Margareth. Em 1968, fundou sua própria empresa de móveis e decoração, continuando a tradição familia5r de empreendedorismo.

José Vitor Aragão/ Reprodução.

José Vitor casou-se com Luci Araújo, com quem teve quatro filhos: Victor Aragão Netto, Luciana, Pedro e Luiz Gustavo Araújo Aragão. Após a trágica perda de sua esposa em 2007, ele continuou a apoiar seus filhos, que seguiram seus passos no mundo empresarial.Além de sua atuação empresarial, José Vitor teve um papel importante no associativismo, destacando-se como presidente da ACIU e diretor da FIEMG Regional. Também foi um grande apoiador da APAE de Uberaba, onde contribuiu significativamente para a construção da sede da instituição.

Seu compromisso com o desenvolvimento de Uberaba, tanto no setor empresarial quanto no social, fez de José Vitor Aragão uma figura respeitada e admirada. O Grupo JM de Comunicação lamenta a perda e se solidariza com todos os amigos e familiares de José Vitor Aragãovelório acontece nesta terça-feira (20) na Liv a partir das 07:00.

sábado, 3 de agosto de 2024

2 de agosto de 1924: Mercado Municipal de Uberaba completa 100 anos!

Este é um momento importante para reconhecermos, honrarmos e valorizarmos todas as pessoas que fizeram e fazem parte desta história.

Popularmente conhecido como Mercadão de Uberaba, ele tem grande relevância para a cidade, pois além de fazer parte da história, ultrapassando gerações, e sendo uma organização comercial formada por antigos empreendedores do ramo alimentício, é considerado um ponto de encontro para os uberabenses que apreciam um bom bate papo acompanhado dos famosos pasteis.


História 

Em 27 de dezembro de 1879, o vereador Capitão-Mor, José Bento do Valle, apresentou um projeto de construção de um Mercado Municipal. O local escolhido foi o Alto do Rosário ou, mais propriamente, a Rua Alegre (atual Lauro Borges), onde, hoje, está localizado o extinto Fórum Melo Viana. (Atual) Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Seds). Apesar de algumas autoridades irem contra a instalação do mercado na rua Alegre, ele ali foi instalado e permaneceu até 1923.


Sede provisória 

 No mesmo ano foi instalado, provisoriamente, no prédio localizado na esquina da Praça Manoel Terra com a Rua Padre Jerônimo.


Atual sede


Em 1922, na gestão do Agente Executivo Dr. João Henrique Sampaio Vieira da Silva, começaram as obras de construção de um novo Mercado, na praça Cel. Manoel Terra, pois o da rua Alegre, não satisfazia mais a população, devido ao pouco espaço físico.

A sua inauguração só se deu  na gestão de Geraldino Rodrigues da Cunha em  02 de agosto de 1924.


A penúltima 

A penúltima grande reforma do prédio do Mercado Municipal ocorreu no final do segundo governo do prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, sendo entregue em 1993, já na administração do então prefeito Luiz Guaritá Neto.

Em arquitetura eclética, estilo inglês, em muitos detalhes dos 1.400 metros quadrados da construção em forma de octógono, é tombado e foi protegido pela Lei de tombamento nº 5.350 ratificada pelo decreto 1903, de 19/08/1999, instituído pelo condephau conselho deliberativo municipal do patrimônio histórico, artístico de Uberaba.


Em 19 de junho de 2024

A obra de revitalização do Mercado Municipal foi executada pela Construtora Toubes, com recursos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). As gestões foram do próprio ministro da Agricultura, na época, ex-prefeito e ex-deputado federal Marcos Montes, da prefeita Elisa Araújo e do vereador Ismar Marão, naquela ocasião presidente da Câmara Municipal de Uberaba.

Com modernas instalações com mais conforto e acessibilidade para a população, melhorias nas rampas de acessibilidade para facilitar a vida de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Além de mais segurança aos fregueses, permissionários e funcionários que atuam no local.

Contemplaram a mudança total da cobertura de novas telhas de cerâmica.  Antes de iniciar a colocação das telhas foi feito o tratamento e pintura da madeira que suporta o telhado.

 Melhorias e impermeabilização do piso, assim como instalação de elevador.

 Pintura interna e externa, modernos banheiros e recomposição das esquadrias.

 Foi construída ainda uma nova rede de energia elétrica, um sistema de renovação do ar climatizadas, instalação hidráulica de proteção de incêndio e ainda um sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

No primeiro andar a ideia foi trazer para o público a oportunidade de conhecer a beleza e grandiosidade do pavimento com uma moderna Choperia (em licitação) e várias lojas de artesanato e mais dois banheiros  públicos coletivos, um masculino, com três boxes, três mictórios e outro feminino, com três boxes além de banheiros individuais para pessoas com necessidades especiais. (Antônio Carlos Prata).

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

BAZAR RIBEIRO: mais de 70 anos de história em Uberaba (MG)

O Bazar Ribeiro um dos comércios mais antigo do Mercado Municipal de Uberaba, segue com força total e a mesma excelência no atendimento ao público ensinado pelo seu pai, Antônio Ribeiro dos Santos. o "seu" Ribeiro (falecido). Visionário, honesto e trabalhador,.

O tempo passou e a vontade de ir além fez com que seu filho,  Lauro Azevedo dos Santos, o Laurinho, 80 anos natural de Uberaba (MG,) que herdou a determinação com os negócios, o compromisso com os clientes e tantas outras características admiráveis que o pai carregava e repassa para os três filhos. Adriana, 55 anos, voltada somente ao lar. André dos Santos, 53 anos e Anderson dos Santos, 49 anos, optaram pela mesma profissão por acreditarem.

Anderson dos Santos, Lauro Azevedo dos Santos, Andre dos Santos. Foto:  Antônio Carlos Prata.

Há quase 70 anos à frente da loja, ele afirma que suas maiores motivações giram em torno dos valores que aprendeu em casa. “Eu nasci e cresci aqui...trazia marmita para meu pai ainda menino aos 8 anos. Tenho esse bazar como uma grande paixão. Por isso, sigo trabalhando com muito carinho e atenção para honrar o negócio fundado por meu pai e para atender minha clientela com a mesma qualidade de sempre. Sou muito grato por cada cliente que tenho. Temos enfrentado desafios constantes e buscamos a cada instante encontrar novas formas de atender às necessidades da nossa comunidade, com muita qualificação, criatividade e inovação. Destaco também a importância da nossa população de valorizar e apoiar os comerciantes locais, pois este trabalho é fundamental para a economia e desenvolvimento de Uberaba, conclui. Em 31/07/ 2024, às 10h37.(Antônio Carlos Prata).

Logradouro: Praça Manoel Terra, 255  Box: 40.

Mercado Municipal de Uberaba.

Bairro: Nossa Senhora da Abadia - Uberaba, Minas Gerais.
CEP 38015-050


Telefone: (34) 3333 - 2223


Frequentadores assíduos colecionam lembranças do Mercado

Um dos frequentadores do Mercadão é o reitor da Universidade de Uberaba (Uniube), Marcelo Palmério, 82 anos, que na sua infância e adolescência morava praticamente nos fundos do local, onde foi o antigo Colégio Triângulo. "Desde muito cedo, eu gostava de frequentar o Mercado, encontrar as pessoas e participar daquela muvuca, que achava bastante interessante, com figuras marcantes das bancas tradicionais", lembrou. 

Outro frequentador assíduo, desde a década de 60, é o aposentado Antônio Carlos Pereira Prata, 60 anos. "O Mercado representa muita coisa na minha infância, pois eu chegava a fugir de velocípede e depois de bicicleta para ir pra lá brincar e conversar". 

Antônio conheceu os antigos permissionários que já faleceram ou que passaram o ponto para os filhos e netos. Ele se lembrou de dona Maria Madeira, uma portuguesa que vendia verduras, especialmente palmito, usava roupas típicas e lenço na cabeça. E se recordou de figuras como Cordeiro, Xibiu, Dona Irene da Pastelaria, Coquinho, Pernambucano e Melão. Além deles, citou o peixeiro que ficava do lado de fora do prédio antigo. A venda de galinhas caipiras que chegavam em bicicletas e carroças, o cocho do lado de fora para que os cavalos tomassem água e os caminhões Chevrolet velhos, caindo aos pedaços, tocados à manivela, que quase não andavam e serviam para vender frutas do lado de fora. Tudo isso ainda está presente na sua memória. 

Também faz parte da história do Mercado Municipal, o grupo Roda de Prosa, que acontecia aos finais de semana, comandado pelo empresário Tião Silva, que reunia políticos, lideranças, intelectuais, comerciantes e até religiosos para discutir política. Teve música ao vivo, na época do professor Antônio Carlos Marques, e os carnavais que eram realizados no entorno do Mercadão.

Muitas famílias que residem em outros municípios fazem questão de visitar o Mercado quando vêm a Uberaba e não deixam de levar iguarias, como queijos, doces, cachaças, carnes e peixes. Esse é o caso do engenheiro Carlos Freitas, 70 anos, que frequenta desde criança o local e estava com a família comendo um pastel e levando delícias para Igarapava (SP), onde reside. "Esse é um lugar que tem de tudo e a gente se sente muito acolhido, como se estivéssemos em casa", concluiu.

Jornalista Maria Cândida Sampaio 

Gerações cresceram e prosperaram no Mercadão

As famílias continuam o legado dos pioneiros do Mercado Municipal de Uberaba e nas barras do tempo deixam marcadas a história de muitas gerações. Todo mundo reconhece o Mercadão como parte da própria história na existência. Uma referência.

Professora durante 43 anos, Dalva Botta, 82 anos, é descendente de italianos e seu avô, Giúlio Botta, foi um dos primeiros permissionários a se instalar no Mercado Municipal com uma banca de frutas, verduras e hortaliças. Vinda da Itália do pós-guerra, a família viajou por 50 dias nos porões de um navio à procura de trabalho. Desembarcou em Santos e saiu em busca de trabalho nas plantações de café.

A família Botta foi para Conquista (MG). Giúlio e Hernesta Vinhadelli Botta tiveram quatro filhos, entre eles, o pai de Dalva, Egídio Botta, que seguiu os passos do patriarca e deu continuidade ao negócio por cerca de 50 anos. Constituiu família com Tereza Rossi Botta, filha de Bernardo Rossi, que foi o primeiro comerciante da Rua Tristão de Castro. Ao todo, o casal teve cinco filhos. 

Num tempo em que não havia supermercados, shoppings ou varejões o ponto central de compras era o Mercado, ao qual toda a população recorria. A dedicação ao trabalho era intensa, porque o local funcionava de domingo a domingo. "Tínhamos o nosso pai em casa somente aos domingos, após o meio-dia, uma vez que ele saía de madrugada para levar as mercadorias para o box. Herdamos essa dedicação ao trabalho dos italianos", contou.

No Açougue do Toninho, o proprietário Dídimo Antônio de Oliveira está no local desde 1993. Com três filhos para criar e separado da ex-esposa, não tinha com quem deixar as crianças, ainda pequenas, no período da tarde, para trabalhar no seu comércio de carnes. Quando aconteceu a primeira reforma, o comerciante viu a oportunidade de ser um permissionário e começou a levar os filhos para o Mercado.  "Tive confiança de trazer, porque percebi que aqui é uma família, onde uns tomam conta dos outros e todo mundo ajuda a olhar". Formou um arquiteto, um administrador de empresas e uma professora, e se emociona ao declarar que o Mercado “me deu a oportunidade de criar meus filhos com dignidade e segurança. Foi uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida quando consegui trabalhar aqui", afirmou.

O atual presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal, Sérgio Henrique Manzan, está no local há 26 anos no ramo de açougue. A princípio, a Casa de Carnes era do sogro, José Fernandes de Carvalho (Zé Coquinho). "Sempre gostei muito de trabalhar nesse lugar, deste fluxo de pessoas de todos tipos, que trazem cada vez conhecimento sobre o ser humano. Uma bênção. Aqui a gente encontra aconchego e família", salientou.

Natural de Lagoa Formosa (MG), o comerciante Ednei Eduardo de Souza (Dinei) atua no Mercado há 33 anos e é um dos cases de maior sucesso em Uberaba. Numa família de oito irmãos, que moravam na zona rural, junto com o irmão Edson, da Banca do Edson, conseguiram trazer todos para Uberaba. Primeiro, forneciam produtos para outros permissionários e, por fim, arrendaram o box de Zé Pernambuco, no “mercado velho”. 

De uma delicatéssen, com frios, queijos, especiarias, bebidas, doces, e as mais variadas iguarias Dinei abriu sua própria loja há 15 anos. Além de duas filiais, hoje a Banca do Dinei se tornou uma franquia, em 2023, levando a marca para outros estados, como Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais.

Jornalista Maria Cândida Sampaio 

A família Mercado Municipal conta sua história

Espaço democrático, plural e diverso, que há 100 anos é referência turística, comercial e de convivência em Uberaba, o Mercado Municipal recebe em média 10 mil pessoas, diariamente, em seus cerca de 40 boxes, onde se encontra “de um tudo”. Mais do que prédio histórico e comércio pujante, o “Mercadão” é um lugar de encontro, principalmente de calor humano e uma boa prosa. Ao percorrer os corredores, conversando com os frequentadores, turistas e comerciantes, foi possível sentir sua pulsação como espaço vivo. Um lugar de sons, aromas e beleza que é entregue, agora, totalmente reformulado. A entrega da revitalização do Mercado Municipal aconteceu em 22 de junho último.  

O Mercadão é uma família. Ao ouvir permissionários, trabalhadores e frequentadores, esse é o sentimento comum. Família com muitas histórias que passam de geração em geração. Um bom exemplo é o Bazar Ribeiro, fundado por Antônio Ribeiro dos Santos, herdado pelo filho Lauro Ribeiro dos Santos, 80 anos. Hoje o mais antigo permissionário do Mercado. Em 1965, abriu o seu comércio de miudezas, paralelo ao comércio do pai, e juntaram os dois bazares em 1970. Com sete anos levava comida para o pai no local, e ficava por ali. 

Um dos filhos, Anderson Rodrigues dos Santos, é o sucessor no Bazar e o outro, André Luiz Rodrigues dos Santos, herdou a vocação do pai e também é permissionário. "É uma vida inteira, somos uma família. A roda da vida girou e de todos os colegas antigos que a gente tinha, somente eu estou por aqui", lembrou, com saudade, Lauro dos Santos. 

Uma das figuras mais emblemáticas e tradicionais do Mercadão é o Pelé (Benedito Sebastião de Souza Coelho), entregador desde 1965, quando tinha 15 anos. São 73 anos de vida, sendo 59 dedicados ao trabalho. Nascido em Nova Odessa (SP), recebeu o título de Cidadão Uberabense há 12 anos. O entregador aprendeu a andar de bicicleta aos 23 anos e percorre cerca de 60 quilômetros por dia na cidade das Sete Colinas, mesmo com algumas limitações físicas.    

Dono de uma memória prodigiosa para datas, o sempre animado Pelé fez entregas a pé por oito anos, até comprar sua primeira bicicleta, em 1973, com ajuda do povo e do radialista e colunista Ataliba Guaritá Neto (Netinho), que abriu uma lista de contribuição para ajudar nessa compra. Arrecadaram mil e quarenta cruzeiros na época. Um dos permissionários, Ailson de Oliveira (Xibiu), foi até Ribeirão Preto (SP) buscar a "magrela", utilizada de 1973 a 1979. Como era uma bicicleta comum, logo estragou por conta do peso das entregas e, novamente, a comunidade ajudou Pelé a comprar uma bicicleta de carga, usada de 1979 a 1991, quando foi roubada. Para que conseguisse trabalhar, ganhou uma bike usada e, contando com ajuda, reformou e usou até 2012, quando ganhou uma nova. Hoje, essa relíquia faz parte do acervo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

Jornalista Maria Cândida Sampaio 

sábado, 22 de junho de 2024

Prestes a completar 100 anos, o Mercadão reabre as portas ao consumidor

A manhã deste sábado, dia 22 de junho, foi marcada pela cerimônia de reinauguração das obras de requalificação e reforma do Mercado Municipal de Uberaba, no bairro  Abadia. O ato ocorreu às 9h.

A reinauguração contou com a presença de autoridades da cidade, da prefeita Elisa Araújo, além da população, diversas autoridades políticas, militares e representantes de entidades de classe do município.

O ato inaugural de descerramento de placa denominativa que marca o nome do prédio do Mercado Municipal de Uberaba que passa a se chamar edifício Maria Marques Madeira. A placa está exposta na entrada do prédio e faz homenagem a memória da permissionária.

Mercado Municipal de Uberaba - Foto Antônio Carlos Prata.

Popularmente conhecido como Mercadão de Uberaba, ele tem grande relevância para a cidade, pois além de fazer parte da história, ultrapassando gerações, e sendo uma organização comercial formada por antigos empreendedores do ramo alimentício, é considerado um ponto de encontro para os uberabenses que apreciam um bom bate papo acompanhado dos famosos pasteis.


História 

Em 27 de dezembro de 1879, o vereador Capitão-Mor, José Bento do Valle, apresentou um projeto de construção de um Mercado Municipal. O local escolhido foi o Alto do Rosário ou, mais propriamente, a Rua Alegre (atual Lauro Borges), onde, hoje, está localizado o extinto Fórum Melo Viana. (Atual) Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Seds). Apesar de algumas autoridades irem contra a instalação do mercado na rua Alegre, ele ali foi instalado e permaneceu até 1923.


Sede provisória 

 No mesmo ano foi instalado, provisoriamente, no prédio localizado na esquina da Praça Manoel Terra com a Rua Padre Jerônimo.


Atual sede


Em 1922, na gestão do Agente Executivo Dr. João Henrique Sampaio Vieira da Silva, começaram as obras de construção de um novo Mercado, na praça Cel. Manoel Terra, pois o da rua Alegre, não satisfazia mais a população, devido ao pouco espaço físico.

A sua inauguração só se deu  na gestão de Geraldino Rodrigues da Cunha em  02 de agosto de 1924.


A penúltima 

A penúltima grande reforma do prédio do Mercado Municipal ocorreu no final do segundo governo do prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, sendo entregue em 1993, já na administração do então prefeito Luiz Guaritá Neto.

Em arquitetura eclética, estilo inglês, em muitos detalhes dos 1.400 metros quadrados da construção em forma de octógono, é tombado e foi protegido pela Lei de tombamento nº 5.350 ratificada pelo decreto 1903, de 19/08/1999, instituído pelo condephau conselho deliberativo municipal do patrimônio histórico, artístico de Uberaba.


Em 19 de junho de 2024

A obra de revitalização do Mercado Municipal foi executada pela Construtora Toubes, com recursos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). As gestões foram do próprio ministro da Agricultura, na época, ex-prefeito e ex-deputado federal Marcos Montes, da prefeita Elisa Araújo e do vereador Ismar Marão, naquela ocasião presidente da Câmara Municipal de Uberaba.

Com modernas instalações com mais conforto e acessibilidade para a população, melhorias nas rampas de acessibilidade para facilitar a vida de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Além de mais segurança aos fregueses, permissionários e funcionários que atuam no local.

Contemplaram a mudança total da cobertura de novas telhas de cerâmica.  Antes de iniciar a colocação das telhas foi feito o tratamento e pintura da madeira que suporta o telhado.

 Melhorias e impermeabilização do piso, assim como instalação de elevador.

 Pintura interna e externa, modernos banheiros e recomposição das esquadrias.

 Foi construída ainda uma nova rede de energia elétrica, um sistema de renovação do ar climatizadas, instalação hidráulica de proteção de incêndio e ainda um sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

No primeiro andar a ideia foi trazer para o público a oportunidade de conhecer a beleza e grandiosidade do pavimento com uma moderna Choperia (em licitação) e várias lojas de artesanato e mais dois banheiros  públicos coletivos, um masculino, com três boxes, três mictórios e outro feminino, com três boxes além de banheiros individuais para pessoas com necessidades especiais. (Antônio Carlos Prata).

terça-feira, 12 de março de 2024

O TROTE DOS CALOUROS

As vezes soltavam um foguete de três tiros pela manhã, outro ali pelo meio-dia, mas estes eram anúncios antecipados do evento, que só se realizaria à tardinha.

Os de maior fluência eram na calçada dos prédios das faculdades de Direito, Odontologia e Engenharia na Avenida Guilherme Ferreira, com o Córrego das Lages ainda aberto, talude vegetado, e as flamboyants floridas. O outro, da Medicina ali na Praça do Mercado, era muito concorrido mas não tão alegre, faltava a mise en scene que suscitava a curiosidade.

Sempre depois das quatro os foguetes pipocavam e nós largávamos os brinquedos e corríamos para assistir à esbórnia, e os mais reservados ficavam no lado ímpar da Avenida: da esquina da Carlos Rodrigues até a casa do Dr. Augusto. Do outro lado, os temíveis veteranos bradavam nomes inexistentes na segunda folha dum bloco de papel grampeado. Tambores com água, óleo, vermelhão ou negro-de-fumo, polvilho, fubá eram reservados e um chapa do Mercado seria contratado para fazer a mistura. Haviam também muitas tesouras curtas e de ponta redonda.

Volta e meia um dos veteranos ia ao prédio central onde funcionava a Secretaria Acadêmica, punha um envelope pardo no guichê, tirava e colocava papéis e depois saia correndo até a calçada, onde os veteranos se aglomeravam abraçando como um time de rubgi. De outra feita subia até uma janela e sacudia o envelope: era a deixa para acender uma bateria de foguetes.

Mas a lista mesmo – para ser crível - só saía das mãos de um funcionário mais antigo, que entregava a verdadeira lista dos aprovados no vestibular à vista de todos, fruto de um acordo entre a Direção e o Diretório Acadêmico.

A partir dessa hora a tensão aumentava, corria eletricidade! E cadê os bichos? E funcionava assim, o vestibulando suspeitando ter sido aprovado, tinha que ir perguntar aos veteranos do DA, tinha que dar o nome dele, e aí lhe tiravam a camisa e os sapatos para doação, faziam caminho-de-rato nos cabelos (poupavam os casados), cortam a calça, amarravam à uma longa corda, e só depois pintavam o indivíduo com aquela loção do tambor. Aí já corria umazinha. Irmão, cunhado, vizinho, e namorado que aparecia curioso, era “preso” até o candidato chegar. Eu mesmo com 10 anos fui detido por querer saber se meu primo havia sido aprovado, mas ele estava ausente da cidade e era casado: escapamos. E os foguetes pipocavam.

A esta altura a Rádio Sociedade PRE-5 ou a Difusora-ZYV-57 já irradiavam a ocorrência, e um corso se formava causando engarrafamento nas vias de acesso. Um só fotógrafo era chamado - Prieto ou Akira – que dias depois estampavam as “provinhas” nos seus quadros envidraçados.

E ao final do expediente, próximo do pôr do Sol, a caminhada: amarrados, pintados, carecas, com lágrimas nos olhos, com odor de cachaça, a maralha saía pelas ruas principais, ás vezes indo até a Praça dos Correios, a pedir dinheiro aos transeuntes, que era destinado a ressarcir a despesa da farra: foguetes, corda, tesouras, tinta, óleo, fubá, e a branquinha. Todas as calouras tinham que pagar mico, como pedir em casamento os coroas no Marabá, Buraco da Onça, ou Tip-Top. Já os bichos mendigavam às senhoras na Drogasil, Pernambucanas ou Riachuelo.

Não sei de registro de agressão ou abuso, era um folguedo inocente promovido pelos DA’s: uma cerimônia de introdução ao círculo acadêmico despindo toda e qualquer soberba. Depois com vestibular a cada semestre, turmas de cem alunos, e acabou aquela expectativa, o controle sócio-político dissolveu os DA’s, e os trotes ficaram mais raros e menos concorridos.

Leonardo José Teixeira 

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

JORGE ALBERTO NABUT (1947-2024)

Quem tem hoje seus 30 anos de idade, provavelmente conheceu Jorge Nabut como colunista social, tarefa à qual ele se dedicou por décadas no Jornal da Manhã e – mais recentemente – nas redes sociais. A partir da estreia, nos tempos em que ainda assinava a coluna "Iago", Nabut criou um estilo próprio, no qual se consagrou como concorrente e digno sucessor do "Observatório de Galileu" – a coluna do Ataliba "Netinho" Guaritá, publicada no Lavoura e Comércio.


Mas, nessa hora em que Nabut nos deixa de surpresa, o UBERABA EM FOTOS gostaria de destacar que o jornalista foi também "antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto" um batalhador múltiplo e incansável da cultura e do patrimônio histórico uberabense. Arriscou-se como diretor num grupo de jovens que fazia teatro de vanguarda na Uberaba conservadora e careta dos anos 1970, dirigiu e produziu filmes de curta-metragem, escreveu peças, prosa e poesia, organizou festas memoráveis.


Numa época de "milagres econômicos", em que políticos, autoridades e colegas da imprensa saudavam com entusiasmo o "progresso" que jogava ao chão os belos casarões do centro histórico da cidade, Nabut propunha a criação de museus, defendia o tombamento das igrejas e dos nossos marcos históricos e arquitetônicos. No início de 1976, ele foi pioneiro em idealizar a criação de um Museu do Boi, iniciativa que se concretizaria, oito anos depois, no Museu do Zebu da ABCZ. Foi também um defensor da fundação de um Museu de Arte Sacra na igrejinha de Santa Rita, museu esse que ele teria a felicidade de dirigir, décadas mais tarde.


Nas páginas dos jornais dos anos 1970, Nabut (re)apresentou aos uberabenses a esquecida Vila do Desemboque, a mais antiga povoação do Triângulo Mineiro. Pesquisou e divulgou a tradição musical erudita, mas também a cultura e a religiosidade populares. Contou casos de mascates, de imigrantes, de boiadeiros, de lanterninhas de cinema, bordadeiras e de jogadores de futebol. Essa obra múltipla se esparrama, como um caleidoscópio, nos vários livros que Jorge publicou ao longo da vida – começando com o clássico "Coisas que me contaram, crônicas que escrevi", uma coletânea de seus artigos na imprensa, lançado em 1978 (e hoje disponível em PDF na internet).


Como é usual acontecer com aqueles que fazem muito na vida, Nabut era sagaz, irônico, suavemente vaidoso e, com frequência, controverso. Colecionava com facilidade amigos e admiradores, mas também desafetos e bajuladores baratos. Para mim, ele foi, por décadas, uma figura folclórica e pouco mais que um conhecido distante. Só nos últimos quatro ou cinco anos, tivemos a oportunidade de um contato mais próximo e frequente, por conta de parcerias em áreas afins e de interesses comuns. Essa experiência foi tão interessante quanto divertida. Lamento, mais ainda agora, que ela não tenha começado alguns anos mais cedo.


Numa das nossas últimas conversas, Nabut me enviou uma resenha escrita pela educadora Vânia Maria Resende sobre "O Livro de Elias", obra sua, lançada em 2023. Tomo a liberdade de destacar um trecho especialmente bonito:


"Nesse livro-poema para o pai, a vida se confronta com a morte; a arte dribla a finitude, precisa vencê-la, e o filho deseja estar com o pai, de novo, de outra forma. Entre sutilezas afetivas e certas nuanças contundentes e aflitivas, a forma feita de fragmentos (com lacunas e incompletudes) gera o espaço novo, portador da significação do reparo compensador e do fulgor da “alforria”. Nele, o escritor tem o condão de fazer, pela palavra, o retrato do pai em versos, e frente a frente com ele, como nunca antes, restaurar o encontro, a proximidade, o afago."


Pois é, Jorge! Vai lá dar aquele abraço merecido no Seu Elias.


(André Borges Lopes)

sábado, 3 de fevereiro de 2024

DR. NEWTON RONALDO DA CUNHA PRATA

 *DR. NEWTON RONALDO DA CUNHA PRATA*. 

A geração à qual pertenço tem sofrido seguidos solavancos ditados pela Lei Universal de Separação. 

Hoje, 02/02/2024, vimos partir Dr. Newton Ronaldo da Cunha Prata. Quem o conheceu há de recordar para sempre do homem de bem e do bem, que como poucos,  exerceu a Medicina imbuído  do verdadeiro ideal de servir. 

O  atendimento de urgência que dele recebi no dia 02/06/1980, me autoriza afirmar que a conduta e o estilo de Dr. Newton Prata junto a não muitos colegas ( me perdoem por  assim dizer) está certamente em extinção.

Nossa amizade iniciada e cultivada por mais 60 anos me faz reportar ao craque do Nacional Futebol Clube, cuja dedicação nunca decaiu. O acadêmico de Medicina conseguia tempo para ser titular absoluto na sua posição no alvinegro. 

Na politica Dr. Newton foi respeitado por todos os seus pares. Soube fazer dos mandatos a ele conferidos pelo povo,  grandes oportunidades para, de fato, servir ao ser humano.

Registramos aqui os nossos sentimentos, ao tempo em que lamentamos também pela falta que Dr. Newton fará para a sua querida Uberaba. 

Abraço fraterno a todos os familiares do querido amigo de sempre,  que na trajetória de sua existência deixou marcado o seu nome com letras indeléveis. 

Até um dia querido amigo Dr. Newton Ronaldo da Cunha Prata. 

Ass: João Eurípedes Sabino. 

Uberaba/MG/Brasil.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

*Secult recebe representantes do Geoparque para tratar sobre evento da chancela*

Na tarde desta quarta-feira (24), representantes das instituições signatárias do Aspirante Geoparque Uberaba - Terra de Gigantes participaram de agenda na Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), em Belo Horizonte. O grupo foi recebido pelo subsecretário da Secult, Igor Arci Gomes. O intuito da reunião foi alinhar o evento de anúncio da chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Representando a Prefeitura de Uberaba participaram a chefe do Executivo, Elisa Araújo, com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Rui Ramos, e o chefe de Gabinete, Caio Presotto. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) foi representada pelo diretor de Pecuária Leiteira, Rodrigo Simões; já a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), pelo pró-reitor de Extensão Universitária, Helder Barbosa Paolini e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), pelo analista Marcius Mendes. Também esteve presente a presidente da Associação Geoparque Uberaba, Paula Cusinato.

O anúncio oficial da chancela do Aspirante Geoparque Uberaba está previsto para a segunda quinzena de março deste ano. Nesse sentido, a Secult, junto ao Município e às instituições signatárias, trabalha para promover um evento de comemoração do título, que trará visibilidade não só para Uberaba, como para o Estado e o país. 

“A perspectiva é de que a chancela do Geoparque deva ocorrer no final de março. Por isso, viemos tratar da organização para esse dia, da forma que iremos fazer a divulgação e o evento. A reunião foi ótima, traçamos algumas estratégias e vamos prosseguir no planejamento", explicou Rui Ramos. Ainda conforme o secretário, está prevista uma videoconferência para a próxima semana, para dar andamento ao assunto.

*Secretaria Especial de Comunicação*

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Morreu nesta terça-feira (26), a apresentadora e psicoterapeuta Eliana Barbosa.

 Uberaba perde uma de suas filhas admiraveis. Eliana Barbosa era o símbolo da dedicação ao trabalho que desempenhava. 

Sempre foi extremamente profissional e, em matéria de conferências e mensagens motivacionais, estava entre as melhores do Brasil. 

Divulgou o nome de Uberaba em nosso país e mundo afora, sem se vangloriar da posição de destaque que ocupava. Excelente apresentadora de TV, exímia articulista, cronista e demonstrou seu acurado senso literário ao conceber vários livros de autoajuda. 

Assisti ao lançamento do seu ótimo livro “O ENIGMA DA BOTA” que ocorreu no ano de 2006 nas dependências do Shopping Uberaba. 

Escrevemos durante anos no diário Jornal da Manhã às sextas-feiras na mesma página e muitas vezes, coincidíamos na eleição dos temas, porém com abordagens paralelas. Impressionante! 

Amigo Fernando Ferreira Vieira da Silva Júnior receba o nosso abraço de solidariedade nesse momento difícil, quando sua amada Eliana lhe dá adeus e parte para a eternidade. Peço-lhe que estenda esta manifestação a todos os seus demais entes queridos. 

Abraço afetuoso. 

João Eurípedes Sabino. 

Uberaba/MG/Brasil

26/12/2023

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Morre o professor José Thomas da Silva Sobrinho


Foto: José Thomáz da Silva Sobrinho/Divulgação.

Morreu nesta sexta-feira (01) O professor José Thomáz da Silva Sobrinho, aos 91 anos. ele lutava contra um câncer. José Thomáz deixa esposa, três filhos e sete netos. O velório será a partir das 13h, no Centro Espírita da avenida Capitão Manoel Prata.

 Uberaba em Fotos apresenta sinceros pêsames à família do Professor José Thomas da Silva Sobrinho

O sepultamento está programado para hoje (01/12), saída às 16h40, com chega ao cemitério São João Batista às 17h.


*Atualizando

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

"SEM CONHECER O PASSADO NÃO SE ENTENDE O PRESENTE"

Tinha que ser muito bom fotógrafo para, com os recursos e equipamentos da época, fazer uma imagem aérea com esse enquadramento de cena: onde se destacam conjuntamente completos o Mercado Municipal de Uberaba, inaugurado em 02 de agosto de 1924, arquitetura eclética, estilo inglês, em muitos detalhes dos 1.400 metros quadrados da construção em forma de octógono. Ao fundo a Penitenciária de Uberaba, construída no começo do século XX, pelos arquitetos italianos Luigi Dorça e Miguel Laterza.

A foto foi tirada em 4 de junho de 1935, pelo Correio Aéreo Nacional e,
 atualmente, está no acervo da Brasiliana. Foto/colorizada.

Hoje abriga a UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro). À esquerda da foto aparece o prédio do Colégio Nossa Senhora das Dores, inaugurado oficialmente em 26 de dezembro de 1895. Detalhe: defronte ao colégio não havia o Uberaba Tênis Clube, na Praça Esportes Minas Gerais, hoje Uberaba Tênis Clube. Esses pioneiros da fotografia ainda são poucos valorizados pela geração atual, da qual muitos os desconhecem. 

(Antônio Carlos Prata)

A PRIMEIRA SALA DE CINEMA DE UBERABA

A partir de 1900, começaram a acontecer as primeiras exibições de filmes em Uberaba, feitas inicialmente de forma esporádica por cinegrafistas visitantes, no antigo Theatro São Luiz da Praça da Matriz (atual Praça Rui Barbosa). Algum tempo depois, entre agosto e setembro de 1909, também tivemos projeções feitas no Paris-Theatre (que ficava do lado oposto da praça), mas essa sala acabou destruída por um incêndio após poucas semanas de funcionamento.


A notícia da inauguração da sala, no jornal Lavoura e Comércio de 17 de Abril de 1910.


Essa é a única foto conhecida da fachada do Cinema Triângulo,.
 Foi publicada no jornal Lavoura e Comércio em 6 de julho de 1912.

Um folheto de propaganda do Cinema Triângulo, 
com alguns filmes programados. Ingressos a 500 Reis para adultos, 250 Reis para crianças.


"Cabana do Pai Tomás", em versão cinematográfica de 1910, exibida no Cinema Triângulo em Fevereiro de 1911.

No entanto, a primeira sala de cinema de Uberaba especialmente construída para esse fim só abriu as portas em 16 de abril de 1910, quando a empresa de Salvador Bruno (que já havia feito projeções no Theatro São Luis) inaugurou o CINEMA TRIÂNGULO. A sala tinha 200 lugares e ficava na Rua do Comércio (atual Rua Artur Machado) do lado direito de quem descia da Praça Rui Barbosa, pouco depois da ponte sobre o Córrego das Lajes – onde hoje está o Edifício Geraldino Rodrigues da Cunha.


Festa do 5ª aniversário do cinema, e a nota publicada no Lavoura e Comércio.


A sala prometia exibir sessões de cinema todos os dias. Como os filmes eram mudos, o Triângulo contava com uma orquestra que tocava acompanhando as projeções. Em agosto de 1910, o cinema foi vendido para Abdias Nascimento, que equipou a sala com um piano alemão Ritter Halle. Joaquim Gomes Ferreira regeu por um tempo a orquestra do Triângulo, sendo substituído em 1913 por Renato Frateschi. Segundo o jornal Lavoura e Comércio, o público uberabense passou a prestigiar mais as exibições de cinema que as apresentações de teatro.

Em 19 de fevereiro de 1911, uma multidão compareceu ao Cinema Triângulo para assistir “A Cabana do Pai Thomaz” (“Uncle Tom Cabin”, de 1910), um filme da Vitagraph Company of America, dirigido por J. Stuart Blackton. Esse filme trazia uma importante inovação: foi a primeira vez que uma empresa norte-americana lançou um filme dramático em três rolos. Até então, os filmes longos (“full-length”) da época tinham cerca 15 minutos de duração, em apenas um rolo.

Em 1912, foram encerradas as projeções que aconteciam regularmente no Theatro São Luiz e, aos poucos, desapareceu também a programação do Uberaba-Cinema (que funcionou por algum tempo nas instalações do Grêmio Recreativo). A partir de agosto daquele ano, só restava na cidade o Cinema Triângulo, além de algumas escassas exibições ocasionais no São Luiz.

Na época, o Cinema Triângulo ganhou um palco, onde se apresentaram alguns músicos conhecidos, como o flautista uberabense Pedro Vieira, acompanhado ao piano pela Srta Poupée Meireles (maio de 1917) e também a pianista Dinorah de Carvalho (julho de 1917).

Com a abertura, no final de 1917, da Sala Polytheama, a programação do Cinema Triângulo começou a sumir do noticiário. Entre 1923 e 1924, houve uma breve tentativa de retomar o seu funcionamento, mas a sala encerrou definitivamente suas atividades em 1927.

(ANDRÉ BORGES LOPES)

A VELHA SALA DE CINEMA QUE RESISTE AO TEMPO

Muita gente que hoje passa pela praça do Grupo Brasil (Praça Comendador Quintino) ainda se lembra de que nesse prédio das fotos funcionou, por muitos anos, o Cine Royal. Até 1959, quando fechou as portas, ele foi a sala de cinema mais popular de Uberaba, cobrando ingressos bem mais baratos que os dos cines São Luís, Metrópole e Vera Cruz.O que pouca gente sabe é que, quando esse cinema foi inaugurado – em 11 de maio de 1929, pela empresa Damiani, Bossini e Cia – ele se chamava CINE TEATRO CAPITÓLIO e foi, por um breve tempo, uma das salas mais elegantes de Uberaba. O prédio havia sido especialmente construído por Antonio Sebastião da Costa, e estima-se que a obra tenha custado cerca de 100 contos de reis.

A fachada da sala de cinema, já renomeada Cine-Teatro Royal, 
em cartão postal de Marcelino Guimarães, publicado por volta de 1950.


Um centro de fisioterapia especializado em idosos funcionou no local no final da década de 2010.
Foto do Google Street View.

Uma foto recente do prédio, feita com drone, da página "Uberaba vista de cima".


A Damiani, Bossini e Cia – que também era dona dos cinemas Alhambra e São José – arrendou o prédio e gastou com a instalação dos equipamentos e dos 600 assentos mais de 30 contos. Na dia da estreia, aconteceu um programa em homenagem ao centenário de José de Alencar e ao América Futebol Clube de Belo Horizonte.

A notícia da inauguração do Cine-Theatro Capitólio, no jornal Lavoura e Comércio.


Dois anos depois, em 1931, a empresa Orlando Rodrigues da Cunha e Cia destronou os cinemas da Damiani e Bossini ao inaugurar o moderno e bem mais luxuoso Cine Teatro São Luís na praça Rui Barbosa. Para complicar ainda mais, entre julho e outubro do ano seguinte, a Revolução de 1932 no estado de São Paulo impediu a entrega dos filmes para o Capitólio e as outras salas da empresa, que teve que interromper as exibições. Em novembro, a Damiani e Bossini abriu falência.

A sala passou para administração da empresa de Orlando Rodrigues da Cunha que, um mês depois (26 de dezembro), reinaugurou o cinema com o nome Cine Teatro Royal, anunciando que passaria a exibir também filmes sonoros, com ingressos mais baratos que os do Cine Teatro São Luís. Durante algum tempo, as mesmas películas eram exibidas nas duas salas, com pequena diferença de horário. Quando o rolo de filme acabava de ser projetado no São Luís, era rapidamente rebobinado e um funcionário o levava correndo até a sala de projeção do Royal.

O fim das atividades ocorreu em fevereiro de 1959. A empresa alegou que a sala estava com instalações antigas e equipamentos defasados em relação às exigências dos novos filmes, e que não era economicamente viável fazer uma atualização. Desde então, o prédio teve diversos usos, mas permaneceu razoavelmente preservado. Hoje, funciona nele o salão de festas de uma igreja.



(André Borges Lopes)