Quem conta é José Wilson Prata, o querido Pratinha.
José Wilson Prata- Foto: Peixoto.
Pois é… o Pratinha já era homem feito, devia ter uns 29 anos, mas era baixinho, do tamanho de uma criança. Se a história não fosse verdadeira, a gente até duvidava.
Foi lá pros anos 1950, quando ele resolveu ir ao Cine Royal, que ficava na Praça Comendador Quintino, também conhecida como Praça do Grupo Brasil, assistir a um filme que todo mundo comentava.
Chegou todo chique, bem penteado, cheiroso, de bota engraxada, parecendo artista de cinema. Comprou o ingresso, entregou na portaria e foi entrando, todo satisfeito, procurando um bom lugar pra sentar.
Lá dentro, o cinema já tava cheio. O projetor fazia aquele barulho bonito. tre tre tre tre, o cheiro de pipoca tomava conta do ar, e o povo cochichava animado, esperando o filme começar.
Mas o laterninha, que cuidava da sessão, olhou de longe e achou aquilo meio esquisito, o filme era pra maiores de 18 anos. Foi até ele e perguntou:
— Ei, menino, quantos anos cê tem?
Pratinha respondeu, sem pestanejar:
— Tenho 29, ué!
E seguiu, procurando o assento.
O laterninha ficou desconfiado e chamou o policial de plantão, que sempre ficava nas imediações dos cinemas naquela época. O guarda chegou, mediu o Pratinha de cima a baixo e perguntou:
— Que idade o senhor disse que tem?
Pratinha, tranquilo, tirou o documento do bolso e entregou. O policial olhou, virou de um lado pro outro, coçou a cabeça e perguntou de novo:
— Tem mesmo essa idade aqui?
Aí o Pratinha, com aquele jeito danado de engraçado, respondeu:
— Ué, se o senhor não sabe ler o documento, não sou eu que vou te ensinar, não!
Rapaz… o policial ficou vermelho, bufando, e ameaçou:
— Moleque, te jogo lá embaixo!
O povo que tava perto começou a rir, cochichando, e o barulho se espalhou pela sala. O lanterninha sem graça, o policial bravo, e o Pratinha com aquele sorriso de canto.
Logo o pessoal acalmou o guarda, o mal-entendido se resolveu, e o Pratinha ficou na sessão, assistiu o filme até o fim, rindo por dentro. Quando acabou, saiu satisfeito, dizendo pros amigos:
— Pois é, quase me prenderam, mas o filme valeu a pena!
Caso lembrado e contado por Edson Alano dos Santos Prata. Pratinha todo elegante, sentado e pronto para dar aquele tapa no visual no Salão Continental - foto enviada pelo sobrinho Dauro Prata Loes.
O querido José Wilson Prata, o Pratinha, nos deixou em 11 de junho de 2005, mas sua alegria, esperteza e bom humor continuam vivos nas histórias que marcaram Uberaba e sua gente. (Antônio Carlos Prata).
