segunda-feira, 23 de junho de 2025

Pelos 200 anos de falecimento de Tristão de Castro

A “Fabrica da Matriz de Santo Antônio e São Sebastião”, pelo seu fabriqueiro, o benemérito Monsenhor Inácio Xavier da Silva, representada pelo Dr. Felício Buarque de Macedo, intentou, em Outubro de 1909, uma ação de reinvindicação contra a Câmara Municipal, pretendendo as terras da doação de TRISTÃO de CASTRO. Doação essa sabida pelo Marquez de São João da Palma, governador da “província de Goyáz” e outorgada por Dom João VI, em 13 de faveiro de 1811, sendo umas das datas do aniversário da cidade de Uberaba, discutido no futuro.

Imagem: foto meramente ilustrativa, editada
 por Guido Bilharinho.

A Câmara, tendo como Agente Executivo Dr. Felipe Aché e como advogados o Cel. Antônio Cesário da Silva e Oliveira, Mário de Mendonça Bueno de Azevedo e Dr. Antônio Garcia Adjuto, contestou os pretendidos direitos da Matriz. Em 6 de março de 1911, a causa, que apaixonará toda a população, foi julgada procedente por sentença do Dr. José Júlio de Freitas Coutinho, no impedimento do Juiz de Direito Dr. Epaminondas bandeira de Melo, sendo condenada a Câmara Municipal.

Mas, a Câmara apelou dessa sentença (Apelação nº 2.912) e por Acórdão de 4 de fevereiro de 1914, o Tribunal da Relação de Minas julgou a ação improcedente e vitoriosa à Câmara Municipal.

Essa causa, avaliada em “5000$00 Conto de Réis”, deu lugar a numerosas e necessárias publicações sobre o início da história de Uberaba, entre as quais dois luminosos trabalhos do Dr. Antônio Garcia Adjuto, dois outros do Dr. Josée Felício Buarque de Macedo e um dos doutores Alexandre de Souza Barbosa e Silvério José Bernardes, intitulado a “Estrada do Anhangüéra”.

A proposta dessa questão, o Dr. Hildebrando Pontes, em magnifico artigo publicado no jornal o “O Triângulo, de Araguari, escreveu:

Os nomes de TRISTÃO de CASTRO e sua mulher Dona FRUTUOSA RODRIGUES PIRES, como DOADORES do Patrimônio da Igreja Matriz de Uberaba, em 1812, quando aqui apenas havia uma aldeia de índios e a povoação de civilizados só se fundara em 1817, não podem figurar por absurdo. Esses nomes entram na questão como Pilatos no Credo. Mas, nem por isso, se deve pensar em tirar da Rua Tristão de Castro este nome, porque, sem o saber nem o querer, dera ele motivo à reunião da maior cópia possível de documentos para a História de Uberaba.”

O Tristão e sua esposa, Frutuosa, são daqueles personagens históricos, que mesmo tenha sido fundamental para início de empreitadas ou pioneirismo, pouca coisa se sabe, informações perdidas na bruma dos séculos.

Segundo Hildebrando Pontes, em à História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, Tristão de Castro Guimarães, natural de Ouro Preto –MG, onde nasceu em meados de 1745, foi dos primeiros habitantes da região da Farinha Podre, estabelecendo-se como propriedade rural às margens do Lajeado dos Ribeiros, cerca de dez quilômetros a nordeste da Uberaba atual, dedicando-se ao cultivo da terra e à criação de gado.

Conforme senso de 1855, realizado pelo Tenente Coronel Antônio Borges de Sampaio e Professor Manoel Garcia da Rosa Terra, registraram o nome RUA do AZAGAYA, sendo alterada apenas em 1896 em homenagem o cidadão benemérito. 

Nas vésperas dos 24 de junho de 2025, ao assinalar os 200 anos da memória de seu falecimento em 24 de junho de 1825, sepultado no inexistente cemitério São Miguel, nota-se a ausência de iniciativa dos responsáveis do Arquivo Público e Câmara Municipal, realizar estudos e conscientizar a importância histórica da Rua Tristão de Castro, para o desenvolvimento comercial

Rua essa que foi ofertada para Matriz, 1 légua em forma de quadro, e que depois servil de via para interação da saída de Uberaba aos sertões das “províncias do Goyás e Mato Grosso”, além da expansão da cidade para a antiga praça Dr. Adjunto, que foi tomada para instalação da Têxtil Triângulo e hoje se notabiliza pela instalação de novos comércios.

Fonte: GUIDO, Bilharinho. Personalidades Uberabenses. Uberaba; CNEC, 2014

Anuário de Minas Gerais - Bello Horizonte, 1906. Ano I. Escritura do Tristão de Castro e doação.