Em Uberaba, poucos personagens populares foram tão lembrados quanto Luís Antônio Martins, conhecido por todos como Toninho da Carrocinha.
Luís Antônio Martins.
Foto do acervo de Uberaba em Fatos.
Na calçada, encostado com seu carrinho na parede da Drogasil, no meio do quarteirão do Calçadão, Toninho fez dali o seu território de existência. Marcado pela hidrocefalia e pela paralisia infantil, transformava as limitações em resistência, e a simplicidade em uma presença inesquecível.
Morador do bairro Abadia, todas as manhãs seguia, com a ajuda de familiares e amigos, até o Calçadão da Arthur Machado. No vaivém apressado do centro, encontrava gente de todos os cantos: recebia cumprimentos, trocava sorrisos e, muitas vezes, posava para fotografias. Mais do que pedir ajuda, Toninho se tornou parte da paisagem afetiva da cidade, lembrado pelo jeito peculiar e pelo humor que nunca lhe faltava.
Na parede, encostado com seu carrinho, Toninho transformava aquele espaço em território de existência. Ao seu lado, o amigo Bodinho, sempre presente, compartilhava sorrisos e cumplicidade. Juntos, tornavam cada dia no Calçadão mais humano e memorável, lembrando a todos que amizade e presença podem ser tão importantes quanto qualquer gesto grandioso.
Faleceu em 13 de outubro de 2010, aos 68 anos, vítima de complicações renais agravadas por pneumonia. Após sua partida, surgiram rumores de que teria vendido seu cérebro à Faculdade de Medicina. Histórias nunca confirmadas, mas que revelam como sua figura já habitava o imaginário popular.
Hoje, Toninho descansa no Cemitério Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, Quadra D1, Sepultura 324.
Ainda assim, permanece vivo na memória coletiva, como se cada pedra do Calçadão guardasse a lembrança de sua presença na parede da Drogasil, no meio do quarteirão. (Antônio Carlos Prata).
