sábado, 3 de agosto de 2019

LÉO DERENUSSON – O Comando de um Líder.

O tumulto estava formado. O corre-corre dentro da sede da ACIU estava em ritmo alucinante. A ansiedade tomava conta de todos. Aguardava-se a chegada da comitiva do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A apreensão era compreensível. A implantação da Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (FCETM), requerida pela Entidade, dependia exclusivamente do parecer desses técnicos.

O resultado de dezenas de viagens ao Rio de Janeiro; das inúmeras entregas de projetos, projeções, currículos e documentações; da insistência e persistência marcou encontro com a esperança na visita final.

Em 12 de outubro de 1965 foi autorizado o funcionamento da FCETM tendo como mantenedora a ACIU. Em 1966, ao entregar o cargo de presidente ao seu sucessor, Edson Simonetti, Léo Derenusson assume o cargo de diretor da faculdade, que foi instalada na própria sede da associação.

Um marco na vida da Entidade, preenchendo lacunas num período em que em Uberaba só existiam cinco cursos superiores: Filosofia, Odontologia, Direito, Medicina e Engenharia. Ao longo dos anos, a ACIU criou as graduações de Administração de Empresas (1974) e Ciências Contábeis (1984).

Credita-se ao economista e empresário Paulo Vicente de Souza Lima a ideia de criação da FCETM. Juntaram-se a ele com o mesmo propósito os advogados Augusto Afonso Neto e Ronaldo Benedito Cunha Campos, entre outros.

A sugestão levada para a ACIU foi como uma semente lançada em campo fértil, pois a Entidade tinha o propósito de dotar a cidade de um curso para especialistas na área econômica.

Ao assumir a empreitada que terminou coroada de êxito, Léo Derenusson imprimiu sua marca de liderança na história da ACIU. Assumindo a administração da Entidade no período de 1964/1965, fruto do acordo entre o ex-presidente Aurélio Luiz da Costa e o Conselho Consultivo presidido por Mário Pousa, Léo surpreendeu a todos com sua dinâmica de trabalho.

A gestão de Léo frente à ACIU foi muito expressiva. A implantação da TV, iniciada na administração anterior, teve seus rumos modificados em decorrência de erros técnicos da TV Tupi, obrigando a Entidade a mudar a torre de Buritizal para Abacaxizal, SP. A atitude gerou custos, que forçou o envolvimento dos uberabenses para sua solução. Só assim o município pode finalmente contar com o sinal da TV em 1966.

Em 1965, cria com o jornal Lavoura e Comércio a festa de homenagem ao Comerciante do Ano.

Nesse mesmo ano, não relutou em visitar o Nordeste na busca de empresas interessadas nos incentivos fiscais da região do Triângulo. Uma viagem penosa de Uberaba a Salvador, BA, realizada em meu pequeno fusca na companhia do presidente e do diretor Mário Salvador.

Após um percurso de 3.000 kms, a viagem até Recife se fez através da Cruzeiro do Sul. As decepções decorrentes da falta de transparência das empresas da área da Sudene se constituíram na força motora para a criação das reflorestadoras de Uberaba.

 Léo Derenusson. Foto: Acervo da família.

Léo lutou muito pela implantação da Cidade Industrial. Plantou uma muda que se transformou em uma frondosa árvore 10 anos após, na inauguração dos Distritos Industriais II e III.

Participou de todos os simpósios e congressos destinados à luta pela construção e asfaltamento da BR-31 (262). Conseguiu um desconto de 20% de redução em todos os lançamentos de impostos municipais em 1964 e participou, no interesse das empresas, da elaboração da nova legislação do Código Tributário do Município.

Em 1966 foi chamado pelo prefeito Arthur Teixeira para transformar o Departamento de Águas em uma Companhia Mista. Participei dessa empreitada como diretor administrativo na companhia do Padre Antônio Fialho como diretor financeiro, sob o comando de Léo Derenusson na presidência. Assim nasceu o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (CODAU).

Como líder classista, Léo Derenusson criou e presidiu por muitos o Sindicato das Indústrias Mecânicas. Assumiu nas décadas de 70/80 a vice-presidência da FIEMG e por muitos anos atuou como juiz classista na Junta de Conciliação e Julgamento de Uberaba. Humanista por natureza, herdou o espírito associativista de seu pai, Paulo José Derenusson, presidente da ACIU em duas gestões.

Formado em Direito, Léo foi sócio por algum tempo da Reflorestadora Triflora. Dois anos após, criou sua própria empresa, a Minas Seiva Reflorestamento, juntamente com seus filhos Paulo José Derenusson Neto, Antônio Augusto Derenusson e os amigos Ney Junqueira, Orlando Abreu, Caio Lucio Fontoura e Silvio de Castro Cunha.

Sua principal atividade empresarial, exercida por quarenta anos, foi a de revendedor de carros Ford, herdada de seu pai. A empresa Derenusson S/A foi condecorada pela Ford pelos 75 anos de atividade.
Nascido no Rio de Janeiro em 21 de julho de l918, Léo Derenusson é exemplo de amor à sua terra, de entrega na comunhão comunitária e de dedicação à família.

Faleceu em 14 de dezembro de 1999, aos 81 anos, deixando viúva Nobertina Ribeiro Cortes Derenusson. Eles tiveram cinco filhos que dão continuidade aos ideais do patriarca - Paulo José Derenusson Neto, casado com Vera Maria Terra Cecílio; Antônio Augusto, casado com Maria Lucia Castro Cunha; Luís Carlos, casado com Ana Amélia Nogueira; Leozinho, casado com Beatriz Bruna; e Léia, casada com Wilson Nelli.

Para a comunidade restou como lembrança de seu nome, a placa Rua Doutor Léo Derenusson, no bairro Alfredo Freire II. Para os parentes e amigos, restaram as saudades eternas.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – ACIU – José Paulo Derenusson Neto – José Mousinho Teixeira.






Cidade de Uberaba


JORGE DIB NETO – Um idealista por natureza

Devolver dinheiro para Prefeitura Municipal? Isso nunca vai acontecer! Assim se manifestaram algumas pessoas ao tomarem conhecimento do pedido feito pelo recém-eleito prefeito Hugo Rodrigues da Cunha (1973/1977) para a Construl, empresa que construía a capela ao lado do cemitério.

A solicitação era para que ela paralisasse as obras e devolvesse as verbas que já tinham sido liberadas pela administração anterior. Havia premência para que esses recursos fossem alocados para outras obras prioritárias.

Certamente, os manifestantes não conheciam o presidente da empresa, o engenheiro Jorge Dib Neto, que não só atendeu prontamente a solicitação como isentou o município do pagamento da multa contratual.

Um caso raro no mundo empresarial. Assim era Jorginho, então presidente da ACIU. Em sua gestão (1972/1973), junto com sua diretoria, abriu uma nova página na história do desenvolvimento de Uberaba.

Atuou em todos os segmentos de interesse da comunidade e dos associados. Para eliminar as dificuldades decorrentes da falta de integração deste território com os grandes centros consumidores do país, promoveu o 1º Simpósio Rodoviário a fim de melhorar nossa malha rodoviária.

Nesse período, Jorge se engajou na luta para instalação de um terminal de gasoduto em Uberaba, através de inúmeros contatos com o Ministério de Minas e Energia.

Na área de Educação, se desdobrou para a criação do Curso de Administração de Empresas na Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (FCETM).

Seu grande destaque foi o de perceber que havia uma lacuna no desenvolvimento do setor industrial. Naquela época, os pilares da economia do município se assentavam quase que exclusivamente no setor rural, no comércio - com destaque para as concessionárias de veículos - na educação, na prestação de serviço – meca da Medicina - e nas indústrias vinculadas ao agronegócio, como Cooperativa de Leite, Matadouro Industrial e dezenas de máquinas de arroz.

Sob o controle estatal, o Distrito Industrial, criado no governo de João Guido, já abrigava a Cia. Têxtil do Triângulo, o Abatedouro Avícola Paranaíba e o Curtume Triângulo.

Preocupado com a situação, Jorge Dib Neto, em agosto de 1972, criou com sua diretoria, sob a direção do vice Gilberto Rezende, a “Operação Indústria”, da qual participavam Wagner do Nascimento, vice-prefeito e representante do CDI (Cia. dos Distritos Industriais), Joaquim Prata dos Santos, pelo Sindicato Rural, Zito Sabino de Freitas, pela ABCZ, Bernardo Pucci, pelo Sindicato do Comércio, representantes do Rotary, Lions, OAB, Academia de Letras, Lojas Maçônicas, Sindicatos Patronais e de Empregados.

O objetivo não era somente trazer empresas que viessem reforçar nosso parque industrial através da oferta de incentivos fiscais. Consistia também na ajuda mútua para ampliação das indústrias já implantadas por meio de empréstimos dos organismos financeiros, que também participavam dessas reuniões como o INDI e o BDMG.

Nos encontros com todos os representantes comunitários liderados pela ACIU, foram aprovados os programas que foram repassados ao prefeito Hugo Rodrigues. Foi uma grande contribuição para a abertura de uma nova era que redundou na criação de dois Distritos Industriais e na instalação de inúmeras indústrias, com destaque para o complexo Fosfértil no DI III e a Minasplac, no DI I.

Esse grande movimento envolveu toda a comunidade e foi responsável também pela criação da CODIUB e das Secretarias de Indústria e Comércio (hoje Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo) em Uberaba.

Jorge Dib Neto.

Jorge Dib Neto sempre foi um idealista. Sua participação no Lions Clube Uberaba, do qual foi um dos fundadores e presidente, deixou exemplos que se frutificaram. Ajudou Mário Palmério a criar o curso de Engenharia Civil na FIUBE (Uniube), do qual foi diretor e um professor exigente por décadas.

Como era querido pelos seus alunos, dezenas de vezes foi convidado a participar das formaturas como patrono ou paraninfo.

Na área política, Jorginho também deu sua colaboração como secretário de Obras no governo de Silvério Cartafina Filho.

Jorge Dib Neto, filho de Miguel Jorge Dib, (Miguelzinho da Loja São Geraldo), nasceu em 1933 e tinha como irmãos Demilton Dib, um dos maiores e mais requisitados arquitetos brasileiros, Carlos Antonio Dib, médico, José Facury Dib e Gilberto Dib, engenheiros, e Vilma.

Faleceu em 2006 e deixou viúva Deusedite Martins Dib e três filhos – Raquel, Ângela e André.
Deixou também uma permanente saudade entre seus amigos e admiradores que esperam pelo reconhecimento de toda a comunidade por seu exemplo e dedicação.

Gilberto Rezende - Ex-presidente e membro do Conselho Consultivo da ACIU e do CIGRA. Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes: ACIU e Jornal da Manhã







Cidade de Uberaba

SAURO BÓSCOLO E SUA FAMÍLIA DE EMPREENDEDORES

Nascido em Adria, em 02/07/1890, Sétimo Bóscolo, junto com seus familiares e centenas de outros imigrantes partiram da Itália no início da década de 1910 com destino ao Brasil. Sufocavam as saudades do torrão natal com as esperanças de uma nova vida em um país que acabara de enterrar uma monarquia.

O destino o trouxe para Uberaba. Com grande senso em oportunidades, Sétimo em pouco tempo já tinha sua fazenda e seu próprio comércio. Foi um dos fundadores da ACIU com direito a retrato no quadro dos pioneiros. Na década de 50, era membro da Loja Maçônica Estrela Uberabense fundada em 1949 na praça Comendador Quintino.

Sétimo casou-se com Josephina Silvati Buchianeri, filha de cônsul italiano no Brasil e nascida na América do Norte. Sétimo faleceu em 17/07/1964 tendo sua esposa, por coincidência, falecida no mesmo ano. Desse casamento nasceram três filhos, Sauro, Nelson e Dora.

Dora, hoje com 94 anos, viúva de Nelson Valentim, gerou 4 filhos, dos quais Nelson Valentim Jr e Lenira atuam na esfera empresarial e Lisete com Andréia, na área de odontologia.

Nelson, com 92 anos, foi um dos proprietários da Destilaria Gaia e um dos fundadores da empresa Floryl - Florestadora Ypê Ltda. Por alguns anos, participou ativamente como diretor da ACIU.

Casado com Iris Gomes Bóscolo, Nelson tem orgulho dos seus cinco filhos, onze netos e seis bisnetos – o renomado médico Ronaldo casado com Adriana Cartafina Perez, 4 filhos e 2 netos; Sétimo Neto, médico e empresário, ex-presidente da Unimed na qual se destacou com seus relevantes serviços, casado com Ana Lúcia Soares Almeida, 2 filhos e 1 neto; Nelson Jr., empresário casado com Mara Denise Paschoaline, 3 filhas e 2 netos; Renato, divorciado com 1 filha e Denise, divorciada, 2 filhas e 1 neta.

O mais velho dos irmãos, Sauro, egresso da fazenda do pai e por algum tempo sócio de seu irmão Nelson na Destilaria, foi também sócio na empresa Floryl que acabou se integrando no grupo da empresa Triflora, da qual participávamos na década de 70 e que, posteriormente, foi transferida para a Shell do Brasil.

Sauro Bóscolo.

Sauro se casou com Dira de Oliveira com a qual teve oito filhos e dezessete netos – Regina, casada com Sinfrônio da Veiga, empresária em Belo Horizonte com 3 filhas; Maria Josefina (Pina), já falecida, deixou viúvo José Elias e uma filha; Estela, empresária em Uberaba, esposa de Roberto Fontoura, 2 filhos; Sauro Jr. com a esposa Ana Maria Facure, 2 filhos; Flavio, casado com Lucélia de Freitas, uma filha; Sérgio com sua Ana Lucia Queiroz, 3 filhos; Paulo Renato, casado com Luzelma Franco, 3 filhos e, Ricardo, casado com Patrícia Oliveira, 2 filhos.

Com o crescimento da família, os irmãos resolveram se separar para criar novos empreendimentos. Nelson continuou com a fábrica de refrigerantes e fez investimentos no setor imobiliário, mas o destino reservou uma trajetória diferente para o Sauro.

Seu pai, Sétimo Bóscolo, que sempre usava a via aérea para ir a São Paulo em tratamento de saúde, conheceu em uma destas viagens um engenheiro da Companhia de Força e Luz de Uberaba que manifestou interesse em construir uma fábrica de materiais elétricos. Vislumbrou que uma indústria dessa natureza se enquadrava no perfil de Sauro.

São essas oportunidades que deve encontrar a pessoa certa no lugar certo e na hora certa. Feita as apresentações, nasceu, em 1959, a empresa Eletrotécnica, primeira fábrica de para-raios brasileira e que, neste ano de 2019, completa 60 anos de atividades. Uma grande ousadia em uma época em que a cidade tinha o seu projeto de desenvolvimento assentado no setor agropecuário.

Por ser a única fábrica brasileira com avançada tecnologia desenvolvendo produtos de alto padrão e sem similares no país, a indústria teve um rápido crescimento, obrigando sua transferência de sua sede inicial na antiga avenida Brasil, hoje Fidélis Reis, para o Distrito Industrial I.

Ganhando espaços no mercado internacional, parcerias foram firmadas com a Alemanha, Estados Unidos e toda a América. Produtos fabricados pela Eletrotécnica em Uberaba eram sinônimos de qualidade, motivando sua procura pelas grandes concessionárias do Brasil e do exterior.
Quando os produtos subsidiados pela China começaram a entrar com força nesse mercado e se espalhou por todo o mundo, Sauro reestruturou sua empresa e criou com seus filhos outras para agregar valores.

Para coordenação de todas as atividades, criou-se a “holding” com a designação de grupo AEL englobando as empresas Eletrotécnica, a Eletrocerâmica, comandada pelo Flavio, a Eletrometalúrgica e a Incel – Indústria Nacional de Componentes Elétricos - sob o comando de Sauro Jr.

Atualmente o grupo produz isoladores, chaves elétricas e eletro ferragens para postes. Além da Agropecuária 7B, foi criado também a Transportadora 7B, sob a administração do Sérgio, para o transporte dos produtos.

Apesar de a AEL não ser a maior organização brasileira do setor, ela é a mais completa. Fabrica tudo que existe em postes de iluminação, com exceção de lâmpadas e fios. Uma série destes equipamentos elétricos foram desenvolvidos pela própria organização. Uma demonstração da capacidade e do talento de seus administradores.

A história da ACIU registra a presença de diversas gerações dos Bóscolos em seus quadros. A atuação de seus membros em diversas diretorias, iniciada pelo Sétimo em 1923 e continuada pelos seus filhos Nelson e Sauro e mais recentemente pelos netos Nelson Jr. e Sérgio, demonstra o espírito de associativismo familiar.

Em que se louve o trabalho de todos, o de maior destaque ficou com o Sérgio que, em 1996, que, eleito vice-presidente da entidade, teve de assumir o comando da Casa até 1997, em decorrência do falecimento em pleno mandato do presidente Antônio Carlos Guillaumon.

Sérgio, em sua gestão repleta de realizações, entre outros feitos, conseguiu a implantação da ETFG - Escola Técnica de Formação Gerencial -, a realização da FÁCIL - Feira de Comércio e Indústria de Uberaba - parceira com a ABCZ, a LIQUIDABERABA, em parceria com o CDL e instituiu o Troféu “Antônio Carlos Guillaumon” para homenagear empresários de destaque.

Em resumo, esta é a história de um sonhador que veio da Itália para Uberaba e aqui constituiu uma grande família. Seus filhos criaram empresas e empregos e um deles, Sauro, ainda formulou produtos para vender para a Itália e o resto do mundo.

Sauro Bóscolo nasceu em Uberaba em 22 de dezembro de 1921 e faleceu em 30 de Junho de 2009, com mais de 87 anos.

“Sétimo Bóscolo” é hoje nome de uma rua localizada no bairro do Fabrício.

“Sauro Bóscolo” é hoje nome do Distrito Industrial I, onde se localiza as seis empresas do homenageado. Deixou exemplos edificantes de trabalho e de amor à família. Deixou saudades para os seus familiares e para todos os seus amigos.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM) e ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes: ACIU, Jornal da Manhã, Guido Bilharinho, Sérgio, Sétimo Neto e Adriana Cartafina Perez Bóscolo.

Foto – Sauro Bóscolo.






Cidade de Uberaba

terça-feira, 30 de julho de 2019

UBERABA ! Ô DÓ !....

Oi, turma !

( Informação e opinião, valem muito mais que um tiro de canhão ! )


Ando muito sorumbático, irmão gêmeo do macambúzio, quando relato e relembro atos, fatos e boatos da minha Uberaba. Não sei se por ter vivido momentos inesquecíveis da sagrada terrinha, convivendo com uberabenses de personalidade forte, altivos, altaneiros e edificantes, que engrandeceram a terra pátria, certo é que a nossa cidade já viveu grandes épocas. Uberaba, em qualquer setor de atividade, era reverenciada Brasil afora. Uberabenses de proa, pontificaram-se em todas as lutas em que foram envolvidos. Era comum ler na grande imprensa, um filho da santa terrinha recebendo elogios por trabalho realizado. Hoje...

Jacob Palis Júnior, mago na matemática mundial, Ademar Lopes, recebendo honrarias pelo seu trabalho na oncologia, Augusto César Vanucci, detentor de “Gramy’s” internacionais, pela sua atuação na TV brasileira. Embaixador Carlos Alberto Leite Barbosa, dirigindo as maiores embaixadas brasileiras, Romeu Sérgio Meneghello, Diretor de dois dos mais importantes hospitais brasileiros, ” Albert Einstein” e “Dante Pazanezzi”, Murilo Ferreira, ex -Presidente da Vale e um dos maiores executivos do Brasil, Antônio Carlos de Brito, o “Cacaso”, letrista mais poético do Brasil, José Pedro de Freitas, detentor de prêmios como dirigente de TVs.nacionais, Gilberto Salomão, um dos “ construtores de Brasilia”, Wilson Moreira, eleito o melhor Prefeito de cidades brasileiras, na prefeitura de Londrina (PR). Sei que a minha frágil lembrança, omitiu nomes de uberabenses consagrados no Brasil. Perdoem-me. O analfabetismo, ignorância dos atuais dirigentes de Uberaba, é incapaz de conhecer as façanhas desses nobres conterrâneos. Duvido que a imprensa local, conheça a metade desses uberabenses ilustres...

Nunca é demais lembrar aqueles que no século passado, edificaram o mural das nossas conquistas. Mário Palmério, Fidélis Reis, Marcelino de Carvalho, Antenógenes Silva, Joubert de Carvalho, Nina Chavez, Álvaro Lopes Cançado (Nariz) , Pedro Moura, Glycon de Paiva, Avelino Ignácio de Oliveira, Maurilio Cunha Campos Moraes e Castro, Alaor Prata, Urbano Lóes, José Vianna, Wanderley Greifo, glórias uberabenses que cintilaram no Brasil inteiro. Quando lhes perguntavam onde haviam nascido, gritavam a plenos pulmões: Nasci em UBERABA ! Amor com amor se paga; amar a terra da gente, é um preito de gratidão e alegria ! Infelizmente, mais da metade dos nomes citados, não são conhecidos dos nossos atuais analfabetos na vivificante e grande história da sempre amada Uberaba ! É de dar dó!!!!!

A geração atual perdeu o senso de cidadania. A cidade está entregue às traças. Estamos perdendo nossas conquistas, nossos valores. Covardemente ou por total ignorância da importância da nossa cidade, são incapazes de um gesto altruístico em favor da terrinha. Pensam apenas nas eleições de 2020, onde, mentirosamente, com a cumplicidade da imprensa comprometida e servil, mesmo conhecendo a fajutice dos “ 200 anos”, insistem em alimentar tão medíocre mentira. Nunca em tão pouco tempo, Uberaba foi dirigida por gente tão incapaz.

À bênção, Claudio Zaidan, Fábio William, Fernando Vanucci, Jorge Zaidan Jr., Paulo Frange e Alda Marcantônio, únicos uberabenses na atualidade, a “ segurarem” o nome sagrado da imortal e santa terrinha! “ Marquez do Cassú”


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domingo, 28 de julho de 2019

Ex-aluno da Uniube vai apresentar o Jornal Nacional da Globo.

Para comemorar os 50 anos do Jornal Nacional, a Rede Globo selecionou jornalistas de 26 Estados mais o Distrito Federal para ocuparem, por um sábado, a função de William Bonner e Renata Vasconcellos. O ex-aluno de Jornalismo da Universidade de Uberaba (Uniube), Fábio William, de 53 anos, formado em 1987, foi um dos escolhidos. Ele vai representar a região de Brasília na bancada do JN, onde atua como editor-chefe e âncora do DF1, telejornal local da Globo na capital federal.

Para comemorar os 50 anos do Jornal Nacional, a Rede Globo selecionou jornalistas de 26 Estados mais o Distrito Federal para ocuparem, por um sábado, a função de William Bonner e Renata Vasconcellos. O ex-aluno de Jornalismo da Universidade de Uberaba (Uniube), Fábio William, de 53 anos, formado em 1987, foi um dos escolhidos. Ele vai representar a região de Brasília na bancada do JN, onde atua como editor-chefe e âncora do DF1, telejornal local da Globo na capital federal.

Fábio iniciou a carreira na Rádio Sete Colinas AM quando ainda estava no segundo semestre da universidade. Um ano depois, começou a trabalhar na TV Uberaba, afiliada da extinta Rede Manchete. Mais tarde, foi para Brasília, com passagens nas TVs Record, Bandeirantes e Apoio. Também atuou por 20 anos como locutor de rádio, ganhando importantes prêmios e títulos por causa da boa atuação.

Desde 1996, ele está na Globo, na qual já atuou como repórter de política e fez coberturas de fatos importantes para todos os telejornais da emissora. Em 2011, tornou-se editor-chefe e âncora do DF1, substituindo o jornalista Alexandre Garcia. Desde 2013, faz parte do rodízio de apresentadores do Jornal Hoje, aos sábados, nas folgas de Donny de Nuccio e Sandra Annenberg. (JU).


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As valiosas mangueiras de Alexandre Barbosa

No peculiar texto publicado em 1916 no álbum: Uberaba: a Princesa do Sertão, organizado por Roberto Capri, é apresentada a interessante produção de mangas do engenheiro agrônomo uberabense Alexandre Barbosa. 

No bairro Mercês, às margens da antiga rua Cassu, no entorno onde hoje é a rua que leva seu nome, Alexandre Barbosa cultivava mais de 3000 árvores de inúmeras variedades de manga, nas terras que eram chamadas de Chácara das Mangas. As mangas de Alexandre Barbosa, como diz o texto, eram vendidas em mercados do Rio de Janeiro e São Paulo. Além das frutas, eram distribuídas mudas da espécie. É importante dizer que, desde o final do século XIX, os triangulinos rumavam a Índia à busca de importar o gado Zebu, a exemplo de Teóphilo de Godoy, Armel Miranda, Ângelo Costa, João Martins Borges, Alberto Parton, Quirino Pucci, Josias Ferreira de Morais, entre outros que nos anos posteriores a 1916, seguiriam o destino da distante colônia inglesa da Ásia.

Em meio a demais novidades, os importadores de Zebu traziam em sua bagagem, mudas de mangas para Alexandre Barbosa que ainda não eram produzidas no Brasil, o que faria de seu pomar um dos viveiros mais diversificados do país da saborosa fruta. Até hoje ao passar pela rua Alexandre Barbosa, é possível observar em suas laterais algumas mangueiras remanescentes daquela época. Nesse espaço, ele também desenvolveu novas variedades da manga.


Mas quem foi Alexandre Barbosa?

Alexandre Barbosa era engenheiro agrônomo, tendo se graduado no Instituto Zootécnico de Uberaba em 1898. Essa foi primeira escola de ensino superior fundada no Triângulo Mineiro.

Nesta única turma do Instituto Zootécnico de Uberaba, estudaram com Alexandre Barbosa, outras proeminentes figuras do cenário político, intelectual e social de Uberaba, como: Hidelbrando Pontes, Fidélis Reis, José Maria dos Reis e Militino Pinto de Carvalho.


A referência na formação desta brilhante turma foi o diretor e professor do Instituto Zootécnico, Frederich Draenert. Alemão de Weimar, Draenert mudou-se para o Brasil em 1855 quando foi contratado pelo Barão de Paraguassu (Cônsul Geral do Brasil em Hamburgo) para educar os filhos de um dono de engenho na Bahia. Foi professor da Escola técnica da Bahia que ajudou a criar em 1877. Em 1889 foi nomeado consultor técnico do Ministério da Agricultura e, em 1896, chamado para dirigir o Instituto Zootécnico de Uberaba. Escreveu inúmeros artigos científicos, motivo pelo qual teve reconhecimento internacional

Nas primeiras décadas do século XX Alexandre Barbosa familiarizava-se com o Anarquismo. Nos anos de 1920 integrou-se ao comunismo. Correspondeu com jornais internacionais como L´Humanité na França e produziu inúmeros artigos na imprensa uberabense. Barbosa também foi autor do mais completo dicionário da língua Caiapó que se tem notícia, segundo pesquisas do antropólogo Odair Giraldin. Este pesquisador, professor da Universidade Federal de Goiás, encontrou o dito documento por acaso no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), datado de 1918. O documento produzido por Alexandre Barbosa possibilitou um inédito estudo sobre o assunto. Cf. GIRALDIN, Odair. Cayapó e Panara: luta e sobrevivência de um povo. 1994. 208 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994.


Por Thiago Riccioppo: Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU, historiador da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba e Gerente Executivo da Fundação Museu do Zebu Edilson Lamartine Mendes.


Fontes:

CAPRI, Roberto. Uberaba: a princesa do Sertão. São Paulo: Capri, Andrade & C. Editores, 1916.

GIRALDIN, Odair. Cayapó e Panara: luta e sobrevivência de um povo. 1994. 208 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994.

MACHADO. Sonaly. História do Instituto Zootécnico de Uberaba: uma instituição de educação rural superior (1892-1912). 2009. 232 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2009.

RICCIOPPO FILHO, Plauto. Ensino Superior e Formação de Professores em Uberaba/MG (1881-1938): uma trajetória de avanços e retrocessos. 2007. 508 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Mestrado em Educação, Universidade de Uberaba, Uberaba, 2007.


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Cidade de Uberaba

E A VIDA (NOTURNA ) CONTINUA.

Oi, turma!


(Quando a consciência é limpa, até o travesseiro é macio...)


A boêmía de Uberaba não se cingia apenas na rua São Miguel. O lado dito sadio e moralista, era patente. A vida noturna da santa terrinha, sempre correu célere nos barzinhos da moda, no churrasquinho da esquina, na vendinha do bairro, do cachorro quente da praça e, ao mesmo tempo da euforia da zona de meretrício, despontavam também as “boates” familiares. Se a memória não me trair, nos áureos tempos da hoje “ morta” rua Artur Machado, mormente no trecho do “calçadão”, o primeiro empresário a acreditar em modernismo, foi Fausto Salomão.

Ao inaugurar a primeira cafeteria , à máquina, café cremoso, o “Hawaí Café”, ele inovou. Antes era o café de “coador”, gostoso por sinal. Os bares badalados eram o “Mosquito”, “Uberaba”, “Indubrasil”, “Eldorado” e mais à frente, o saudoso “Café Caipira”. Fausto Salomão, foi além . Na parte superior do café, montou o “Hawai danças”, primeira pista para a jovem guarda esbaldar-se. A “boate” tornou-se o ponto de encontro da juventude da terrinha.

Tempos depois, louve-se o espírito empreendedor de José Ernesto de Oliveira, que, com a cara e coragem, construiu nos fundos da Artur Machado, frente para a avenida Fidélis Reis, hoje, prédio da Embratel, uma “boate”nos padrões de Rio e S.Paulo, a “Yucatan”. Por ela passaram Ary Barroso, Elizete Cardoso. Bienvenido Granda, Ângela Maria, Dalva de Oliveira, os mais famosos artistas e cantores da época (50/60).Música ao vivo, pista moderna, salão altamente “chic”, som de primeira. A “Yucatan”, deu-se ao luxo de na parte externa, ter um lago artificial e peixes coloridos. Foi noticia nos cadernos de turismo do Brasil inteiro.

Na travessa Quintiliano Jardim, a moçada também divertia. Ronaldo Pinto Cruz, instalou na parte superior de um daqueles predinhos, a “boate Tan-Tan”, coqueluche da moçada. Os bares “Kanequinho” e “Bull-Dog”, davam a tônica do famoso ponto de encontro da juventude. Na Artur Machado, a “Barrica Vermelha”, vivia lotada da mocidade. Dorival, o proprietário, coitado, eleito prefeito de Mauá(SP), morreu assassinado. No final da Artur Machado, onde funcionara a “boate Luna”, da tia Lêda, os jovens lotavam as novas dependências e o sucesso do “Top-Drinks”, marcou época..

Na atual praça “Markito”, confluência da Fidélis Reis com Odilon Fernandes, quem não se lembra do “Coimbra”? As noites dos finais de semana, eram povoadas por uma turma jovem de moças e rapazes. E as opções não paravam aí. Tinha o “mingau” do Jockey Club, as matinês do Tênis e a alegria da Associação Esportiva e Cultural. Isso, sem contar com os saraus dos Centros Acadêmicos (Medicina, Odontologia, Engenharia e Direito) sempre lotados em esfuziante alegria.

Já os casais com namoro adiantado, preferiam a “ boate Barroco” (esquina da Fidélis Reis com João Caetano), do saudoso e grande artista plástico, Ovídio Fernandes, cuja decoração era os quadros por ele pintados. A “Barroco” foi o grande ponto cultural da cidade. Daqueles tempos aos dias de hoje, quase tudo mudou. Hábitos, costumes, bebidas, namoro, roupas, gosto musical, nada lembra décadas passadas. Ficou apenas a saudade dos moços(as) de ontem.

Os jovens escolheram outro tipo de divertimento. O romantismo cedeu lugar à modernidade. Só uma coisa permanece: o gosto pela vida noturna. Bares, “boates”, novos locais, fazem a alegria da juventude atual. Quem duvidar que atire a primeira pedra! Marquez do Cassú”.






Cidade de Uberaba

CADA COISA...

Oi, turma!

( O que é da onça, o lobo não come...)


Jovens leitores me perguntam onde ficava a rua São Miguel. Era bem central. Atrás da Catedral Metropolitana, no comecinho da Capitão Manoel Prata, trecho conhecido naqueles tempos, por “mijadouro”, onde os homens “vertiam água”, antes de chegar à zona. Na entrada, à esquerda, esquina da praça Frei Eugênio, o lendário “Tabú” ( com acento), do Antônio, gerenciado pelo cunhado, Shin Kikuichi. Na outra ponta, a venda do “seo” Armando Angotti . Depois, lado direito, as iluminadas casas da Tonica, Amelinha, Negrinha, Jovita, Tia Moça, antes de chegar na travessa Ernesto Pena, toda esburacada que a molecada chamava de “ beco dos aflitos”...Mais em baixo, descendo o morro, a “pensão” da Sudária.

Do lado esquerdo, a casa da Erotildes, “Casino Brasil”, Tubertina, Nena, Isolina e quase chegando na Vigário Silva, o bar “Boca da Onça”, do Caio “Guarda” ( favor não confundir com o “Buraco da Onça, né, Cebolinha?). O”Boca” não tinha portas. Ficava aberto dia e noite e era o refúgio dos pobres pinguços...

A rua São Miguel, já lhes contei, era o “espelho boêmio” de Uberaba. Referência da alegria, das noites indormidas, desespero de mães aflitas que rezavam pela volta do filho perdido na putaria. Fato não confirmado, mas, muito divulgado à época, afirmava que, lideradas por uma distinta dama da nossa sociedade, ela arrecadava dinheiro com as amigas e entregava para a líder do “Centrão da São Miguel”, para que as “ meninas” fossem sempre medicadas e assim, evitar doenças venéreas nos seus filhos e futuras noras...

A “São Miguel”, era o “ponto chic”, mormente para os viajantes. Cumpriam suas jornadas regionais e, 6ª.feira, aportavam na terrinha.Os “abonados”, ficavam no Grande Hotel, Regina e Pálace. Os “ casca dura” como eram chamados, hospedavam-se nas pensões. Certa vez, o Cacildo (nome fictício), cansado da viagem, vindo de Goiânia, banho tomado, fim de tarde, foi “aperitivar-se” no ‘Buraco da Onça”. Dalí, o jantar no “Galo de Ouro”, eram 3 passos...

Junho, fazia muito frio. Pediu uma sopa de macarrão. Jesuíno, o garçom solícito, atendeu. Sopa servida e o aceno do Cacildo:- “Jesuíno, que papelão. Olha aqui !” Mostra-lhe um enorme cabelo preto na sopa... Jesuíno, corou de vergonha. Chamou o Galileu, chefe da cozinha e o Alaor, gerente do Hotel e do “Galo de Ouro”. Os três, morrendo de vergonha, se desculparam e lhe ofereceram outro prato. Cacildo, agradeceu e foi embora.

Restaurante fechado, Jesuíno, como sempre fazia, deu um “ pulinho” na rua São Miguel. Em lá chegando, aquele alvoroço na casa da Negrinha. No quarto da Dorinha, menina recém chegada, um cara fazia o maior sexo oral . Pela buraco da fechadura da porta, era aquele “troca-´troca” total. Todo mundo vendo a cena. Na sua vez, Jesuíno não se conteve! Era o Cacildo, o figurante ! “Você me paga pela vergonha que passei”, pensou. Pediu uma cerveja, sentou bem defronte a porta do quarto e aguardou a saída do freguês.

Ao abrir a porta, todo arrumadinho, Cacildo, deu de cara, tom ameaçador, com o Jesuíno. –“Então, seu malandro, com escrúpulo na sopa e agora, todo mundo viu, praticando sexo oral! ‘cê num tem vergonha, não ?!” Calmamente, Cacildo, imperturbável, sentenciou:- “ Calma, Jesuíno, cada coisa no seu devido lugar. Imaginou , eu “lenhando” naquela floresta, encontrasse um “spaghetti?” Pano rápido. Beberam mais algumas cervejas e continuaram amigos...Marquez do Cassú.





Cidade de Uberaba


LÍNGUA DE FOGO

Oi, turma!
( Como dizem os políticos “ não tem virgem na zona”... )


Enquanto “teve vida”, a rua São Miguel, foi um dos locais mais seguros de Uberaba. O Delegado Lindolfo Coimbra, designou ao seu “ homem forte”, o escrivão Mário Floriano de Moraes, que por ter uma pinta no canto esquerdo do nariz, tinha o apelido de “ Pinta Roxa”, responsável pela guarda policial da cidade. Este, por seu turno, “nomeou” o cabo Tatá e o sargento Ranulfo, pela segurança, ordem e respeito, da zona do meretrício. Qualquer encrenca, logo era resolvida pela dupla.

Os “gigolôs” das ex-donzelas, tremiam de medo e eram incapazes de achacar a namorada, ou mesmo tentar agredi-la. “Cuidado, que eu chamo o cabo Tatá”, era a senha da mulherada.

 O máximo permitido, era dormir sem pagar o “ michê” das meninas... Fato hilariante que marcou a rua São Miguel, foi protagonizado por um jovem da terrinha, filho de família rica e frequentador assíduo da rua São Miguel. Com seus 20 e poucos anos, bancário, dinheiro no bolso, era querido pela mulherada.
Boa pinta, andava na moda. “Gumex” nos cabelos, barba escanhoada, camisas seda pura, calças de vinco bem passadas, sapatos sempre engraxados, fazia sucesso. Contudo, segundo as putas, tinha um costume estranho para a época, a prática do sexo oral. Seus amigos, quando ficaram sabendo, partiram para a gozação, “ o Cidão ( apelido falso) é um tarado”, diziam.

Apreciador da comia baiana, toda vez que “Cidão” se dirigia ao quarto da “companheira”, sem que ela percebesse, mastigava com gosto, 2 a 3 pimentas “malaguetas”. No auge da prática sexual, a mocinha não se continha e começava a gritar, frenéticamente:-“ai, ai, ai, tá ardendo demais !” ocê tem língua de fogo ! Para ! Para !” “Cidão”, delirava. Ria à cântaros do desespero da pobre coitada...

A fama do bancário correu, célere, em toda a “São Miguel”. Aquelas “sofredoras”, por medo ou vergonha, sei lá, não contavam para a nova parceira do “Cidão” e assim, o “língua de fogo” ia fazendo suas “vítimas”. A queixa das meninas era uma só:- “Credo ! Tô com ardume na perereca, até hoje”, reclamavam quando a “ prática” veio à tona...

“Cidão”, ficou famoso na zona. Chegava cedo. Banho tomado, 8 da noite, já estava na zona. Comia 2 espetinhos do Jaime, esquina da rua com a praça Frei Eugênio e ia para sua habitual aventura. Madrugadão, passava no “Tabu”, comia o delicioso sanduíche de pernil do Shin (alô, Waldir !) e voltava prá casa. Até que um dia...

“Cidão”, começou namorar”firme”, moça rica da terrinha. Casou. Ficou uns tempos, quieto. Não resistiu. Continuou mulherengo. Chegava em casa sempre pela madrugada. A mulher, desconfiada das andanças dele. A desculpa era uma só: estava jogando sinuca no bilhar do Manogra”. (Saudade do Manograsse Honório Campos...) Até que uma certa madrugada...

“Cidão” chega em casa. Pé ante pé, tira a roupa. A mulher acordada, espumando de raiva . Levanta-se e ele espanta:- “quéisso, mulher?!”
-On’cê tava ?” perguntou., séria.
-“Tava na casa do Dentinho de Ouro ! E daí ?”
Ela olhou o marido, de cima em baixo.
-“Mentiroso!”
-“Tá ficando louca, mulher ?”
Olhos marejados de lágrimas, o abraça, ternamente e diz:
-“Ocê tava jogando sinuca no Manogra né , meu amor!”
Daquele noite em diante, foram felizes para sempre! Marquez do Cassú.


Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

O ‘’CASINO BRASIL’’...

Oi, turma!

( Em casa de gato, rato não passa perto...)


A fama de Uberaba como cidade boêmia, extrapolou fronteiras e correu mundo. Vir a Uberaba e não conhecer a rua São Miguel , é como se fosse “a Roma e não conhecesse o Papa”... Nem a “casa da Ení”, em Baurú, foi tão famosa quanto a “ nossa rua do santo”...O “Casino Brasil”, era o ponto principal. Seus donos, Paulo e Negrinha, esmeravam no atendimento. Era o ápice das noites boêmias da terrinha. Mulheres lindas com o apelido de “bailarinas” ( hoje, elas são conhecidas como “modelos”...), vindas de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Rio verde, Jataí, Ribeirão Preto e alhures, faziam a festa e enchiam as “bolsas”, alegrando ricos, jovens e velhos fazendeiros que faziam de Uberaba, seu ponto comercial e na folga,agradar seu apetite sexual.

Moças lindas, loiras, morenas, aptas à “atividade sexual”. Corpo “violão”, muito em moda nos anos 50/60, pernas bem torneadas, lábios carnudos e provocativos e um batom vermelho que chamava a atenção; o perfume, a gente sentia à distância. Os puteiros, de um lado e outro da rua, tinham à porta, luzes vermelhas cintilantes, chamando a atenção. A São Miguel, ligava os bairros São Benedito ao d’Abadia. Durante o dia, trânsito normal; à noite, aquele burburinho!

Quando o sol escondia, logo ouviam-se os primeiros acordes da orquestra do “Casino Brasil”; músicos afinando seus instrumentos. As moçoilas de vida nada fácil, começavam a ouriçar ! Era só atravessar a rua e exibir-se para aquele munduréu de homens, ávidos e tarados por belo “programa”... A “pobreza”, coitada ! morria de ciúme, inveja e vontade em participar daquele lauto “banquete”. Ficava tão somente na vontade... 

Quando aparecia a primeira “ex-donzela”, vestido que mal cobria os joelhos, pernas roliças, coxas e bundas apetitosas, bem a gosto da “freguesia”, decotes generosos, seios que quase saltavam dos sutiãs, cabelos bem penteados, caindo nos ombros e começava a desfilar, a homaiada delirava ! Em questão de minutos, em dupla, loiras, morenas, altas e baixas, bonitas e mais bonitas, ia chegando e chamando a atenção do “cabaré” já quase lotado...

No palco, todo iluminado, rebolando a não mais poder, os primeiros travestis da terrinha. Os viados, “Birinha”, um crioulo forte e o branco “Diquinha”, peruca esfusiante, cantando e imitando a Ângela Maria, “Babalú...aiê...Babalú aiê” e o coro de palmas que se seguia...Com o comando do maestro “Docinho”, a voz romântica de Mauricio Silva, um dos mais perfeitos imitadores do maior “seresteiro do Brasil”, Sylvio Caldas. O salão, regorgitava de dançarinos!

As raparigas mais antigas da ”casa”, seguindo ordem do “Centrão”, faziam, no mínimo, dois “programas” por noite. As novatas, “trabalhavam” enquanto houvesse “freguês”. A festa seguia noite a dentro, até que, devidamente acompanhadas, tomavam o rumo de suas casas. As “ex-donzelas”, cansadas da guerra, iam para o seu sono, profundo e reparador, pois que, amanhã, a “luta” recomeçava...

Amanhã, conto-lhes como um jovem da santa terrinha, ganhou o apelido de “língua de fogo”. Vale conhecer. Obrigado pela atenção. Abraços do velho “Marquez do Cassú”.





Cidade de Uberaba

CENTRÃO!

Oi, turma !


( Lé com lé... crê com crê... entendido ?...)


Não resisti a tentação. Relendo antigos textos, deparei-me com esse. Peço vênia para repeti-lo, em homenagem àqueles que não tiveram a oportunidade de lê-lo.

Na década de 50/60, as donas dos bordéis da rua São Miguel, estavam preocupadas em perder a hegemonia e a liderança da vida noturna e boêmia da santa terrinha. Rumores corriam fortes que um “novo tempo” estava chegando, aparecendo “focos ”de outras casas, em meio às casas familiares, portanto, fora da zona, à atrapalhar o “rentável negócio” que a elas, pertencia.

Essas casas recebiam casais descasados, mulheres e homens casados e comprometidos e mocinhas “regateiras”, que não se sabe as razoe$$$, estavam também frequentando. As “cafetãns”,~ reuniram-se num lauto jantar no amplo salão do “casino Brasil”. Lá estavam: a Negrinha, Tubertina, Amelinha, Tia Moça, Nena, Sudária e Isolina e decidiram associar-se num amplo “ centrão” para barrar a investida que ameaçava o rentável negócio delas. Em “convenção”, sairiam as decisões das “ mandonas”do pedaço do pecado...

Primeiro, era necessário superar algumas “divergências” entre elas. Cínicamente, foram dados os “abraços de tamanduá” e a conhecida amabilidade da “troca de falsidades”... Afinal, diz o ditado que quando “o navio está afundando, não existem inimigos. Todos devem unir-se para salvar a embarcação”. A Negrinha trocou beijos com Tia Moça; a Nena deu um comovido abraço na Tubertina; de braços dados saíram Isolina e a Sudária. O pacto estava consolidado e recebeu o nome “Centrão da Putaria”. O “comando”, seria “ colegiado” .As casas com mais kengas, teriam o maior número de votos( desculpe, decisões...).

Vieram as primeiras, pois, não poderia perder tempo. O “inimigo” avançava. As “novatas ”não poderiam, por hora, mudar de partido,( perdão ! de casa)... Teriam que permanecer; ,caso contrário, perderiam o “bônus do rateio” da propaganda eleitoral (desculpem-me, outra vez !), quero dizer, sua parte no “michê”, controlado pelo ”Centrão” . Afinal, o “Centrão”, precisava frear o avanço dos” rendez-vous” e dos recentes motéis, que incomodavam bastante o velho e tradicional puteiro da rua São Miguel...

O que fizeram elas ? Passaram a exigir a mais absoluta higiene e fidelidade às casas, das putas recém chegadas. A obediência a essas determinações eram imprescindíveis a otimização dos futuros resultados. Aquela que fugisse às regras, seria levada ao conhecimento do “cabo Tatá” e do seu homem forte, o sargento Ranulfo, paras devidas reprimendas. Negrinha, Nena, Isolina, Tia Moça, Amelinha Sudária e Tubertina, comandantes do “Centrão”, não poderiam perder o controle dos seus filiados ( hi! Perdão outra vez...), do dinheiro, do poder e das negociatas, que exerciam na rua São Miguel. Era preciso ”trabalhar” para não perder o poder!

Só que as putas iniciantes queriam conhecer novos lugares, puteiros de luxo. A velharia não mais seduzia as ex-donzelas. Mesmo com todo o esforço do “Centrão”, ele não prosperou. Os motéis, cada um mais chique que o outro, as chácaras” especializadas”, tomaram conta do pedaço, sepultando,de vez, a saudosa e lendária rua São Miguel...

Segundo conta a história recente, muitos filhos daquelas distintas damas, mudaram-se para Brasilia e juntando às filhas e netas(os) das “damas da noite”, formaram um novo “Centrão”, voltado à política brasileira .É a fase que estamos vivendo... Abraços do “ Marquez do Cassú".


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Cidade de Uberaba



MOMENTO CULTURAL EM VERSO E PROSA

Ani e Iná pontuaram muito bem! 

Ontem vivemos momentos inesquecíveis no Shopping Uberaba. Mais uma vez a Academia de Letras do Triângulo Mineiro marca indelevelmente a sua presença indo onde o povo está. A abertura do evento com a execução do Hino da Academia, concebido por Harahilda Alves foi transcendente! 

Poetas Acadêmicos e outros convidados deram o tom com as suas declamações recheadas de lindas prosas. 

Livros foram sorteados e distribuídos, bem como belos poemas impressos também oferecidos ao público!

Músicas marcaram no ar enlevando-nos a planos superiores. A simplicidade e espontaneidade dos presentes fizeram a moldura do “quadro”.

Todos receberam Diploma de Participação sob aplausos da plateia. O som de altíssima qualidade permitiu que ressoássemos à distância e esse fato fez aglutinar pessoas que também voluntariamente declamaram seus versos e contaram causos. Uma menina (desculpem-me por não lembrar o seu nome) nos emocionou a todos. 

Nota máxima ao Acadêmico Pedro Lima que há tempo sugeriu esse projeto e hoje vê seu sonho realizado a convite do Shopping Uberaba!

Foi grande o número de membros da Academia, como também o de pessoas, inclusive famílias inteiras, admiradoras da ALTM. 

O MOMENTO CULTURAL EM VERSO EM PROSA ocorrido ontem me da uma certeza: estamos no rumo certo!

Está lançada a semente da I-SEMANA DE VERSO E PROSA. Vamos realizá-la?

A todos os que compareceram o nosso abraço afetivo.

Aos ausentes, eventuais ou eternamente, o mesmo abraço e saibam que suas ausências foram e serão para sempre sentidas. 

(João Sabino)

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Paróquia de Nossa Senhora D’Abadia – Romaria - Minas Gerais.

A Paróquia de Nossa Senhora d‘Abadia de Água Suja foi criada pela Lei Imperial nº 1.900, em 19 de julho de 1872.

O processo de povoamento do antigo Carmo da Bagagem (atual Romaria) deu-se principalmente por essa região ter apresentado a riquíssima presença de diamantes, cuja extração se iniciou em 1840, dando origem ao povoado de Água Suja. Entretanto, somente em 1867 um garimpeiro chamado Sebastião descobriu diamante no córrego de Água Suja.

A origem do povoado, além da presença dos diamantes, e posteriormente do ouro, se deve à migração dos trabalhadores que anteriormente estavam instalados em um antigo povoado conhecido por Bagagem-Diamantina (atual Estrela do Sul). Estes, por causa da Guerra do Paraguai (1864-1870), travada entre a Tríplice Aliança (Argentina, Uruguai e Brasil) e o Paraguai, foram motivados a se deslocarem da região para não serem convocados para lutar no conflito, visto que a região do Triângulo Mineiro serviu de certa maneira como base militar.

O nome “Água Suja” foi dado em razão do córrego do mesmo nome, que passa perto da região onde surgiu o povoado, e da terra vermelha que se desprende dos barrancos, dando a aparência turva do córrego.

A origem devocional do povoado de Água Suja em relação a Nossa Senhora d’Abadia advém da tradicional festa religiosa de Moquém (cidade localizada no estado de Goiás). Tal festa tinha grande significado para o povoado, pois durante anos os habitantes dela participavam.

Em 1869, o povoado de Água Suja pediu ao então bispo de Goiás (Diocese à qual o Triângulo Mineiro pertenceu até 1907), Dom Joaquim Gonçalves de Azevedo, que permitisse à região a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora d’Abadia (título de grande expressão, sobretudo para os portugueses). Tal pedido foi aceito por Dom Joaquim. Em 1870, o português Custódio da Costa Guimarães foi até o Rio de Janeiro e adquiriu a imagem de Nossa Senhora d’Abadia, na casa comercial de Franco & Carvalho. A imagem foi recebida com grandes festas e, após uma procissão, foi entronizada na Capela que, durante quatro anos, foi o espaço de veneração da imagem e celebração de sua festa. Em 1907, o vigário da época Frei Pio Antonãnzas Palacios solicitou a Dom Eduardo a elevação da Capela à categoria de Santuário Episcopal, pedido aceito em 18 de dezembro do mesmo ano.

A devoção rapidamente expandiu-se pela região do Triângulo Mineiro, chegando até mesmo aos estados de Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. Assim, as romarias surgiram e a popularidade da festa, iniciada em 6 de agosto, tornou-se muito grande. Durante o surto da gripe espanhola (1918), conta-se que muitos devotos pediram a proteção de Nossa Senhora d’Abadia e foram curados.

Em 1920, a festa de Nossa Senhora d’Abadia já estava comemorando seu cinquentenário. Dom Eduardo Duarte Silva, bispo diocesano, convocou todos seus diocesanos a participarem de tal festividade: “[…] sendo de nosso maior desejo que as solenidades deste ano jubilar se revistam de feérico brilho, para maior realce de tão grata e consoladora comemoração e para que a ela não deixem de comparecer, temos resolvido endereçar caloroso convite […] Como testemunho de nossa gratidão, a todos que atenderem a este nosso Convite, neste preito de gratidão, solenizando tão auspiciosa data jubilar, concedemos sessenta dias de indulgências.” A resposta dos fiéis foi grande e o relato fala da existência de 3.500 carros de bois e aproximadamente 45.000 fiéis.

Desta maneira, percebemos que a riquíssima tradição da Festa de Nossa Senhora d`Abadia já possuía grande valor religioso, e a motivação episcopal significava que sua expressão havia atingido um elevado grau na religiosidade popular, considerando a expressiva presença de romeiros que, ao longo dos anos, foram aumentando e popularizando ainda mais a romaria.

Para que o cinquentenário fosse o centro da religiosidade de toda sua Diocese, dom Eduardo endereçou também uma carta a todos os vigários pedindo a transferência das demais festividades marianas comemoradas em 15 de agosto para o dia 8 de setembro (natividade de Nossa Senhora) ou outra data, conforme carta endereçada em 6 de janeiro de 1920: “ […] para que não se venha a desviar qualquer parcela de devotos e romeiros […] resolvemos transferir para o dia 8 de setembro, ou para qualquer outra data a seu arbítrio, quaisquer festejos que em suas Matrizes ou Capelas filiais costumem ter lugar no dia 15 de agosto.”

A construção atual iniciou-se em 1932. Com autorização de Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, pôde ser usada antes mesmo de sua conclusão que se deu na década de 1960.

Em 25 de março de 1988, nosso segundo arcebispo, Dom Benedicto de Ulhoa Vieira, endereçou uma carta ao Santo Padre João Paulo II, pedindo a elevação do Santuário a Basílica Menor. Nessa carta, apresentou um breve histórico e argumentou seu pedido, destacando a média de fiéis que passavam pelo Santuário anualmente, cerca de 60.000 pessoas, além de afirmar que o Santuário era considerado o mais importante do Triângulo Mineiro.

Dom Alexandre, no dia 24 de março, declarou seu apoio à causa, dizendo que desde o início de sua administração tomara conhecimento da vigorosa religiosidade, pois além dos fiéis da região do Triângulo Mineiro, havia a presença de fiéis dos Estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e até mesmo do Rio de Janeiro.

No processo de elevação a Basílica Menor, consta que a alteração do nome de “Água Suja” para “Romaria” deu-se devido ao grande fluxo de romeiros e, em 1962, quando a Vila Romaria se emancipou de Monte Carmelo, passou a denominar-se “Romaria”. Contudo, como se verifica até mesmo na atualidade, o termo “Nossa Senhora d’Abadia de Água Suja” não se perdeu, em virtude da identidade religiosa fortemente presente.

A riqueza religiosa da festa de Nossa Senhora é evidente. Mais ainda surpreende o fato de que, no dia da festa em 1987, foram atendidas 2.226 confissões individuais e houve 6.000 comunhões, número bastante expressivo, chegando à presença de 20.000 fiéis na procissão.

Além disso, na década de 1970, de acordo com o processo de elevação a Basílica, foi ministrado a 400 fiéis o sacramento da Confirmação, enquanto a média de batizados chegou a 600.

Esses números corroboram uma reflexão acerca da religiosidade popular, pela expressividade das romarias, ainda responsáveis pela grandiosidade de manifestações religiosas, bem como de celebrações.

Este ano, o Santuário de Nossa Senhora d’Abadia de Água Suja completará 146 anos de história e, em 2022, será o jubileu de 150 anos. Pedimos a Nossa Senhora d’Abadia que continue abençoando o Triângulo Mineiro e derramando sobre nós infinitas graças.

Amanda Oliveira


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ACIU - Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba

A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba - Aciu nasceu em 16 de dezembro de 1923. A instituição foi a primeira entidade de classe criada na cidade e no triângulo mineiro. Com quase 100 anos de história, a Aciu sempre participou ativamente dos momentos de grandes decisões para Uberaba e sempre buscou o fortalecimento da classe empresarial. A entidade mantém o compromisso de promover o desenvolvimento da classe, liderando iniciativas de responsabilidade social, em benefício dos empresários uberabenses.

A Aciu promove o associativismo e o acesso à informação, incentivando os empresários a desenvolverem seus negócios e a crescerem no mercado. Atualmente a entidade possui uma Diretoria Executiva composta por 8 integrantes, uma Diretoria Titular com 25 membros, um Conselho Consultivo, e um Conselho Fiscal com 5 integrantes. Eleita por aclamação no dia 11 de dezembro de 2017, a diretoria da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba – Aciu, para o exercício do biênio 2018/2019, tem como presidente o empresário do ramo de descartáveis, José Peixoto, da JOMIG Ltda, e Anderson Cadima, da empresa Klin Shop, é o vice. Ambos estiveram à frente da instituição na gestão 2016/2017 e foram reeleitos para um segundo mandato.

Sempre em busca do desenvolvimento de Uberaba, a Aciu completou 95 anos em 2018. Sendo a mais antiga entidade classista de Uberaba, a Associação segue na defesa do empresariado uberabense, indo além das relações comerciais, consolidando-se como berço de iniciativas, visando o desenvolvimento econômico da cidade e promovendo debates entre a classe, as autoridades competentes e diversos representantes dos setores da economia. (ACIU)



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Cidade de Uberaba


História de Uberaba é a História da Câmara Municipal

A cidade inicia-se no século XVIII a partir da exploração do interior brasileiro, na busca do ouro. A Estrada do Anhangüera localizada entre o Rio Grande e o Paranaíba foi à primeira entrada no Triângulo Mineiro, comandada pelo bandeirante Bartolomeu Bueno. Aberta em 1722 tornou-se, por ordem régia posterior, o único caminho permitido para o transporte do ouro até Goiás.

Bem próximo ao local onde hoje está Uberaba, iniciou-se a extração do ouro, num lugarejo conhecido como Desemboque e mais de meio século depois, ocorre o esgotamento das minas. No início do século XIX, Major Eustáquio, morador do local, resolve explorar a região e encontra água em abundância e pastagens naturais do cerrado, condições muito propícias para a criação de gado e, conseqüentemente, uma saída econômica para o fim da mineração.

No Império, o governo doava as terras não cultivadas, num sistema conhecido por sesmarias. Após o extermínio e a expulsão dos Caiapós, acompanhando o Major Eustáquio, algumas famílias estabeleceram-se na região, depois que receberam terras por esse sistema. Assim, formou-se o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião. O registro da vida do Arraial se dava na Igreja Matriz (foto abaixo), instituição que documentava nascimentos, batizados, casamentos ou quaisquer outros acontecidos. Em 1836, o governo imperial determinou que se construísse o prédio da Câmara Municipal e o primeiro agente-executivo (termo equivalente à palavra “prefeito”) foi Capitão Domingos então irmão de Major Eustáquio.

No início, a atividade econômica mais relevante era a criação do gado chamado “pé duro” ou “curraleiro”. Como um dos importantes componentes da alimentação desse gado era o sal, rotas salineiras foram estabelecidas, Carros-de-boi traziam o sal e outras mercadorias, oriundas de São Paulo e Rio de Janeiro e levavam produtos da região, do Mato Grosso e de Goiás. Uberaba transformou-se em um entreposto comercial e surgiu outra atividade, fundamental para o desenvolvimento da cidade: o comércio. Tanto movimento justificou a chegada do trem de ferro, em 1889. Os trilhos vinham de Ribeirão Preto e acompanhavam as fazendas de café.

A cidade se desenvolveu e passou a abrigar – além das casas comerciais – bancos, livraria, cinemas, teatro, hotéis e escolas. Vieram os imigrantes e, dentre eles, arquitetos cujos estilos marcaram uma época de grande desenvolvimento. A estrada de ferro prosseguiu e seus trilhos alcançaram Goiás, Mato Grosso e outros centros comerciais. Com a desativação do comércio na cidade, iniciou-se a criação de gado zebu. Uberabenses foram até a Índia buscar os animais e aqui aprimoraram a raça, com trabalho genético e exposições do zebu que evidenciam o município no cenário nacional.

A cidade organizou seu espaço a partir da Praça Rui Barbosa. A principal Avenida Leopoldino de Oliveira localiza-se na parte baixa da Praça (sobre o córrego das Lajes) e dela se ramificam as colinas que formam os bairros. Por isso costuma-se falar “vou descer para o centro” ou “vou subir para casa”. As antigas, colinas eram: Boa Vista, Estados Unidos, Misericórdia, Matriz, Cuiabá e Barro Preto, destacadas pelo escritor Borges Sampaio, agente executivo de 1878 a 1883.

Texto, Marise Diniz.


Câmara Municipal, a história da sua vida.


Em 2012, Uberaba comemorou os 175 anos de instalação da Câmara Municipal.

Acompanhem os principais fatos.

07de Janeiro de 1837 - Instalada a Câmara Municipal de Uberaba

Instalada a Câmara Municipal de Uberaba. Deste ato, segundo Hildebrando Pontes, o único documento existente é o “Auto de Instalação da Câmara Municipal de Uberaba” (documento até então não encontrado) e a Lei que elevou o Arraial de Santo Antônio do Uberaba à condição de Vila.


03 de Março de 1854 – Uberaba quer ser Capital

Foram eleitos para nova legislatura municipal, entre outros, Joaquim Antônio Rosa, Antônio Borges Sampaio e José Ferreira da Rocha. Estes formularam uma representação ao Senado, Câmara de Deputados e Imperador D. Pedro II, ponderando que a distância que separa comarca do Paraná de Ouro Preto, provoca sempre tardia ação do governo, assim solicita a criação da Capital, em Uberaba ou na Vila do Pium-i. 


22 de julho de 1857 – De Vila à Cidade

São eleitos para a Câmara Municipal, entre outros, Francisco Rodrigues de Barcelos, Joaquim Antônio Rosa, José Teixeira Alves de Oliveira e João Batista Machado, que passa a ter nove vereadores, em decorrência da Lei provincial mineira nº 759 que elevou a Vila de Santo Antônio de Uberaba á categoria de cidade em 2 de maio de 1856.


22 de outubro 1880- Primeiro Plano Diretor de Uberaba

Procedida oficialmente pela Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Joaquim Rodrigues, a nomenclatura das ruas da cidade, baseada em plano do também vereador Antônio Borges Sampaio publicado em seu livro, contando a cidade com 45 ruas, 9 praças, 3 travessas e 2 becos, quase todas conhecidas e designadas pelo nome de alguma pessoa mais notória nelas residente ou por alguma características ocasional, como rua dos Ingleses (João Pinheiro), do Boi (mercês e, depois Afonso Rato), Direita ou grande (Vigário Silva e Manuel Borges) do Pedro (Carmo), de Manuel Antônio (Alaor Prata), de Santa Rita (Sete de Abril), do Rancho (Castro Alves), da Presiganga (Carlos Rodrigues da Cunha).


11 de agosto de 1880 – Câmara Municipal coloca o primeiro tijolo em prol da Igreja Abadia

A Câmara Municipal de Uberaba concede a Eduardo José de Alvarenga Formiga licença para construção de capela no alto da Misericórdia, a futura Igreja da Abadia.


15 de Janeiro de 1886 – Partido Conservador toma a Câmara Municipal e impede Barão de entrar

Neste período monárquico, havia em Uberaba uma forte disputa entre o Partido Liberal e o Conservador, contam que neste dia a direção política conservadora com mais trezentos homens armados, tomaram a Câmara Municipal, onde aconteceria à eleição geral, impedindo o ingresso dos eleitores liberais. Nem mesmo o Barão da Ponte Alta, consegue entrar no paço municipal para votar. 


18 de Novembro de 1889 – Junta Provisória eleita na Câmara Municipal passa a Governar Uberaba

Foi realizada uma reunião histórica e aclamada pelo povo na Câmara Municipal, onde deu posse a Junta do Governo Provisória com o a Proclamação da República em 15 de novembro. Composta, entre outros, por Venceslau Pereira de Oliveira, José Oliveira Ferreira, José de Oliveira Ferreira, José Joaquim Saraiva Júnior, Manuel Raimundo de Melo Meneses e Alexandre Barbosa. Essa Junta funciona até 14 de fevereiro do ano seguinte, quando é empossado o primeiro Conselho de Intendência, de nomeação do governo estadual.


07 de Março de 1892 - Eleita a primeira Câmara Municipal Republicana

Eleita a primeira Câmara Municipal republicana pelo Partido Republicano Municipal, que surgiu de um racha do “Grupo União Política” e este também se formou de um racha com “Clube Republicano 20 de Março”. O presidente e agente executivo eleito, foi Gabriel Orlando Teixeira Junqueira


30 de novembro de 1899 – Câmara Municipal impede o surgimento da Peste bubônica em Uberaba

Com o surgimento da peste bubônica em Santos, a Câmara Municipal movimenta-se no fim de outubro no sentido de tomar medidas preventivas, nomeando comissão composta dos médicos Filipe Aché, João Teixeira Álvares e José Ferreira com o objetivo de assessorar o poder legislativo, sendo o Filipe Aché nomeado inspetor sanitário da Câmara. Um dos fatos importante foi à construção do desinfetório na linha Mojiana, a três quilômetros da estação ferroviária da cidade. Todas as medidas preventivas implementadas impediram o surgimento de casos de peste na cidade.


14 de setembro de 1900 – Câmara Municipal separa Cargos e os torna Gratuito

A Câmara vota a Lei Municipal nº 99 que separa o cargo de agente executivo do cargo de presidente e o torna gratuito.


07 de março de 1903 – Câmara Municipal elimina Febre Amarela em Uberaba

A Câmara Municipal, que está em sessão permanente, participa de debates sobre a febre amarela com os médicos Tomás Pimentel de Ulhoa, José Ferreira, Guilherme Peixoto, Manuel Joaquim Bernardes e Domingo Paraíso Cavalcanti, resolvendo-se a intensificação da eliminação dos mosquitos por meio de pó de Piretro ou pó da Pérsia.


29 de Janeiro 1904 – Câmara Municipal Acende as luzes da cidade de Uberaba

A Câmara Municipal aprova Lei nº 171, de iniciativa do vereador Quirino Luís da Costa, autorizando o agente executivo Antero Ferreira da Rocha a contratar com o médico José de Oliveira Ferreira e com Gabriel Orlando Teixeira Junqueira, a iluminação pública e particular da cidade pelo sistema de eletricidades. E em 30 de dezembro de 1905, foi a inaugurado luz elétrica com grandes festejos que continuaram no dia seguinte.


08 de Abril de 1909 - Câmara Municipal cria Biblioteca e Museu, administrativo joga o acervo no lixo

A Câmara Municipal aprova a Lei nº231 que cria na administração Filipe Aché, a Biblioteca Pública Bernardo Guimarães. E em julho do mesmo ano, a Câmara cria Museu anexo à Biblioteca Pública Bernardo Guimarães com mais de 400 peças minerais, arqueológicas e indígenas, além de objetos de outras categorias, que a futura administração Silvino Pacheco jogou tudo no lixo, como já havia feito com a maior parte da Biblioteca.


20 de Julho de 1909- Inédito! Araras e Pacholas juntos

Reunião no salão do Paço Municipal dos eleitores do Partido Republicano Municipal e do Partido Republicano Mineiro, contrários à candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à presidência da República, com o objetivo de organizar nova agremiação política. Surge o Partido Republicano Democrata, onde reuniu-se, araras e pacholas*. Com isso os partidos passam a se denominar P.R Mineiro (hermistas) e P.R Democrata (civilista).

*Os apelidos das facções do PR tinham origem em anedotas. Em Uberaba contam que um grupo de eleitores do PR-Municipal estava na porta de um estabelecimento comercial quando se aproximou um grupo de eleitores do PR-Mineiro. Os que estavam parados comentaram:- Lá envém os “arara”!
“Arara” tinha um sentido depreciativo. Significava bobão, tolo. Os “Araras” ouviram e retrucaram:
- E ali está um monte de “pachola”!
“Pachola” também era termo pejorativo. Significava farsante, folgado, malandro.


03 de Abril de 1912 – Câmara cria transporte público e autoriza construção do Fórum

A Câmara Municipal firma contrato para execução do serviço de tráfego de veículos de passageiros e cargas no município por 25 anos, exclusivamente nas estradas que a empresa construir. E em julho, autoriza a doação de área ao governo do Estado para construção da fundação de instituto fundamental, do Fórum e da Escola Normal.


19 de fevereiro de 1920 – A Princesa do Sertão ocupa seu lugar com inauguração de novo Prédio e Partido operário na Câmara Municipal

Concluído e colocado na parede principal do salão nobre da Câmara Municipal, o painel “Uberaba -Princesa do Sertão”, autoria dos pintores Vicente Corcione e Rodolfo Mosello, retratam mulher corada, vestida à moda imperial, sentada numa poltrona sobre pedestal com degraus, tendo ao fundo vila da época do Império, representando Uberaba. Em Julho, foi inaugurado o novo prédio da Câmara. E em outubro, foram abertas duas vagas por renúncia na Câmara Municipal, onde se procedeu à eleição, tendo o Partido Republicano Federativo (Partido Operário) sufragado o nome de Alexandre Barbosa e o Partido da Concentração Municipal o de João Henrique Sampaio Vieira da Silva.


09 de Julho de 1921 – Câmara Municipal cria escola para filho de operários

Aprovada na Câmara Municipal a Lei nº 450, de iniciativa do agente executivo João Henrique, cria escola para filho de operários.


05 de Abril de 1924 – Câmara aprova Projeto de ensino gratuito, o Clero revoga

Tumulada sessão da Câmara Municipal pela discussão do projeto de seu presidente e agente executivo do município, Leopoldino de Oliveira, para vinda da organização Granbery. O Projeto é aprovado contra os votos dos vereadores cônego César Borges, Geraldino Rodrigues da Cunha e Helvécio Prata. Contudo os católicos, convocados pelo Clero, reúnem-se na Igreja Matriz e na São Domingos, dirige-se a Câmara, fazendo uso da palavra o médico João Teixeira Álvares e a professora Edite França em discursos calorosos contra Leopoldino de Oliveira.

E no dia 07 de abril, a Lei que autorizava à organização Granbery concessões para a Fundação em Uberaba, de estabelecimentos de ensino, consistentes em ginásio, escola normal e patronato agrícola, abrigando gratuitamente trezentos alunos, diante da oposição discriminatória do clero e dos católicos, a lei é revogada. 


11 de Janeiro de 1925 – Batalhão da Polícia cerca a Câmara e Leopoldino de Oliveira tranca as Portas

Realizaram-se em 11 de janeiro de 1925, eleições para duas vagas de renunciantes da Câmara Municipal. O Partido Republicano Mineiro transformou o recinto das seções eleitorais em praça de guerra, ocupadas por tropas da polícia a serviço dos mesmos. O que não resultou a priori em nada, a junta apuradora constatou a derrota do Partido Republicano Mineiro, frente à vitória da “Coligação Uberabense (Partido Operário)” com Lucas Borges de Oliveira e Alexandre Barbosa.

Em 14 de março, com a posse dos dois vereadores vitoriosos, Leopoldino de Oliveira, como Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo, procede à eleição para vice-presidência, com base nas leis 02/1891 e 373/1903 sendo eleito Ismael Machado (avô dos advogados José e Paulo Salge). Com isso não concorda o senhor Geraldino Rodrigues da Cunha, que era o então vice-presidente, e para ele só não seria mais, quando o renunciasse. A partir daí trava-se séria disputa entre Geraldino/Governo de Estado (Fernando de Melo Viana) e Leopoldino de Oliveira. Melo intervém ilegalmente no município e o batalhão da polícia cerca a Câmara.

Em 16 de março, Leopoldino de Oliveira faz uma proclamação ao povo:

“... Não posso passar ao meu substituto legal o governo do município, pois a ordem do Senhor presidente de Minas Gerais, dada ao comandante do batalhão, é de assaltar e tomar a Câmara, pouco importa a autonomia do município... entendi, como um protesto, deixar na Câmara cuja presidência não renuncio, fechada, enviando, nesta data, ao instrumento da tirania o seguinte ofício: Senhor Comandante do 4ª Batalhão de Polícia... Licenciado pelo Câmara, tenho a necessidade de deixa - lá. O edifício fica fechado, à espera de que V.S o arrombe para nele ingressar. Eu não entrego o que é do povo a ninguém; venha V.S. Tomá-lo.” (Bilharinho, 2007, p. 207. apud. Ponte, 1978, p.201)


11 de maio de 1928 – Câmara Municipal aprova o Escudo do Município

A Câmara Municipal aprova a Lei nº 582, e Uberaba passar a ter o símbolo municipal - o escudo do município executado pelo historiador Afonso d´ Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista.


03 de outubro de 1930 – Câmara Municipal é dissolvida e Guilherme Ferreira é Nomeado.

Inicia-se em Uberaba o Golpe de 30 

A aliança liberal deflagra o movimento armado de âmbito nacional. No dia seguinte realiza-se à noite, na Praça Rui Barbosa, grande manifestação popular em apoio à aliança liberal. Uberaba começa a receber os combatentes armados que ocupam as pontes dos rios Grande e Paranaíba. No dia seis, a Câmara é dissolvida e seus membros depostos, O governador militar da cidade, representado pelo Major Afonso Elias Prais, nomeia por Portaria Guilherme de Oliveira Ferreira como governador civil, que toma posse às 13 horas, no paço municipal, na presença de diversos lideres políticos. 

No dia oito, na Praça Rui Barbosa acontece grande manifestação de apoio aos governadores civil e militar da cidade, nessa noite arrancaram o Busto de Melo Viana existente na Praça e o leva para a Câmara, de onde, dias depois, é transportado e atirado no rio Grande de cima da ponte de Delta. A partir daí inicia-se a batalha na ponte de Delta, entre paulista e mineiros.


23 de Julho de 1934 – Câmaras Municipais não têm função definida pela Constituição de 34

A Constituição Federal de 1934 restabelecem os órgãos legislativos municipais, mas tiram deles a função executiva, delegando aos prefeitos, a Câmara Municipal funcionou de forma imprecisa, pois suas funções não estavam bem definidas pela Constituição de 34. Compõem essa legislatura, entre outros, Fidélis Reis, Boulanger Pucci e Jorge Frange.


23 de Julho de 1937 – O mais longo mandato de Prefeito eleito pela Câmara Municipal

Eleito Prefeito pela Câmara Municipal, o advogado e agropecuarista Whady José Nassif que assume, até então, o mais longo mandato de prefeito de Uberaba, findando em 13 de julho de 1943.


1ª de Setembro de 1939 – Inicio da Segunda Guerra Mundial, Brasil é único país da América Latina a entrar na Guerra

Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 e 1945 e, em agosto de 1942, no governo de Getúlio Vargas, o Brasil uniu-se aos Aliados e declarou guerra ao Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. Foi o único país latino-americano a participar do confronto. No qual Uberaba participará com a ida de mais de 800 jovens junto à principal ação militar brasileira que aconteceu principalmente na organização da campanha da Itália, onde os brasileiros foram para o combate ao lado das forças estadunidenses.


05 de fevereiro de 1946 - Instalada a Assembléia Nacional Constituinte

Instalada a Assembléia Nacional Constituinte sob a presidência do Senador Fernando de Melo Viana, ex-juiz de direito em Uberaba, ex-vice-presidente da República, onde nasce a Constituição de 1946, que restabelece o poder legislativo independente do poder executivo e o voto popular para escolha do governo municipal.


11 de abril 1946 – Câmara elege Prefeitos

Lauro Fontoura é eleito pela Câmara Municipal e assume a prefeitura de Uberaba, exercendo a função de prefeito até 1ª de janeiro de 1947. E em dois de maio de 1947, Também eleito pela Câmara Municipal, João Carlos Belo Lisboa, exerce a função de prefeito até 07 de dezembro desse ano.


21 de Novembro de 1947 – Eleita a primeira Câmara com voto popular

Eleita a primeira Câmara pelo voto popular. Tendo como primeiro Presidente o Dr. Henrique Von Krüger Schroeder, nascido em Resende (RJ), Formado em Farmácia na década de 1920 e em Medicina, pela Faculdade de Medicina de Niterói, em 1934. Elegeu-se vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e assumiu a presidência da Câmara de 1947 a 1950. Como espírita foi presidente do Centro Espírita de Uberaba. Participou ativamente do "Ponto Bezerra de Menezes", entidade que originou o Sanatório Espírita de Uberaba. Como presidente do Centro Espírita de Uberaba, lançou a pedra fundamental do edifício do Sanatório em 06/01/1928. Atuou como diretor do Sanatório Espírita de Uberaba e, como clínico, atendia gratuitamente a comunidade carente. Era considerado, popularmente, o patrono dos trabalhadores.


04 de Julho de 1951 – Câmara suspende sessão para debater com população a situação da cidade, face à poluição de suas águas.

O Jornalista Quintiliano Jardim promove reunião no auditório da PRE-5, para debater a situação da cidade face à poluição de suas águas, conforme verificada por exame procedido dias antes pelo Instituto Oswaldo Cruz, notícia que causou impacto na cidade tomada pelo surto de hepatite, onde no imaginário popular, ficou vinculado o problema da epidemia com o da água.

Entre os oradores, manifestam-se os advogados Lamartine Cunha Campos e Homero Vieira de Freitas e o médico Romes Cecílio, decidindo-se, ao final, que o Prefeito deveria tratar a questão com então Governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek e o Presidente Getúlio Vargas. Dessa reunião os presentes dirigem-se ao Paço Municipal, onde a Câmara está reunida e logo suspende a sessão, fala Quintiliano Jardim em nome de todos. E o Prefeito aceita a incumbência de Procurar as citadas autoridades.

E em 05 de julho, pela rádio Inconfidência, de Belo Horizonte às 23 horas, o Governador Juscelino Kubitschek dirige mensagem ao povo de Uberaba, dizendo: “... Acabo de estar com o Prefeito Dr. Antônio Prospero, que, pessoalmente veio trazer-me completas informações sobre a situação naquela cidade, em face da epidemia ali verificada...” Informando, ao final, que já tinha determinado as medidas para o atendimento do caso.

No mesmo dia foi publicado no Jornal Lavoura e Comércio, comunicado do Centro de Saúde, afirmando que na maioria dos casos a propagação da hepatite deu-se por meio de agulhas e seringas não esterilizadas.


03 de Janeiro de 1957 – Câmara bate o Martelo no impasse do Hospital de Clínicas

A Câmara Municipal aprova o recebimento do hospital da Santa Casa pela Prefeitura para nele ser instalado hospital de clínicas e pronto socorro. Alguns dias depois, após questões suscitadas e longos debates pela bancada udenista, é aprovado pela Câmara Municipal à criação da Fundação de Assistência Hospitalar para incorporar e gerir o hospital de clínicas e o pronto socorro. Mas, somente após um mês depois de novas reuniões e sanadas as divergências entre udenistas e pessedistas, os dirigentes da Santa Casa concordam em se afasta da Faculdade e da fundação, as quais passariam a ter uma presidência única, que deveria ser o Dr. Lauro Fontoura. E assim em 19 de Fevereiro foi firmando convênio entre a Fundação Arthur de Melo Teixeira e a Santa Casa, cabendo a primeira a responsabilidade do hospital e, à segunda, do restante do patrimônio. 


03 de Março de 1963 – Trabalhadores escolhem Câmara Municipal como Porta-Voz de suas reivindicações

Na assembléia geral dos trabalhadores uberabenses aprova-se manifesto dirigido à Câmara Municipal e ao prefeito para que:

“usando dos poderes de representação popular conferidos aos atuais dirigentes municipais no ultimo pleito de 07 de outubro, interfiram junto às autoridades federais no sentido de elevar a elas o ponto de vista dos trabalhadores uberabenses sobre as distorções existentes no processo econômico nacional e causadoras do alto custo de vida.” Enfatizando, “o capital estrangeiro, como bomba de sucção de nossas poupanças e fator descapitalização nacional”, sem que “o latifúndio, forma pré-capitalista de exploração da terra... “Representa, por sua vez, outro grande empecilho para o desenvolvimento autônomo” (Bilharinho, 2008, p. 148)


01 de Abril de 1964 – Cai Jango e cassam Caparelli

Com a derrubada do Presidente João Goulart foi instaurado o Golpe Militar de 64, um regime de exceção democrática no país, com muitas perseguições e assinados ainda não foram esclarecidos no país. Em 13 de abril, uma resolução da Câmara Municipal nº 34/64 decorrente da pressão das circunstâncias do momento, cassa o mandato do vereador Benito Caparelli, “em virtude da comunicação verbal feita a esta casa, por intermédio do seu presidente e pelo comando revolucionário desta cidade, de que o mesmo vinha pregando a subversão da ordem, a violência e a luta de classes no meio rural” (Bilharinho, 2008, p. 148), resolução resultante de processo nesse dia recebido pela mesa da Câmara, presidida pelo médico Randolfo Borges Júnior. Caparelli fica preso 84 dias, sendo encaminhado à penitenciária de Neves.


26 de setembro de 1969 - Câmara Municipal extingui zona de prostituição

Câmara Municipal decide extinguir a zona de prostituição, localizadas há décadas na Rua São Miguel (atual Paulo Pontes), concedendo prazo de seis meses para completa desocupação.


20 de Dezembro de 1975 – Câmara Municipal barra repressão de Delegado

Campanha de repressão iniciada pelo Delegado da Comarca, Marcos Peres Rodrigues de Carvalho, que leva a prisão 165 pessoas por falta de documentos ou por serem considerados insatisfatórios, o que provocou forte reação da comunidade, dos partidos políticos ARENA e MDB, tendo este, lançado nota oficial de protesto, que terminou com ampla reunião na Câmara Municipal, de 15h30 as 20h00, entre prefeito, vice-prefeito, vereadores, delegados e comandantes do 4ªBPM.


04 de Junho de 1988 – Câmara Municipal recebe Fuscão Preto

Após ser condenado a 10 anos de prisão e afastamento imediato do cargo, pelo Juiz da 2ª Vara Criminal de Uberaba, Mauro José de Souza, o engenheiro Wagner do Nascimento foi beneficiado por uma liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e volta a Uberaba, na condição de chefe do executivo. Onde foi carregado por uma multidão numa passeata que seguiu para o centro da cidade, a bancada do PMDB, que participava da sessão ordinária da Câmara Municipal, no andar superior do Paço Municipal, conduziu Wagner do Nascimento ao Plenário onde cumprimentou os vereadores, e da sacada saudou a multidão que o aguardava na Praça Rui Barbosa. Em 20 de setembro, Wagner do Nascimento é indiciado em inquérito policial. E no mês de dezembro é editado o informativo da Prefeitura – administração 1983/1988, expondo as realizações mais importantes, como entre outras, a implantação da Fundação Cultural, criação do circo do povo, bolsa de arrendamento rural e a criação da Secretaria de Assistência Social e Promoção Humana.


30 de Dezembro de 1991 – Câmara aprova Código de Edificação do município

Nesta data a Câmara aprova a Lei complementar que estabelece os parâmetros para o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas, atendendo os critérios definidos pelo Plano Diretos e a Lei Complementar com 227 artigos instituindo o Código de Edificação de Uberaba.


31 de Dezembro de 1992 – Câmara Municipal aprova Hino

A Câmara Municipal aprovou a Lei municipal nº 5.081 que oficializa o Hino de Uberaba, música do historiador Gabril Totti e letra do Jornalista Ari de Oliveira.


07 de fevereiro de 1995 – Câmara vota sim pela mudança de data de comemoração do Dia de Uberaba

Após longo estudo de historiadores locais, foi votado na Câmara a emenda constitucional municipal nº 13, alterando para dois de março a data de comemoração do Dia de Uberaba, considerando assim o documento mais antigo e importante do município, o Decreto de D. João VI de 02 de março de 1820, criando a freguesia no distrito de Uberaba.


Pesquisa e texto, Sumayra Oliveira - Diretora de Documentação e Pesquisa da Câmara Municipal de Uberaba, de 2009 a 2012.


Referências Bibliográficas:

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Uberaba: Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1970.

Administração Municipal em Uberaba de Capitão Domingos a Anderson Adauto. Uberaba, Arquivo Público de Uberaba, 2011.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: Dois Séculos de História. Vol. 1. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2007.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: Dois Séculos de História. Vol. 2. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2009.


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