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domingo, 28 de julho de 2019

CADA COISA...

Oi, turma!

( O que é da onça, o lobo não come...)


Jovens leitores me perguntam onde ficava a rua São Miguel. Era bem central. Atrás da Catedral Metropolitana, no comecinho da Capitão Manoel Prata, trecho conhecido naqueles tempos, por “mijadouro”, onde os homens “vertiam água”, antes de chegar à zona. Na entrada, à esquerda, esquina da praça Frei Eugênio, o lendário “Tabú” ( com acento), do Antônio, gerenciado pelo cunhado, Shin Kikuichi. Na outra ponta, a venda do “seo” Armando Angotti . Depois, lado direito, as iluminadas casas da Tonica, Amelinha, Negrinha, Jovita, Tia Moça, antes de chegar na travessa Ernesto Pena, toda esburacada que a molecada chamava de “ beco dos aflitos”...Mais em baixo, descendo o morro, a “pensão” da Sudária.

Do lado esquerdo, a casa da Erotildes, “Casino Brasil”, Tubertina, Nena, Isolina e quase chegando na Vigário Silva, o bar “Boca da Onça”, do Caio “Guarda” ( favor não confundir com o “Buraco da Onça, né, Cebolinha?). O”Boca” não tinha portas. Ficava aberto dia e noite e era o refúgio dos pobres pinguços...

A rua São Miguel, já lhes contei, era o “espelho boêmio” de Uberaba. Referência da alegria, das noites indormidas, desespero de mães aflitas que rezavam pela volta do filho perdido na putaria. Fato não confirmado, mas, muito divulgado à época, afirmava que, lideradas por uma distinta dama da nossa sociedade, ela arrecadava dinheiro com as amigas e entregava para a líder do “Centrão da São Miguel”, para que as “ meninas” fossem sempre medicadas e assim, evitar doenças venéreas nos seus filhos e futuras noras...

A “São Miguel”, era o “ponto chic”, mormente para os viajantes. Cumpriam suas jornadas regionais e, 6ª.feira, aportavam na terrinha.Os “abonados”, ficavam no Grande Hotel, Regina e Pálace. Os “ casca dura” como eram chamados, hospedavam-se nas pensões. Certa vez, o Cacildo (nome fictício), cansado da viagem, vindo de Goiânia, banho tomado, fim de tarde, foi “aperitivar-se” no ‘Buraco da Onça”. Dalí, o jantar no “Galo de Ouro”, eram 3 passos...

Junho, fazia muito frio. Pediu uma sopa de macarrão. Jesuíno, o garçom solícito, atendeu. Sopa servida e o aceno do Cacildo:- “Jesuíno, que papelão. Olha aqui !” Mostra-lhe um enorme cabelo preto na sopa... Jesuíno, corou de vergonha. Chamou o Galileu, chefe da cozinha e o Alaor, gerente do Hotel e do “Galo de Ouro”. Os três, morrendo de vergonha, se desculparam e lhe ofereceram outro prato. Cacildo, agradeceu e foi embora.

Restaurante fechado, Jesuíno, como sempre fazia, deu um “ pulinho” na rua São Miguel. Em lá chegando, aquele alvoroço na casa da Negrinha. No quarto da Dorinha, menina recém chegada, um cara fazia o maior sexo oral . Pela buraco da fechadura da porta, era aquele “troca-´troca” total. Todo mundo vendo a cena. Na sua vez, Jesuíno não se conteve! Era o Cacildo, o figurante ! “Você me paga pela vergonha que passei”, pensou. Pediu uma cerveja, sentou bem defronte a porta do quarto e aguardou a saída do freguês.

Ao abrir a porta, todo arrumadinho, Cacildo, deu de cara, tom ameaçador, com o Jesuíno. –“Então, seu malandro, com escrúpulo na sopa e agora, todo mundo viu, praticando sexo oral! ‘cê num tem vergonha, não ?!” Calmamente, Cacildo, imperturbável, sentenciou:- “ Calma, Jesuíno, cada coisa no seu devido lugar. Imaginou , eu “lenhando” naquela floresta, encontrasse um “spaghetti?” Pano rápido. Beberam mais algumas cervejas e continuaram amigos...Marquez do Cassú.





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