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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Academia de Letras do Triângulo Mineiro

OS IMORTAIS

A feliz iniciativa de criar em Uberaba a ALTM – Academia de Letras do Triângulo Mineiro partiu dos idealizadores José Mendonça, Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduini, em reunião realizada na própria residência do primeiro, no mês de setembro de 1962.

No mês outubro, daquele mesmo ano, um número expressivo de intelectuais reunia-se na sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, atual ABCZ, à época localizada na Rua Manoel Borges, 84, para as primeiras deliberações.

Foto: 1 – Rua Segismundo Mendes, 408 (local da 1ª. reunião; 2 -
  Os idealizadores da ALTM (Dr. José Mendonça, Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduini).

Foi assim que, oficialmente, em 15/11/1962, no mesmo local, sob a presidência do Dr. José Mendonça, em presença dos 27 primeiros fundadores, foi apresentada a sugestão e, em seguida aprovado seu estatuto, sendo criado oficialmente esse nobre sodalício triangulino e, posteriormente, ocupadas paulatinamente as vagas restantes.

Nos mesmos moldes de nossa augusta ABL, Academia Brasileira de Letras, a recém inaugurada casa de cultura passou a contar com um total de 40 cadeiras, cujos próximos ocupantes seriam eleitos em escrutínio secreto, por ocasião do falecimento do respectivo titular.
Os ilustres membros da ALTM são tidos por imortais, graças à vitaliciedade que alcançam com a investidura, pois, a partir de então, seus respectivos nomes permanecerão ligados “ad aeternum” à respectiva cadeira para qual foram eleitos.

Reconhecida de Utilidade Pública Municipal, pela Lei nº. 1.125, de 21 de setembro de 1963; e Utilidade Pública Estadual pela Lei nº. 9.470, de 21 de dezembro de 1987, a ALTM é hoje um inegável marco na vida cultural da cidade de Uberaba e toda a região do Brasil central.

Nas palavras de um de seus idealizadores e seu primeiro presidente, José Mendonça:
“(...) Os motivos que me levaram a coordenar o movimento são baseados principalmente na necessidade de congregar a intelectualidade triangulina em torno de um centro de convergência comum, para melhorar estudo e debate dos problemas literários científicos e sociais do mundo atual”.

Uma meta plenamente alcançada ao longo desses 60 anos de sua meritória existência e a merecer especial registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira


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0S FUNDADORES

Conforme dispõe o estatuto da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, a candidatura a uma vaga ocorre através de inscrição espontânea do candidato ou por indicação de cinco acadêmicos, posteriormente submetida ao parecer de uma comissão constituída de cinco membros e nomeada pelo presidente da instituição.

Fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


Ao respectivo acadêmico fundador coube a escolha do patrono de sua cadeira, devendo essa opção, preferencialmente, recair em ilustre figura de intelectual das letras brasileiras, quiçá mineiro ou vinculado a região triangulina.

E foi assim que em Assembleia para Criação da Academia, ocorrida em 15/11/1962, na Sala de Reuniões da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, Rua Manoel Borges, 84- hoje ABCZ, foram definidos os ocupantes das 27 primeiras cadeiras e, posteriormente, as demais, conforme a ordem cronológica de ingresso, da esquerda para direita e de cima para baixo:

01 – José Mendonça
02 – Santino Gomes de Matos
03 – Victor de Carvalho Ramos
04 – Padre Thomaz de Aquino Prata
05 – Monsenhor Juvenal Arduini
06 – Ruy de Souza Novaes
07 – Ari Rocha
08 – Padre Antônio Thomás Fialho
09 – César Vanucci
10 – Antônio Édson Deroma
11 – Raimundo Rodrigues de Albuquerque
12 – João Rodrigues Cunha
13 – Augusto Afonso Neto
14 – Maurillo Cunha Campos de Moraes e Castro
15 – Georges de Chirée Jardim
16 – Lúcio Mendonça de Azevedo
17 – Quintiliano Jardim
18 – João Henrique Sampaio Vieira da Silva
19 – Lauro Savastino Fontoura
20 – Mário de Ascenção Palmério
21 – Dom Alexandre Gonçalves Amaral
22 – Jacy de Assis
23 – José Soares de Faria
24 – João Edson de Mello
25 – José Pereira Brasil
26 – Lycídio Paes
27 – Edson Gonçalves Prata
28 – João Alamy Filho
29 – Eurico Silva
30 – Leonardo Paulus Smeele
31 – João Modesto dos Santos Filho
32 – Edelweiss Teixeira
33 – Frei Francisco Maria de Uberaba
34 – Gabriel Toti
35 – Antônio Severino Muniz
36 – Valdemes Ribeiro Menezes
37 – José Marçal Costa
38 – José Soares Bilharinho
39 – Dom José Pedro Costa
40 - Guido Mendonça Bilharinho

Nesse mês de novembro em que se comemora os 60 Anos da ALTM, destaco os nomes de cada um desses ilustres e imortais fundadores para que figurem, com especial destaque, nos registros das Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.

Moacir Silveira
Fonte: site da ALTM


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GALERIA DOS PRESIDENTES

Criada oficialmente em 15 de novembro de 1922 a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, foi exemplar na seleta escolha de luminares nomes entre os maiores intelectuais das letras, ciências e artes.

                  Galeria dos Presidentes da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


E para dirigir essa augusta instituição foram eleitos, entre os seus acadêmicos, aqueles que teriam a subida honra de ocuparem e de exercerem o importante cargo de sua presidência.

Assim, de cima para baixo e da esquerda para direita, assumiram, cronologicamente, o elevado e distinto cargo de Presidente da ALTM os seguintes e ilustres acadêmicos abaixo discriminados:

1º. – José Mendonça (1963 a 1968).

2º. – Augusto Afonso Neto (1968, em decorrência do falecimento do Presidente José Mendonça, falecido em 4/6/1968).

3º. – Edson Gonçalves Prata (1969 a 1974).
4º. – Guido Luiz Mendonça Bilharinho (1975 a 1976).
5º. – Maurillo Cunha Campos de Moraes e Castro (1977 a 1978).
6º. – Jacy de Assis (1979 a 1980).
7º. – José Soares Bilharinho (1981 a 1986).
8º. – Mário Salvador (1987 a 2008).
9º. – Terezinha Hueb de Menezes (2009 a 2010).
10º. – José Humberto Silva Henriques (2011 a 2012).
11º. – Jorge Alberto Nabut (2013 a 2014).
12º. – Ilcea Sônia Maria de Andrade Borba Marquez (2015 a 2016).
13º. – João Eurípedes Sabino (2017 a 2022).

Honrosamente eleitos por seus pares e tornados imortais, ao assumirem suas respectivas cadeiras na ALTM, incluo os seus nomes na Galeria dos Presidentes para que figurem, ora em diante e com especial destaque, em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.

Moacir Silveira
Fonte: site da ALTM


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PALAVRA DO PRESIDENTE

Muitos manifestaram ao longo do tempo a necessidade premente de criarmos uma entidade que congregasse os escritores de Uberaba e de toda a região do Triângulo Mineiro, considerando que o nosso seleiro literário sempre se destacou como centro vanguardista.

João Eurípedes Sabino - Presidente da ALTM.

Tal desejo coletivo remonta aos anos trinta do século passado, todavia, se arrastou pelo tempo, talvez por necessitar de intrépidos timoneiros munidos de coragem, vontade e decisão. Naqueles tempos, Uberaba mesmo tendo uma gama de expoentes literatos, tinha as suas dificuldades naturais para aglutiná-los.

No ano de 1953 o jovem José Rodrigues de Resende, escreveu na Revista do Estudante, editada pela então União Estudantil uberabense, o artigo: “Academia Triangulina de Letras”, no corpo do qual reclamou da demora para criarmos o sodalício. Inclusive citou nomes de escritores exponenciais que poderiam integrá-lo, tais como: Santino Gomes de Matos, José Mendonça, Quintiliano Jardim, Fidelis Reis, Ruy de Souza Novais, Jacy de Assis, prevendo ainda a participação de outros ícones das letras.

É de se notar que José Rodrigues de Resende previu tal fato nove antes da fundação oficial da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, que só viria a ocorrer no ano de 1962. Todos os nomes mencionados por ele, integraram a ALTM, à exceção de Dr. Fidelis Reis que faleceu antes, mas foi homenageado como patrono da cadeira n°1.

O irrepreensível Dr. José Mendonça, advogado, foi o primeiro Presidente.
Merece destaque o fato de que, o trio de frente, formado por ele, e mais; Dr. Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduíni, em face dos seus inquestionáveis talentos e conduta moral, conseguiram aglutinar outros consagrados escritores e assim, no dia 15 de novembro de 1962, há 60 anos, portanto, realizaram a primeira Assembleia para a criação desta que seria considerada, como hoje é, uma das mais creditadas Academias de Letras do Brasil.

Tal evento histórico ocorreu na Sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (hoje ABCZ), então situada `a R. Cel. Manoel Borges, 74 em Uberaba /MG.

Para nossa cidade se dirigiram notáveis intelectuais de várias regiões do País e assim, testemunharam o nascimento da Casa de Letras que ora recebe o honroso título de sexagenária.

Durante todos esses 60 anos, nossa querida ALTM funcionou sempre e ininterruptamente.
Trajetória física: este repositório literário, berço de ilustres imortais, funcionou por algum tempo na residência do seu primeiro Presidente Dr. José Mendonça, à Rua Segismundo Mendes, 408. Depois ficou por longos anos em salas pertencentes à Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães-R. Alaor Prata, 317. Sequenciando, usou como locatária a então sede da 14ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil-Rua Dr. Lauro Borges, 88. Finalmente, há seis anos a ALTM está sediada à mesma Rua Dr. Lauro Borges, 347, no imóvel que lhe foi cedido em comodato pela Universidade de Uberaba.

Falar da Academia de Letras do Triângulo Mineiro no ensejo dos seus 60 anos, é enaltecer o valor dos seus Membros que estiveram no instante do seu nascimento e também daqueles, cujos nomes deixaram e deixarão gravados com letras eternas e suas devoções nunca deixaram ou deixam arrefecer, razão pela qual num gesto afetivo, damos nossas mãos para dizer: a ALTM não tem um dono. Ela é de todos nós; dos Acadêmicos, dos Associados Correspondentes e toda a comunidade.

JOÃO EURÍPEDES SABINO
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro



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SEDE ATUAL


Até consolidar e conquistar um espaço físico onde pudesse funcionar com regularidade a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, percorreu uma longa e árdua trajetória.


Imagens: ABCZ (acervo Uberaba em Fotos); Coloridas:
 1 – Casa de José Mendonça, 2 – Biblioteca Pública, 3 – sede da OAB em Uberaba, 4 – sede atual da ALTM (por Antonio Carlos Prata).

Os primeiros encontros informais ocorreram na residência de José Mendonça, então localizada na Rua Segismundo Mendes 408, onde ele, em companhia dos outros dois idealizadores, Edson Prata e Juvenal Arduini, esboçaram o meritório projeto.

A viabilização da ideia se daria por ocasião de uma Assembleia Geral, ocorrida em 15/11/2022, na sede da antiga Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, atual ABCZ, à época ainda na Rua Manoel Borges, 74, e onde os seus fundadores assinaram ata formal de sua criação.

A partir de então e por longos anos, na falta de uma sede própria, a ALTM funcionaria em salas pertencentes à Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães, Rua Alaor Prata, 317. Depois, na condição de locatária, passaria a ocupar sala na sede da 14ª. Subseção da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, Rua Dr. Lauro Borges, 88. Por último, desde o ano de 2016, passaria a funcionar em imóvel que lhe foi cedido em comodato pela UNIUBE, Universidade de Uberaba, em seu endereço atual localizado na Rua Dr. Lauro Borges, 347.

No mês em que essa augusta casa de cultura completará 60 ANOS de profícua e laboriosa existência faço minhas as palavras de William Shakespeare para dizer:

“Pois a natureza não nos faz crescer apenas em forças e tamanho. À medida que este templo se amplia, se amplia dentro dele o espaço reservado pra alma e pra inteligência.”

E nesse solene momento é preciso que registremos essa auspiciosa conquista da ALTM em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.

Moacir Silveira


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PARA ENTRAR NA ALTM


Adentrar as dependências da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, não é difícil já que as suas portas estão abertas para os amantes das belas artes literárias.

Sede - Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


Mas para ingressar nos quadros desse tabernáculo da cultura e assumir a condição de imortal terás que cumprir certas exigências como bem explicitado por seu presidente, João Eurípedes Sabino, atual ocupante da Cadeira 32, no poema intitulado:

QUERES ENTRAR NA ACADEMIA?

Faças então por merecer
Conduza-te correto pela vida
Cultives o pendor de escrever
Tua vaga poderá ser conseguida
Pelos umbrais da Academia
Poderás passar se vencer
Ela te receberá com fidalguia
E tu deverás corresponder
Se o teu coração não palpitar
E dele sentimentos não nascer
Para o seu nobre título avalizar
“Sou acadêmico” não basta só dizer
Podes entrar na Academia
Casa de quem ama a cultura
Serás imortal não só por um dia
Nela edificarás a tua sepultura
O que a Academia fará por mim?
Pergunta que não deves formular
O que posso fazer por ela? Sim
Eis a tua prova de amor secular
E por que não acrescentar, quiçá também uma forma de inscrever o seu próprio nome “ad aeternum” em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba
Moacir Silveira
Imagens: fachada e detalhes em fotos de João Eurípedes Sabino
Fonte: Revista Convergência n. 32 – site da ALTM


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Clique em:
 Hino - ALTM.

Para ver e ouvir a bela homenagem prestada por Arahilda Gomes Alves a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, que no próximo dia 15/11/2022 completará 60 anos de existência.
Na condição de atual ocupante e titular da Cadeira 33 da ALTM ela esbanja talento, engenho e arte ao reger o Grupo Coral Sounds, em música e letra de sua própria autoria.

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ATUAL DIRETORIA

No comando das festividades do sexagésimo aniversário da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, a ser completado e comemorado no próximo dia 15 desse mês, estão os ilustres imortais de sua atual diretoria a saber, da esquerda para a direita e de cima para baixo:


Atual diretoria - Academia de Letras do Triângulo Mineiro

- Arahilda Gomes Alves, Vice-presidente
- João Eurípedes Sabino, Presidente
- Olga Maria Frange de Oliveira, 1ª. Secretária
- Antônio Pereira da Silva, 2º. Secretário
- Consuelo Pereira Resende do Nascimento, 1ª. Tesoureira
- Dimas da Cruz Oliveira, 2º. Tesoureiro

Ao ensejo de uma data tão especial na vida dessa gloriosa casa de cultura é preciso que os seus nomes figurem com elevado destaque e distinção em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.

Moacir Silveira
Fonte: site da ALT


sábado, 1 de fevereiro de 2020

UMA DAMA NA BARBEARIA

Já falamos aqui sobre os “anos dourados” da pecuária do zebu durante o início da década de 1940. Com os grandes países do mundo envolvidos numa guerra interminável, a demanda e o preço da carne bovina no mercado internacional foi às alturas.

Capa do jornal "Lavoura e Comércio" do dia 19 de abril de 1944

O governo brasileiro, por meio do Banco do Brasil, oferecia crédito fácil e barato a qualquer interessado em investir na criação de gado. O resultado foi uma “bolha especulativa” com o boi indiano: milhares de pessoas, muitas sem nenhuma familiaridade com o negócio, tomavam empréstimos ou aplicavam suas economias na criação de zebu, em busca de fortuna rápida. Como era de se esperar, o preço dos reprodutores disparou.

Um detalhe da foto de capa, tirada pelo fotógrafo Prieto.

De um momento para o outro, os pecuaristas do Triângulo Mineiro tornaram-se celebridades nacionais. A imprensa contava histórias e lendas sobre os novos milionários e seus touros transformados em verdadeiras minas de ouro. Dizia-se que, em Uberaba, havia estábulos com ar refrigerado – na época, um luxo que pouquíssimas casas dispunham – e que algumas reses tomavam banho com champanhe. Num tempo em que andar de avião era um sonho, divulgavam-se fotos de touros sendo transportados em aeronaves para fazer coberturas. Alimentando a fama, grupos de “zebuzeiros” fechavam bares e cassinos no Rio de Janeiro, em festas onde comentava-se que charutos finos eram acesos com notas de dólar americano.

Avenida Leopoldino de Oliveira, no final dos anos 1940. No canto esquerdo, o prédio da Associação Comercial, que tinha no térreo o Restaurante Ribamar.

Certamente havia excessos de novos-ricos deslumbrados com o dinheiro fácil, mas boa parte dessas lendas era simples invenção, ou exagero em cima de fatos reais. Houve, de fato, alguns casos em que reprodutores vendidos para regiões distantes do Brasil foram levados de avião – até porque eram poucas as opções de transporte. Mas a especulação com o preço dos animais gerou situações inusitadas. Algumas delas podem ser resgatadas nos jornais da época, como o velho “Lavoura e Comércio” de Uberaba.

Tantos eram os interessados na Exposição de Gado Zebu em 1944, que a SRTM solicitava à população que recebesse os visitantes em suas casas.

Em abril de 1944, a euforia estava no auge e nossa cidade se preparava para a abertura de mais uma Exposição. Eram tantos os interessados em conhecer “a Meca do Zebu” que os hotéis e pensões não davam conta. A Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, antecessora da ABCZ, publicou anúncios nos jornais pedindo às famílias uberabenses que se dispusessem a alugar quartos em suas casas para alojar os visitantes. No dia 19, o “Lavoura” estampou na capa uma grande notícia com direito a foto, onde se via uma jovem bezerra sendo atendida em uma barbearia no centro da cidade. E contava em detalhes a história.

O Salão Rex continua em funcionamento, mas desde os anos 1970 está na Galeria do Edifício Rio Negro. O cabeleireiro Vasco, veterano do estabelecimento, confirmou algumas das informações dessa história. Foto: divulgação Galeria Rio Negro

O criador José Campos, filho de uma família de fazendeiros da vizinha cidade de Veríssimo, contou que estava almoçando no restaurante Ribamar – na época um dos melhores da cidade, no lugar onde mais tarde funcionou o Bar Tip-Top – quando viu passar pela calçada da Avenida Leopoldino de Oliveira um homem conduzindo uma bezerra zebu. Largou os talheres, correu atrás do moço e disse que queria comprar o animal. O dono, José de Paula, relutou em vender – alegando que a havia ganho de presente, que a bezerra chamava-se “Boneca” e era criada em casa, como bicho de estimação. Mas não resistiu a um cheque de 10 mil cruzeiros oferecido pelo pecuarista.

Capa do jornal "Lavoura e Comércio" do dia 19 de abril de 1944

Criador experiente, José Campos achou que Boneca – uma Indubrasil bem puxada para o Gir – estava maltratada, que a aparência descuidada e os pelos longos escondiam suas boas qualidades. Sem muitas alternativas nas imediações, Campos levou a bezerra ao Salão Rex – tradicional barbearia que ficava na própria Av. Leopoldino, próximo à esquina da Rua Artur Machado, onde hoje há uma loja de celulares – e convenceu o proprietário Artur Riccioppo a “dar um trato” na menina. A cena foi flagrada pelo fotografo Prieto.

De banho tomado e com a toilette feita, Boneca despertou a cobiça de quem passava pelo local. Teve início na calçada um leilão improvisado, onde o novo proprietário teria “enjeitado” uma oferta de 40 mil cruzeiros pela nova estrela do seu plantel. “Boneca tem qualidades excepcionais” – dizia – “bem tratada, dentro de pouco tempo estará figurando entre as bezerras mais cotadas de região, e seu preço superará a casa dos 100 mil cruzeiros”. Para se ter uma ideia, com esse valor comprava-se na época um pequeno apartamento com vista para o mar no Rio de Janeiro.

Já no ano seguinte, com o fim da guerra e o corte nos financiamentos, a “farra do boi” terminou de forma trágica. O preço do gado despencou, inúmeros fazendeiros e investidores perderam tudo o que tinham e a classe dos pecuaristas passou uma década pendurada em dívidas e penhores – até conseguir um generoso perdão do governo em 1954.

(André Borges Lopes_Uma primeira versão desse texto foi publicada da na coluna "Binóculo Reverso”do Jornal de Uberaba, em 19/01/2020

sábado, 19 de outubro de 2019

A SRTM NA RUA SÃO SEBASTIÃO E OS ZEBUS NO "QUINTAL DO BISPO"

Entre 1935 e 1940, a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (SRTM, antecessora da ABCZ) realizou suas exposições de gado Zebu em uma sede provisória que ficava na Rua São Sebastião, a pouco mais de uma quadra da Praça da Matriz.

Palácio Episcopal, o "quintal do Bispo".

Hoje há nesse local (nº 183) um edifício residencial (Condomínio São Jerônimo). A sede se comunicava com um enorme terreno descampado que havia aos fundos, onde ficavam os estábulos cobertos. Em 1938, a revista O Cruzeiro fez uma matéria sobre a "Rural" e seus diretores.

Matéria publicada na Revista Cruzeiro de 14/05/1938.
Acervo da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Posição aproximada do terreno da sede provisória da SRTM e da área ao fundo, onde foram realizadas as exposições da gado Zebu entre 1935 e 1940.
Foto atual do Google Maps.


Livro "ABCZ 100 ANOS: história e histórias", lançado em 25 de abril de 2019.

Com a inauguração do prédio da SRTM na Rua Manoel Borges (1940) e do Parque Fernando Costa (1941) a sede provisória foi desativada e vendida.

Essa história é contada em um trecho do livro "ABCZ 100 ANOS: história e histórias", de Maria Antonieta Borges Lopes e Eliana Mendonça Marques de Rezende, lançado em 2019, durante a última Expozebu.

(André Borges Lopes)


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A EXTINÇÃO DA HBZ E A SEDE PROVISÓRIA


"As primeiras reuniões da nova sociedade realizaram-se na residência de Joaquim Machado Borges na Praça Rui Barbosa (Palacete Machado Borges, prédio tombado que hoje hospeda a Fundação Cultural de Uberaba), mesmo local onde anteriormente se faziam os encontros da Associação do Herd Book Zebu.

Logo na primeira reunião, ficou decidido que a SRTM incorporaria e assumiria as funções da HBZ (que foi extinta) – retomando a luta para a oficialização do registro junto ao Ministério da Agricultura. Em dezembro de 1934, os Estatutos da SRTM foram modificados: foi criado o Conselho Técnico do Serviço de Registro e também a Associação Brasileira de Gado Zebu (dentro da estrutura da SRTM), cabendo-lhe o registro genealógico das raças Indubrasil, Gir, Guzerá e Nelore.

Em fevereiro de 1935, a Sociedade Rural adquiriu de seu associado João Ferreira Gabarra um terreno situado à Rua São Sebastião, próximo ao centro da cidade. O engenheiro Abel Reis foi o responsável pela adaptação do local para sediar a associação e acomodar as exposições anuais de gado. No mês seguinte, as reuniões já se transferiram para a nova sede. Segundo informou um antigo funcionário, apesar da entrada imponente, o prédio era extremamente precário, semelhante a um grande barracão.

A primeira exposição realizada no local foi aberta no dia 2 de junho de 1935, que é também data provável da inauguração oficial da sede provisória. Os currais e estandes eram montados pelos próprios expositores nos fundos do terreno, que emendava com uma área descampada que havia atrás do Palácio Episcopal – conhecida por isso como “quintal do Bispo”.

A sede provisória alojou seis edições anuais da exposição, entre 1935 e 1940. Foram, basicamente, reuniões de trabalho e de negócios. Ainda que estivesse a poucos quarteirões da praça da matriz, a severa limitação do espaço disponível impossibilitava que a SRTM desse ao evento o caráter popular e recreativo dos certames de 1911 e 1934. Ao fim de cada dia, os animais expostos tinham de ser levados para chácaras nas vizinhança da cidade, retornando na manhã seguinte."

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Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos

Cidade de Uberaba


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

ALMOÇO REALIZADO NA CHÁCARA DO SR. MÁRIO DE ALMEIDA FRANCO, EM HOMENAGEM A VISITA DO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS

Getúlio Vargas e autoridades na chácara do Sr. Mário de Almeida Franco


Almoço realizado na chácara do Sr. Mário de Almeida Franco, em homenagem a visita do presidente Getúlio Vargas a XVIII Exposição de Feira Agropecuária. Sentados da esq. para dir.: Carlos Smith (presidente da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro), presidente Getúlio Vargas, governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek, Ministro da Justiça Negrão de Lima e o prefeito de Uberaba Antônio Próspero.
Ano: 1951
Foto: Autoria desconhecida
Fonte: Universidade de Uberaba (Uniube)