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domingo, 1 de janeiro de 2017

ESPECIAL À VALÉRIA LOPES E À FANÁTICA TORCIDA DO UBERABA

No campeonato mineiro, divisão especial, na década de 60, presidência do saudoso Laurinho Fontoura, o “colorado” (ano 62) ficou à frente dos grandes Atlético e América, só perdendo posições para o Siderúrgica, de Sabará, campeão estadual pelas mãos de Yustrich e o Cruzeiro.
Segundo alguns dos próprios jogadores da época, o time alvirrubro só “tinha bandidos”. Bandidos que, aliás, na gíria futebolística quer dizer “cobra criada”, “boleiro malandro”, “esticador”, “come e dorme”, “chinelinho” e outros adjetivos mais que definem na linguagem esportiva, toda a sorte de malandragem dos jogadores.
Nas viagens então é que se percebia a notória e clara diferença de comportamento entre os profissionais da bola. Os que procuram lugares à frente do ônibus, são os “quietinhos”, aqueles que querem chegar, jogar , descansar e voltar prá casa. Os do “meio do ônibus” são os que gostam do baralho. Improvisam uma tábua preparada, ligam-na de um lado ao outros dos bancos, interrompem o corredor e partem para um inocente carteado, “vendo tempo passar”.
Bem, os que vão para o “fundão”, são os “mineirinhos come quieto”, no dizer do Ziraldo. Geralmente, combinam antes quem vai levar a”birita”. Cachaça, vinho, vodca, conhaque ou a inocente cervejinha. difícil é o chefe da delegação flagrar alguém com a “boca na garrafa”…
Contou-me o presidente Laurinho Fontoura, que,”de olho”nos jogadores do “fundão”, surpreendeu o zagueiro Wilton Dedão, de saudosa memória, com a garrafinha de cachaça na mão e, de sopetão, sério e carrancudo, perguntou-lhe em tom inquisitório:
-“Quem mais bebe com você, Dedão?” Assustado com o flagrante , Dedão não teve outra saída a não ser “abrir o bico”.
-“Presidente, no nosso time quem não bebe é só Tati, o Quincas e bola!”.
Obs. Tati e Quincas, estão”vivinhos da silva” pra confirmar o fato…


Luiz Gonzaga de Oliveira

A FALTA DE PERSPECTIVA DE UMA ADMINISTRAÇÃO LEVA UMA CIDADE À BANCARROTA

Nasci na época em que Uberaba tinha a maior parte de suas ruas de bairro sem calçamento. Era pura terra e buracos prá todo lado. As famílias sentavam à porta das casas, ouvia rádio e a meninada brincava de “pique” e “cruzada”. A preocupação com a segurança era mínima.Hoje em dia, quem diria !, a situação caminha de mal a pior. Roubos, furtos, assaltos, drogas, juventude transviada, políticos desonestos e corruptos, empresários que lesam os cofres públicos, empreiteiros inescrupulosos, homossexualidade oficializada, prostituição escancarada, são fatos que se tornaram corriqueiros. Casamento praticamente acabou. A vez é de “amigação” ou “ficação(?)”Casamento é “gay”, homem com homem, mulher com mulher…”Soltar as amarras da tradição atrasada”, segundo afirmam.
Rouba-se e assalta-se, descaradamente, na frente das policias , que noticiam o delito, dão nomes dos bandidos e concluem nos boletins “ a policia foi atrás, mas, infelizmente, não conseguimos prendê-los”. A droga anda solta. Na rua, durante o dia, à noite, à porta das escolas, nos bares, festas e festinhas “funk”, forrós, reuniões sociais na periferia e, principalmente, nos salões enfeitados da granfinagem. A droga “corre solta”.
Os assaltos e roubos são tantos, a policia impotente, os donos de casas e condomínios, constroem um verdadeiro arsenal de segurança. Famílias recolhidas e bandidos nas ruas…Sair à pé para um inocente passeio na pracinha, já era… O mundo é outro. Formas de viver, totalmente diferente. A hora incerta, chegou. O crime não é mais privilégio das grandes cidades. Os desmandos, roubalheira, assaltos, acontecem , com freqüência, até nos lugares menores. Rouba-se de tudo. Caminhões, automóveis, motos, bicicletas, objetos pessoais, documentos, celulares, vão engordar os bolsos dos receptadores e o parco dinheiro dos larápios, direto para as drogas…Até cães de estimação são levados pelos bandidos.
Recentemente, uma cachorrinha foi levada da casa de um amigo meu. A esposa chorava sem mais parar. As filhas, amuadas no canto da sala.Os netos, em prantos. Até o sisudo marido, pai e avô, andava triste. Passados alguns meses, o ladrão foi preso e confessou a autoria do ato. Alegria na família, e lá foi o avô a buscar a cadelinha tão querida. Decepção, coitado!…A “infiel” cachorrinha, rejeitou todos os mimos do dono. Fugiu ,apavorada, e foi “aninhar-se”, comodamente, nos braços do ladrão e dalí não quis mais sair… Pode?

Luiz Gonzaga de Oliveira

QUEM ADMITE E CORRIGE ERROS INSPIRA CONFIANÇA


Uberaba sempre foi uma cidade boêmia. Bem ou mal o fato que arrebanhou essa fama e quem tem fama dorme na cama… Orlando Ferreira (Doca), no seu livro “Terra Madrasta”, registrou o alto número de raparigas que circulava pela rua S.Miguel, bem como os passeios que faziam pelas ruas da cidade a fim de se mostrarem aos ricos e poderosos da santa terrinha. Cassinos proliferam em todos os cantos da cidade. Homens abastados , fazendeiros endinheirados e jovens filhos dos ricaços da terra, endoidavam com tantas a apetitosas mulheres…O cabaré “Brasil”, do casal Paulo e Negrinha, era o ponto de encontro da rua S.Miguel. Jovens vindas do Rio de Janeiro, S.Paulo, Goiânia, Rio Verde, Jataí, Ribeirão Preto, S.José do Rio Preto e alhures, para Uberaba “fazer a vida”. Inquilinas bem vestidas, borrocadas de batom, perfume que exalava à distancia, as pensões da Isolina,Negrinha, Sudária, Nena, tia Moça, Tubertina e outras menos votadas, tão logo ouviam os acordes da orquestra do Aresky Cordeiro, no “Brasil”, atravessavam a rua à mostrarem-se para a homaiada que lotava a casa de diversão.Belas pernas torneadas, sapato alto, vestidos que não cobriam os joelhos, decotes generosos e seios que quase saltavam dos sutiãs, cabelos loiros ou morenos nos ombros caídos, desfilavam pelo salão à procura da “caça” preferida. No palco, rebolando a não mais poder, os primeiros travestis conhecidos( veados mesmo)que trabalhavam na zona: o crioulo Birinha e Diquinha , peruca loira, a cantar “Babalú….Babalú..aiê…Festa que varava madrugada.
Dentre os frequentadores, Cecilio Varela (nome fictício…),fazia sucesso. Altão, bem apessoado, brilhantina nos cabelos, camisa de seda pura, calça de linho, sapato engraxado, era o chamado “bom partido”.”Bom de bolso”, fartava-se de bebidas finas e sempre acompanhado das mulheres mais bonitas do pedaço…Porém (tem sempre um porém nas nossas vidas…), tinha um costume estranho. Naquela época (anos 50), pouco se falava em sexo oral. O Cecílio era adepto da prática. Adorava comida baiana, super apimentada. Seu costume maior quando se dirigia ao quarto da companheira, mastigava, com gosto,2 a 3 pimentas “malagueta”, sem que a parceira percebesse o gesto.À hora do “vamos ver”, a moça não se continha e começava a gritar, freneticamente, “ai, ai, ai”, um “ai” sofrido de dor, desespero, nunca prazer! Cecílio, se extasiava, ria de orelha a orelha, do sofrimento da pobre coitada.
A fama do rapaz extrapolou da zona para a cidade. Aquelas vitimas da tara do Cecílio, não contavam para as colegas e assim, ele fez a festa por muito tempo. Na rua S.Miguel. ganhou o “honroso” apelido de “língua de fogo”, pois, o que mais se ouvia delas, era o clamor:
-“Como tá de ardume a minha perereca”…

Luiz Gonzaga de Oliveira

QUEM SEMEIA VENTO, COLHE TEMPESTADE

Lá vai Luiz Henrique: Os mais novos não estão lembrados, no Triângulo, tivemos um” monstro assassino”. Assim, a imprensa tratou um caso de um cidadão que aterrorizou a região, principalmente as cidades do pontal do Paranaíba.. O fato se deu nos anos 72 e ganhou repercussão nacional. A zona rural de Capinópolis, Canápolis, Ituiutaba, Ipiaçú, ficou em polvorosa com as estripulias que vinham acontecendo e amedrontando os fazendeiros. Animais mortos, corpos decapitados, animais mutilados e ninguém conseguia “ botar a mão no assassino”. Diziam ser um homem franzino, que matara seis pessoas na zona rural de Ituiutaba. A população estava em polvorosa. Delegado e soldados da cidade, organizaram escolta porá prender o assassino e nada ! O bandido conseguia fugir de todas as situações. Pedido reforço policial em Belo Horizonte, veio para a região, o delegado especiaTacir Menezes Sá e uma “leva” de detetives especializados. Buscas incessantes, a imprensa estadual dando destaque especial. Ninguém conseguia deitar mão no assassino. A população em polvorosa. A região em parafuso. Era medo só. A grande imprensa tomou ciência e, diariamente, noticiava a “caçada ao monstro do Triângulo”. Recorreu-se ao Quarto Batalhão de Minas, sediado em Uberaba. O comandante Newton Oliveira, colocou em prática, uma verdadeira operação de guerra, à captura do misterioso individuo. Depois de 10 dias de intensa busca, em Ipiaçú, margens do Tijuco, o dito cujo foi preso. Moreno escuro, franzino, cabelos encaracolados, olhar assustado, rosto de retardado mental, dizia chamar-se Orlando Sabino. Trazido para Uberaba , Orlando, foi apresentado à imprensa nacional, em meio a um intenso arsenal policial. Jornais do Brasil inteiro , na capa, mostravam aquele negrinho, magrinho, , cabelos encaracolados, olhar assustado, rosto de retardado mental, , respondendo “sim” a tudo que lhe perguntavam, inclusive o assassinato das 6 pessoas em Capinópolis. Orlando Sabino, foi removido para Barbacena (MG), onde morreu tempos depois.
Com a captura de Orlando Sabino, cessaram as mortes no pontal do Tijuco e apenas uma interrogação: teria sido aquele menino franzino, quase raquítico, “pinta” de retardado, o “monstro do Triângulo”, tão decantado pela imprensa nacional?.

Luiz Gonzaga de Oliveira

Sr. Pedrinho da "Casa da Sogra"

GOSTAMOS DE INOVAR, MUDAR, MODIFICAR PARA QUE TUDO FIQUE COMO ESTÁ…

Ouvi, em passado não muito recente, a história de uma tesoura, sim, tesourinha de cortar pano. Amigos de Pedro Elias Miziara, da “Casa da Sogra”, foram os meus informantes. Até onde a verdade atinge as raias da ficção ou lenda, não importa, mas, sim, o fato, aquele que fica gravado para o resto da vida, é preciso que muita gente, muita mesmo, fique sabendo. Contaram-me os amigos que Pedrinho Miziara trabalhou na sua loja de tecidos com uma só tesoura , aproximadamente 60 anos. 

                                Pedro Elias Miziara -  Foto do acervo pessoal de Felipe Misiara.

Ele nunca fez ou trabalho, a não ser lidar com a loja, tecidos, aviamentos, botões, inerentes à costura e moda. Seu estabelecimento comercial, um dos mais antigos de Uberaba e o mais tradicional da principal rua de comércio da cidade, a Artur Machado, e , historicamente, conhecido de todos, a começar pelo nome, “Casa da Sogra”. Na porta ao lado, por muito tempo, permitiu que o genro, o saudoso Salatiel Oliveira abrisse uma loja de aviamentos com nome bem familiar:”Casa da Nora”…Garoto ainda, Pedrinho Miziara trabalhava com seus familiares na rua Manoel Borges, antiga rua Grande, bem defronte à Associação Esportiva e Cultural. Começou ali o “casamento” de Pedrinho com a sua inseparável companheira, a tesoura. Com ele, contavam os amigos, não se teve conta quantos metros de tecidos, rendas e fitas, foram cortados. Afirmam uns que daria para voltear a Terra, chegar à Lua e, quem sabe, na sobra, forrar uma estrada que ligaria o Amazonas ao Rio Grande do Sul… Alegre, educado, expansivo, sempre sorridente, Pedrinho Miziara criou a família vendendo sedas, gorgurões, algodão, tafetás e uma gama variada de tecidos de todas as cores, tamanhos e modelos última moda. Com a serenidade absoluta que caracteriza os homens de bem, o mesmo semblante de bom amigo e… no bolsinho da algibeira, a indefectível tesourinha de cortar pano !

Pedrinho Miziara e Anita, esposa. Foto pessoal de Felipe Misiara.

Família criada, bem criada, aliás, Pedrinho Miziara jamais desgrudou da sua grande paixão, a loja de tecidos. Entrava verão, saia verão, entrava primavera, saia primavera, chegava o outono, ia embora o outono, tempo de inverno, acabava o inverno, a figura simpática do Pedrinho Miziara estava na “Casa da Sogra” e, no bolso ou da calça ou camisa, sua companheira de mais de 60 anos, a sua tesourinha. Ela teria acompanhado o dono à morada eterna ?

Luiz Gonzaga de Oliveira


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Desde 1947, uma história de tradição e compromisso na escolha do melhor tecido. Tendo como fundador, o estimado 
 
Sr Pedrinho Miziara. (Foto do acervo pessoal da família)

Sempre lembrado pelo seu carisma , bom gosto e a frase que defendia:
" O Brasil fabrica o melhor tecido do mundo e a Casa da Sogra vende o melhor tecido do Brasil."

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PIOR QUE A DERROTA É O FUNGADO NO CANGOTE…

Envelhecimento é o ato de envelhecer e, segundo o “Aurélio”, envelhecer é tornar-se velho; perder o viço; tornar-se desusado. Afinados com esse último conceito estão aqueles que classificam a população humana em grupo etário como, por exemplo: de 0 a 14 anos, população jovem e dependente, porém, potencialmente improdutiva. Dos 15 aos 59 anos, população economicamente ativa e produtiva. Dos 60 e mais anos, população idosa, considerada economicamente inativa. Esse processo classificatório desrespeitoso para com o cidadão na terceira idade , não é o “fim de linha” como querem alguns. O idoso contribuiu, longos e longos anos, para o engrandecimento do país e teve descontado, em folha, mensalmente, à Previdência Social e demais obrigações trabalhistas e, claro! Tem o pleno direito de ser tratado com dignidade e respeito pelo Estado e sociedade. Lamentavelmente o idoso, em certas ocasiões, é mal visto onde o “usado” é descartado por um “novo”. Reconheça-se , a expectativa de vida do brasileiro continua crescendo. Envelhecer não se resume numa simples contagem de tempo que se vai, pois, com o passar dos anos , aparecem marcas ou manifestações externas e internas no organismo, provocadas por fenômenos biológicos complexos. Pergunto: parodiando Satchel Paige, grande pensador americano: “Quantos anos você teria se não soubesse quantos anos tem?”
Sem mais filosofar, vamos ao prático:já vi velhos na mais tenra idade e também convivi com velhos de almas jovens, o que é comum acontecer.
O velho Dondico, meu saudoso e inesquecível pai, quando “fez” 80 anos, perguntei-lhe o que desejava de presente. Com um sorriso largo nos lábios , poucas rugas no rosto cansado, olhar muito vivo, respondeu-me:
“-Deixa disso, meu filho. Por ora, não quero nada, a não ser a alegria de viver ao seu lado, das minas netas e bisnetos. Agora, quando eu ficar velho, dê-me uma “cadeira do papai” para que possa ler os meus jornais e ver meus programas na TV”.
Papai morreu aos 88 anos, lúcido, simpático, alegre e bem humorado. Amava a vida. Certa ocasião, indaguei-lhe porque não frequentava a praça dos Correios, como, normalmente, fazem os idosos aposentados. Olhou-me sério e ar de reprovação:
“-Que nada filho, jamais vou sentar-me na praça dos PM.”
“-Mas, papai, que tem a ver a Policia Militar com a praça ?”
Ele, sem titubear, de pronto, respondeu-me:
“-Policia Militar que nada, filho. Praça dos PM quer dizer Praça dos “Pinto murcho”….Eu, hein?”.
Nada mais falou e nem eu lhe perguntei……


Luiz Gonzaga de Oliveira

sábado, 31 de dezembro de 2016

A VERDADE É COMO A MORTE. INEXORÁVEL !

Ainda p bárbaro assassinato do Alfeu. Elias e Antônio Tosta, o tio, com insidiosa moléstia, faleceu em pouco tempo. Antônio, residiu em Uberaba, na mais completa miséria. Amigos me cobram lembrar de outros fatos policiais notórios à época. Conto-lhes de um marginal que ficou marcado na crônica policial da cidade pela crueldade dos seus crimes: Tatuado. Era o terror da zona rural. A citação do seu apelido, causava arrepios nas fazendas e fazendeiros. Seu nome completo, pouco importa, Octacílio de tal, nada mais. A simples lembrança do nome “Tatuado”, era motivo de medo. “Tatuado” fez péssimo nome aqui pelas nossa bandas, nome muito sujo, diga-se . Pelo próprio apelido , Otacílio tinha no corpo enormes tatuagens. Nomes de mulheres, coração cravado com uma seta no meio, caricatura do demônio, datas e números que só ele sabia, desenho de animais… enfim, o corpo de Otacílio era nitidamente marcado em azul e em razão disso, o apelido “Tatuado”. Toda vez que praticava um crime e, depois, preso pela policia, ficava pouco tempo atrás das grades. Espertíssimo, não se sabe como, conseguis fugir e praticar novos delitos. “Tatuado” era temido na região. Não tinha corpo de atleta, pelo contrário, era franzino para a fama que carregava. Contudo, era esperto no manuseio da faca ou do “38”. Até que um dia ( todos nós temos o “nosso”dia…)um destemido valentão da roça, conseguiu prendê-lo até a chegada da policia. O fazendeiro ficou famoso por praticar tamanha façanha…
“Tatuado”, “curtiu” o cadeião da Afonso Rato, um par de anos , sob intensa vigilância. Passada uma boa temporada no xadrez, o “Lavoura e Comércio”, abriu manchete: “Tatuado” teria se regenerado. Depois de ler a Bíblia, entendê-la por partes, versículos, com a ajuda de uma moça que o visitava sempre, com ela, casou-se. Ganhou a liberdade e do casal, nunca mais se soube noticias.

Luiz Gonzaga de Oliveira

O QUE É FEITO DE GOSTO É REGALO DA VIDA

Ainda com a devida vênia do amigo, prof. Carlos Bacelli, proponho a relembrar trechos do seu livro “Chico Mediunidade e Luz”, editado em julho de 1959. O prof.Bacelli, com muita propriedade, conta passagens de Chico, ontem, hoje e sempre, a figura mais importante dessa nossa querida e sempre imponente Uberaba.
Está escrito à página 57: “A correspondência de Chico Xavier: já tivemos oportunidade de esclarecer que, quando Chico Xavier se transferiu para Uberaba, nos idos de 1959, o único objeto que fez questão de trazer, foi um caderno com endereços dos amigos, com os quais correspondeu ao longo do tempo. As cartas que Chico Xavier endereçava aos amigos ( que se contam aos milhares), são verdadeiras páginas de espiritualidade onde emanam o perfume de sua alma grandiosa e bela. Se pudessem ser reunidas, formariam vários volumes da mais genuína mensagem evangélica, ensinamentos vivos que os Benfeitores Espirituais dão-lhe no trato com os mais diferentes problemas da vida.
Todavia, o nosso assunto em foco não se prende às missivas que Chico Xavier escrevia, mas, sim, as que lhe eram enviadas de todas as partes do Brasil, assim como muitas, muitíssimas, vindas do Exterior. Ele recebia, em média, 300 cartas diárias e os próprios Correios apurava e dava fé, foi o dono do maior movimento epistolar de Uberaba e, certamente, uma das maiores do país. As cartas que lhes chegavam às mãos, mereciam sempre o maior carinho, ternura e consideração. Quando a saúde ainda lhe permitia, fazia questão de respondê-las , uma por uma e- fato extraordinário! – nunca teve coragem de desfazer-se de uma carta no lixo, mesmo depois de lê-la e respondê-la ! Em sua casa existia um verdadeiro arsenal de enormes caixas de papelão que guardava toda a sua correspondência. Somente de tempo em tempo, se via obrigado a promover uma triagem nos papeis que iam se acumulando. Às vezes, o hábito lhe criava embaraços , notadamente pela excessiva proliferação de insetos que , teimosamente, aninhavam entre os envelopes, livros e revistas. Chico, contudo, não se importava…-“Tenho pena de jogar fora uma cartas de alguém que me escreveu, pedindo uma prece, uma mensagem, uma palavra de conforto”, justificava.
No ano de 1959, conta o prof. Carlos Bacelli, “estivemos auxiliando a fazer uma pequena arrumação nas referidas caixas e aproveitamos, com o seu consentimento, para tomar ciência do conteúdo de algumas cartas , chegamos à conclusão de que as recebidas por Chico, se constituíam no material mais farto que alguém jamais teve à sua disposição para tentar compreender o mistério da dor na alma humana. Pais desesperados, mães aflitas , cônjuges à beira da loucura, filhos sofredores, doentes desenganados, jovens com inclinação ao suicídio, irmãos descrentes da vida. Era de dar pena !”.
No capítulo de amanhã, lhes contarei algumas aberturas das cartas endereçadas ao nosso inesquecível Chico Xavier. 

Luiz Gonzaga de Oliveira

O RABO NÃO PODE BALANÇAR O CACHORRO. OS HOMENS DE BEM, ESTÃO SUMINDO

Farei 4 comentários sobre o aniversário de Chico Xavier. O mundo o reverencia.

2 de abril ,1910, nasceu em Pedro Leopoldo (MG), Francisco Cândido Xavier, para a humanidade simplesmente CHICO XAVIER. Vou me valer dos vastos conhecimentos do prof. Carlos Alberto Bacelli para citar um pouco do maior “médium” espírita do mundo. Conta ele no seu livro “Chico Xavier- Mediunidade e Luz”: certa feita, Chico em S.Paulo, um abastado empresário teve a alegria em recebê-lo, mas, desconhecendo a vida real de Chico, afirmando apenas ser ele, um privilegiado. Chico, sem trair sua humilde conduta de equilíbrio, respondeu de pronto: – “Meu amigo”, não sei quais são os meus privilégios perante os céus, pois, fiquei órfão de mãe aos cinco anos; fui entregue à proteção de uma senhora, que, durante quase dois anos, graças a Deus, me favorecia com três surras de vara de marmelo por dia, empreguei-me numa fábrica de tecidos aos dez anos e nela trabalhei quatro anos seguidos, à noite, estudando na escola primária durante o dia. Não podendo continuar na fábrica, empreguei-me como auxiliar de cozinha, balcão e porta, num pequeno empório, durante mais quatro anos. Em seguida, empreguei-me numa repartição do Ministério da Agricultura, na qual trabalhei 32 anos, começando na limpeza da repartição, até chegar a escriturário, cargo no qual me aposentei.

Em criança sofri moléstia de pele, fui operado no calcanhar onde me cresceu um grande tumor. Sofri dos 12 aos 15 anos de Corea, ou “mal de São Guido” e fui operado em 1951, de uma hérnia estrangulada. Também acompanhei a desencarnação de irmãos que me eram particularmente queridos em família. Sofrí um processo público em 1944, de muitos lances difíceis e amargos, por causa das mensagens do grande escritor Humberto de Campos.

Em 1958, passei por escandalosa perseguição com muitos noticiários infelizes da imprensa, perseguição de modo tão intenso que me obrigou a sair do campo reconfortante da vida familiar em Pedro Leopoldo, onde nasci transferindo-me para Uberaba, em 1959, para que houvesse tranquilidade aos meus familiares que não tinham culpa de eu ter nascido “médium”.

Em 1968, fui internado no Hospital Santa Heleno, em São Paulo, operado numa cirurgia de muita gravidade e no cinquentenário de minha pobre faculdades mediúnicas, agravou-se em mim processo de angina… angina essa que lutarei por muito tempo…”

Terminando o comentário ao empresário que tivera o prazer de receber a sua visita, Chico completou: “Se tenho privilégios como o senhor imagina, devo ter esses privilégios sem saber…”
Chico Xavier, é tão grande, tão vivo entre nós, que, amanhã, continuo a falar dele.

Luiz Gonzaga de Oliveira

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

VOCÊ NUNCA DEVE UNIR O INÚTIL AO DESAGRADÁVEL…

Lembro mais uma do Zote, figura maiúscula do folclore dessa Uberaba quase bicentenária. Não é segredo a amizade que sempre uniu Zote à família de Osório Adriano, tradicional na cidade. O “velho” Osório dedicava carinho especial ao jovem Zote. Amizade que extrapolou à figura do patriarca e chegou aos filhos Garibaldi e Jairo. Os outros, doutores Wilton e Osório Filho, saíram jovens de Uberaba e o convívio com Zote foi menor. Com Garibaldi e Jairo, amizade de irmãos. Relação que se estendeu com os netos do “seo” Osório, filhos de dona Olésia e Mário de Almeida Franco, especialmente com o advogado, fazendeiro e empresário Mário Fernando Adriano Franco, também figura de relevo na maçonaria uberabense. Mário Fernando, tinha um carinho especial pelo Zote, ao ponto de encontrarem-se quase diáriamente e, quando isso não acontecia por qualquer motivo, um telefonema entre eles, era inevitável.
Zote adoeceu.Um principio de infarto preocupou os amigos. Exames teriam que ser realizados em São Paulo, no Instituto do Coração , aos cuidados do saudoso Adib Jatene. “Medorréia” no mais alto grau, impôs à família, uma condição:
“Bem, eu vou. Mas o dr. Marinho ( como ele chamava Mário Fernando ), vai comigo. Se não… No avião da família Franco, Zote foi para S.Paulo. Logo nos primeiros exames, a constatação: uma coronária bloqueada, a outra semi bloqueada e uma solução: cirurgia. Zote, suava em bicas e resmungava o tempo todo. Nervoso, seu estado inspirava cuidados. Lá pelas tantas da madrugada, Zote acordou o amigo Mário Fernando, quase suplicando, pediu:
-“Dr. Marinho, vamos fugir daqui?”
A reação inicial de Mário Fernando foi dizer não! Aí veio nele a “dor de consciência”. “E se eu disser não e acontecer algo pior… vou sentir remorso pelo resto a vida “, pensou rapidinho.
-“Vamos sim, Zote. É prá já. . Arruma a mala que estou arrumando a minha”.
Zote, mais que depressa, começou a jogar tudo dentro da mala. Pijama, camisas, calças, cuecas, meias, cuecão de doente, escova de dente e tudo mais que tinha direito.
Mário Fernando, amigo e confidente, companheiro inseparável de Zote, arrependeu-se da atitude que estava tomando e pensou em segundos:
-“E se o Zote morrer no caminho? Serei culpado e não me perdoarei pelo resto da vida…”A dúvida assomou-se à cabeça do amigo. Segundo seu relato, teve uma ideia luminosa: jogou as malas no corredor do hospital. Porta do quarto fechada, “combinavam” a melhor maneira de deixar aquela casa, sem ser notados. Eis que a porta se abre e um brutamontes, segurança do hospital, acompanhado da enfermeira-chefe, postaram-se à porta e lascaram a célebre frase:
-“Onde o senhor pensa que vai, “seo” José Formiga?”
Na manhã seguinte , Zote estava operado, cirurgia que correu maravilhosamente bem nas mãos do competente Adib Jatene e, à cabeceira da cama, o amigo de todas as horas, Mário Fernando Adriano Franco. Feliz início de semana e o meu abraço “Marquez do Cassú”…

LUGAR ONDE MANDA A CORRUPÇÃO, QUALQUER RESULTADO É ESPERADO

Mais uma historinha do meu sempre lembrado e saudoso amigo José Formiga do Nascimento, o mítico “Zote” que Uberaba inteira respeita, admira e reverencia. O fato aconteceu comigo, esse insignificante contador de “causos”, em meados dos anos 60, quando do recém criado Nacional Expresso e a linha Uberaba-São Paulo-Uberaba. “Zote”, segundo ele mesmo, tinha dois escritórios: um oficial, no posto que leva, até hoje, seu nome; o outro, os dois enormes bolsos das calças larga que usava, feitas, naturalmente, por encomenda. Bolsos grandes que abaixo dos joelhos. Neles, “Zote”, “guardava” documentos. Seguro de vida, seguro dos ônibus, escrituras de terrenos, fazendas, posto de gasolina, talões de cheques e, evidente, dinheiro, muito dinheiro das suas transações comerciais. Precisando recorrer a um documento importante, o mítico “Zote”, enfiava a mão e o braço calça abaixo e, solenemente, dizia –“Peraí, deixa procurar no escritório da “direita” onde tá “. Se, por ventura, não encontrava, trocava de mão e repetia:-“calma, deve t’aquí no escritório da esquerda”… Normalmente encontrava o que procurava. Certa ocasião fui apresentar-lhe – a seu pedido – , um plano de publicidade para o Nacional Expresso. Chegando ao escritório, assustei. “Zote”, ao telefone, em meio a uma pilha de papéis e, à mesa, centenas de documentos, notas de um, cinco e dez cruzeiros, esparramadas até pelo chão, notas fiscais do posto de gasolina, jogadas ao canto do escritório, enfim, uma bagunça generalizada. Pus-me a apanhar o dinheiro no chão, recolhia as notas fiscais e comecei a colocá-las em cima da mesa. “Zote”, quando viu o meu gesto, ainda no telefone, tapou a boca do aparelho e dirigiu-se a mim :

-“Para Luiz, para! Não mexa nos papéis, por favor,”.

Sem graça e surpreso com o pedido, larguei, de pronto, a minha “arrumação” e esperei que ele terminasse a ligação. Em minutos, finda a “fala”, voltou-se, educadamente prá mim e disse:

-“Trouxe o orçamento que lhe pedi?”

Respondi afirmativamente e não “aguentei” e perguntei-lhe:

-“Zote” porque ‘cê” não quis que eu arrumasse seus papéis, homem de Deus!”.

-“Arrumando nada”, respondeu. –“Cê tava era bagunçando meu escritório, moço”…

Se fez a publicidade, não me lembro, mas, se Uberaba tivesse uns DEZ “Zote”…

Bom final de semana a todos. As historinhas “zoteanas” estão acabando… ”Marquez do Cassú”.

O PIXULECO ERA O PODER MAIOR E, POR ELE, ERA TUDO EXERCIDO…

Estou no finzinho das histórias folclóricas do saudoso José Formiga do Nascimento (Zote). Começou ajudando o pai Sinomar em parquinho, depois virou consertador de bicicletas, até tornar-se num dos maiores empresários de Uberaba. Ônibus, postos de gasolina, motel, usineiro, fazendeiro e outros “eiros” mais. Se bom ou mau patrão, respeitador ( ou não) dos direitos trabalhistas aos seus funcionários, dúvidas foram colocadas (alô Olimpio !) não ouso comentar por absoluta falta de conhecimento. Atenho-me às “tiradas” dele. Engraçadas e espirituosas, por sinal. Lembro-me que, entre Ribeirão Preto (SP)a Catalão (GO), o primeiro motel sério, construído no trecho foi o de Uberaba. Quem construiu? Zote…
Para que os seus motoristas não atrasassem em escalas, Zote construiu algumas casas no “fundo” do posto. A vida rolando, os ônibus rodando, o dinheiro entrando, a empresa prosperando, Zote enriquecendo… tudo ia às mil maravilhas ! Um senhor de meia-idade, sempre bem vestido, calça de tergal com vinco bem feito, camisa de linho, manga comprida, olhos esverdeados, cabelos lisos sempre bem penteados, entrada para a calvície, Malaquias Pontes, era o “lugar tenente” de Zote. Tomava conta do “caixa”, “olheiro” dos empregados, era de uma fidelidade canina ao patrão. Com as casas construídas trás do posto, “seo” Malaquias começou a perceber que os motoristas do Nacional Expresso, estavam tendo demasiadas regalias. Começou a observar e não gostou do que viu. Certa entrada de noite, findo o expediente, Zote se preparando para ir à fazenda, foi abordado pelo Malaquias:
-“Zote, estou preocupado. Não queria falar, porém o dever me obriga. Seus motoristas estão lhe passando prá trás. Tão lhe roubando, homem !”. Zote espantou e quis saber mais.
-“Sabe, Zote, o “Zé Comprido comprou televisão novinha em folha. O “Quinca” reformou toda a mobília da sala, sofá novo, cortinas nas janelas, o “João Chicoso”, tá de fogão à gás, ocÊ num há de ver que o Chicão, tá com rapariga por conta,sô! A moçada está lhe metendo a mão, Zote!”. José Formiga, esboçou um leve sorriso no canto da boca, puxou Malaquias para um canto do pátio e, calmamente, falou baixinho no ouvido dele:
-“Incomoda não, Malaca. Tô vendo tudo, mas vou lhe dizer uma coisa: esse pessoal meu é tudo porco gordo, come pouco. ‘Cê imaginou se eu troco e coloco uma porcada magra, o que vai virar isso aqui?” O papo encerrou ali.

Luiz Gonzaga de Oliveira

José Formiga do Nascimento, Zote - Uberaba

Encerro, hoje, a série Zote. Embora pareçam fantasias e ou anedotas, são crivadas da mais pura e cristalina verdade. Aliás, José Formiga do Nascimento, Zote, se não tivesse nascido, o mais justo, real e sincero , seria confeccionar um protótipo, nem que fosse de matéria plástica, tamanha a autenticidade de suas histórias. Veio-me à memória um fato religioso, de fé, igreja e devoção vivida por Zote. Seguinte: o nosso homenageado era devoto fervoroso de São Sebastião, santo trabalhador, guerreiro, batalhador e vencedor. Era se ver “apertado”, situação financeira que requeria cuidado, Zote invocava o santo. Zote era “cliente preferencial” do Banco Mercantil de Minas. “Amigo especial” do gerente Djalma Guimarães, que o socorria a qualquer hora. “Segurar um cheque por alguns dias”, “fingir de morto à duplicata vencida” e pelai. Djalma, sabia e tinha certeza que o amigo nunca iria “mancar”. Certa feita, alguns cheques estavam na “gaveta” a pedido de Zote. Só que, inesperadamente, chega à agência, um inspetor do banco e a usual conferência do “caixa”. Djalma, ficou ansioso..onde encontrar o Zote? Na fazenda? No posto? Na usina de açúcar?na empresa de ônibus? Telefona prá cá, telefona prá lá , demorou um bom tempo à encontrar o Zote.

-“Zote, meu amigo, corra aqui na agência. Estou com inspetor na casa e aqueles cheques…”
Hora e meia depois, chega o Zote, sorridente, calmo, calça abaixo da barriga, botina “mateira”, camisa prá fora da calça, chapéu de aba curta, barba por fazer, estende a mão ao amigo gerente e, folgado, perguntou:

-“E aí compadre, que foi que aconteceu?”.

Antecipando qualquer esposa, o inspetor atravessou e foi direto ao assunto:

-“Sabe, “seo”José, encontrei uns cheques emitidos pelo senhor sem cobertura e preciso solucionar essa pendência”…

Zote tirou o chapéu, coçou o couro cabeludo, pigarreou e, de pronto, começou a falar:
-“Sabe, “seo” inspetor, o Djalma é o melhor gerente que o Mercantil tem em Minas Gerais, ajuda todo mundo que precisa. Eu precisei e pedi um prazo de 3 dias para “cobrir” os cheques. Vence depois de amanhã. Num dá pro senhor esperar?”
-“Dá não, “seo” José, senão complica a vida do gerente”. ..
Foi aí então que entrou a “lábia” e o “proseado”do Zote-“
“-O senhor é católico ?”, perguntou.
A afirmativa veio em seguida.

-“Pois é. O Djalma tá me ajudando a carregar o andor de São Sebastião, há muito tempo. Saiu da Catedral, tá vendo a torre da Igreja? Desceu a praça Rui Barbosa, contornou a Notre Dame, ganhou o lado direito do casarão do Coronel Geraldino, num esforço danado, subiu comigo, segurando o andor, as escadarias da Catedral e no momento que a gente ia colocar o santo no altar, o senhor quer que eu deixe ele cair?”

O riso foi geral. O inspetor compreendeu a situação e, na 6ª.feira, conforme o combinado, Zote “cobriu” os cheques…

Luiz Gonzaga de Oliveira

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

MUDE TUDO PARA QUE TUDO FIQUE NO MESMO LUGAR…

Uberaba do século passado teve homens eméritos, empreendedores, avançados, destemidos e inovadores. A epopéia do zebu foi um marco. A vocação agro comercial deixou rastros profundos. Alexandre Cunha Campos foi um pioneiro. Dono da primeira drogaria da cidade, o cliente encontrava sempre o remédio procurado. Gerou empregos e mais empregos. Lutando contra a má vontade de muitos, Alexandre Campos instalou a primeira empresa telefônica da região. Incipiente, dificuldades mil, mão de obra pouco qualificada, o máximo que se falava , além do perímetro urbano, era com Veríssimo, 50 kms, daqui. Uberaba foi crescendo, Alexandre envelhecendo e não suportando o peso dos anos, faleceu. Os filhos, José, Sylvio, Joaquim e Anita, (menos Joaquim com problemas de saúde), assumiram o controle das empresas. Em pouco tempo, a drogaria Alexandre, foi encampada Alexandre Cunha Campospela Drogasil. Ficou a telefônica. Pequena, não suportava o sustento dos sucessores. José, Joaquim e Anita, transferiram-se para S.Paulo. Sylvio ficou à frente da empresa. Homem de educação esmerada, conduta e seriedade indesmentidas, doou-se, com lealdade e amor, à gerência da empresa familiar. Uberaba crescendo e com ele, bem parelho, as naturais dificuldades. A telefonia no Brasil, crescendo a passos de canguru, os financiamentos pouco facilitados e a adversidade caiu sobre um homem bom, honesto e de fino trato. Doenças em família debilitaram o forte Sylvio e o inicio dos problemas para gerir a empresa. Chamados, José e Anita logo se juntaram ao irmão no momento em que ele mais precisava. José e Anita, com imensas atividades em S.Paulo,pelo menos uma vez por mês, vinham dar suporte à Telefônica. Às duras penas , iam tocando o barco. Logo a frente, em reunião familiar, resolveram transferir a empresa ao primeiro grupo empresarial que se interessasse pelo negócio. Tive um relacionamento de amizade muito grande com José e seu filho, Alexandre Neto. Cordial com Anita e respeitoso com Sylvio. José, incumbiu-me de realizar sondagens na ACIU, sentir do empresariado uberabense a disposição em conversar sobre um possível acordo à transferência do controle acionário da Telefônica. José, Anita e Sylvio, queriam que a empresa ficasse em mãos locais. Alguns contatos, reuniões enfadonhas, deram-me a certeza que não havia interesse e nem levaram, a sério, os primeiros contatos. Autorizado por José Cunha Campos, voltei uma duas vezes a conversar com diretores da principal entidade classista empresarial de Uberaba.Nada!

Um deles que , por respeito está vivo e são, daí não declinar seu nome, foi lacônico:-“Eu hein, jogar sal em carne podre ?” Relatei à José o que ouvira. Na estada seguinte a Uberaba, José e Anita souberam da minha amizade de infância com Luiz Alberto, filho de Alexandrino Garcia, dono da CTBC, de Uberlândia (fomos colegas de banco de escola no Colégio Diocesano) e pertencendo ao Lions Clube de Uberaba, tínhamos contato com o clube de Uberlândia, onde Alexandrino era presidente. O “comendador’ como gostava de ser chamado, estranhou o meu contato. Chegou a comentar: “será que a familia Cunha Campos iria se desfazer da Telefônica?

Em pouco tempo a transação se realizava. Os empresários uberabenses , ao tomar conhecimento da transferência do controle acionário da ETUSA para a CTBC, ficaram de “cabelo em pé”. Fontes mais conservadoras da cidade, indignadas, lamentaram:-“é um absurdo vender um patrimônio nosso para Uberlândia?Já não basta os que eles já tiraram de nós ?”

Até hoje, muita gente de Uberaba desconhece o pouco interesse dos nossos empresários e os “ouvidos moucos” que fizeram da oferta e acabaram chorando na “árvore do Pedro Borracheiro”…

Luiz Gonzaga de Oliveira

“ESQUINA DO ENJEITEI” UBERABA


Depois do “banco do choro”, no outro lado da avenida Leopoldino, um ponto famoso marcou época na Uberaba de ontem. Hoje, esquina do “calçadão” com a avenida, ficava a “esquina do enjeitei”. E por quê “esquina do enjeitei?”Tentarei historiar um pouquinho daquele célebre “pedaço” de Uberaba, Dizem as boas e más línguas citadinas que a “esquina do enjeitei” surgiu na década de 40 do século passado, quando Uberaba vivia a fase sensacional, espetacular ( também especulativa…)e auge do zebu. Os fazendeiros, segundo a lenda, chegavam a dar banho de champanhe em seus animais de estimação, enfiar, goela abaixo, tabletes e mais tabletes de chocolates importados, dar “gorjetas” generosas para os engraxates de suas caras e lustrosas botas. Um engraxate, mais tarde meu amigo, Constantino, que tinha banca no “Café Uberaba”, ganhou tanta “gorjeta” engraxando sapatos e botas, que investiu o que ganhou, adquirindo bois menos selecionados, Na derrocada do zebu, perdeu até a banca…A “fazendeirama” elegeu aquela esquina para negociar e mascatear suas crias famosas, bem como fanfarronar as bravatas de “novos ricos” da cidade. Era usual ouvir-se naquele tempo, frases assim:
-“Oi, Zé, é verdade que ocê tá vendendo o “Príncipe”(nome do boi, naturalmente).
-“Tô, sô. Já enjeitei 500 contos nele. Num vendo”.
Daí a pouco chegava outro comprador interessado no reprodutor do Chico de Almeida e lançava a oferta:
“-Chico, to dando um milhão no Soberano. Ocê topa?”Chico de Almeida, dava uma estridente risada, volteava o corpo, pigarreava e repicava:
“-Que é isso, João? Já enjeitei um milhão e meio e nem deixei a conversa seguir, sô…”
E por aí afora, “enjeitei” de cá, “enjeitei” de lá, todos os que não tinham gado prá vender eram obrigados a conviver com o tal tipo de papo de esquina. A “fazendeirada” não gostava muito do apelido,mas, era inegável que o referencial colocado do indefectível “ enjeitei”, pegou como visgo. A esquina deixou de ser a do “Marabá” (bar existente no local) para ser a esquina do “enjeitei”. Ainda que o passar dos anos tenta apagar, a “esquina do enjeitei” jamais será esquecida. 

Luiz Gonzaga de Oliveira

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

UBERABA, AO TEMPO QUE A MÚSICA ERA EXECUTADA POR INSTRUMENTOS MUSICAIS, AO VIVO, TEVE MAGNÍFICAS ORQUESTRAS.


O mundo avança celeremente. Tudo acontece muito rápido, “prafrentex”. Raramente se ouve ou vê comentários de grandes orquestras para bailes ou acontecimentos sociais. Nem vou lembrar em Ray Conniff, Tommy Dorsey, Glenn Miller, Harry James, Francisco Canaro, Miguel Caló e outras típicas mais. Contentar-me-ei em lembrar de Simonetti, Cipó, Tabajara, Valdir Calmon, Casino de Sevilha , que fizeram enorme sucesso e deixaram indeléveis marcas no calendário dos bailes brasileiros e por extensão ( e por que não?) suas apresentações nos clubes da santa terrinha…
Atualmente o que manda mesmo é a música eletrônica. Nos salões, boates e casas de dança, a “moda” é o “DJ”- abreviatura do inglês- “disck-jockey”, aquele rapaz ( ou moça )que se encarrega do som, da musica de sucesso e do “agito” da moçada…
Uberaba, ao tempo que a música era executada por instrumentos musicais, ao vivo, teve magníficas orquestras, Vilaça, “Glostora”, Chaguinha, “Docinho”, Miguelzinho Reis. Depois… bem, depois, vieram os “conjuntos” musicais da terrinha, alguns músicos importados. Todos com rótulo de sucesso. “Os Mugstones”, de quem falarei ,especificamente, amanhã, encantou o Brasil. Mais: Rosseti, hoje em Brasilia (DF), liderou um “senhor” conjunto:Geraldo Barão e Cristina Cabral, cantando; sopro e cordas com Gabriel, Jaime “Touro sentado”, Gibinha, Urano Silva, Helvecinho Almeida ( grande baterista !), deixaram saudade… O “Móbile 70”, grande rival do Rossetti, era formidável ! Andrézinho Novaes, Janinho, Osvaldinho, Zé Nilton, Djalminha, Dinho, Heli Rocha… “bons pacas”. Ligeira distensão no grupo e surge o “Som Especial 7”: Janinho, Dinho, André, “Pão Velho”, Irene, mais sucesso! O “Bossa 6”, também fez a juventude dançar, papear, namorar e “ficar” no “Chop-Center”, da Ângela Gutierrez, no inicio da Odilon Fernandes.. que acabou ( acabou porque, porque acabou?…)
Não dá prá esquecer o último grande conjunto da terrinha: o “Prisma”. Jorginho Zaidan, Andrézinho Novaes, Lumumba ( que grande sax !), Osvaldinho na bateria… Cantores bons nunca faltaram: Roberto Rodrigues, Maria Irene, Mara Foroni, Ivete, Marcelo Prado, Helinho Chaves…Não! Não dá prá esquecer esses artistas da música. Cabinho, com a sua excepcional banda.“Quem ousa discordar? Craques de uma grande geração de excelentes músicos !
Repito: agora vale a eletrônica. Aquele barulhão insuportável: bum, bum, bum, bum, que, mesmo a gente gritando, o outro (a) não consegue ouvir…
Não se “fazem” conjuntos e nem orquestras como antigamente. Nem por isso deixo de registrar que, na história de Uberaba, nossos músicos tiveram presença gloriosa, ainda que tenha eu omitido nomes e “trocado” em nome dos conjuntos em que atuaram.Perdoem-me.
Amanhã, lembro a grande trajetória d”Os Mugstones”. Até lá. Abraços do “Marquez”…
*Luiz Gonzaga de Oliveira

LUÍS FILIPE MARIA FERNANDO GASTÃO DE ORLÉANS, CONDE D’EU EM VISITA A UBERABA

LUÍS FILIPE MARIA FERNANDO GASTÃO DE ORLÉANS, CONDE D’EU EM VISITA A UBERABA


Ainda a Mojiana. A visita do Conde d’Eu a Uberaba para a inauguração da Mojiana, ensejou a fundação do Partido Republicano- “Clube 20 de março”-, que agrupava os opositores do regime imperial e tinha como adeptos figuras ligadas às atividades comerciais da cidade. A estrada de ferro Mojiana, marcou o apogeu do comércio, deixando traços profundos na vida econômica da cidade. Como se tratava de uma empresa paulista, a dependência de Uberaba à São Paulo tornou-se evidente. A Mojiana foi o ponto de confirmação das relações comerciais entre Minas e São Paulo. Em verdade, isso já foi cantado em verso e prosa . Uberaba sempre manteve pouco contato com Belo Horizonte, a bela capital mineira, restringindo apenas às comunicações oficiais, embora o contato nas últimas décadas tenha melhorado, não muito…Os interesses econômicos divergentes, meios de comunicação apenas razoáveis e, diga-se, pouco confiáveis. Por essas e outras razões, não é de hoje que,” vira e mexe”, surgem movimentos visando separar o Triângulo Mineiro do resto de Minas…A história conta que um dos grandes incentivadores desse movimento foi o Dr.Henrique Desgenetes e os poucos jornais da época a defender a separação do Triângulo e, inclusive, dando “nome ao novo estado: Província Entre Rios”. Em 1906,devido a posição francamente hostil do governo de Minas para com a nossa região, vários uberabenses, liderados por Lauro Borges, acirraram na defesa da separação. A vinda da Mojiana, o movimento comercial da cidade multiplicando-se, a população do município aumentando com a chegada de imigrantes, principalmente os italianos, nem a Proclamação da República, mesmo com a vinda da Mojiana, provocou mudanças no cotidiano da cidade. Uberaba desenvolvia-se sob a égide do comércio, embora a atividade agropastoril, extensiva e criatória, fosse , em parte, responsável inicialmente pelo apogeu comercial da cidade e continuasse a canalizar os interesses de uma grande camada da população. O comércio acelerado pela facilidade das transações comerciais, tanto as capitalistas, quanto as bancárias, pela melhoria dos transportes e crescente ampliação do mercado consumidor, concentrou, momentaneamente, as atenções e o interesse da população. A implantação da ferrovia, o comércio avolumou-se de tal forma e tornou-se o elo interiorano e o mundo capitalista. A visão, felizmente, dos nossos antepassados, era bem maior que muitos dos de hoje. Assim é que não havia interesse do nosso empresariado, que a ferrovia terminasse em Uberaba. Era necessário seguir os trilhos. Assim em dezembro de 1895, alcançava a então pequena São Pedro do Uberabinha e, no ano seguinte, 96, Araguari. Se o progresso por um lado pedia, o prolongamento dos trilhos fez com que o comércio de Uberaba, entrasse em crise. Relato da historiadora Eliana Mendonça Marquez de Rezende, que, em detalhada exposição explica o porquê dessa queda e a razão que os comerciantes uberabenses fundaram o seu jornal que tinha um nome esquisito: “Lavoura e Comércio”.




Luiz Gonzaga de Oliveira

“JORGE FURTADO-NU E CRU”




A competente jornalista Ana Luiza Brasil, escreveu em passado não muito recente, o livro “Jorge Furtado nu e cru”, retratando fatos da vida do grande médico uberabense. Livro de muito valor para a história da terrinha. “Jorge Furtado-nu e cru”, está recheado de fatos importantes da vida do ex-prefeito, grande político, emérito professor e líder de uma geração de estudantes universitários de Uberaba. Jorge Furtado foi professor na MED , Odonto e Medicina Legal na Faculdade de Direito.Fui aluno de Direito desse grande mestre, onde travei lembranças eternas. Antes, em 54, quando Mário Palmério , o grande líder da política uberabense e, até hoje, insubstituível, o lançou candidato à prefeito, já eram fortes e indestrutíveis os nossos laços de amizade e afinidade política. Naquele ano, perdeu as eleições para Artur Teixeira, mas ganhou a Prefeitura 4 anos depois , em 58. Como mestre e amigo, Jorge Furtado foi insuperável. Se não bastasse seus conhecimentos, sua formação didático-cultural, exercia sobre seus alunos verdadeiro fascínio. Até os estudantes menos atenciosos e aplicados, desinteressados pela matéria, acabavam se contendo e, pacificamente, assistiam suas aulas. Em 1955, fumando um cigarro atrás do outro, o professor Jorge Futado usava jalecos abaixo dos joelhos e suas aulas mais práticas que teóricas. Aos sábados, levava os alunos de Direito (Medicina Legal)para os laboratórios da Medicina, a mostrar cadáveres sobre cadáveres, ministrando aula sobre anatomia , misturando-a com Medicina Legal.


Numa dessas aulas práticas, testando estômago da rapaziada e principalmente das moças, Dr.Jorge fez a brincadeira que marcou fundo à lembrança da nossa turma. Um cadáver recém chegado à pedra de mármore da Medicina, estava “fresquinho” para ser estudado.Era a aula de anatomia, após o almoço… Sem medo, os rapazes se postaram à frente do “presunto”. As mulheres, Rosa Maria (dona do cartório de protestos), Glorinha Cruvinel, Neuzi, Maria Helena Mendes, Maria Amélia Sampaio e Wanda Wanderley (esposa do Alencaliense Max, o “Gaucho”, ficaram encostadas na parede da sala. De longe e ressabiadas… O formol do corpo do indigente, exalava cheiro fortíssimo e as meninas, tremendo de horror!


Jorge Furtado, inicia aula. Percebendo o receio dos mais medrosos (as), executa a brincadeira que se tornaria famosa na Faculdade. Seguinte: Com naturalidade, falando pausadamente, ele fez uma incisão naquele corpo inerte e, num gesto rápido, retira um pedaço de carne do cadáver e leva à boca.- “Minha Nossa Senhora d’Abadia!” foi o grito que ecoou na pequena sala! Saiu estudante pra todo lado. Só duas portas. Empurra-empurra generalizado. Uns dando vômitos, elas gritando e “destripando o mico” a valer, pensando verdade fosse a atitude do grande professor! Qual nada . Rindo de orelha à orelha, o mestre acalmou a nós todos com a devida explicação:- “No instante que levei a mão à boca, troquei de dedo”. A custo, a aula foi reiniciada…


Tenho boas histórias do saudoso ex-prefeito e professor Jorge Furtado. Abraços do “Marquez”.

PRIMEIROS CARRINHOS DE CACHORRO-QUENTE (“HOT-DOG”) EM UBERABA


  Vou contar-lhes como surgiu um dos primeiros carrinhos de cachorro-quente(“hot-dog” é mais bonito,né?)em Uberaba, no ano de 1973 se a memória não me trai. Garoto ainda, o catarinense Rudy Eckes , deixou a família no sul do país e veio dar com os costados pelas nossas bandas, à tentar a sorte e um melhor meio de vida. Sem profissão definida, mas, potencial enorme de trabalho, Rudy encarou toda a sorte de serviço. Um dia, mercê a bondade da saudosa Maroquinha Cunha Castro, esposa do também saudoso Rodolfinho Rodrigues da Cunha Castro, alugou-lhe, sem fiador, o cômodo debaixo de sua residência, na rua Governador Valadares, esquina da 13 de maio, onde Rudy”fincou” seu boteco por muito tempo, aliás, ate o dia que precisou da garagem…
Aconselhado por amigos que conheceram a novidade (“hot-dog”)em Goiânia, Rudy comprou um velho “trailler” e tentou instalá-lo defronte ao então INPS, um pouco à frente de onde fora desalojado. Não deu sorte, encontrou barreiras. Foi à Prefeitura solicitar o alvará de funcionamento. –“Negativo!”, disseram-lhe os fiscais de posturas. “Trailler de cachorro-quente é prá currutela.Uberaba é cidade grande, não comporta isso”, disseram.

Frustrado, Rudy correu atrás do seu amigo, o saudoso padre Vicente Ambrósio, vigário da paróquia de S.Benedito, pedindo-lhe ajuda. O sacerdote cedeu-lhe, por empréstimo, um terreno no inicio da avenida João XXIII, Parque das Américas. Às v´esperas de mais uma Exposição de Zebu, instalou seu “trailler”. Aprendeu e esmerou na feitura (ou fritura?)do bife na chapa, comprou pão especial, tomate vermelho e introduziu tempero de mostarda e “catchup”no meio da carne com pão. O nome do “trailler” veio a propósito .pertinho do Parque Fernando Costa, na abertura da Exposição, morando na capital do zebu, não titubeou para escolher o nome do negócio “Zebu-dog”. O sanduiche fez sucesso, a freguesia chegou e o nome “colou como visgo”…

Só que o Pe.Vicente, precisou do terreno. Rudy teve que sair dalí.Alugou um terreno baldio na avenida Fidélis Reis, no centro da cidade. Fez muita propaganda da mudança de local para conhecimento dos fregueses. Azar! Não ficou muito tempo. O dono do terreno precisou da área para construir a sua loja de móveis. Pensou:-“ e agora para onde vou?” dolorosa interrogação. Sem alternativa, há mais de 30 anos, escolheu um local ermo,poucas casas, 2 pensões de viajantes, sem movimento, mato prá todo lado, era a praça Dr.Rebouças, mais conhecida como praça da Mojiana. “Sentou praça” no pedaço. O “zebu-dog” mudou-se prá lá.A freguesia foi atrás. Novos carrinhos de lanche apareceram. O movimento noturno da terrinha, mudou de eixo. Rudy, ativo, ampliou seu negócio.Comprou um terrenão no local e montou um salãozão de dança e deu o nome de “Forró do Rudy”. Sucesso! Quando a “mina secou”, aproveitou o salão e instalou um “rink” de patinação. Sucesso e dinheiro chegando.Na praça da Mojiana,hoje, proliferam bem instalados quiosques e muito movimento noturno com “fumo”, bagunça,gritaria, “cavalo de pau” e sujeira… O Rudy saiu do negócio que virou moda.No barracão do antigo “forró”, depois patinação, um cartaz:” aluga-se”…Rudy está aposentado. Espirita convicto, cuida de obras sociais…
Fecho “baú de memórias”.

Abraço agradecido do “Marquez do Cassú”

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

CEMITÉRIO – FINADOS - UBERABA

Dia de Todos os Santos – Finados. Como faço comumente, vou ao cemitério visitar e rezar às pessoas que sempre me foram muito caras. Pai, mãe, irmã, parentes e amigos com quem convivi grande parte dessa minha longeva existência e oferecer-lhes um “Pai-Nosso” e uma “Ave-Maria”. O mínimo que um cristão temente a Deus pode dar como se fosse uma rosa da saudade, ofertada com infinito amor.

Todos os mortais deveriam ir pelo menos uma vez ao ano visitar o campo santo. Alí está a verdade. Ela é uma só. Pretos, brancos, ricos, pobres,doente, sadios, jovens , velhos, crianças, adultos, humildes e prepotentes, valentões e covardes, feios e bonitos, poetas e gentios, altos e baixos, putas e virgens, religiosos e pecadores, enfim, todos ! – perpetuam-se o que de mais claro, verdadeiro e sem volta, tornaremos a ser : pó ! O ditado latino, normalmente afixado à entrada dos cemitérios , é claro e incisivo :” ex-pulveris, in pulveris reverteras “,”és pó e em pó reverterás. Nada mais certo. Nada mais real !
Que adianta as grandes riquezas materiais, de que valem os poderosos achincalharem os pobres e indefesos , a prepotência esmagando os fracos e os humildes ? Pra que os grandes roubos, as “maracutaias” pseudo-escondidas, as imensas fortunas, a ânsia de conquista do poder, tanto dinheiro, fausto orgulho, opulência, maldade, ganância, prática de tanta injustiça!

Tanta miséria, gulodice das coisas materiais, tamanha desorganização, tanta falta de pudor, de honradez, de escrúpulo, de decência, traição, beijos falsos, sorrisos invejosos entre os homens? Praque? Se nada será levado junto ao caixão para a sua última morada ....o caixão não tem gaveta ! ora pois, pois...

Olhando pobres, ricos , negros, brancos, amarelos, vermelhos, ajoelharem-se no túmulo de suas pessoas queridas, apenas uma lembrança me vem à mente: o nosso parente, o amigo querido, portou-se na vida como pessoa de boa índole? De sólida formação moral ? Cumpriu na Terra as provações, os mandamentos da Lei de Deus? Foi honesto com ele mesmo, ante a falsidade dos que o rodeavam? Foi justo e sincero, humilde e cristão para merecer as orações que ora lhe são ofertadas? Por tudo isso e muito mais, curvo-me aos desígnios do Senhor” dar de si, antes de pensar em si”, “amar ao próximo como a ti mesmo”.

Sinceramente não sei, muitas pessoas detestam visitar o cemitério. Será que pensam que um dia, o seu corpo material não vai reverter-se em pó? Que temor é esse em enfrentar a mais cristalina d as verdades, a morte?

O cemitério é um refúgio para a nossa reflexão. Para sabermos que nessa terra, estamos de passagem. .Nada mais que isso. Vale ser bom, vale ser cristão, vale estar em paz com a nossa consciência? Claro!Vale! O ser humano que assim pensa, não tem medo de nada. Nem de um lugar sombrio que é o cemitério...

Confesso-lhes : gosto de ir ao campo santo. Não só para rezar para os meus entes queridos , mas, principalmente para despir-me quando estou em pecado, do meu orgulho, da minha vaidade, do meu corpo material que nada vale...


Luiz Gonzaga de Oliveira