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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

VOCÊ NUNCA DEVE UNIR O INÚTIL AO DESAGRADÁVEL…

Lembro mais uma do Zote, figura maiúscula do folclore dessa Uberaba quase bicentenária. Não é segredo a amizade que sempre uniu Zote à família de Osório Adriano, tradicional na cidade. O “velho” Osório dedicava carinho especial ao jovem Zote. Amizade que extrapolou à figura do patriarca e chegou aos filhos Garibaldi e Jairo. Os outros, doutores Wilton e Osório Filho, saíram jovens de Uberaba e o convívio com Zote foi menor. Com Garibaldi e Jairo, amizade de irmãos. Relação que se estendeu com os netos do “seo” Osório, filhos de dona Olésia e Mário de Almeida Franco, especialmente com o advogado, fazendeiro e empresário Mário Fernando Adriano Franco, também figura de relevo na maçonaria uberabense. Mário Fernando, tinha um carinho especial pelo Zote, ao ponto de encontrarem-se quase diáriamente e, quando isso não acontecia por qualquer motivo, um telefonema entre eles, era inevitável.
Zote adoeceu.Um principio de infarto preocupou os amigos. Exames teriam que ser realizados em São Paulo, no Instituto do Coração , aos cuidados do saudoso Adib Jatene. “Medorréia” no mais alto grau, impôs à família, uma condição:
“Bem, eu vou. Mas o dr. Marinho ( como ele chamava Mário Fernando ), vai comigo. Se não… No avião da família Franco, Zote foi para S.Paulo. Logo nos primeiros exames, a constatação: uma coronária bloqueada, a outra semi bloqueada e uma solução: cirurgia. Zote, suava em bicas e resmungava o tempo todo. Nervoso, seu estado inspirava cuidados. Lá pelas tantas da madrugada, Zote acordou o amigo Mário Fernando, quase suplicando, pediu:
-“Dr. Marinho, vamos fugir daqui?”
A reação inicial de Mário Fernando foi dizer não! Aí veio nele a “dor de consciência”. “E se eu disser não e acontecer algo pior… vou sentir remorso pelo resto a vida “, pensou rapidinho.
-“Vamos sim, Zote. É prá já. . Arruma a mala que estou arrumando a minha”.
Zote, mais que depressa, começou a jogar tudo dentro da mala. Pijama, camisas, calças, cuecas, meias, cuecão de doente, escova de dente e tudo mais que tinha direito.
Mário Fernando, amigo e confidente, companheiro inseparável de Zote, arrependeu-se da atitude que estava tomando e pensou em segundos:
-“E se o Zote morrer no caminho? Serei culpado e não me perdoarei pelo resto da vida…”A dúvida assomou-se à cabeça do amigo. Segundo seu relato, teve uma ideia luminosa: jogou as malas no corredor do hospital. Porta do quarto fechada, “combinavam” a melhor maneira de deixar aquela casa, sem ser notados. Eis que a porta se abre e um brutamontes, segurança do hospital, acompanhado da enfermeira-chefe, postaram-se à porta e lascaram a célebre frase:
-“Onde o senhor pensa que vai, “seo” José Formiga?”
Na manhã seguinte , Zote estava operado, cirurgia que correu maravilhosamente bem nas mãos do competente Adib Jatene e, à cabeceira da cama, o amigo de todas as horas, Mário Fernando Adriano Franco. Feliz início de semana e o meu abraço “Marquez do Cassú”…