terça-feira, 31 de outubro de 2017

Filmes Soviéticos Década 1920


OUTUBRO
A Arte da Realidade


Guido Bilharinho

Filmes Soviéticos 
Em 1927, no décimo aniversário da revolução soviética, Sergei Eisenstein (1898-1948), auxiliado por Grégori Alexandrov (1903-1983), realiza Outubro (Oktiabr, U.R.S.S., 1927) atinente à tomada do poder na Rússia pelos bolcheviques.
         Do ponto de vista puramente artístico e cinematográfico, é obra brilhante, como todas suas realizações. Salientam-se nela - pela extrema modernidade, agilidade e adequação - os cortes e a montagem.

         O estilo vigoroso de Eisenstein impõe-se desde a primeira tomada e prossegue até o final sem qualquer pausa. A angulação e o enquadramento são perfeitos, contribuindo, como tudo o mais, para dar ao filme ritmo frenético e vibrante, característica, também, de A Greve (Stacka, U.R.S.S., 1924) e de O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potemkin, U.R.S.S., 1925).

         Tais particularidades são tão fortes e pessoais, que qualquer indivíduo afeiçoado ao cinema, depois de conhecer um de seus filmes ou parte de um deles, tem condições de identificar, de imediato, sua autoria.

         Eisenstein, como nenhum outro, imprime à sua obra o tonus e o significado mais profundo dos fatos, transmitindo, por força disso, sua atmosfera e ambientação. Seu realismo não se limita, como usualmente ocorre, a captar apenas a realidade, mas, captando-a, em imprimir-lhe − mais do que exprimir-lhe − um sentido, que preexiste ao momento enfocado e persiste depois.

         As pessoas que desfilam, agem e atuam frente às câmeras não parecem representar simples personagens ou atores encarnando figuras de ficção, mas, os próprios responsáveis pelos eventos.

         Não se tem a impressão de se assistir a uma narrativa, a uma reconstrução ou equivalência dos fatos, mas, à própria realidade explodindo viva, presentificada, na tela. Assim, por pautar-se por acentuado grau de realismo, objetividade e verossimilhança, Outubro insere o espectador no vórtice dos acontecimentos, fazendo-o sentir-se como se os estivesse presenciando no momento em que se desenvolvem.

         O filme, por isso, não é documentário e nem configura ficção, inserindo-se num tertius genus, que apreende a realidade significante e significada, extrapolando os limites documentais de fatos apenas mostrados e a construção, normalmente livre, arbitrária e subjetiva, de entrecho ficcional.

         Se Eisenstein, tanto em Outubro, como nas demais obras citadas, se atém à impositiva faticidade, a ela acrescenta a criatividade do artista e, sem transfigurá-la ou mistificá-la, a constrói, muito mais do que a reconstrói, em toda riqueza de sua complexidade momentânea e simultaneamente histórica.

         Contudo, para conseguir erigir sua epopeia cinematográfica, sacrifica todo didatismo e repele qualquer esquematismo, pelo que só quem viveu os fatos ou deles já possui alguma informação está apto a acompanhá-los e entendê-los, nem que seja parcialmente.

(do livro Clássicos do Cinema Mudo. Uberaba,
Instituto Triangulino de Cultura, 2003)

______________
Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 (https://revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br) e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando mensalmente desde setembro último um livro no blog: https://guidobilharinho.blogspot.com.br.

domingo, 29 de outubro de 2017

Transporte coletivo em Uberaba

Transporte coletivo em Uberaba
Década: 1940

Essa modalidade de transporte, em Uberaba, teve início no começo da década de 1940 e foi consolidada com a inauguração da primeira Estação Rodoviária, em 1945, na Praça da Bandeira (atual Praça Doutor Jorge Frange), no bairro São Benedito.

Os pioneiros do transporte coletivo municipal foram os empresários Agesípolis Duarte Villela, por meio da empresa Rex, e Manoel Alcalá, cuja empresa tinha o seu nome, que já atuavam no transporte coletivo intermunicipal.

No início da década de 1950, Osvaldo Ribeiro do Nascimento, popularmente chamado de Espeto, comprou a firma de Alcalá que passou a se chamar Empresa de Tranportes Líder. Na primeira metade da década de 1960, surgiu a Transportes Urbano Limitada (TUL), criada por Francisco Lopes Velludo.

Vale ressaltar que cada empresa ficava com determinadas linhas, portanto, nesse período, Uberaba contou com 3 empresas em atividades no transporte urbano. Na segunda metade da década de 1960, a TUL incorporou as empresas Rex e Líder, monopolizou o ramo e manteve o nome “Líder”.

Posteriormente, essa empresa – que atuou no transporte coletivo, em nossa cidade, até 1990 –foi vendida para 10 sócios. Por divergências entre o município e a empresa, a partir dessa data até os nossos dias, a Transmil é a concessionária do Transporte Coletivo em Uberaba.

Foto: Autoria desconhecida


(Arquivo Público de Uberaba)


Cidade de Uberaba

Getúlio Vargas durante churrasco oferecido na Fazenda Experimental em Uberaba (Antiga Fazenda Modelo, atual EPAMIG)


Getúlio Dornelles Vargas e  Juscelino Kubitschek - Foto:Década de 1950

Presidente Getúlio Vargas escreve carta aos pecuaristas e ao povo de Uberaba

Em campanha eleitoral, Vargas discursa em Uberaba na Praça Rui Barbosa. Como criador de gado, o gaúcho concentra promessas na maior vocação da cidade - a pecuária zebuína. Leia, a seguir, parte do texto oficial:

"(...) Daqui do grande centro de criação que deu ao Brasil o seu único tipo nacional de bovino, devo falar aos criadores do Brasil Central, e quero que saibam que lhes vou dizer as coisas na linguagem simples de companheiro. Porque também sou, no meu registro de profissão, um criador de gado, de gado tenho tratado desde o tempo da juventude e, se preciso for, direi que por três ou quatro gerações cuidamos, na minha família, da pecuária. Assim, esta nossa conversa será no jeito e estilo daquelas que os fazendeiros costumam fazer de pé, junto à porteira do curral". (...) Lutando contra acatadas opiniões que combatiam a introdução e a criação de gado zebu no Brasil, os fazendeiros do Triângulo Mineiro, galvanizados pelas próprias convicções e apoiados exclusivamente no seu trabalho e nos próprios recursos, mobilizados destemerosamente, arrostaram todos os percalços da tremenda luta que se feriu e que, afinal, lhes conferiu inconteste vitória. De então pra cá, o Brasil Central passou a ter expressão econômica. Graças a um pugilo de pioneiros, à sua decisão e tenacidade, o zebu começou a povoar os campos e cerrados desta região do país, transformando-a de uma vasta solidão inaproveitada, que era então, no grande reduto econômico e francamente ativo da atualidade. Aí então, para atestar essa metamorfose, as esplêndidas cidades de hoje, que vieram substituir os velhos e arruinados arraiais dos antigos tempos. E Uberaba passou a exercer o magnífico papel de centro irradiador do novo sangue bovino, que determinaria, em breve, o levantamento racial da maior parcela do rebanho nacional.

Fonte: Discurso proferido em campanha eleitoral de 1950, destacando como uma das metas prioritárias de seu Governo a ampliação da atividade pecuarista. (Arquivos CPDOC/FGV p.86 e 94)

Igreja de São Domingos em construção

Dormitório do Convento de São Domingos, ainda em construção. Janeiro de 1939.

(Foto do Arquivo da Província de Toulouse)




Frei Alberto Chambert, construtor do novo convento.

(Foto do Arquivo da Província de Toulouse)


Manuscrito da primeira história da missão dominicana no Brasil,em 1872.

(Foto do Arquivo da Província de Toulouse)


Antiga portaria do convento de São Domingos,com saída para a rua Dr.Lauro Borges.


(Foto do Arquivo da Província de Toulouse)


Igreja de São Domingos em 1906.

(Foto do Arquivo da Província de Toulouse)

Igreja de São Domingos em construção.

(Foto do Arquivo da Província de Toulouse)



Ano: 1902

Foto Autoria desconhecida

Em 1881, os poucos sacerdotes dominicanos que se instalaram em Uberaba realizavam os ofícios religiosos e os trabalhos pastorais na igreja de Santa Rita, que tratamos no artigo do mês anterior. Por conta do aumento do número de pessoas que ingressaram naquela comunidade, iniciou-se em 1889 a construção de uma igreja dedicada a São Domingos que seria inaugurada em 1904, ainda que inacabada (sem as torres e abóbadas centrais). Importante destacar que a igreja foi construída após a abolição da escravidão (1888) e praticamente após a proclamação da República – com o melhor do espírito livre e republicano próprio dos dominicanos. É sintomático que sua inauguração tenha sido feita sob o canto do Hino Brasileiro, da Marcha Pontifical e da Marselhesa (hino da França, mas sobretudo do espírito de liberdade, igualdade e fraternidade).

Com a criação da Diocese de Uberaba, realiza-se, em 1908, a posse de nosso primeiro bispo, D. Eduardo Duarte Silva, entre as paredes e sob o patrocínio de São Domingos. Ambos sacerdotes, peregrinos e servos neste vasto mundo. Atualmente a Paróquia de São Domingos serve também como Casa do Noviciado da Ordem dos Pregadores e possui como pároco Frei Luís Antônio Alves.



Apesar do projeto arquitetônico ter sido inspirado em grandes catedrais da Europa, a construção ganhou um toque bem mineiro. Todo o revestimento externo da igreja foi feito com tapiocanga, que é encontrada facilmente na região do Triângulo Mineiro. "Eles até pensaram em rebocar a fachada, mas viram que ela ficou muito bonita e diferenciada", revelou a historiadora Marta Zednik Casanova.

A Igreja São Domingos é a terceira mais antiga de Uberaba. Segundo a história, os padres dominicanos chegaram a cidade a caminho de uma missão, com o objetivo de educar e evangelizar.



Victor Lacerda

Foto do Arquivo dos Frades Dominicanos de Toulouse (França)

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Igreja de Santa Rita, em Uberaba

Igreja de Santa Rita
Foto: década 1970

Foto: Autoria desconhecida

Cândido Justiniano da Lira Gama, devoto de Santa Rita, e em cumprimento de uma promessa, em 1854 mandou construir a capela, que mais tarde, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1939.


                 Clique no link no vídeo:

Igreja de Santa Rita. Video: Antonio Carlos Prata.


Nela está instalado o Museu de Arte Sacra (MAS), inaugurado em maio de 1987. O acervo, rico em peças barrocas dos séculos XVIII e XIX, conta a história da Igreja Católica na região. Muitas peças são provenientes de doações da Cúria Metropolitana, sobressaindo-se as seções de vestes sacras, estandartes de procissões, paramentos, alfaias, imagens e mobiliário.


(Foto do arquivo dos Irmãos Dominicanos)

sábado, 21 de outubro de 2017

Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro

Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro

Ano: 1971

Foto: Autoria desconhecida

Anteriormente denominada Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM) fundada em 1953, deu origem à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) no ano de 2005. Desde então, a universidade vem criando novos cursos e hoje conta com mais de vinte cursos, se destacando nas áreas da Saúde e Engenharias. A UFTM também possui uma biblioteca, além de um Complexo Hospitalar.


(Foto do acervo da Universidade Federal do Triangulo Mineiro – UFMT)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Catedral do Sagrado Coração de Jesus - Uberaba

Praça Rui Barbosa


"É o mais antigo logradouro público de Uberaba, pois, foi na sua parte inferior que se começou a edificação do primeiro prédio que Uberaba teve. Dele partem as seguintes ruas, a saber, canto inferior direito, a Coronel Manuel Borges; centro, a Artur Machado. Esquerda, a Vigário Silva, lado sul, ao meio, a rua de Santo Antônio. Canto superior direito, a rua Olegário Maciel e superior esquerdo, a rua Tristão de Castro; lado norte, no meio, a rua São Sebastião. É inteiramente calçada a paralelepípedos e com luxuoso jardim à frente da Catedral do Bispado. Nos alinhamentos em diferentes lugares ficam o Paço Municipal, hoje Prefeitura, o Teatro São Luís e custosos prédios particulares. Primitivamente chamava-se ‘Largo’, mais tarde ‘Largo da Matriz Nova’, ‘Largo da Matriz’, praça ‘Afonso Pena’ (1894-1916) e finalmente praça Rui Barbosa." (PONTES, 1970, p.287).

                                          
Catedral do Sagrado Coração de Jesus

Praça Rui Barbosa

Época da imagem:  Década de 1920

A primeira Capela construída na região de Uberaba data de 1807, nas Cabeceiras do Córrego do Lajeado, Arraial da Capelinha, nas terras de propriedade de José Francisco de Azevedo. Em 1812,  as imagens de Santo Antônio e São Sebastião, os padroeiros, foram entronizadas.

                Com a mudança, em 1815, dos moradores do Arraial da Capelinha para o novo Arraial da Farinha Podre, Uberaba atual, o Sargento-Mor, Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira (Major Eustáquio) construiu uma nova Capela, na Praça Frei Eugênio, com a mesma invocação de Santo Antônio e São Sebastião, sendo benzida e liberada para as cerimônias religiosas, em 01 de Dezembro de 1818. Em 02 de Março de 1820, com a instalação da Freguesia, esta Capela foi elevada à Categoria de Paróquia, e constituída em primeira Matriz.

                A capela foi demolida e uma outra construída no mesmo lugar, pelo Vigário Silva. Foi inaugurada em 20 de Janeiro de 1828, e serviu ao culto até 1856. A atual Igreja Matriz teve as obras iniciadas em 1827. Com a morte do Major Eustáquio, em 1832, as obras ficaram paralisadas por vários anos.

                Vindo residir em Uberaba, em 1847, Antônio Borges Sampaio encontrou a Matriz nova inacabada, tendo apenas o telhado sobre os esteios e baldrames de aroeira, sem paredes nem assoalhos. Em 1848. o Cap. Joaquim Antônio Rosa retomou a sua construção cujas obras prosseguiram até 1856, sendo já celebrados na mesma, os ofícios religiosos. Esta Igreja passou por várias reformas e melhorias: 

-              1857 – Frei Eugênio construiu a Sacristia e o Adro.
-              1859 – Joaquim Francisco Ananias construiu as duas torres, o coro, o arco-cruzeiro e o altar-mor.
-              1868 – As torres foram revestidas de tijolos, argamassa e óleo.

-              1874 – O relojoeiro Florêncio Forneri assentou o relógio em uma das torres.

-              1880 – Foram colocados dois sinos, fundidos em Uberaba, por José Carlos Onofre.

-              1889 – Vigário Carlos José dos Santos, ordenou uma pintura externa na Igreja.

-            1896 – As duas torres foram demolidas e edificada uma única torre, projetada pelo engenheiro Ataliba Vale, com características neogóticas.

-        1899 – Com a transferência da sede do Bispado de Goiás para Uberaba, a Igreja Matriz alcançou as prerrogativas de Catedral.

-              1907 – Com a inauguração da Igreja Sagrado Coração de Jesus (hoje Adoração Perpétua), para ser a Catedral, ela voltou a ser Matriz de Santo Antônio e São Sebastião.

-              1926 – Dom Almeida Lustosa, 2º Bispo de Uberaba, transladou a Igreja Catedral para a Matriz  de Santo Antônio e São Sebastião, com seu título de Sagrado Coração de Jesus, passando os Santos da primitiva Capela à Igreja da Adoração Perpétua.

-              1933 – A matriz passou por sua última reforma total, permanecendo como está  até  os dias atuais. Foram acrescentados um transepto, capelas laterais e modificações no frontespício. O arquiteto responsável pelas obras foi Emanuel Giani.


Atualmente é cercada por grades de ferro, tendo à frente a Imagem  de Cristo e nas laterais as imagens de Santo Antônio e São Sebastião.

(Superintendência do Arquivo Público de Uberaba)

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

JORGE HENRIQUE PRATA SOARES

(1944-2010)

Pratinha e o Festival do Chapadão


No início da Era dos Festivais, em meados dos anos 60, Jorge Henrique Prata Soares mexeu seus pauzinhos para que a mineira Uberaba também tivesse seus shows. Em 1966, ele organizou o Festival do Chapadão.

Dedicado à MPB e realizado em cinemas, nos moldes dos famosos concursos da Excelsior e Record, o evento acabaria tendo oito edições, conta a mulher, Letícia.
Houve até uma reedição, quando o festival fez 40 anos, só que sem o "brilho do primeiro", lembra a mulher.

Pratinha, como era conhecido, foi jornalista e chegou a ocupar o cargo de secretário de Turismo e Cultura de Uberaba, de 1971 a 1973.

Logo depois, dirigiu o Sindicato dos Jornalistas de Belo Horizonte até 1975, quando defendeu o registro para os profissionais que trabalhavam na área havia anos.

Passou por veículos mineiros e teve, nos anos 90, um jornal chamado "Uai", que era afixado dentro dos ônibus. Também foi dono de três bares, que tinham música ao vivo e lançamento de livros.
Nos últimos anos, dedicou-se a um livro sobre o bisavô, o dentista e fotógrafo José Severino Soares. Anos atrás, a família descobriu numa exposição do fotógrafo Marc Ferrez, no Instituto Moreira Salles, em SP, uma foto dos índios bororos idêntica a uma tirada por Severino.

Tanto a família como o instituto dizem ter o negativo da foto, mas até hoje sua autoria continua uma incógnita.

O livro ficou pronto, mas Pratinha não teve tempo de lançá-lo. Há seis meses, descobriu um câncer. Morreu no sábado, aos 66, deixando viúva, três filhas e seis netos.


Estêvão Bertoni 

Rua Tristão de Castro, em 1908

Rua Tristão de Castro, em 1908

Rua Tristão  de Castro -  década de  1960

A Rua Tristão de Castro "começa no canto superior direito da Praça Rui Barbosa e finaliza na Rua Triângulo Mineiro - atual Av. Alberto Martins Fontoura Borges.

Desde a sua formação anteriormente a 1880, já se conhecia pelo nome de rua Azagaia, ou simplesmente, do 'Zagaia', nome este derivado da semelhança do terreno em que essa via se desenvolveu, com os campos do conhecido Chapadão do Zagaia, ao sul do arraial do Desemboque.

A comissão recenseadora de 1880 contemplando-a com o nome de ‘Antiga rua do Azagaia', deu-lhe, todavia, o nome de 'Rua de São Miguel', que o Tenente Coronel Sampaio mudou para Tristão de Castro, em lembrança de Tristão de Castro Guimarães, doador do patrimônio do Arraial da Capelinha, nas cabeceiras do Lajeado dos Ribeiros." (PONTES, 1978, p.299-300).

Foto editada por Marcellino Guimaraes


(Arquivo Público de Uberaba)

Grande Hotel - Uberaba

Grande Hotel - Uberaba
PARECE QUE FOI ONTEM - Quando uma cidade carece de calma não pode ser só movimento, pois que a vida também é feita de silêncios e recolhimentos. ... Aqui, 1960 era o ano, UBERABA, então cidade tranquila, serena era a sua vida, de tempos outros, outros cotidianos, tinha outros planos ... Saudades daquele tempo ! tão perto, tão longe ...  
  
Adilson Cardoso
              

Loja Notre Dame de Paris e Bar 1001

Loja Notre Dame de Paris e Bar 1001

     PARECE QUE FOI ONTEM - Saudade é a abstinência dos momentos bons que passaram por nós, nos espancaram de amor, nos rechearam de sorrisos, nos esmurraram de abraços, e no fim acabam nos deixando apenas com a falta. Às vezes, a gente só percebe a importância deles quando se tornam lembranças. Lembranças que nos chegam devagar, ancoradas em bem-estar ou em rastros de dor, e que nos aparecem nebulosas ou desbotadas, gastas na nossa própria memória; lembranças que nos imploram por doces recordações, gostosas gargalhadas, que ficaram perdidas pelo tempo afora ...
UBERABA das MINAS GERAIS ! Bons tempos ...
Aqueles que não voltam mais ...   

Adilson Cardoso
      

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Grande Hotel - Uberaba

Grande Hotel

                PARECE QUE FOI ONTEM - Na vida é a gente que decide o que vai podar. O que fica e o que vai. UBERABA das MINAS GERAIS ! os tempos se foram, mas só a nossa memória determina o que desaparece ou floresce, o que permanece de ti ...

Adilson Cardoso
         

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Jerry Lewis - Ator e Diretor

O OTÁRIO
O Peixe n’Água


Guido Bilharinho

Jerry Lewis - Ator e Diretor
Jerry Lewis (1926-2017) é considerado por parte da crítica um gênio da comédia. Não chega a tanto, mas, não resta dúvida, que é um dos grandes atores (e autores) cômicos do cinema, podendo comparar-se a Chaplin.

         Contudo antes que algum admirador deste último considere exagerada a referência (que em absoluto não é), é necessário que se lembre que não existe apenas um tipo de comédia, porém vários. Entre eles, a comédia sofisticada (sophisticated comedy), a comédia maluca (screwball comedy) e o pastelão.

         No primeiro caso enquadram-se filmes de Billy Wilder (O Pecado Mora ao Lado, 55; Quanto Mais Quente Melhor, 59; Se Meu Apartamento Falasse, 60), no segundo, de Howard Hawks (Levada da Breca, 38), e de Peter Bogdanovich (Essa Pequena é Uma Parada, 72), refilmagem daquele e, no pastelão, uma gama variada de comédias, desde algumas de Chaplin até os Irmãos Max.

         As comédias de Jerry Lewis, diretor e ator, compartilham, muitas vezes, das características das duas primeiras espécies.

         É o caso, por exemplo, de O Otário (The Patsy, EE.UU., 1964), que dirige e interpreta, funções que passou a acumular a partir de O Mensageiro Trapalhão (The Bell Boy, EE.UU., 1960), tendo, antes e ainda durante algum tempo depois, atuado em filmes dirigidos por Frank Tashlin, como O Rei dos Mágicos (The Geisha Boy, 1958), Bancando a Ama-Seca (Rock-a-Bye Baby, 1958), Detetive Mixuruca (It’s Only Money, 1962) e Errado Pra Cachorro (Who’s Minding the Store, 1963).

         O Otário incide no esquema usual do cineasta, baseado em sua interpretação pessoal e em trama linear e romântica.

         Realmente, suas estórias incorrem em estereótipos e lugares comuns inúmeras vezes vistos (em filmes) e lidos (em livro).

         Nesse filme, não se foge à regra, pelo contrário. Aplica-se-lhe totalmente. O pobre coitado, meio banzado, meio idiotizado que, por um golpe do destino, tem sua oportunidade, ajuda e apoio.

         Além da superficialidade e gratuidade desse entrecho, descamba-se, ainda, no caso, em plena fantasia, num mundo que só não é mágico porque suas criaturas são de carne e osso e seus objetos têm contextura e solidez. Pois, não há possibilidade real, concreta, veraz de que alguém tão otário, a ponto de não saber nem pronunciar corretamente as palavras ou decorar singela frase, possa transformar-se, de repente, em verdadeiro self-mad-man. E que, simultaneamente, indivíduo despersonalizado, assuma atitudes marcantes e peremptórias.

         Essa dupla alteração é irrealista e despropositada, visto que sem plausibilidade.
Contudo, se a trama em que se apoia o filme é fraca e anódina, o mesmo não ocorre com a interpretação de Jerry Lewis e a personagem que encarna. Aí reside sua grande virtualidade, enfatizada pela crítica. Desbastada um pouco de certo exagero de seu admiradores mais ardorosos, a performance de Lewis, como ator e personagem, não deixa de ser adequada e primorosa.

         Ao contrário do que ocorre comumente com os atores que exageram seus esgares e, aí, se perdem, Lewis os mantém sob controle, adequando-os às situações como se delas fizessem parte natural.

         Diante da perfeição de seu desempenho, seu paradigma só pode ser buscado (e encontrado) em Chaplin. Aliás, é chapliniana a cena de sua transformação de mal-vestida e mal-ajambrada personagem em elegante e desempenado dandy de cartola e casaca. Sua habilidade e flexibilidade corporal e facial são tão notáveis e esplêndidas quanto as do eterno clown invocado.

         E, cada um em seu tempo, representam-no, refletem-no e o marcam. Se um é o grande cômico e intérprete da primeira metade do século, o outro o é da segunda. Se Lewis não o é, como Chaplin, pelas preocupações temáticas e situações enfocadas, o é como modo de ser, expor-se e atuar, como cordeiro no meio de lobos ou flor solta num pântano de interesses, consumismo e materialidades, perfilhando a inocência e a ausência de malícia e de maldade.

         A trama, linearmente desenvolvida, não deixa, pois, de ser analítica, crítica e portadora de significado. Em sua leveza e descontração contém mordacidade e juízo de valores.

         Se a personagem é ingênua, o cineasta não o é.

         Essa aparente contradição resulta da congenialidade entre a personagem e o mundo que a cerca. A ingenuidade só se move em situações claras e perfeitamente delineadas, como peixe dentro d’água, na banal (mas, propositada) figuração. Fora desse mundo, não tem condições de sobrevivência. Como o peixe.

         Em conseqüência, a trama esquemática não é apenas mero pretexto para a ação e atuação do protagonista, como a água não serve apenas para a natação do peixe. É meio e modo de existir e sobreviver.

         Além disso, a riqueza e multiplicidade do microcosmo recriado pelo cineasta, pelo ator e pela personagem, faz sua comédia conter elementos extravagantes e sofisticados, apresentando cenas e situações que se classificam ora nuns ora noutros, com grande versatilidade.

______________
Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 (https://revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br) e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando mensalmente desde setembro último um livro no blog: https://guidobilharinho.blogspot.com.br.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário - 86 anos (1841-1927)


A Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Uberaba foi derrubada, em 1924, por não haver manutenção por parte da Cúria Metropolitana. Estava em ruínas. Uma restauração seria dispendiosa. A demolição ocorreu a pedido do então agente executivo (prefeito à época) progressista Leopoldino de Oliveira (Coligação Uberabense), também deputado federal no período.

Nos últimos anos de sua existência, se realizava naquele templo somente a comemoração do Dia da Abolição, o 13 de Maio, relatou o memorialista e religioso católico Carlos Pedroso. Os festejos do dia do Rosário, desde pelo menos 1913, como registrou o então jornal Lavoura e Commercio em sua edição de 26 de setembro, já haviam se transferido para a Igreja São Domingos.

Era usual, durante o Império, ao se iniciar um vilarejo a construção de duas igrejas: uma para brancos e outra para negros. Portanto, a principal foi erguida no Largo da Matriz, a pç. Rui Barbosa na atualidade, onde surgiu o primeiro povoamento do lugar e se concentrou o comércio, prestadores de serviço e moradias.

As ruas Coronel Manoel Borges e Vigário Silva, que eram a mesma via e conhecidas como rua Grande por iniciarem próximo da av. Deputado Marcus Cherém e ir até a av. Alexandre Barbosa. A r. do Commercio, hoje Artur Machado, existia, por volta de 1880, até seu terceiro quarteirão. Dali em diante era deserto.
 Igreja de Nossa Senhora do Rosário

A “Igreja dos Pretos” localizava-se três quadras à frente em área afastada do burburinho da vila. Sua construção realizou-se com mão de obra escrava, como era comum em relação aos santuários de devoção de negros, aberta em 1841. Era no Alto do Rosário, agora bairro Estados Unidos, no Largo do Rosário, atualmente av. Presidente Vargas, no meio do morro, com sua frente direcionada para o então final da r. do Commercio.

Santa Rita, São Domingos e Mogiana “ajudaram” a derrubar Rosário. Com o surgimento da Igreja Santa Rita em 1854, a três quarteirões da do Rosário, e da São Domingos 50 anos depois, a duas quadras, o santuário do povo negro foi perdendo frequentadores. Por isso, a Cúria deixou de mantê-lo, provocando sua decadência.

O início da operação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em Uberaba a partir de 1889, com a estação instalada no alto da r. do Commercio, provocou a urbanização no entorno da Igreja do Rosário, que se encontrava em ruínas. Consequentemente, o então “prefeito” Oliveira se viu obrigado a propor a demolição do templo. A via, portanto, passou a ter passeios laterais largos. Em meados do século 20, uma ilha foi construída com jardim e palmeiras imperiais. Desde 2006 há no local monumento de reverência a Zumbi dos Palmares, importante líder negro abolicionista.

Imigrantes sírios e libaneses ajudaram a erguer a Igreja São Benedito. As comunidades síria e libanesa, nos anos 1930 e 1940, concentravam suas atividades comerciais no bairro Estados Unidos, na r. Padre Zeferino, desde seu início até a r. Artur Machado. Era conhecida como a “Rua dos Turcos”.

Por utilizarem, praticamente, somente o idioma árabe, esses imigrantes se fecharam e havia dificuldade em se relacionar com a sociedade. Além disso, sírios e libaneses eram falados na cidade por moças: elas tinham medo deles. Diziam que presenteavam suas namoradas e esposas com joias caras, mas que batiam nelas, revelou o memorialista Pedroso.

Como forma de romper o isolamento, propuseram à Cúria Metropolitana ajudar a edificar a Igreja São Benedito, outro santo de devoção por povos de descendência africana. Seria uma forma de compensar a demolição da igreja do Rosário. A pç. da Bandeira, que depois denominou-se Dr. Jorge Frange, foi o local escolhido. A inauguração se deu em 1961, 34 anos após a derrubada da do Rosário. Nova basílica foi implantada no local em 1978, em formato circular, em substituição à primeira que tinha arquitetura tradicional.

O bairro, que passaria a levar o nome da igreja, já era reduto das duas nacionalidades e de seus descendentes. Até então a região era conhecida por Colina da Matriz. No local também estava instalada, na r. Major Eustáquio, desde 1927, a Sociedade Sírio Libanesa, que passaria, nos anos de 1990, a denominar-se Clube Sírio-libanês.


(*) Jornalista e coautor da biografia Lucilia – Rosa   anos – 1841-1927

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Rua São Sebastião

Rua São Sebastião - Foto: década 1940
Centro/Bairro Mercês.

A rua São Sebastião “começa na praça Rui Barbosa e finaliza na praça Dom Eduardo.  É atravessada pela rua Major Eustáquio, dando, logo adiante, nascimento às ruas Senador Pena e das Mercês. Atravessa-a em ponte de madeira o Córrego da Manteiga até onde é calçada a paralelepípedos; daí para o fim é abaulada, com sarjetas e passeios. Pertence, até ao córrego, à colina da Matriz e dali para diante ao alto das Mercês.

Anteriormente a 1855, tinha o nome de rua do Colégio, depois do Mauriti e Santo Antônio.
A Comissão recenseadora de 1880, considerou nesta rua todo o alinhamento do sobrado  Cuiabá, onde funciona o Colégio deste mesmo nome (atual Ginásio Diocesano Estadual*) até ao Largo da Independência, com o nome de rua do Mauriti. O Tenente Coronel Sampaio, dividindo em duas esta rua, deu a denominação de São Sebastião, ao trecho entre o Colégio Cuiabá e o Largo da Matriz; e a de Santo Antônio ao trecho restante” (PONTES, 1978, p.295 - 296).

A atual rua São Sebastião inicia na praça Rui Barbosa, finalizando na praça Dom Eduardo, no Bairro Mercês.

* NE – Atual Colégio Marista Diocesano.


(Superintendência do  Arquivo Público de Uberaba)

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A “RUA “SÃO MIGUEL” E OS POLITICOS....

Pornográfico ? Não ! Texto realista ? Sim !Chega de “puta véia”. “elas não dão mais” caldo” e nem nos representam”.!Queremos as putinhas que perderam o cabaço há pouco tempo “...Respeitosamente , esse era o palavreado dos boêmios que frequentam a famosa “ rua São Miguel”, também conhecida como ”baculerê”da saudosa Uberaba dos anos 50 do século passado.Tempos que não voltam mais...Incrustada no centro da cidade, atrás da Catedral Metropolitana, início da praça Frei Eugênio, em direção ao bairro da Abadia, a “ rua São Miguel “era famosa no Brasil inteiro. Macho que visitasse Uberaba e não conhecesse a”São Miguel”, não veio na sagrada terrinha...

As “puta véia”daquele tempo eram a Amelinha, a Negrinha, a Jovita, “tia Moça”( que era velha...),a Tubertina, a Isolina, a Nena, além de outras menos votadas. Os jovens queriam “ficar” eram com as “meninas novas” que vinham de Goiás, Mato Grosso,interior de Minas e São Paulo...Na rua”São Miguel”, se abrigavam eleitores de todos os partidos.Naquele tempo não existia a proliferação de siglas dos dias atuais).Eram o PTB, de Mário Palmério,a UDN, dos Rodrigues da Cunha, o PSP, do Boulanger Pucci, o PR, do Tatí Prata e o PCB, do Durval da Farmácia. E só! Quem tinha dinheiro, comia no “Tabu com as primas”. A pobreza, se fartava com o churrasquinho cheiroso do Jaime Batista. Bebum, sem grana, frequentava a “Boca da Onça”, do Caio Guarda.Na”São Miguel”, além da fina flor da cidade, frequentavam também jovens bem vestidos, “coroas” sisudos e endinheirados, figuras patéticas, pobres, negros,amarelos, maltrapilhos e outras matizes...

Os “shows”do “Cassino Brasil”, eram estrelados por dois “frescos” famosos na terrinha:”Diquinha”,que rebolava, cantando “Babalu” e seu parceiro, o “Birinha”.Naquele tempo, ninguém falava em homossexual, transgêro,travesti, bicha; era” fresco”ou “viado”. Na década de 50 do século passado, não se falava em “motel”.O máximo que se permitia , eram alguns “esconderijos”para encontros furtivos e um pomposo nomes francês :”rendez-vous”...

Nos dias presentes, “zona de meretrício” virou “zona eleitoral”, “michê” é chamado”propina”, “puta véia”, são os políticos que não querem abandonar seus cargos, “rendez-vous” ou”casas de prostituição”, são conhecidas como Assembléias,Câmaras,palácios e prefeituras. “Donas de bordel”, são os políticos famosos,corruptos,agarrados ao poder. “Rua São Miguel”, mudou de endereço, transferiu-se lá para as bandas das Mercês...”Meninas novas no puteiro”são jovens que estão ingressando na vida pública.Frequentadores do “puteiro”são os eleitores que votam por dinheiro, cargo público,sem concurso...qualquer “boquinha” serve...

Ano que vem, ao frequentar as “ruas das eleições”,procure uma “puta nova”.Neca de “puta véia”. A política não é prostíbulo. Os políticos é que freqüentam a”casa errada”. As “Negrinhas,Moças,Tubertinas,Nenas e Isolinas” da nossa política , não devem ser reconduzidas ao “palácio encantado”. ‘São puta véia”.Não dão mais “caldo”. São “bananeiras que deram cacho”..O eleitor quer “puta nova”, recém chegada no “bordel”....

Desculpe-me pelo linguajar impróprio. Vamos renovar!

Abraços do Luiz Gonzaga de Oliveira.

TRIBUTO A UMA LENDA DA CATIRA SEU ROMEU BORGES

É o céu hoje recebeu o Seu Romeu Borges.Lá já se encontra parte da história da CATIRA DOS BORGES. Delcides,Cavaquinho e João,e tantos outros o recebe co m alegria .Para o nosso conforto, fica a saudade de quando criança presenciar a apresentação da CATIRA DOS BORGES.

Minha infância teve o conhecimento de uma das mais marcantes manifestações populares.
Esperávamos com muita expectativa o LUNDUM DE FACA do Seu Ananias ,pai do Zé Daher ,assim como os Homens de calças pretas e camisas brancas, e bem passada dos Borges.

Tivemos o privilégio de presenciar creio eu a última apresentação do SEU ROMEU BORGES, no Cine Vera Cruz,quando a professora Marta Enes Brandão, prestou contas com a passagem do Romeuzinho na Cultura Popular de Uberaba.

Vá em Paz seu Romeu Borges e o Catira continuará o reverenciando

Wagner da Cruz .`. M .`. I .`. ,estando na Vice Presidência do Instituto Chico Xavier da cidade de Uberaba. Site:http://http://www.institutochicoxavier.org.br/

MARLI APAGA FOGO...

Romeu Borges de Araújo,meu sempre lembrado colega de Diocesano no final da década de 50, do século passado, sempre foi um fazendeiro evoluído,bom chefe de família, contador de “causos” engraçados,normalmente envolvendo a familia Borges e outros parentes, grandes “catireiros” que o Brasil inteiro conhece,aplaude e admira.Dançar catira, sapatear, bater palmas conjugadas,tudo ao mesmo tempo, não é obra prá qualquer um,não.É preciso fôlego,ginga,talento,ritmo,grande poder de improvisação e, acima de tudo, arte.A arte da dança da “catira”não é pra qualquer pessoa.É necessário habilidade, destreza, esperteza e uma coreografia espontânea.A dança da “catira” já correu mundo afora.Redes e televisão do Brasil, principalmente a mais poderosa delas, a Globo,gravou uma série de reportagens sobre a dança folclórica que a família Borges deu fama e tradição.

Em qualquer festa,sertaneja principalmente, em qualquer exibição na terrinha, em data especiais, as folias de Reis dos Mapuaba e do Labibe, aliadas às costumeiras “catira dos Borges”,não podem faltar. Até sérios estudos literários já foram escritos.Da “catira” em especial. Passos, modas, letras ,palmas,como dançar e outras “dicas”,viraram livros.Historiadores,pesquisadores,jornalistas ,apreciadores do gênero,debruçam em mostrar a folclórica manifestação popular.”Jornal Nacional”,”SBT”,”Record”,repetidas vezes mostram,na telinha,a “catira”,objetivo de matéria especial inclusive no “Fantástico”.

Entusiasmado do que viu , o repórter José Hamilton Ribeiro,que tem raízes familiares na terrinha,aliado a um produtor da Globo,tiveram a feliz ideia de associar a”catira”, com o balé.Depois de esforçados ensaios, Ana Maria Botafogo ,uma das maiores bailarinas do mundo,juntou-se a Romeu Borges,o maior “catireiro” do Brasil, deliciosamente,”duelaram”em ritmo de “catira”, os leves passos masculino e femininos. O quadro foi ao ar, no “Fantástico” e a repercussão tomou conta do Brasil. Sucesso de audiência e registro em toda imprensa nacional.

Romeuzinho,voltou para a terrinha feliz a vida pelo sucesso alcançado.Fez planos com Ana Botafogo de “correr mundo” com o novo quadro.Mostrariam a arte do balé com a simplicidade da dança caipira.”Seria um sucesso mundial”,começa a sonhar o nosso Romeu.-Quem sabe até eu mudo de nome ?”Regozijando com a conquista,chega em casa,joga a mala no quarto do casal e sai correndo para abraçar a esposa. Dona Marli,coitada,às voltas na máquina de lavar roupa, toda suada, sol a pino, pendurando calça,camisa e cueca d o Romeu no arame do quintal, é surpreendida pela voz firme do marido:”

-“Marli, Marli,meu amor, mudei de nome.Troquei Romeu Borges de Araújo para Romeu Botafogo, ‘cê acha bonito ?”

Ela parou de estender a roupa no varal, olhou bem no rosto do marido; séria,com voz firme, retrucou:
-“Eu também mudei de nome...”

Cumé que ‘cê chama agora, bem ?”
-“Maria Apaga Fogo,tá bom?””

P.S – Uberaba, que tem perdido tantas coisas boas nos últimos anos, perde o seu mais famoso” catireiro”, Romeu Borges de Araújo.A santa terrinha vai ficando mais pobre dos seus autênticos e legítimos valores humanos.


Luiz Gonzaga de Oliveira

Asas para a Juventude Uberabense.

Baile no Jockey, publicada na revista "O Cruzeiro"   

1941. Com a Europa já em plena II Guerra, começa no Brasil a Campanha Nacional de Aviação com o objetivo de estimular a formação de novos pilotos em todo o País. Parte importante desse esforço passava pela fundação de aeroclubes nas cidades do interior, uma iniciativa que foi apadrinhada pelo presidente dos Diários Associados, Assis Chateaubriand – o famoso "Chatô", um dos homens mais poderosos do Brasil na época – e recebeu os slogans marqueteiros "Dê Asas para o Brasil" e "Dê Asas para a Juventude".

                          Baile no Jockey, publicada na revista "O Cruzeiro"                          

Uberaba não ficou de fora nessa iniciativa. No dia 25 de maio, o Aeroclube da cidade ganhou um avião de treinamento, doado pelo industrial Severino Pereira. Os jornais da época não informam o modelo mas, pelas fotos, parece ser um Piper J3 Cub (um pequeno monoplano de asa alta norte-americano, com motor de 65 HP) ou sua cópia nacional, o CNNA HL-1, montado no Rio de Janeiro. O avião recebeu o nome "Pandiá Calógeras" em homenagem ao geólogo e engenheiro carioca que começou sua carreira profissional em Uberaba e foi o único civil a ocupar o Ministério da Guerra na República Velha.

   Notícias dos preparativos para a recepção, publicada no jornal uberabense "O Triângulo”  
       
A entrega do avião em Uberaba deu ensejo a uma enorme festa aérea: o ministro da Aeronáutica Salgado Filho veio pessoalmente até cidade liderando uma esquadrilha com dezenas de aeronaves civis e militares. Chatô e Dario de Almeida Magalhães, diretores dos Diários Associados, acompanharam a comitiva. A famosa aviadora Ada Rogato exibiu-se saltando de paraquedas e outros pilotos revezaram-se em exibições de acrobacias aéreas. Ao final, o grupo foi recebido para um jantar no restaurante do Grande Hotel seguido por um baile de gala no Jockey Club e por uma festa dançante no Cassino da Exposição.


"Pandiá Calógeras"
Avião HL-1, fabricado no Rio de Janeiro pela fábrica CNNA, do industrial Henrique Lage. É uma cópia do avião norte-americano Piper J-3 Cub. Muito provavelmente, o "Pandiá Calógeras" era um avião como esse.


O bapthismo "Pandiá Calógeras"em Uberaba.

Nos dias seguintes, como de costume, os vários jornais do grupo Diários Associados e a revista semanal "O Cruzeiro" deram grande destaque ao evento. O método usual de Chatô de ganhar ainda mais poder político e conseguir patrocinadores.


===================================================

Um detalhe curioso: em diversas publicações consta que o Aeroclube de Uberaba teria sido fundado só em 1942, um ano depois do recebimento desse avião.

 (André Borges Lopes).


Fanpage: https://www.facebook.com/UberabaemFotos/

Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos


Cidade de Uberaba