terça-feira, 8 de maio de 2018

O COMPUTADOR CHEGA AO SERTÃO


           A possibilidade de comprar num supermercado – por menos de mil reais – um computador mais poderoso do que aqueles que a NASA usava nos anos 1970 para colocar o homem na Lua já é uma coisa assustadora. Mais ainda porque qualquer um de nós pode de sair carregando esse computador no bolso da calça, conectado a uma rede mundial que nos permite buscar informações em qualquer lugar do planeta. Milhões de pessoas fazem isso todos os dias quando compram e habilitam um aparelho celular tipo “smartphone”, ou “telefone esperto” – que reconhecem o seu rosto, entendem a sua voz, armazenam as suas fotos, filmes e músicas. E permitem o uso de programas (ou “apps”) capazes de desempenhar as mais diferentes tarefas.

          Facilidades com que os astronautas das espaçonaves Apollo nem sonhavam. Mas os primeiros computadores pessoais (ou PCs) que podiam ser levados para casa só surgiram nos anos 1980. E o lançamento do primeiro iPhone tem pouco mais de 10 anos. Nos anos 1970, computadores eram coisas misteriosas e um tanto assustadoras. Filmes como “2001 - uma Odisseia no Espaço” e “Geração Proteus” os retratavam como máquinas temperamentais, prestes a assumir o controle do mundo e destruir a humanidade. Na vida real, havia grandes computadores conhecidos como “mainframes”, que ocupavam andares inteiros de prédios e custavam pequenas fortunas: o aluguel mensal de uma única máquina dessas em 1970 dava para comprar 20 fuscas novinhos. Só os bancos, grandes corporações e departamentos de governos tinham bala para ter um. A empresa símbolo dessa época era a norte americana IBM, maior fabricante mundial desses computadores.

O COMPUTADOR CHEGA AO SERTÃO 


         Uma lenda urbana conta que o sigla HAL, o computador enlouquecido do filme “2001”, teria sido inspirada pela sequência das letras anteriores no alfabeto. Se não é verdade é bem contada. Mas em 1971 a IBM anunciou que ia comercializar no Brasil um computador compacto, especialmente projetado para empresas pequenas “que agora poderão ter um computador”: o Sistema/3 modelo 10. Uma novidade mundial, que chegava ao País pouco tempo depois de ser lançada nos Estados Unidos. A máquina só era “compacta” na propaganda. Na verdade era um conjunto de equipamentos que, segundo o fabricante, cabia em uma salinha de 3 por 4 metros. O cérebro do monstrengo tinha o tamanho de uma geladeira grande. Vinha acompanhado de impressoras, uma mesa com teclado e com um monitor “tipo televisão” (opcional) além dos famosos leitores de cartões perfurados – nos quais eram armazenados os programas e as informações (quem viveu os anos 70 conheceu esses cartões ao fazer as apostas na loteria esportiva). Empresas com mais recursos podiam trocar os cartões por moderníssimos “diskettes” de 20 x 20 cm, que armazenavam o equivalente a 3 mil cartões perfurados ou “80 kilobytes de dados”. Uma façanha. Para demonstrar na prática o quanto o seu novo sistema era simples, prático e portátil, a IBM resolveu fazer uma exposição itinerante: um “road show” na linguagem do marketing. Para isso instalou um Sistema/3 numa sala montada dentro de um grande caminhão baú, como esses de mudanças. 

          O caminhão, que tinha ar condicionado e gerador próprio, viajaria pelo Brasil para mostrar que a informática agora estava ao alcance de todos. O roteiro de shows começou em outubro de 1971, na então moderníssima Capital Federal em Brasília, onde o novo sistema foi apresentado às autoridades. De lá, o “road show” tomou a BR -050 rumo ao sul, parando em Uberlândia, Uberaba, Ribeirão Preto, Campinas e daí para São Paulo. O computador finalmente chegava ao sertão brasileiro e Uberaba – por uma infelicidade da geografia – acabou em segundo lugar, atrás da vizinha e rival. Nos dias em que ficou estacionada na cidade, empresários uberabenses, políticos, estudantes e todos aqueles que tiveram a graça de receber um convite da IBM puderam ver com seus próprios olhos o funcionamento daquela máquina fantástica. Que comandava submarinos e naves espaciais no cinema, mas era vendida aos homens de negócio para cuidar de coisas tão prosaicas quanto a emissão de notas-fiscais, gestão das folhas de pagamento e cadastro de clientes. Ninguém imaginava que, 50 anos depois, centenas de milhões delas estariam sendo usadas para ouvir música e colocar fotos de aniversário das crianças nas redes sociais.


 (André Borges Lopes)




quinta-feira, 26 de abril de 2018

UM PRATA PARA SANEAR O RIO

      Durante anos, o governo federal e a prefeitura do Rio de Janeiro torraram dinheiro público para embelezar a cidade, fazer obras controversas de grande impacto visual e preparar a capital para um evento internacional. Terminado esse período, a cidade do Rio passava por uma crise financeira que colocava em risco o funcionamento dos seus serviços. Foi quando um presidente da República, impopular e com a legitimidade questionada, decidiu colocar no comando da cidade um administrador de pulso firme, homem da sua estrita confiança.

      Essa história lhe parece familiar? Pois saiba que ela aconteceu no Rio de Janeiro há quase cem anos. Nessa época, o Rio era Capital Federal e o prefeito era nomeado diretamente pelo Presidente. Entre 1918 e 1922, o presidente Epitácio Pessoa e o prefeito Carlos Sampaio deram início a um arrojado programa de reformulação do centro antigo da cidade. A reforma incluía a remoção do Morro do Castelo – na época decadente e ocupado pela população pobre – para construção de uma enorme esplanada onde, durante o anos de 1921 e 1922 , foram construídos os palacetes cenográficos “Exposição Internacional do Centenário da Independência”.

      Essa fabulosa exposição tinha estandes de todos os estados da federação e de diversos outros países. Era coisa mais faraônica e suntuosa que o Brasil já havia visto em toda sua história. Um evento “padrão FIFA”, para usar um termo da moda. No final de 1922 chegou a hora de pagar a conta da festa. Para piorar, a situação econômica do Brasil não andava boa em função de uma crise persistente nos preços internacionais do café. Boa parte dos recursos federais haviam sido comprometidos por Epitácio Pessoa para garantir os interesses dos cafeicultores, o que lhe permitiu eleger seu sucessor – o mineiro Artur Bernardes – apesar de uma forte oposição dos militares e das classes médias urbanas, insatisfeitas com a situação. 

     A velha política do “café com leite” começava a desmoronar, e isso só iria piorar nos anos seguintes. Artur Bernardes, ex-governador de Minas Gerais, assumiu em 15 de novembro de 1922. Um mês depois nomeou para o cargo de prefeito da maior cidade do País o deputado federal Alaor Prata Soares, seu amigo pessoal e aliado fiel. Quase desconhecido para a população carioca, Alaor Prata tinha 40 anos e era uberabense. Havia se formado engenheiro na conceituada Escola Politécnica de São Paulo, mas se destacara como político e homem de imprensa no Triângulo Mineiro. Fora diretor dos jornais O Triângulo e Gazeta de Uberaba e colaborador do Lavoura e Comércio.


      Começou a carreira como vereador em Uberaba e, em 1909 elegeu-se deputado federal. Para os cariocas a nomeação foi um choque. A situação piorou quando Alaor anunciou, já no discurso de posse, que o principal objetivo da sua gestão era o de sanear as finanças do município, com um corte profundo nos gastos públicos. Para os uberabenses, nenhuma surpresa: a família Prata era conhecida na cidade pelos hábitos econômicos controlados e uma folclórica avareza. Sua primeira providência foi suspender todo o programa de reformas urbanas em andamento na capital (deixando muitas obras inacabadas) cancelar contratos com empresas fornecedoras e demitir um grande número de funcionários municipais. 

Alaor Prata Soares

     A insatisfação foi imediata, e agravou-se por conta do autoritarismo do presidente Artur Bernardes, que governou quatro anos sob estado de sítio e reprimiu com mão de ferro as diversas revoltas tenentistas que explodiram durante seu mandato. A imprensa oposicionista não perdia uma chance de castigar o prefeito, como forma de atingir o presidente. Alaor Prata era acusado de ser um interiorano caipira, que odiava o Rio de Janeiro. Há uma certa injustiça nas acusações. Na falta de recursos para obras, Alaor concentrou-se em elaborar projetos, legislações urbanas e códigos de obras que, mais tarde, foram importantes para o desenvolvimento do Rio. No final do seu mandato, já com as finanças em melhores condições, chegou a fazer até algumas obras de vulto, como a reconstrução da orla marítima (destruída por uma tempestade em 1925) e a duplicação do Túnel Velho, ligando Botafogo e Copacabana, que hoje leva o seu nome. Em 1926, deixou a prefeitura e retornou ao Congresso. 



(André Borges Lopes)



sábado, 21 de abril de 2018

A história do automóvel em Uberaba


      “ O Automóvel, cuja generalização pelo mundo verificou-se a partir de 1900,só teve entrada em Uberaba sete anos depois.

     Em sessão de 10 de março de 1906 a Câmara Municipal desta cidade sancionou a lei nº191, concedendo ao Sr.Dr.Alberto Cerqueira Lima privilégio, por 25 anos, para trafegar na cidade e município, linhas de automóveis para o  transporte de cargas e passageiros.

Foto do acervo pessoal  de Demilton Dib - década:1930
Praça Rui Barbosa

     O concessionário, em sociedade com os Srs. Major Domingos José da Silva Prata e Coronel João da Silva Prata, organizou-se a Empresa Motorola Uberabense Auto-”, adquirindo em seguida, por 12 contos de réis, na Inglaterra primeiro automóvel, chegando a 30 de maio de 1907,e,solenemente,inaugurado a 7 de junho seguinte.

     Este automóvel teve o nome de “Nossa Senhora da Conceição das Ala-goas”. Trafegou cerca de um mês na cidade, indo uma única vez ao Garimpo de Conceição das Ala-goas,em uma estrada especialmente construída pela Empresa.

     Esta máquina, a primeira vez que saiu à rua, causou admiração geral pela originalidade: não era o automóvel que toda gente via nas fitas cinematográficas e nas ilustrações dos jornais, mas um pesado locomóvel, a vapor, de marcha lenta.

Na sua única viagem ao garimpo gastou, só na ida, 8 dias sendo necessário abrir-se no chapadão, diversas cisternas para alimentar de agua a máquina.

      Quando saia à rua interrompia o trânsito dos outros veículos, tanto pelo  espaço que ocupava, como pela aglomeração de pessoas atraídas pela curiosidade, e ainda pela constates chuvas de brasas, que escapava da chaminé. Por isso, à sua passagem os negócios fechavam-se para evitar um possível incêndio.

O primeiro automóvel de passageiros aqui chegando, 29 de junho de 1908, foi um pequeno, de 2 lugares, importado pelo Sr.Humberto Adamo.

Ao ser inaugurado quebrou-se, pelo que foi devolvido para São Paulo, de onde viera.
O Sr. Antônio da Cunha Campos Júnior, por ocasião da “Exposição Agro-pecuária de Uberaba”, alugou em São Paulo, um automóvel de sete lugares destinado ao serviço de passageiros entre a cidade e o campo da exposição.


Este automóvel que foi o primeiro a trafegar aqui, chegou no dia 4 de maio de 1911,e foi devolvido para aquela capital 15 dias depois. Fora alugado a 100$000 por dia (cem mil réis).

     A 6 de outubro seguinte, entrou em Uberaba o 4° automóvel. Era uma máquina  de 6 lugares, comprada em são Paulo por 10 contos de réis, pelo Sr.Major Quirino Luiz da Costa, destinada ao serviço de passageiros na cidade somente, pois estradas apropriadas no município não havia ainda um plano sequer. A da “Empresa Auto-Motorola Uberabense “há muito fora abandonada.



A inauguração deste automóvel fora no mesmo dia de sua chegada à cidade, percorrendo as esburacadas ruas locais, com lotação constituída por pessoas de mais alto destaque social.
     O segundo automóvel importado pelo Sr.Major Quirino da Costa e 5° introduzido em Uberaba (20 de janeiro de 1912) foi um carro tipo factante,de cinco lugares e custou 9 contos de réis.

     Foi a partir dai que os senhores Rocha e Falcão adquiriram o primeiro automóvel “Ford”, chegando em Uberaba no dia 15 de março de mesmo ano.

Seguiram-se lhes os Srs. Firmino Meirelles, com um automóvel daquele fabricante, e fundador da Garagem “Cruzeiro do Sul”, o Coronel Vicente Alves Arantes Tutuna, com um carro “Maxwuell” e outros.
      Por essa ocasião o Sr.Major Quirino da Costa, ultimava a construção dos primeiros 60 quilômetros de estrada, ligando a cidade à sede distrital de Conceição das Alagoas.
A respectiva inauguração realizou-se festivamente, no dia 6 de abril (1914).

      A 5 de agosto seguinte, a empresa inaugurou o trecho entre Estação do Peregrino e o arraial do Veríssimo.

Afinal, no dia 19 seguinte, inaugurou-se ruidosamente, o trecho de 30 quilômetros de Garimpo das Alagoas e Dores do Campo Formoso, que a população desta localidade construíra e dera de presente à empresa.

     Entretanto, não demorou muito e já um empresa se organizava para o desenvolvimento do novo sistema de viação, levando o progresso a todos os cantos do município.

Foto do acervo pessoal  de Demilton Dib - década:1930
Praça Rui Barbosa

      Então a cidade só contava uns vinte e poucos carros de praça. Os primeiros automóveis aqui chegados, em número reduzido, logo avariavam em consequência da má conservação de nossas ruas.Com a construção das primeiras estradas na área rural e os magníficos  resultados colhidos no trafego de automóveis ,diversos fazendeiros se puseram em ação e numerosas turmas de operários iam pela nossa belíssimas campinas deixando, após a sua passagem ruidosa, o caminho por onde em breve iria a civilização e o progresso, levados nas asas ligeiras das máquina que vence com facilidade as grandes distâncias e nos proporciona a vertigem das grandes velocidades – o automóvel.


Texto na íntegra de Hidelbrando de Araújo Pontes

Copiado por Antônio Carlos Prata

Fonte: ”Vida, Casos e Perfis”



                                                                                                                                                                                            
                                                                                                             
                                                                                                                                        
                                                                                                            
                                

terça-feira, 17 de abril de 2018

Centenário da Loja Maçônica Estrela Uberabense

Centenário da Loja Maçônica Estrela Uberabense

Hoje (17/04/2018) devemos TODOS estar em Loja, PARAMENTADOS, para a Sessão Magna com presença/participação de não Maçons.
Nessa Sessão Magna, COMO TODAS AS OUTRAS, devemos estar presentes, pois, dando prosseguimento à comemoração dos 100 anos da LMEU, os Correios farão o lançamento do Selo do centenário da Loja; a Câmara Municipal de Uberaba Homenageará a Loja, e o descerramento da foto do Venerável Mestre da gestão anterior, Ir:. CARLOS ALBERTO MARTINS VIEIRA, na galeria dos ex-Veneráveis da Loja Maçônica Estrela Uberabense.
Sua presença é indispensável!
TFA:.

Wagner da Cruz .`. M .`. i .`. -Membro da Comissão Para Maçônica da ARLS ESTRELA UBERABENSE N°0941-GOBMG - CRUZ DA PERFEIÇÃO MAÇÔNICA

domingo, 15 de abril de 2018

O Selo em comemoração aos 100 anos - Loja Maçônica Estrela Uberabense.

                                     
CONVITE
O Selo em comemoração aos 100 anos - Loja Maçônica Estrela Uberabense.

Meus Irmãos, na terça-feira, dia 17/4/18, às 20h, na sede da ARLS Estrela Uberabense, daremos lugar a uma seção magna admitida a presença de não maçons. Na ocasião, ainda como atividade do ano do centenário da Loja, será lançado, pelos Correios, o selo em comemoração aos 100 anos da Loja Maçônica Estrela Uberabense. A Câmara Municipal de Uberaba prestará homenagem à Estrela Uberabense. E haverá o decerramento da fotografia do ex-venerável, Carlos Alberto Martins Vieira, na Galeria dos Ex-Veneráveis da Loja. O Eminente Grão Mestre do GOB-MG, Ir.: Cláudio William, confirmou presença nos trabalhos. Contamos com a presença dos irmãos!


Wagner da Cruz .`. M .`. i .`. -Membro da Comissão Para Maçônica da ARLS ESTRELA UBERABENSE N°0941-GOBMG - CRUZ DA PERFEIÇÃO MAÇÔNICA

terça-feira, 10 de abril de 2018

NOVA PÁGINA NO FACEBOOK: OBRAS-PRIMAS DO CINEMA EUROPEU


Ensaios de crítica cinematográfica




 NOVA PÁGINA NO FACEBOOK:https://www.facebook.com/opcineuropeu/                                                                                   


Afrânio de Almeida e Hikio Okotozawa

Afrânio de Almeida e Hikio Okotozawa


O japonês “Ozawa” é o pioneiro do judô em Uberaba, onde morou entre 1965 e 1969. Hikio Okotozawa veio ao Brasil em 1963 para divulgar a modalidade esportiva no país e se fixou cidade. 

Juntamente com Afrânio de Almeida, dono do Judô Oriente, Ozawa formou a principal equipe mineira desse esporte na década de 1970, integrada por “Sansão”, Ataíde, Tranquilo, Iraci, Dilmar, Nilo, entre outros judocas. 


Foto: Autoria desconhecida


(Foto do acervo pessoal de Tranquilo Baliana)



Rua Governador Valadares, 486. Fabrício - Uberaba /MG 38065-065. (34) 3333-4231

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Memorial Chico Xavier em Uberaba recebe acervo raro descoberto após mais de 50 anos


Um acervo raro com vários jornais, revistas, fotos, livros e manuscritos datilografados sobre o médium Chico Xavier e a doutrina espírita, que foi encontrado em setembro de 2017 em Uberaba, passa por restauração. O material estava trancado em um cômodo de imóvel da Comunhão Espírita Cristã – o primeiro centro que Chico fundou em 1959, quando chegou à cidade mineira. 

Para os responsáveis pelo trabalho e pela descoberta, o achado já pode ser considerado um patrimônio para o município e para a religião espírita, já que guarda informações de todos os tipos da década de 1960.


Planta de Museu por Niemeyer 

Um dos materiais mais importantes é a planta de um “museu” que está carimbada com o nome do arquiteto Oscar Niemeyer. A surpresa para os pesquisadores em relação a este projeto foi descobrir que na época Chico Xavier e outros adeptos da doutrina já pensavam em construir algo bem parecido com o atual Memorial, que seria chamado de “Exposição Espírita Permanente”. 

Dentro de uma pasta foram encontrados documentos com registros do que teria e como funcionaria o espaço, como também a quantidade de material para a obra.


 
Livro dos Médiuns, por Allan Kardec, foi um dos materiais raros encontrados
 (Foto: Fundação Cultural de Uberaba/Ruth Gobbo)

A ideia do Memorial Chico Xavier foi concebida em 2003, um ano depois da morte do médium. O museu fica no Parque das Américas e foi inaugurado em 2016. A estrutura tem mais de 8.000m², conta com obras escritas pelo médium, fitas e livros sobre a história de Chico Xavier. 

"O que mais nos chamou atenção foi o projeto do 'Exposição Espírita Permanente', que foi uma surpresa para nós identificarmos que em Uberaba, na década de 60, houve uma tentativa de construção de um espaço de memória dedicado à doutrina espírita. E vários anos depois surge o Memorial Chico Xavier, que além de contar histórias, quer contar também a história guardada nestes materiais encontrados", observou o museólogo do Memorial, Carlos Vítor.



A descoberta e a restauração 

Foi em um cômodo trancado de um imóvel da Comunhão Espírita Cristã que o material ficou guardado por mais de 50 anos. O tesouro foi descoberto por acaso pelo pedreiro Lourencildo Gonçalves, que foi fazer um serviço no local à pedido de um amigo. 


Em seguida, o acervo foi entregue por comodato ao Memorial Chico Xavier que, em parceria com a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), deu início aos trabalhos de restauração. 

Com a supervisão do museólogo do Memorial, três estudantes do curso de História da UFTM fazem a higienização do acervo, além do arrolamento - que é o processo de identificação, numeração e pesquisas de informações básicas sobre o conteúdo de cada arquivo que são registradas em um programa de computador. 

“A gente recebeu este material deteriorado, já que estava em um espaço insalubre. Assim que recebemos a informação, imediatamente em dois dias conseguimos retirar todo este acervo no cômodo que estava e levar ao Memorial para fazer este trabalho de higienização e identificação”, disse Carlos Vítor. 


Cerca de 20% do material encontrado já foi trabalhado pela equipe. Também já foram encontrados cartas, dossiês de viagens e diversos documentos. 

“É um acervo inédito da década 1960 que tivemos a honra de receber da Comunhão Espírita Cristã. Foi um privilégio para nós termos o acesso e trabalhar com este material tão rico e com informações do médium e da doutrina espírita. A cada material, uma surpresa é encontrada e uma história aprendida", acrescentou o museólogo. 


“Depois que a gente viu o acervo e começou a limpá-lo também encontramos documentos de algumas viagens que Chico e os parceiros fizeram para a disseminação da doutrina espírita pelo país e pelo mundo. Foi aí que percebi que essa documentação em nossas mãos é muito importante para pesquisa sobre a vida do Chico em Uberaba”, acrescentou o universitário Tomaz Gomes. 
Conclusão e divulgação 

O trabalho de arrolamento deve ser concluído em pouco mais de um ano e seis meses, segundo Carlos. “É um processo muito delicado e minucioso porque há muitos papéis que ficaram fragilizados. Depois disso, vamos avaliar qual será a melhor metodologia para catalogação e finalmente disponibilizá-lo para pesquisas e ao público”, explicou. 

O museólogo ainda informou que depois de pronto o material será armazenado no Memorial, no espaço “Centro de Pesquisa e Documentação do Patrimônio Cultural do Espiritismo”, que já está sendo criado. 

“A importância deste material é suscitar novos conhecimentos e novas pesquisas na área para que depois possamos retroalimentar nosso setor de comunicação para realizar exposições, publicações e divulgar o trabalho do espaço, bem como a história da doutrina espírita e do Chico Xavier, que são referências em Uberaba", concluiu o museólogo mineiro. 





"Exposição Fotográfica Serra da Canastra"

 "Exposição Fotográfica Serra da Canastra"

A Fundação Cultural de Uberaba, por meio do Memorial Chico Xavier, convida para a abertura da "Exposição Fotográfica Serra da Canastra", nesta sexta-feira (6), a partir das 10h, com o fotógrafo e pesquisador Alessandro Abdala. A exposição encerra o calendário das atividades alusivas aos 108 anos de Chico Xavier. Prestigie, é imperdível! 

Alessandro é autor do livro “SERRA DA CANASTRA: Refúgio das Aves do Cerrado”, obra que foge do modelo tradicional de livros de fotografia de natureza e alia belíssimos registros fotográficos a valiosas informações histórico culturais sobre a região da Serra da Canastra. 


(Fotos: Ruth Gobbo/ imprensa FCU)


Crispiniano Tavares, primeiro proprietário da famosa chácara, conhecida como Quinta da Boa Esperança

Quinta da Boa Esperança

Localizada na Rua João Modesto dos Santos – Bairro Estados Unidos.

Crispiniano Tavares, primeiro proprietário da famosa chácara, conhecida como Quinta da Boa Esperança, localizada no Bairro Estados Unidos, em Uberaba, nasceu em Ilhéus, na Bahia, em 28 de outubro de 1885. Fez seus estudos iniciais no Rio de Janeiro e diplomou-se como engenheiro pela Escola de Minas de Ouro Preto. 

     Casou-se com Antônia Paula Felicíssimo e, em viagem de núpcias ao Rio de Janeiro, visitou o Imperador D. Pedro II e o agradeceu pelo custeio de seus estudos. 

Profissionalmente redigiu relatórios técnicos sobre riquezas minerais e tipos humanos e de animais. Foi agrimensor, topógrafo, fiscal da empresa Catalão, conhecida como Estrada de Ferro Mogiana, em Uberaba. Escreveu contos e retratos do homem sertanejo. Realizou experiências no campo da fitologia e da zoologia, além de estudos de geologia e mineração no Estado de Goiás. Professor de física e química agrícola no Instituto Zootécnico, de Uberaba, primeira escola de ensino superior no Brasil Central. Combateu as queimadas dos campos. Publicou artigos na revista de Engenharia do Rio de Janeiro. Seus trabalhos serviram de modelo ao geógrafo norte-americano Orvilhe A. Derby, ao tratar dos picos mais altos do Brasil. Editou o jornal Minas Ativa. Foi poeta e primeiro contista do Brasil Central. Estudou folclore, exerceu o jornalismo e era um administrador capacitado. 


Em Uberaba, sob o auspício de amigos locais, a Livraria Século XXeditou sua obra Contos Inéditos. Seus contos abordam temas regionais, narrativas de fatos reais, autobiográficos, temáticos de nítida produção e inspiração religiosa. 

Em sua homenagem foi editado o livro Crispiniano Tavares, por Basileu Toledo França, na cidade de Goiânia. 


Em 1900, foi eleito como 2º secretário do Partido Monarquista de Uberaba. 

Crispiniano residiu muitos anos em Uberaba, exercendo o cargo de engenheiro fiscal da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro. 


Contribuiu com seus conhecimentos técnicos e atuação profissional para o progresso geral da cidade, tanto no Instituto Zootécnico de Uberaba, onde foi professor, quanto como proprietário rural da Quinta da Boa Esperança. Esta era considerada modelo em Minas Gerais, pela sistemática avançada no tempo, tanto pela criação do empreendimento quanto pela administração adotada. 


Em 1887, Crispiniano Tavares iniciou a construção da chácara Quinta da Boa Esperança, situada nas nascentes de um dos córregos que banham Uberaba e à margem do traçado da via férrea Mogiana, distante 1.500 m do centro da cidade. 


A chácara era de grandes dimensões, cujo embrião ficava no final da Rua Marquês do Paraná, descendo, contornava a pequena chácara de Carlos Carrara, atualmente Instituto de Cegos do Brasil Central, descia a rua até a Praça da Gameleira e contornava a antiga chácara do Padre Zeferino – esquina da Rua Artur Machado com Odilon Fernandes – e chegava até a Rua da Pinga – atual Rua João Pinheiro –, depois subia até a atual Mogiana, dobrava a direita, contornava a Chácara dos Eucaliptos, que também a integrava, e finalmente, em direção a Rua Professor Terra e voltava ao ponto de saída. 


O projeto da Quinta da Boa Esperança foi elaborado pelo proprietário Crispiniano Tavares, seguindo rigorosas normas técnicas conhecidas por ele. Traçou intermináveis avenidas de mangueiras, que se estendiam até a Rua Marquês do Paraná, onde se localizava a entrada social e comercial. A outra entrada da chácara era perto da Gameleira, utilizada pelos carros de bois e carroças. 


O construtor responsável pela edificação do chalé foi o italiano João Magne. 


Mais tarde, Manoel Marinho, português, artista que construiu muitos passeios e edifícios da cidade, modificou o chalé dos Tavares. 


Para combater as erosões na propriedade, Crispiniano Tavares construiu muros de arrimo de pedra tapiocanga por toda a extensão das áreas cultivadas, que iam da chácara de Miguel Laterza e Carlos Carrara até o estradão que hoje é a Rua Professor Terra. 


Em seu vasto pomar que formava um bosque, continha uma infinidade de espécies de árvores frutíferas como mangueiras, laranjeiras, jabuticabeiras, cajueiros, pessegueiros, damasqueiros, pinheiras, figueiras, abacaxizais, etc. Destacavam-se as plantações de vinheiras que permitiram a produção de grande quantidade de suco de uva; havia quarenta e quatro qualidades de parreiras, inclusive as enxertadas, como Moscatel Preta de Alexandria, a melhor de todas; a Chasselat Dorée; a Franquenthal; a Sabacknskoy, e muitas outras, excelentes para mesa. Para o vinho cultivavam as Delaware, Cynthiara, Tenerou, Olivette, Fernando Lesseps, Niágara, Colden Queen, Grass Colman e muitas outras. A qualidade da uva Isabela era a mais apreciada para a mesa, de sabor agradabilíssimo e o vinho se igualava aos melhores estrangeiros que existiam no comércio. As videiras recebiam tratamento especial. Em pequena escala fabricavam o vinho de caju, considerado delicioso. 


Além das frutas, cultivava cana-de-açúcar, arroz, algodão e café. O cafezal se destacava com muitos pés, cuja safra era muito produtiva. Produzia-se também grande variedade de horticultura. 


A pastagem abrigava muitos animais e o engenho de ferro era movido à tração animal e não utilizava a água como força motriz. Ali fabricavam pinga, rapadura e açúcar redondo. 


A Quinta da Boa Esperança faz parte dos elementos que muito têm concorrido para o progresso e desenvolvimento da Nossa Princeza do Sertaneja. (...) tem crescido e desenvolvido extraordinariamente, tanto em produção agrícola como industriais, conquistou devido aos esforços e a inteligência de seus ilustres e dignos proprietários, um logar saliente entre os estabelecimentos agrícolas do nosso Estado.[1]


Crispiniano Tavares aproveitou as três nascentes d’água e edificou a fábrica de farinha, de vinho, a sede da chácara e a casa dos funcionários. 


Havia um grande manancial de água que gerava a vida na chácara e irrigava as jabuticabeiras, as hortas e jardins. As minas de água forneciam água para moradores do Alto dos Estados Unidos. 


O jardim da frente do requintado chalé em que habitavam Crispiniano Tavares e sua família era pequeno, porém lindo, composto de variadas flores, sobressaindo as camélias, os belíssimos cravos, os ranúnculos, as anêmonas, os crisântemos, as magnólias, as tulipas e diversas espécies de rosas e palmeiras. As paineiras enfeitavam a avenida principal da chácara que era considerada uma maravilha e valorizada como um dos mais luxuosos jardins de Uberaba. 


Os leões, estátuas que guardavam a entrava da casa foram esculpidos por Crispiniano Tavares e as colunas do chalé foram feitas de ferro fundido na fábrica de Sorocaba, no Estado de São Paulo. 


Na chácara se localizava o campo de futebol dos ferroviários da Mogiana. 

A serraria denominada Santos Guido se localizava onde hoje é o Jardim Sete Colinas, isto porque, Jesuíno cedera o terreno a Santos Guido e a Gustavo Rodrigues da Cunha. 


O interior da casa era muito requintado e utilizavam porcelana francesa. 

O chalé recebeu homens ilustres da época, como: conde D’Eu, Dr. Rebouças, Afonso Rato, João Teixeira, conde Afonso Celso e outros. 


Os primeiros loteamentos em Uberaba foram feitos por Crispiniano Tavares nos terrenos da chácara, seguindo as normas técnicas exigidas. 


Na chácara havia três casas de funcionários. Uma ficava perto da porteira da atual Avenida Jesuíno Felicíssimo. A outra, um barracão que era um rancho muito grande que abrigava em torno de dez famílias, parecia uma senzala; e a outra casa ficava perto de um bosque. 



Os empregados da chácara, em sua maioria, eram imigrantes italianos, muitos baianos e poucos negros. Estes trabalhavam uma jornada em torno de onze horas por dia. 


Os trilhos da Mogiana cortavam pelo interior da chácara em longo trecho, pois saíam da atual Rua Menelick de Carvalho em direção da Estação Amoroso Costa. 


A chácara era administrada e seguia um projeto técnico, o que resultou em enorme produção e fama. A produção agrícola foi muito significativa, com hortas, pomares, enormes cafezais e vinhedos. A produção industrial era de grandes variedades de vinho e doce, pingas, rapadura e laticínios. Dessa forma, conquistaram um lugar de destaque entre os estabelecimentos agrícolas do Estado de Minas Gerais. Os vinhos produzidos na Quinta da Boa Esperança tornaram-se famosos em grandes centros, como o Rio de Janeiro, São Paulo e demais lugares. Também produziam álcool para o consumo. 


Margeando o córrego da chácara encontrava-se espesso bambuzal, contendo magníficas espécies: comuns, indiano, imperial e africano. 


Havia dois bosques de árvores de lei, como jequitibás, aroeiras, cedros, amburanas, todos formando um pequeno patrimônio ecológico. 


Após a morte de Crispiniano Tavares, em Rio Verde, Goiás, no ano de 1910, ficaram muitas dívidas em Minas Gerais e Goiás e sob a ameaça de insolvência, a chácara foi a leilão por volta de 1910. Entretanto, o cunhado Jesuíno de Paulo Felicíssimo a arrematou e permitiu que a viúva de Tavares, Antonia Paula Felicíssimo, continuasse a administrar a famosa Quinta, onde impôs um regime matriarcal continuando a funcionar como no tempo do seu marido, isto é, a mesma estrutura administrativa, as produções caseiras e industriais. 


Após a morte da viúva de Crispiniano Tavares, se extinguiu o período de esplendor de uma época com requintes, o gosto por hábitos nobres e o modismo da Corte. 


A Quinta continuou a ser administrada por seu proprietário Jesuíno de Paulo Felicíssimo, que aproveitou os recursos das fontes d’água, dinamizando o abastecimento de água na cidade, construindo tanques e caixas d’água em níveis que permitam o abastecimento em bairros distantes. Depois a Prefeitura montou seu serviço de água e não quis aproveitar a tubulação de ferro. Consequentemente, Jesuíno arrancou-a e a vendeu em São Paulo. 


Em 1936, Jesuíno faleceu na cidade de São Paulo. 



Assumiu a direção da Quinta, José Crispiniano Pupo Felicíssimo, conhecido popularmente como “Bacuri”. Este apelido ganhara quando era jogador de futebol. Fez demolir o engenho, a fábrica de vinho, a casa de farinha; perderam-se as videiras e um dos bosques naturais desapareceu. Os loteamentos idealizados por Crispiniano Tavares, no Alto da Boa Vista, se intensificaram, entre pastos, capinzal, bosque e área cultivada. 

Com o falecimento de “Bacuri” os herdeiros da chácara transfere o imóvel para dois dos dez irmãos de Felicíssimo. Um deles foi Jesuíno Felicíssimo Júnior, geólogo, ex-presidente do Instituto de Geologia de São Paulo, autor de obras importantes. 


Depois a chácara foi vendida para José Elias que faleceu no ano de 2002 e atualmente os herdeiros são os proprietários. 



OS ANTIGOS VINHEDOS DE UBERABA 



Segundo Hildebrando Pontes, Uberaba foi um centro viticultor bastante adiantado. 



Inicialmente, as vinhas foram cultivadas na antiga vila de Desemboque, onde cultivou a casta “Izabel”. 



Em 1828 ou 1830 o padre Zeferino Batista plantou em sua chácara as primeiras mudas de vinha cuja sede ficava na antiga Rua do Comércio – atual Rua Arthur Machado, João Pinheiro, Praça da República – atual Praça Afonso Pena, Estação da Mogiana e Quinta da Boa Esperança. Foram fabricados milhares de litros de vinho tinto, do qual algumas garrafas foram levadas à Corte Imperial, onde era muito apreciado. 


Posteriormente, o capitão Thomaz José de Miranda Porto e, depois, sua viúva Sebastiana Maria do Espírito Santo, cultivaram vinhedos na Rua Major Estáquio. 


Também era cultivada pelo alferes Marinho da Silva Oliveira na chácara Marinhão, depois Dore, e finalmente, Manteiga. 



Em 1877, era raro o quintal em Uberaba em que não houvesse um plantio de vinhedos. 


O major Joaquim José de Souza Maurício transferiu-se para Uberaba e iniciou o seu vinhedo na Rua Direita, hoje Rua Vigário Silva, e industrialmente iniciou a fabricação de vinho e fornecimento das frutas aos vinicultores que produziam superior vinho comparado ao nacional. 


Um fato interessante ocorreu em 1895, quando um inseto, ophilloxera vastatrix acometeu as paineiras e só foi exterminado após destruir as vinheiras de fraca resistência, só salvando as parreiras da espécie Isabel, mais resistentes a philloxera. Após isso, muitos viticultores desanimaram e abandonaram por completo esse lucrativo ramo da agricultura. 


Pesquisa e texto: 

Marta Zednik Casanova 

Superintendente do Arquivo Público de Uberaba 




BIBLIOGRAFIA 


ALMANAQUE UBERABENSE. Uberaba, 1903. Livraria século XX, Uberaba, organização: Diocléciano Vieira e Arédio de Sousa. 

ALMANAQUE UBERABENSE. Uberaba, 1904. Livraria século XX, Uberaba, organização: Diocléciano Vieira e Arédio de Sousa. 

JORNAL LAVOURA E COMÉRCIO. Uberaba, 07/03/1985, p. 5. 

JORNAL LAVOURA E COMÉRCIO. Uberaba, 08/03/1985, p. 5. 

PONTES, Hildebrando. Manuscritos. Departamento Privado. Arquivo Público de Uberaba. Pasta nº- 101. 

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1970. 


[1] Almanaque Uberabense. 1904, p.171. 



segunda-feira, 2 de abril de 2018

Em uma demonstração de Judô com Sérgio Leite Neto e Tranquilo Baliana

Sérgio Leite Neto e Tranquilo Baliana


Centro Educacional e Desportivo de Judô Oriente 

Foto do acervo pessoal de Tranquilo Baliana

Chico Xavier

Chico Xavier


Nascido em Pedro Leopoldo-MG, em 02 de abril de 1910, Chico Xavier foi batizado com o nome de Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento.

Em 1966, mudou, oficialmente, seu nome para Francisco Cândido Xavier quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos.

Escreveu mais de quatrocentos livros, mas nunca admitiu ser o autor de nenhuma obra, pois insistia reproduzir apenas o que os espíritos ditavam. Nunca aceitou o dinheiro lucrado com a venda de seus livros, doando os direitos autorais para a FEB – Federação Espírita Brasileira.

Parnaso de Além-Túmulo, o seu primeiro livro com 256 poemas atribuídos a poetas mortos, foi publicado, pela primeira vez, em 1932.

Psicografou mais de quatrocentos livros. Vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, esperanto, francês, alemão, italiano, russo, mandarim, romeno, sueco, grego, húngaro, braile, e etc..

Psicografou cerca de dez mil cartas “de mortos para suas famílias”, nunca tendo cobrado por isso. As cartas eram tidas como psicografias autênticas pelos familiares e algumas chegaram a ser aceitas como provas em casos de julgamentos jurídicos.

Sua entrevista, ao vivo, cedida ao programa Pinga-Fogo da TV Tupi, em 28 de julho de 1971, conseguiu a maior audiência da história da TV brasileira.
Ao longo de sua vida, Chico Xavier recebeu o titulo de cidadania em aproximadamente 80 cidades brasileiras;

Foi homenageado em filmes e documentários como: “Chico Xavier – O Filme”, “As Mães de Chico Xavier” e “100 Anos com Chico Xavier – Gratidão e Homenagem”;

Cantores como Roberto Carlos, Gilberto Gil, Fábio Júnior, Moacir Franco, Nando Cordel, Vanusa e Lucas e Luan, compuseram músicas em sua homenagem

Em 1981 foi indicado para o Premio Nobel da Paz;

Em 1999, o Governo de Minas Gerais instituiu a “Comenda da Paz Chico Xavier”, lei do Deputado Estadual Paulo Piau, atual prefeito de Uberaba-MG – condecoração que é outorgada anualmente a pessoas físicas ou jurídicas que trabalham pela paz e pelo bem estar social;

Em 2000, Chico Xavier foi eleito o “Mineiro do século XX”; por um concurso popular realizado pela Rede Globo de Minas Gerais, tendo vencido com 704.030 votos;

Após Chico Xavier falecer, a casa onde ele morou entre 1948 e 1959 e a casa em que ele morou entre 1959 e 2002 foram transformadas em museus sem fins lucrativos, em referência a sua vida e obra, e o interior da Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo, local onde ele trabalhou como datilógrafo entre 1930 e o final dos anos 50, também foi transformado em um memorial em sua homenagem;

Em 2006, em uma votação popular promovida pela Revista Época, Chico foi eleito o “O Maior Brasileiro da História“;

Em 2009, a Lei nº 12.065 deu o nome “Chico Xavier” ao trecho da rodovia BR 050, entre a divisa dos Estados de São Paulo e Minas Gerais e a divisa dos municípios de Uberaba e Uberlândia;

Em 2010, o Correio Brasileiro lançou o selo e o cartão postal comemorativo em homenagem ao centenário do médium. No mesmo ano, a Casa da Moeda do Brasil lançou a “Medalha Comemorativa do Centenário de Chico Xavier”;

Em 2 de abril de 2010, data em que Chico completaria 100 anos, estreou, nos cinemas, “Chico Xavier – O Filme”, baseado na biografia “As Vidas de Chico Xavier”, do jornalista Marcel Souto Maior, dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho. Nesse filme, Chico Xavier é retratado pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922 – 1931 a 1959 e 1969 a 1975. O filme alcançou a marca de mais de 3,5 milhões de espectadores nos cinemas;

Em Outubro de 2012, no programa “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”, transmitido pelo SBT, Chico foi eleito, por voto popular, como “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos“. Na semifinal do programa, disputou com Ayrton Senna, venceu com 63,8% dos votos. Na final do programa, Chico disputou com Santos Dumont e Princesa Isabel, vencendo com 71,4% dos votos. Esse programa foi ao vivo e o repórter Saulo Gomes foi quem defendeu Chico, com embaixador nomeado pelo SBT.
Em 2012, recebeu homenagem póstuma do Sport Club Corinthians Paulista – como torcedor nº 000326 – Semper Fidelis.

Chico Xavier desencarnou, em Uberaba, em 30 de junho de 2002, com 92 anos de idade.

O Memorial Chico Xavier é uma obra construída pelo Instituto Chico Xavier e a Prefeitura de Uberaba-MG, em homenagem a Chico Xavier, para que sua história seja perpetuada.

sábado, 31 de março de 2018

UBERABA DE ONTEM


João Eurípedes Sabino(*)               

Eu não sabia Uberaba

Que dentro do meu peito mora

Uma paixão por você incontida

E ao vê-la sendo ofendida

Minha alma sofre e chora

Ah! Se eu tivesse o poder

De juntar todos os filhos seus

De mãos dadas faríamos um cordão

E unidos pela mais pura emoção

Realizaríamos um dos sonhos meus

Sonho em revê-la pujante

Ouvir alto sua voz hoje calada

Vê-la como em épocas de outrora

Exercendo o que este seu filho rememora:

A sua liderança que era consagrada

De quem é a culpa pelos seus retardos?

Se todos falam que a querem bem

Certos filhos dizem que amam os pais

Mas no fundo os renegam e tudo mais

Você Uberaba, padece disso também?


(*)- Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro sediada em Uberaba-Minas Gerias–Brasil.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Nota histórica lamentável - Demolida a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote



Foto: Antonio Carlos Prata

Lá se vai mais um pedaço da história de Uberaba. Demolida a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote.
A casa estava localizada na rua José de Alencar ,376, antigo 68. Era a última casa daquele estilo no bairro São Benedito e uma das últimas de Uberaba. O presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e do Fórum dos Articulista de Uberaba e Região, e que escreveu um livro sobre o Zote, João Eurípedes Sabino , diz que não bastaram as gestões que fizeram junto ao CONPHAU e aos proprietários da casa. "Não divulgarei aqui as manifestações da legião de amigos, residentes no Brasil e mundo afora, cujas raízes estão em Uberaba. São tantas que as guardarei como prova de que Zote habita a memória e o imaginário dos seus conterrâneos ou não. Naquela casa então de Bento Eduardo da Silva Polveiro e depois Osório Adriano da Silva, nasceu no dia 23/02/1923, há 95 anos, o menino que por ser meio parvo e genial, recebeu o apelido de Zote. Era a última casa daquele estilo no bairro São Benedito e uma das últimas de Uberaba(!!!) Para onde vamos senhoras autoridades responsáveis? A palavra não é mais minha. 

Foto:João Eurípedes Sabino

Local da barbárie: rua José de Alencar, 376, antigo 68.

Neste momento está sendo perpetrado um crime contra o patrimônio histórico de Uberaba: a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote- 
está sendo demolida. Não bastaram as gestões que fizemos junto ao CONPHAU e aos proprietários da casa. Ela está indo ao chão e junto vai uma parte da história. Ali nasceu o uberabense que Uberaba nunca esquecerá.

Eis o que sobrou da "Casa onde Zote nasceu". Foto:João Eurípedes Sabino


Aos que primaram pela omissão os nossos "parabéns".

Por que esse meu apego com algo material? É que a história não me perdoará, se de braços cruzados eu permanecer: Quem não preserva o passado não terá futuro”. Eis a questão", finalizou João Sabino.




quinta-feira, 29 de março de 2018

O GABINETE DO DR. CALIGARI

Arte Expressionista

Guido Bilharinho



Após sua invenção, em 1895, não tarda muito, no cinema, a realização de bons filmes e, ainda, o aparecimento de movimentos ou tendências coletivas, refletindo em suas produções, correspondente orientação estética.

         O primeiro a surgir com mais consistência (depois do film d’art francês e do realismo e da vanguarda italianos), é o expressionismo alemão. Tendência comum a todas as artes, tem em Schoenberg, compositor austríaco, e Kandinsky, pintor russo, alguns de seus mais relevantes representantes nessas áreas.

         A temática - fantasmagórica - centra-se em torno das manipulações procedidas pelo dr. Caligari em Cesare, misto de personagem diurno de feiras e perigoso assassino à noite. A narrativa é comandada por um louco, para quem os internos do sanatório são os seres normais, circunstância que encontra similitude, embora em contexto, fatos e situações totalmente diversos, no romance A Lua Vem da Ásia, de Válter Campos de Carvalho (Uberaba, 1916 - São Paulo, 1998). Ao final, imaginação e realidade fundem-se na mente alucinada do narrador.

         Pode-se aduzir que essa temática, sua condução e detalhes servem apenas de veículo a expressões formais, à elaboração e construção de obra de arte estetizante, que somente enfatiza as propriedades visuais da imagem.

         Se desligado o tema da perspectiva geral do filme pode-se ser levado, em análise fracionada, a considerá-lo mero exercício escapista. Contudo, não o é. Conquanto o expressionismo destaque os aspectos formais, o conjunto fílmico apresenta-se como obra abrangente visando o prazer estético, finalidade da arte.

         O décor - equivalente ao cenário no teatro - sintetiza, na prática, as teorizações expressionistas de cinema. No filme, destaca-se juntamente com a direção e interpretação dos atores, que se apresentam integrados, sendo o décor concebido objetivando a simbiose - que consegue - com o clima e a ambiência sugeridos ou exigidos pelo tema.

No cinema, esse movimento encontra campo propício para propagação na Alemanha do primeiro pós-Guerra. Emergindo derrotado de conflagração bélica de largas proporções - a maior havida até então - o país atravessa período de instabilidade e de crise econômica e social. A realidade crua, a fermentação do ódio, do revanchismo, da propaganda bélica e a censura oficial drástica e severa mergulham os intelectuais e artistas germânicos em perplexidades. Para muitos, o expressionismo não passa, então, de evasão a essa realidade perversa.

         De fato, tal tendência orienta-se no sentido de permitir ao artista as mais incontroláveis (e livres) incursões no mundo do imaginário, dos sentimentos e das emoções. É-lhe propiciada, pois, a mais ampla liberdade de expressar qualquer ideia desvinculada da realidade concreta. Nessa linha conceitual, a visão pessoal expressiva do artista sobrepõe-se a valores, juízos e verdades objetivas - ou tidas como tais - para incursionar pelo universo do arbitrário, do irreal, do abstrato e do puramente especulativo.

         Por isso, os filmes expressionistas alemães não apresentam temática emergida do contexto social, não tendo, pois, seu conteúdo significado circunstancial.

         Entre os maiores, quando não o maior e mais significativo espécime cinematográfico do gênero, está O Gabinete do Dr. Caligari (Das Gabinette des Doctor Caligari, Alemanha, 1919), de Robert Wiene (1881-1938), que é, também, uma das obras-primas do cinema.

         A única limitação do filme, que o é, de maneira geral, do cinema de então, reside na falta de mobilidade da câmera, cujas possibilidades e virtualidades ainda não estão, à época, de todo antevistas e/ou utilizadas.


(do livro Clássicos do Cinema Mudo. Uberaba,
Instituto Triangulino de Cultura, 2003)

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional.