terça-feira, 20 de março de 2018

A Bolsa da Dona Lucília

Autor: Marco Túlio Oliveira Reis 

Companheira inseparável, guardiã de tantos segredos,
Um anel antigo, uma luva, o retrato de um amigo. 
O orgulho ferido, a dor e o esquecimento.
Um recorte de jornal e uma sobra de tempo 

Um endereço escrito, um panfleto,
Se sobra dinheiro, batom e verniz para as unhas,
A cópia de um discurso, a receita de um bolo,
Tanta coisa na bolsa, tanta esperança, nenhum consolo.

O título de eleitor amarelado,
A caneta que assinou a posse,
As dores de um tempo florido.

Trocados pro ônibus, 
Uma carta, alguns rabiscos.
Tantas lembranças e o desejo de ser feliz.

quarta-feira, 14 de março de 2018

BLOG EDITORIAL - UM LIVRO POR MÊS


Guido Bilharinho 

Um livro por mês


(*) Advogado atuante em Uberaba; editor da revista internacional de poesia Dimensão, de 1980 a 2000 (revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br), e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando desde setembro último um livro por mês no blog:https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

terça-feira, 13 de março de 2018

A IMPRENSA DE UBERABA

O termo jornalismo é relativamente moderno. A sua história é muito antiga e confunde, invariavelmente, com a imprensa, desde quando Gutemberg aperfeiçoou a técnica de reproduzir textos escritos ao uso de tipos móveis. As publicações eram distribuídas pelos governos , dando conta de suas atividades administrativas. Quando os líderes políticos perceberam a penetração e o enorme poder que as “ folhas” impressas tinham para influenciar a população, foi aquela “ enxurrada “ de publicações por parte das facções políticas. No século passado, o jornalismo e as técnicas de comunicação e informação evoluíram de uma forma espantosa e teve efeito duradouro.

Uberaba absorveu e tem jornais, há mais de século. Orlando Ferreira,”Doca”, uma das mais expressivas figuras do jornalismo em todos os tempos na terrinha, detestava o jornal “Correio Católico “, a serviço da Igreja Católica, religião que ele abominava. Sobre o outro jornal, o “ Lavoura e Comércio “, chamava-o de “ órgão oficial do município “ ( tal e qual como hoje ? sei lá...) .Criticava a dubiedade de opinião do jornal “ do Quintiliano (Jardim) que, segundo ele, chegava às raias do absurdo. Em “ pílulas”, denunciava fatos da cidade; do outro lado, encobria- os se se referissem aos “ figurões” da terrinha... 

Os jornais, hoje, não se preocupam em escrever “ editoriais” que reflitam a opinião do veículo. Formadores de opinião, praticamente não existem a não ser alguns “ colaboradores” , que, semanal ou quinzenalmente, ocupam esse espaço. E só. Nenhum uberabense levantou a voz , lastimou e muito menos perguntou, o “ porquê” , deixaram de circular , a “Gazeta de Uberaba”, o “Lavoura e Comércio”, “ Vox “, ‘Correio Católico” e “Cidade Livre”. “Doca”, deve ter ficado triste em saber que eles não mais circulam. Pasmo ainda, se soubesse que as rádios P.R.E.- 5 , Difusora e Uberaba, deixaram de funcionar. A TV- Uberaba, a primeira e única geradora de TV, genuinamente uberabense, desapareceu. “Doca”, por certo, espumaria no canto da boca, ao saber que ninguém , políticos de proa da cidade, chorou uma única lágrima ( ainda que de crocodilo, falsa, covarde ) por perdas tão sentidas... As duas principais redes de TV do Brasil, instalada na cidade, ocupam pequenos espaços com noticias da terrinha. Nunca se aprofundam em saber dos nossos problemas, das nossas dificuldades. Querem apenas o dinheiro da publicidade dos nossos empresários..As emissoras de rádio...bem..ou “ toca” música jovem ou as tão em moda, o gênero sertanejo. Nada mais... 

A imprensa local vive de pequenos registros. É um tal de “morde e assopra” que espanta. Vivemos em tamanho servilismo nos meios de comunicação que vou te contar...Estamos vivendo a época que “ não se vende espaço, mas, opinião”. Já comentei e volto a repetir : o uberabense gosta mesmo é de ler coluna social. Os “ endinheirados”da terrinha,o pessoal da “ diretoria”, mostram-se em fotos, gozando as delicias “ lá de fora” ... A “ pobreza”, coitada, contenta-se com o reverso da medalha: manchetes com ladrões presos, seqüestros, acidentes de trânsito, bandidos drogados e assassinatos na periferia.... 
Que Nossa Senhora da Abadia, padroeira da santa terrinha, tenha pena do nosso povo “ Marquez do Cassú”.

Benedito Sebastião de Sousa Coelho, o Pelé do Mercado

Bicicleta do  Pelé do Mercado

Informação geral sem cunho político: a bicicleta da foto está exposta na entrada do Shopping Uberaba ao lado da Loja Riachuelo. 

Ela é uma das que pertenceram ao senhor Benedito Sebastião de Sousa Coelho, o Pelé do Mercado. No dia 15/04/2012 o vereador Luiz Humberto Dutra lhe fez esse presente sob aplauso geral na porta do Mercado. Em seguida pedi ao público que déssemos algo a mais ao querido Pelé depois de trabalhar ali por mais de 50 anos sem emprego fixo: A SUA APOSENTADORIA. Dois meses depois o deputado Adelmo Carneiro conseguiu lhe aposentar. Senhor Pelé ganhou para sempre algo especial: o respeito e o carinho de toda Uberaba!

João Eurípedes Sabino

UBERABA DE MINHA INFÂNCIA

Madrugada. Ao longe os grunhidos de um cão quebram o silêncio da noite enluarada. Acordo. Abro a janela e vejo, no céu de nuvens tartamudas, a lua cheia triunfante no espaço sideral que Deus lhe reservou. Os prédios e árvores mais altos quebravam os raios auríferos que banhavam nossa Uberaba no seu natalício. 

Não sei como ou siquer porquê mas, lentamente, desprende-se de meu corpo a alma, quem sabe o espírito ou apenas a mente e vai se misturando às ruas, praças, à cidade enfim. Encontro-me com o passado em épocas diferentes naquele passeio cósmico nos locais onde passei minha infância e juventude. As saudades estão guardadas silenciosamente em minha memória.

Inicio a jornada a bordo da Rede Mineira de Viação no trecho Amoroso Costa estação da Rede que ficava onde hoje se ergue a Rodoviária. Os trilhos na rua Cel Joaquim de Oliveira Prata, a fumaça estonteante, as brasas entrando pelas janelas e lá fora poucas casas, além do apito estridente e prolongado: assim era a chegada de quem vinha da capital montanhesa, após mais de 30 horas. Chego à estação e, em frente, vejo o Prado. Enorme arquibancada servia aos aficionados em corridas a cavalo. Desativado, passou a receber alunos após as aulas para um futebol animado. Me vi ali com o Erasto, o Luiz Humberto, Milberto Scaf, Antônio Franco, Hely Tarquínio, Luiz Hueb, Ildeu Bertoldi, Lester, Nilo, Adalberto, Romes Castanheira e tantos outros colegas do Colégio Triângulo.

Saindo do local dirijo-me ao mangueiral que havia na Vila Maria Helena. Quarteirões das famosas mangas Sabino entre as ruas Cruzeiro do Sul e Major Eustáquio. As mesmas mangas que se encontravam nos mangueirais da Avenida da Saudade e da antiga rua Carangola, aos milhares de pés desta fruta adorada principalmente pelas crianças e adolescentes. Desço até o local onde seria no futuro a Av Santos Dumont: mato denso, córrego límpido e aberto, pequenas lagoas na época de chuva onde nós, moleques, nadávamos , éramos felizes e não sabíamos... De lá avistávamos a Chácara da Manteiga onde hoje é a Av Pedro Salomão. Nos fundos da Chácara construíamos “entancados” no córrego, feitos com troncos de árvore, mato, argila e o que mais aparecesse. O que nos interessava era ver um “poço” para nadar. Havia muita água limpa, árvores, pássaros, liberdade para a meninada...Agostinho, Bené, Bugre, Zicada, Sapatão, Ticoco, Ely Boy, Nego Boy, Delcino, Varistim, Vicente, Pedroca, Geraldão e tantos outros “moleques” da Vila...

Continuando meu passeio espiritual vejo-me na Praça Ruy Barbosa onde, no coreto, a Banda do 4º BPM povoa os ares com acordes românticos: Aqueles Olhos Verdes, Perfídia, Tequila... No cine São Luiz enorme fila para assistir Doroty Dandridge e Harry Belafonte em Carmen Jones. Enquanto isto nas escadarias da Catedral D Alexandre profere o Sermão das 7 Palavras para centenas de fiéis atentos e cheios de fé.

Desço até a Leopoldino de Oliveira, passando pela porta do centenário Lavoura e Comércio que, em um mural na parede, anuncia a abertura da semana santa com suas comemorações religiosas. Próximo vejo o Bar do Mosquito, o salão de snooker do Sarong, a livraria ABC, a farmácia do Sr Zequinha, a escola Normal, a inesquecível Notre Dame e tantos outras saudades...

Na Leopoldino o córrego aberto e ainda límpido, coroado por árvores e ausência de poluição. Armazém Central, cine Metrópole e lá no final da Artur Machado a frondosa gameleira...

Na porta do Grupo Minas Gerais vejo centenas de colegas: Rodrigo Sarmento, Carlos, Daniel Fabre, Benedito, Agostinho, Puccega, Rosália Bunazar, Auricedes, Miriam, Maria Antonieta, Maria Auristela, e tantas mais. Também vi as mestras, lideradas por d. Esmeralda Rocha Bunazar, eterna diretora e Maria de Lourdes, Tereza de Melo, Rita, Elza e muitas outras...

Subo a Guilherme Ferreira que existia somente até a Carlos Rodrigues da Cunha. Me vejo saindo do Colégio Triângulo junto aos mestres Cavatorta, Olga Oliveira, Kalapodopulus, Nair, Terezinha Maciotti, Perez, Guimarães, Silveira, Puhler, Koshiba, Pepão, Pepinho, Marinho, Lemos, o disciplinário Manoel... Dali para frente fundos de quintais e o córrego que serpenteando era coberto por pinguelas nas ruas Constituição e Dr Ludovice. Mais à frente a frondosa “Mata das Freiras”.
No Abadia escutei o som do alto falante da igreja: “ave Maria, cheia de graças...” velas nas mãos, contritos, os fiéis acompanham a procissão mais tradicional da região; “o senhor é convosco, bendito sois vós...” – pés descalços, terços nas mãos, pedras na cabeça... tudo é fé, tudo esperança em N Senhora; “ entre as mulheres, bendito é o fruto...” – e lá se vai a procissão... Terminada a mesma o alto falante continua com músicas da época: – “alguém oferece a alguém e este alguém sabe quem”. Que beijinho doce, foi ela quem trouxe, de longe prá mim – era campeã.

Mas o sonho acordado está acabando... fecho a janela e retorno ao meu leito onde durmo, retornando de onde era muito feliz, e não sabia...

(Dedico este artigo a meu mestre de Português, saudoso prof José Guimarães e à minha querida Uberaba. Infelizmente há controvérsia sobre a data certa do aniversário. Voltarei ao assunto oferecendo uma sugestão para acabar com este infausto acontecimento!)

Cel.Hely Araújo

segunda-feira, 12 de março de 2018

O PRIMEIRO FUSCA NÃO SE ESQUECE

Volkswagem Sedan 1200 modelo 1959

Embora estejam ficando raros nas cidades, os pequenos e simpáticos Sedãs Volkswagen ainda têm lugar cativo na memória dos brasileiros. Mesmo entre os jovens, são raros os que não conviveram com pelo menos um Fusquinha na família ou entre os amigos. Se o assunto forem as Kombis, então nem se fala: fora de fabricação desde o final de 2013, há centenas de milhares delas ainda no batente, fazendo serviços pelo Brasil afora.

Do início dos anos 1960 ao final da década seguinte, Fuscas e Kombis foram os donos das ruas brasileiras. Somados, representavam cerca de um terço da frota nacional. Mas muita gente não sabe que esses robustos veículos de origem alemã – o Fusca deriva de um projeto de carro popular de antes da 2ª Guerra – enfrentaram muito preconceito quando começaram a chegar no Brasil na década de 1950. E em Uberaba não foi diferente.


Jornal Lavoura e Comércio, 27 de julho de 1958

Até 1955, praticamente todos os carros que rodavam no Brasil eram importados. No máximo, chegavam em pedaços e eram montados aqui, usando poucas peças de fabricação nacional. Eram, na maioria, modelos norte-americanos de grande porte, com quatro portas e enormes motores dianteiros para carregar o peso da lataria. Custavam caro e bebiam sem moderação uma gasolina também cara e importada. Nos anos seguintes, isso começaria a mudar com o início da indústria automobilística no Brasil.

Em Uberaba, a oficina do Sr. Sílvio Mendonça – na Av. Fernando Costa – já tinha uma boa fama no setor de reparos quando, em 1954, começou também a comprar e vender carros usados. Três anos depois, a empresa conseguiu a representação da fábrica Volkswagen para a região. Até então, havia alguns poucos carros da marca no País, importados inicialmente pela empresa Brasmotor. Em setembro de 1957, a Volkswagen do Brasil começou a produzir localmente a perua Kombi. Em fevereiro do ano seguinte, o próprio Silvio Mendonça foi a São Bernardo do Campo e voltou trazendo uma Kombi VW nacional para nossa cidade.

Jornal Lavoura e Comércio, 19 de janeiro de 1959

Com seu formato característico de “pão de forma”, lataria leve, motorista muito à frente e um pequeno motor traseiro de 1200 cc o novo veículo causou estranheza. Para seus detratores ela era frágil e insegura: “para-choque de Kombi é a canela do motorista”, diziam. Logo ganhou apelidos maldosos: “Jesus te chama, mata-família, formicida Mendonça”, nos conta Hilda, irmã de Sílvio, de prodigiosa memória. Mas sua grande capacidade de carga e passageiros, a facilidade com que enfrentava as piores estradas de terra e, sobretudo, a economia de combustível e a manutenção barata se impuseram sobre a maledicência. Em julho, quando já havia mais de 20 delas rodando pela cidade, Silvio anunciou que em breve começaria a trazer também os primeiros “carros-passeio” da VW. E abriu uma lista de espera para os interessados.

“Ainda não existiam os caminhões-cegonha”, nos conta Gilberto Salomão, funcionário e mais tarde sócio de Sílvio no negócio. “Na sexta à noite a gente saía de Uberaba numa Kombi da revenda e ia até São Paulo. No dia seguinte pela manhã, pegávamos os carros na fábrica de São Bernardo e voltávamos dirigindo. O Fusquinha 1200 era muito econômico: gastava menos de 40 litros de gasolina na viagem, uma façanha para a época”. O asfalto só chegava até Ribeirão Preto, dali em diante estradas de terra. O primeiro Fusca chegou à cidade no dia 17 de janeiro de 1959 e foi notícia no jornal Lavoura e Comércio. Dois dias depois foi entregue ao primeiro nome da lista: o engenheiro Antonio Ronaldo Rodrigues da Cunha, que já era feliz proprietário de uma Kombi.

Silvio continuou na revenda até meados de 1961, quando o controle foi vendido para a família Martins. Nos anos seguintes, assumiu a representação de fábricas de tratores e montou em sociedade alguns empreendimentos agropecuários. Mas não ficaria muito tempo longe dos carros da VW: em 1968 comprou a revenda da marca em São Joaquim da Barra, que comandou até seu falecimento, em outubro de 1988.

(André Borges Lopes é jornalista, especializado em produção gráfica, uberabense e historiador nas horas vagas. Coluna publicada originalmente no Jornal de Uberaba, em 07/01/2018)

segunda-feira, 5 de março de 2018

SAIBAM RAZÕES (?) DO ANIVERSÁRIO

Para aclarar conhecimentos gerais, principalmente dos “ manda-chuvas” da terrinha, algumas definições sobre “Freguesia”, “Prelazia “ e “Cidade “ :

FREGUESIA, é o nome de uma divisão administrativa semelhante à paróquia. São subdivisões de conselhos paroquiais. Freguesia e Paróquia, são sinônimos. Com a Proclamação da República( 1889 ), aconteceu a total separação entre Igreja Católica e Estado.

PRELAZIA, é uma circunscrição eclesiástica que atende as necessidades peculiares de um grupo de fiéis. É a prefeitura apostólica que administra o vicariato católico. As prelazias são similares às igrejas particulares . Cada uma tem seus fiéis, clero e pastor.

CIDADE, É UMA ÁREA URBANIZADA QUE SE DIFERENCIA DE VILAS, LUGAREJOS, POVOADOS , FREGUESIAS, OBEDECENDO CRITÉRIOS QUE INCLUEM POPULAÇÃO, DENSIDADE POPULACIONAL, ESTATUTO LEGAL . 

CIDADE, é utilizada para designar uma DATA POLITICO- ADMINISTRATIVA URBANIZADA. Cidade é um lugar que concentra oferta de serviços culturais, religiosos , infraestrutura, consumo e reúne os mais diversos fluxos e atividades humanas .

A importância para a região da vila de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, era próspera e mereceu o título de CIDADE em 1856, tornando-se importante centro comercial que se acentuou com a chegada da Estrada de Ferro, em 1889, o que facilitou , sobremaneira, a imigração européia para a cidade e acompanhou o desenvolvimento da pecuária zebuína . Até o advento da “Fosfértil”, chamada a “fábrica das fábricas”, Uberaba progrediu .

Bastou assumir as rédeas do município , os “ jovens políticos promissores”, para iniciar-se a degringolada do crescimento da santa terrinha. “Marketeiros e publicitários”, “enfeitaram” Uberaba daquilo que, em verdade, ela não tinha. Por se acharem ” donos da verdade e da cidade” , acobertados por uma “ midia duvidosa” e matérias em veículos nacionais , cujo valor gasto, ninguém sabe, mudaram até a data de “ nascimento “ daquele povoado fundado por major Eustáquio e já se tornara CIDADE desde 2 de maio de 1856, Decreto Provincial, número 759 .

É desalentador constatar a forma irreal, torpe e banal, como a imprensa da sagrada terrinha , aceitou tal agressão e teceu loas imerecidas , à “mudança” da data de elevação a categoria de CIDADE, A NOSSA SEMPRE QUERIDA, AMADA, SOFRIDA E MAL GERIDA UBERABA !

Até o ano passado, insistiam em anunciar o aniversário da “ currutela da Freguesia”, como se fosse o “ natalício “, desprezando a Lei 759, que consagrara Uberaba como CIDADE . Por razões “desconhecidas” ( nem tanto ...)”, aplaudiam a nefasta e covarde “transferência” de “ soprar velinhas”, falsas,diga-se, do histórico e indesmentível 2 de maio para um insosso, insípido e inodoro 2 de março, tentando impingir aos uberabenses natos, uma deslavada mentira histórica.

Ainda bem que a “midia” local, corrigiu e não escreve mais o “aniversário da CIDADE de Uberaba”. Teve o bom senso em registrar, “ 2 de março aniversário de elevação de Uberaba à FREGUESIA” ... Era o mínimo de honestidade profissional e histórico que os uberabenses esperavam. 

Falar em “aniversário da CIDADE de Uberaba” em 2 de março, é injúria, calúnia, difamação . Agride os nossos foros de civilização e cultura. É cuspir nos nossos rostos, indecência descabida e inominável. 
Quanto aos infelizes uberabenses que praticaram esse terrível estelionato histórico, que sejam esquecidos para sempre; seus nomes não merecem figurar em nenhuma galeria de honra da nossa amada e sacrossanta terrinha. Uberaba- CIDADE cristã e religiosa, lhe dará perdão.

Com sua devida vênia, ainda não esgotei esse malsinado assunto. Volto amanhã. ”Marquez do Cassú “.

HILDEBRANDO PONTES


Orlando Ferreira, “Doca”, a época em que viveu, foi feliz; não conheceu a atual e fraquíssima geração de políticos que pululam na santa terrinha. Por certo, não pouparia elogios à Mário Palmério, o “ pai da educação- maior . propulsor do ensino superior em Uberaba” , “Doca “ , elogiava, com ênfase, entre as figuras proeminentes do período ( Fidélis Reis, Leopoldino de Oliveira, João Henrique Sampaio Vieira da Silva) a de Hildebrando Pontes, que, no seu dizer, não conseguiu colocar em prática seu plano de governo na terrinha; ele, dotado de alto espírito administrativo e que mudaria a desastrada política praticada nos anos 30, na sagrada terrinha. Foi, covardamente, boicotado.

No livro “ Terra Madrasta “, página 223, “Doca”, relata o plano de governo elaborado por Hildebrando Pontes para a cidade: - “ empréstimo de 3 mil contos de reis que seria assim aplicado: compra da empresa “Força e Luz” para o município, estabelecer um amplo programa de abastecimento d’água na cidade, construir rede de esgoto em toda a parte central, pagamento de todas as dividas de administrações anteriores, calçamento de 10 kms. de ruas, fundar uma Escola Normal, ajardinamento de 5 praças, construção de 20 praças públicas, além de outros melhoramentos menores ...” Prossegue “Doca”: - Tudo bem encaminhado, governo do Estado, comprometido no empréstimo do dinheiro. A idéia de Hildebrando, era vencedora. Os uberabenses, felizes. Estava próxima a salvação de Uberaba ! Felipe Achê, renunciaria e Hildebrando Pontes, assumiria “, relatou “Doca”.

Completo eu: o pior estava por acontecer. Os “inimigos” de Pontes, Manoel Caldeira Jr., Silvério Bernardes e José Ferreira, “donos” da empresa “Força e Luz”, ao sentir seus interesses ameaçados, deram o “ canga macaco “ ( já existia naquele tempo...) no entusiasmado Pontes . Num “ golpe sujo”, a Câmara municipal , manobrada pelo “trio”, “ elegeu” Silvério Bernardes, que nem candidato era... O programa de salvação elaborado por Hildebrando Pontes, “vazou água” e tudo ficou como se “ nada tivesse acontecido “ ...

“Coisas” que aconteceram há quase 100 anos na terrinha e Hildebrando, nascido em Jubaí, distrito de Conquista, aqui pertinho de “ nóis”, aborrecido, afastou-se das lides políticas ... Professor emérito, historiador respeitabilíssimo, além de outros extraordinários predicados, escreveu a “ História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”, 570 páginas de puro saber !

No livro, verdadeira enciclopédia de fatos, o professor Hildebrando Pontes, escreve à página 84: - “Uberaba é elevada a FREGUESIA pelo decreto real de 2 de março de 1820 e à VILA pela lei provincial no.28 de 22 de fevereiro de 1836, instalada a 7 de janeiro do ano seguinte . à página 86, está escrito : - “Uberaba foi elevada a CIDADE pela Lei759, de 2 de maio de 1856! Cometendo uma verdadeira agressão à história municipal, desprezando o hercúleo trabalho de pesquisa de um dos nossos maiores e mais acreditados historiadores, o que aconteceu ?.

O prefeito ( ? ) dos anos 90, secundado por uma Câmara de vereadores subserviente e “ capachilda “, como autênticos asininos, sem consulta popular, atitude ditatorial de verdadeiros “donos da cidade”, alteraram, de forma inconseqüente, o “ registro de nascimento” de Uberaba, envelhecendo-a em 36 ( trinta e seis ! ) anos ! Aberração maior, não existe !

É de dar pena, ver tanta falta de conhecimento histórico da sagrada terrinha, dando parabéns à “ viúva Porcina “, aquela que foi sem nunca ter sido “... Que Deus tenha piedade daqueles que apunhalaram ( e continuam apunhalando ) essa tão linda Uberaba que tanto amamos!...”Marquez do Cassú”
                                                                                                                       

sábado, 3 de março de 2018

Presidente Juscelino Kubitschek chega ao Cine Metrópole e Juscelino Kubitschek

Dezembro de 1958. Convidado para ser o paraninfo da formatura da Faculdade de Direito, o presidente Juscelino Kubitschek chega ao Cine Metrópole e é saudado pela população. Bons tempos.


Juscelino Kubitschek chega ao cine Metrópole e é saudado pela população


Presidente Juscelino Kubitschek percorre até o palco e foi saudado com palmas

 Discurso de Juscelino Kubitschek

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Flores de Ipê


Autor: Marco Túlio Oliveira Reis


Poderia falar dos ipês que florescem em agosto,
Das calçadas coloridas coberta com pétalas e folhas.
Poderia lembrar a caridade de Dona Aparecida do Hospital do Pênfigo,
Ou do carisma e bondade do Dr. Humberto Ferreira,
Poderia inserir nestes versos, a Praça da Gameleira, 
O assombro que o hospital Vera Cruz causava nos meninos,
A fumaça cheirosa do Café Mauad, 
O sinal sonoro da fábrica de tecidos,
As dálias da dona Margarida e a paz beneditina do mosteiro.

Mas as flores dos ipês da minha infância,
Quimeras delicadas de esperança,
Bocados abstratos de poesia,
Ainda restariam inertes no chão...

Poderia lembrar pessoas que me fizeram rir,
Poderia brincar na rua os brinquedos que aprendi,
Poderia imaginar os vitrais da Santa Terezinha, 
A árvore “candelabro” que Silvério plantou.
As roscas frescas e macias da Dona Mariquinha, delicado sabor...
Poderia falar do circo, do parque, da roda de capoeira,
Poderia andar de bicicleta pela contramão,
Poderia balançar nos troncos das seringueiras,
Até sentir o aroma suave do jasmineiro do quintal da minha avó.

Mas as flores dos ipês da minha infância,
Quimeras delicadas de esperança,
Bocados abstratos de poesia,
Ainda restariam inertes no chão...

Poderia mudar os caminhos,
Poderia subir nos muros, nas casas, nas árvores da rua...
Poderia imitar o poeta e caminhar nas abas do viaduto...
Poderia retardar o prenúncio da primavera,
Poderia banhar-me nas águas frias do córrego da rua de baixo,
Esfolar os joelhos nas tapiocangas avermelhadas ou nas folhas do buriti
Poderia passar horas a fio, em leituras de nuvens ou prendendo sacis...
Poderia mirar indolentes instantes, as borboletas no meu jardim,
Amarrar cigarras e vê-las rodear, zunindo em volta de mim... 

Mas as flores dos ipês da minha infância,
Quimeras delicadas de esperança,
Bocados abstratos de poesia,
Ainda restariam inertes no chão...


Uberaba (MG), 30 de agosto de 2017.

Palestra com Guido Bilharinho



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A praça de minha infância


Padre Prata - 18/02/2018 

A partir de 1935 minhas lembranças da praça Rui Barbosa são bem mais claras. Antes, as recordações se esvaem como nuvens que se esgarçam. Apenas alguns fragmentos teimaram em permanecer, tênues. Lembro-me dos carros de praça puxados por cavalos. Lá na frente, num assento mais alto, o cocheiro, todo empertigado. Alguns chamavam aquela condução de coche. Outros, mais pedantes, chamavam-na de tílburi. Lembro-me também de um cinema, no início da Rua do Comércio, o Cine Alhambra. Assisti ali ao primeiro filme de minha vida. Chamava-se “O segredo da múmia”. Cinema mudo. O filme vinha em partes que eram trocadas de quinze em quinze minutos. Nos intervalos, alguns músicos entretinham a plateia. Lembro-me do João Vilaça na flauta e do Tifu no violino. O negro Tifu vestia-se todo de branco, linho 120, cabelo bem aparado, gravata borboleta. Morreu de tanto beber. A partir de 1935, já havia na Praça vários carros a gasolina, o Ford-29, o Buick, o Chevrolet, o Studebacker, o Nash. 

Todos importados. Lembro-me dos nomes de alguns motoristas (chamados de chauffers), o Bahia, o Zucarelli, o Abner, o Bassoto, o Silveira, o Rola, o Miano. Este último tinha uma perna de pau, era mal-encarado e me fazia muito medo. Diziam que era jagunço do prefeito Guilherme Ferreira. Ao redor da Praça, havia uma fileira de palmeiras imperiais. Eram muito altas, lindas e majestosas. Cortadas por quem? Não sei. Cortadas por quê? Também não sei. Segundo o Mário Salvador, foram cortadas por causa dos mandruvás (marandovás ou mandarovás?) que assustavam as madames. O pessoal lá do Arquivo deve saber o nome desse prefeito. Um criminoso. Na praça não havia mão nem contramão. Cada carro trafegava à vontade. Havia os guardas de trânsito. Lembro-me perfeitamente do “seo” Alcides, pai do Alan Kardec, esse mesmo que trabalha na Universidade de Uberaba e se vestia de Rei Momo. Duzentos e quarenta quilos. Nas calçadas da Praça, à tardezinha, as moças circulavam numa direção e os rapazes na outra. 

Começavam aí os namoros, chamados de flertes. Tudo muito romântico e platônico. E o carnaval? Como era bonito! Carros enfeitados de cores alegres e vistosas, levando moças belamente fantasiadas atirando serpentinas e confetes fazendo o “corso”, em volta da Praça. Colombinas, arlequins, pierrôs. Muito lança-perfume comprado ali mesmo em qualquer esquina, até pelas crianças. Havia a bisnaga de vidro e a de metal que era mais cara, dois e cinco mil reis. “Rodo” era a marca. No centro da Praça um coreto. Nas tardes de domingo, a Banda de Música do Quarto Batalhão entretinha os passantes com chorinhos, valsas e marchas. O Hino do Uberaba Sport Club era quase o hino nacional da cidade. Enquanto isso a criançada corria pela Praça, tomando Zizi e se deleitando com os picolés vendidos pelo “seo” Chico, um alemão alto, de cabelos e bigode brancos. Também ele todo vestido de branco. Seus olhos eram azuis. Muito claros. Entre o início da Rua do Comércio e o início do jardim, havia um espaço bem grande. Ali se faziam comícios, comemorações e se armavam barraquinhas nas grandes festas. Naquele espaço havia um pedestal com uma pequena cobertura. Ali, postava-se um guarda de farda azul, armado de revólver, cassetete, de luvas brancas e apito na boca. Era o responsável pelo trânsito. Um luxo. Na parte de cima da Praça havia uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da cidade. Chegava-se a ela por uma escadaria, onde trocávamos figurinhas. 

Tinha os braços abertos num gesto de quem abençoava a cidade. Não sei qual o prefeito que a tirou de lá. Esses prefeitos gostam muito de mostrar serviço... Descendo pela direita havia o Hotel Glória, a serralheria do Vitório Varotto, a sapataria do Abílio Ferreira Lau, a Casa Caldeira e o Katalian. Do lado esquerdo o Hotel Silva, do Augusto Bernardino da Costa. Lembro-me de um casarão na esquina com a Rua Santo Antônio, residência do Sr. Cacildo Arantes, pai de muitos filhos e filhas, sogro do Mário Palmério. Hoje, a praça Rui Barbosa perdeu muito de sua poesia. Tenho saudades daquela Praça onde a gente ficava e se divertia. Hoje é um lugar estranho onde a gente passa. Sempre com pressa. A memória vai deixando uma esteira de saudades. Tudo acabou. Tudo tem que ser assim. O progresso vai pisando sobre nossos sonhos. A Praça, hoje, não é mais um local de encontro da comunidade. É apenas uma praça qualquer onde as pessoas transitam isoladas, sempre com pressa, sempre suadas, procurando o quê? Nem elas sabem. Apenas sabem andar com pressa. Quem sabe procurado um sentido para suas vidas?


Padre Prata

Lançamento do e-book "Uberaba Revisitada - 1820 a 2000"


Lançamento do e-book "Uberaba Revisitada - 1820 a 2000"



A Superintendência do Arquivo Público de Uberaba, convida para apreciarem o lançamento dos e-books referentes a história do Uberaba, em comemoração aos 198 anos de nossa cidade. Os trabalhos "1ª Edição e-book - História da Civilização no Brasil Central - Por Hildebrando Pontes - e o Álbum Fotográfico - Uberaba Revisitada - 1820 a 2000" , contam com edições e imagens inéditas de nosso município e seus acontecimentos.

Ambos trabalhos serão disponibilizados nas plataformas da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba (Facebook, blog e site), no formato e-book, facilitando o acesso à todos os consulentes e demais interessados. 


Mais um grande trabalho da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba! 




Bibliografia sobre Uberaba

Inaugurado em 21/02/2018


Bibliografia sobre Uberaba

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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Placa de inauguração do Jockey Club de Uberaba

Gimnasium Poly-Esportivo


“Fúlvio Márcio Fontoura”


        Esta obra, inaugurada em 11 de janeiro de 1975
           

Placa de inauguração do Jockey Club de Uberaba

                                                                Foi construída sob a gestão da seguinte    

Diretoria


Presidente----------------------------  Fúlvio Marcio Fontoura
1º Vice-Presidente----------------  Ney Martin Junqueira
2º Vice-Presidente -----------------Valdir Rodrigues Vilela
1º Secretário ------------------------ Mardônio Prata dos Santos
2º Secretário------------------------- Renato da Cunha Oliveira          
1º Tesoureiro ------------------------Salvador Cicci Neto
2º Tesoureiro-------------------------Elmo Fantato                                                                 
1º Diretor Social--------------------Jacinto Bulhões Neto
2º  Diretor Social-------------------Marco Túlio Fontoura


Dir.de Esportes:  Antônio Augusto Moura Guido
                           José Roberto Borges Prata
                           Wandir Ferreira Sousa


Diretor do Prado – Thomaz Roberto R. da Cunha


Construções de Obras e Construções


Antônio Zeferino S. Netto                               José Pinot Clavis

Heber Crema Marzola                                     Lênio de Oliveira Lima

José Cury Peres



(Foto do acervo pessoal de Valdir Rodrigues Vilela)       



                                                      
                                

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

UM HOMEM COM UMA CÂMERA


Filmes Soviéticos Década 1920


A Mágica da Arte 


Guido Bilharinho 



Os anos da década de 1920 caracterizam-se como os de maior efervescência formal da história do cinema. Não que anteriormente, ainda nos anos 10, não se preocupasse com a arte cinematográfica. Ao contrário. Ao lado da tendência espetaculosa de Cabíria (Cabiria, Itália, 1914), de Giovanni Pastrone, e da síntese espetáculo-linguagem-montagem de Griffith, vicejaram correntes essencialmente estéticas, a exemplo do film d’art francês (Henri Levedan e Charles Le Bargy) e da vanguarda italiana (A. G. Bragaglia). 

Mas, é na década de 1920 que o desenvolvimento e amadurecimento dessa linha vanguardista assume grandes proporções, principalmente, na percepção e consciência do fenômeno cinematográfico. À evidência, como sempre acontece, por força do natural desdobramento e aprofundamento das experiências anteriores. 

Assim, sincronicamente com as teoria e prática da montagem desenvolvidas por Eisenstein, exercita-se a vanguarda experimental (Dulac, Duchamp, Man Ray, René Clair, Léger, L’Herbier, Ruttmann, Cavalcanti, Buñuel, etc.) e, ainda, a concepção do “cinema olho” exposta e efetivada pelo cineasta soviético Dziga Vertov em contraposição à filmagem ficcional estruturada em cima de trama dramática com utilização de atores, estúdios e décors ou cenários montados. 

Para ele, o cinema deveria ser a amostragem artisticamente elaborada de cenas e imagens captadas diretamente no cotidiano do ser humano e nas paisagens natural e construída por seu trabalho. 

Vertov, pois, opunha o gênero documentarista ao ficcional, não considerando aquele apenas uma das possíveis variáveis da materialização cinematográfica da realidade. 

Se o cinema comercial abastarda a vida, falsificando-a, e deturpa a arte, aviltando-a ou negando-a, o cinema como tal atinge proporções ilimitadas, permitindo - e só com isso viabilizando - mediante a construção e elaboração ficcional, atingir e expor o cerne da existência humana, como o faz a literatura, evidentemente apenas nas grandes obras, que o são justamente por isso, a exemplo, em seu próprio país, dos romances de Dostoievski e Tolstoi e dos dramas de Tchekov, Gorki e Gógol. 

Se, sob esse aspecto, a concepção de Vertov é restritiva, já em si mesma é do mais relevante alcance, não só na estruturação, enriquecimento e ampliação do documentário cinematográfico, como no descortinamento de novas possibilidades da câmera no plano estético. 

Seu Um Homem Com Uma Câmera (Cheloveks Kinoapparatom, U.R.S.S., 1929), é além de tudo, obra de arte, na qual a beleza da imagem contém a beleza do objeto que a compõe, bem como esta constitui aquela num ato simultaneamente temático e formal, em que um depende do outro para existir e se manifestar. 

A simbiose imagem-objeto e vice-versa processa-se no instante mesmo em que se perfaz uma e se evidencia o outro, criando realidade nova e autônoma que se concretiza e se mantém por força da técnica submetida à criatividade artística. 

O resultado dessa atividade configura-se em belíssimas visualizações de belíssimos objetos transfigurados esteticamente numa valoração que transcende seus contornos físicos e materiais. 

O olho da câmera, as tomadas, enquadramento e filmagem da matéria efetuam, técnica e artisticamente, a mágica da arte, que tudo transforma, perpetua, descobre e revela. 

As imagens (e motivos) do filme de Vertov contêm essa beleza transfigurada e transfiguradora. São do mesmo gênero das de Walter Ruttmann, em Berlim, Sinfonia de Uma Metrópole, de 1927, realizado antes, mas, influenciado pelas ideias de Vertov, consubstanciadas em Kino Glaz (1924), feito anteriormente à Berlim. 

Mas, vendo-se um lembra-se forçosamente do outro, conquanto sejam mais líricas e suaves as imagens (forma e conteúdo) do mestre soviético e mais vigorosas as do cineasta alemão. 

A destacar-se, ainda, no filme de Vertov, algumas rápidas superposições de imagens e outras experiências vanguardistas, a exemplo da montagem horizontalizada em duplo écran, diversamente de sua apresentação verticalizada e tríplice por Abel Gance, em Napoleão (Napoléon, França, 1927). 

Além disso, salienta-se a reiterada focalização dos bondes e, ainda, diferentemente de Ruttmann, a montagem alternada entre algumas situações fílmicas. Ou seja, não obstante documentarista, Vertov não resiste à montagem temática ao mostrar o desenvolvimento de ações humanas, mesmo que não articuladas e relacionadas com outras de igual natureza, com o que, então, ter-se-ia autêntica estruturação ficcional. 



(do livro Clássicos do Cinema Mudo. Uberaba, 

Instituto Triangulino de Cultura, 2003) 


______________ 

Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 (https://revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br) e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando desde setembro último um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br.

Trajetória poética de Jorge Alberto Nabut



Guido Bilharinho - 18/02/2011


Nos fins da década de 1960, ainda estudante secundarista, Jorge Alberto Nabut (Uberaba, 1947) inicia percurso poético que o levaria nos anos e décadas seguintes a construir considerável e valiosa obra, vincada pelo inconformismo com o formulário gasto do fazer poético e caracterizada por forte poder criativo e vigorosa força expressional, contemplando variada e variável temática, submetida a processos inovadores.

O grande escritor, como todo grande artista, é aquele que instaura processo pessoal de expressão, contribuindo para enriquecer o patrimônio artístico universal e não se limitando, como é costume, a apenas utilizar e palmilhar as vias artísticas abertas e percorridas por outros, sendo, pois, não seguidor, mas inaugurador de caminhos.

É o caso de Nabut, que baliza sua performance poética por informação, consciência artística, esforço e persistência, logrando atingir estádio superior de inventividade e expressão e incidindo em pelos menos (e principalmente) quatro vertentes, desde o experimental e o visual aos textos poéticos, infletindo, no intermédio, pelo neobarroco, estendendo no tempo e no espaço criativos sua faculdade conceptiva libertária e inventiva, aduzindo à poética – aqui tomada em seu âmbito universal, e não apenas nacional ou local – modos procedimentais inéditos e distintos de experiências e experimentos de outros artistas, nacionais ou estrangeiros, constituindo criação e contribuição próprias para ampliação do fazer artístico.

Por volta de 1969, num primeiro momento, não meramente cronológico, que se entrecruza e, frequentemente, se mescla à enunciação articulada, elabora a série iniciada por Well-Gin x Ultra-M-Atic, que se distende por variada tematização integrada num corpus singularizado, demonstrando simultaneamente capacidade criadora aliada à utilização e síntese de vários elementos composicionais, a exemplo de fatos e pessoas da história local (“Almanaque-Gazeta” e “Historiador Kreponz”) e das estórias em quadrinhos, neste caso o próprio fio condutor da obra.

No desdobramento e amplificação dessa vertente, revelando flexibilidade mental e metodológica, concebe a obra-prima Branco em Fundo Ocre: Desemboque, poderosa síntese de inúmeras variáveis sistêmicas e autonomia formulativa, arrojada e amplamente exercitadas.

A partir do dado concreto, do itinerário-viajante ao próprio arraial, Nabut evoca e imprime poeticidade aos arcanos mais profundos que formam e informam toda a saga do histórico povoado, matriz da civilização regional.

E faz isso com surpreendentes e inéditas variabilidade e flexibilidade expressional e rítmica.

Num outro momento, após exploradas e formatadas as possibilidades gerativas experimentais e visuais até então utilizadas, inflete pelas sendas inesgotáveis de neobarroco mesclado de elementos variados, hauridos nas fontes puras de impressões pautadas e conduzidas pela sensibilidade e racionalidade.

No entanto, não foram essas manifestações suficientes a capitalizar e preencher talento inventivo inquieto e em permanente ebulição, sob cuja pressão vão-se quebrando as amarras e afastados os limites que costumam cercear os processos artísticos.

Nessa fase, expande-se por textos poéticos de considerável vigor expressional e complexa tessitura verbal, nos quais conteúdo, sentido e formulação atingem novo patamar conceptivo e expressional.

Toda essa riqueza poética construída em décadas de trabalho consciencioso e responsável, alicerçado no indispensável trinômio de informação, sensibilidade e criatividade, está, finalmente, reunida na requintada Geografia da Palavra, sua obra completa.


(*) Advogado atuante em Uberaba; editor da revista internacional de poesia Dimensão, de 1980 a 2000 (revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br), e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando desde setembro último um livro por mês no blog guidobilharinho.blogspot.com.br

Teatro São Luís



Guido Bilharinho - 19/02/2012

Com o passar do tempo, o teatro São Luís volta ao abandono e, em 1888, o prédio novamente ameaça a ruir. Nova associação é organizada, desta feita presidida por Manuel Rodrigues Barcelos, sendo as obras dirigidas por Crispiniano Tavares, engenheiro, escritor, proprietário e organizador da modelar e legendária “Quinta da Boa Esperança”.

Em 1891, afastando-se Rodrigues Barcelos da presidência da Associação, assume-a João Teodoro Gonçalves de Oliveira, tendo Bento José Dantas como vice, José Augusto de Paiva Teixeira, o Casusa, como secretário, e Manuel Terra como tesoureiro. Essa diretoria também efetua muitas obras no prédio, tanto de conservação, como de ampliação e modernização.

Em 1897, João Teodoro é vítima, em Mato Grosso, de latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. Com isso e o afastamento de vários membros da diretoria, é entregue o teatro São Luís à Câmara Municipal de Uberaba, que, à época, mercê de regime parlamentarista vigente a nível municipal, representa o que hoje é o município, passando a Câmara, daí em diante, a se responsabilizar pelo teatro, operando nele, em diversas ocasiões, reformas e melhoramentos diversos.

Conta, ainda, Hildebrando Pontes no notável ensaio citado, que o teatro chega a ter em seu arquivo 72 (setenta e duas) peças teatrais oferecidas por Antônio Borges Sampaio, figura que dificilmente será suplantada, em Uberaba, como seu maior e mais extraordinário benfeitor em todos os setores. Talvez por isso mesmo, a cidade o tenha “homenageado”, como diz Santino Gomes de Matos, com “um vago nome [apenas Coronel Sampaio], numa vaga rua, com afundamento melancólico na indiferença popular, eis a injustiça que se deve corrigir em relação a Antônio Borges Sampaio” (“Palavras de Apresentação”, in Uberaba: História, Fatos e Homens, de Antônio Borges Sampaio. Uberaba, Academia de Letras do Triângulo Mineiro/Bolsa de Publicações do Município de Uberaba, 1971). Em contrapartida, deu à atual praça Rui Barbosa, transferido posteriormente para a praça onde está a Concha Acústica, o nome de seu maior malfeitor, Afonso Pena, responsável por transferir para São Paulo a estrada de ferro Uberaba-Coxim, perdendo a cidade, de um dia para outro, todo o intenso comércio mantido com Mato Grosso.

Como não poderia deixar de ser numa sociedade que se preocupa quase exclusivamente com a materialidade da vida, salvo raríssimas e, por isso, insuficientes exceções, o referido arquivo, já em 1907 e ainda em vida de Borges Sampaio, desaparecera. Acrescente-se: criminosamente. Eis que o é toda ação e omissão que atente contra a memória da comunidade.

Com o passar dos anos, a teor do texto da lei municipal 529, de 8 de maio de 1926, até o próprio prédio do teatro não mais existe.

É que essa lei concede a Orlando e Olavo Rodrigues da Cunha, para a construção de um teatro, o terreno situado na praça Rui Barbosa, “onde existia o Theatro S. Luiz”.

Em maio de 1931 é inaugurado o então cine-teatro São Luís, cuja edificação é realizada pela firma Santos Guido & Cia., sob a fiscalização do engenheiro Guilherme de Oliveira Ferreira.

A inauguração do prédio, de propriedade da empresa Orlando Rodrigues da Cunha & Cia. Ltda., a partir de então destinado a cinema e representações teatrais, alcança grande repercussão à época, dada a modernidade não só da obra e do mobiliário, como da aparelhagem de projeção e de som.

Em 1938 é feita ampla reforma no prédio, inclusive com aquisição de terreno limítrofe para ampliação de sua capacidade. No ano subsequente, a empresa proprietária do prédio adota o nome do antigo teatro, passando a denominar-se Empresa Cinematográfica São Luís.

Entre inúmeras peças encenadas no São Luís, citam-se: em 1933, pelo Grupo Dramático Artur Azevedo, presidido pelo compositor e maestro Renato Frateschi, além de outras, o drama A Órfã de Goiás e a comédia Zazá, esta de autoria de César Mendonça; em janeiro de 1954, pelo Teatro do Estudante, a comédia A Incrível Genoveva, de Franklin Botelho, triangulino de Patrocínio, sob a direção de Reinaldo Domingos Ferreira; em novembro de 1963, pelo NATA, O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, sob a direção de Deusedino Martins.

Na década de 1960 O Núcleo Universitário Teatral Uberabense – NUTU, fundado por Hildo Nunes Lourenço e Paulo Silva, leva no São Luís duas peças: O Rapto da Cebolinha, de Maria Clara Machado, dirigida pelo primeiro, e O Transviado, também dirigido por Hildo Nunes Lourenço.

Nas décadas seguintes, além das sessões cinematográficas diárias, vez por outra ocorrem representações teatrais por companhias profissionais, principalmente de São Paulo, sendo uma das últimas, e das mais significativas e importantes, a encenação da peça Coriolano, de Shakespeare, em julho de 1974, interpretada por, entre outros, Paulo Autran e Henriette Morineau.

Em 1978, o prédio sofre nova reforma, passando daí por diante a apresentar apenas sessões de cinema, sendo as representações teatrais transferidas para o cine Vera Cruz.


(*) Advogado atuante em Uberaba; editor da revista internacional de poesia Dimensão, de 1980 a 2000 (revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br), e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando desde setembro último um livro por mês no blog guidobilharinho.blogspot.com.br



A questão do aeroporto internacional


Nos dias de hoje - e cada vez mais no futuro - não se justifica a existência de pequenos aeroportos em cidades pouco distantes umas das outras.

Por duas (objetivas e racionais) razões principais.

Primeiro, porque a cada vez mais potencialização e alcance das aeronaves não admitem - sem uma série de prejuízos - que atendam comunidades com pequenas distâncias umas das outras, tais e tantos os inconvenientes, desde os técnicos aos de manutenção, dispêndio de combustíveis e até de segurança com constantes decolagens. Descer e subir aviões em pequenas distâncias não é o mesmo que locomotivas pararem em estações ferroviárias.

Segundo, porque tais aeroportos domésticos têm-se mostrado altamente inconvenientes para as cidades que os abrigam, tanto por ocuparem grandes áreas urbanas com limitações de construções em largo entorno, como engessarem e impedirem o desenvolvimento pleno de bairros inteiros, impedindo, inclusive, que se façam ligações viárias dentro das urbes.

Na região do Triângulo, por exemplo, não se justifica mais a existência de aeroportos domésticos em Uberaba, Araxá, Uberlândia, Patos e possíveis outros.

A construção de aeroporto na área central do Triângulo, regional do ponto de vista de seu atendimento à população e simultaneamente internacional por seu raio de ação, constitui solução técnica, econômica, geográfica e urbanística para suporte equânime a toda a região.

Em consequência, a pretensão de Uberlândia de sediar nas proximidades de sua malha urbana aeroporto nessas condições não se justifica, não passando de pretensão hegemônica e de domínio regional, além de tecnicamente desaconselhável.

Já a opinião contrária de certos (e incertos) políticos uberabenses representa patente desserviço à regionalização centralizada do aeroporto, não passando de emulação política, um costume do passado que teima em sobreviver e prejudicar Uberaba.

(*) Advogado atuante em Uberaba; editor da revista internacional de poesia Dimensão, de 1980 a 2000 (revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br), e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando desde setembro último um livro por mês no blog guidobilharinho.blogspot.com.br

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

HISTÓRIA DE UBERABA ERA TEMA EM DISCUSSÃO PARA APLICAÇÃO NO ENSINO ESCOLAR NO MUNICÍPIO EM 1936



Fruto de um amplo debate percorrido na década de 1990, o Ministério da Educação – MEC buscou formalizar critérios de reformar o ensino básico no País. Naquele contexto foi publicado em 1997, os “Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)” para as então, 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental (atuais 2º a 5º anos). Posteriormente em 1998, vieram as propostas que vislumbravam as então 5ª a 8ª séries, (hoje 6º a 9º anos) de Ensino Fundamental; e de Ensino Médio, em 1999, acrescido ainda do PCN, as (Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais), de 2002.

Tendo em vista o ensino da disciplina de História, no documento de 1997 formulado para os primeiros anos do Ensino Fundamental, no primeiro ciclo (1ª e 2ª séries), a proposta trazia o eixo temático: “História Local e do Cotidiano”. Nesse pressuposto, os conteúdos trabalhados em sala de aula seriam voltados, preferencialmente, às diferentes histórias pertencentes ao local em que o aluno convive, dimensionadas em diferentes tempos (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997: 40).

Na proposta havia uma manifesta preocupação com a História local como ponto de partida, no qual os alunos pudessem ampliar sua capacidade de olhar seu entorno para a compreensão de relações mais amplas. Apesar de inúmeros percalços no processo educacional brasileiro, o que há de mais inovador nos PCN’s desde sua implantação, é que seus conteúdos foram traçados através de linhas gerais, cujos referenciais se assentam nas especificidades culturais, na realidade do aluno e da localidade de um amplo país com todas suas pluralidades.

Longe desta realidade, uma matéria jornalística de 1936, encontrada pela equipe de pesquisadores da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba, numa das páginas do jornal “Lavoura e Comércio”. Observa-se a preocupação de trabalhar pedagogicamente nas escolas públicas de Uberaba, a história local.


Trechos interessantes retirados deste texto criticavam que:



“(…) A ignorância da história do munícipio é um doloroso aspecto de nossa falta de cultura cívica. E essa ignorância é de tal modo que recente ainda, verificou-se um fato que a ilustra expressivamente. Comentava-se, numa roda de figuras doutas, o pedido que teria sido ao Sr. Dr. Paulo Costa, de mudança de denominação da rua Senador Pena.


– Quem foi esse senador Pena que dá nome a uma rua da cidade?


Ninguém o soube dizer. E só dias após, o Sr. Dr. Hidelbrando Pontes, que tem toda a história de Uberaba nos miolos, informava:


– Foi o homem que trouxe a Mogiana para Uberaba.”



Fonte: (Lavoura e Comércio, 06 de janeiro de 1936)



Texto e pesquisa: Equipe Superintendência do Arquivo Público de Uberaba.




JORNAIS E JORNALISTAS


( Jornalista tem que ter independência intelectual; caso contrário, vira vendedor de super-mercado...)

Veterano na profissão , mais de 65 anos de atividade ininterrupta, creio poder alertar aos colegas que estão “ na estrada” e aqueles que se iniciam no difícil e espinhoso caminho do jornalismo. Pululam as escolas de comunicação social em quase todas as cidades brasileiras . Verdade, o jornalismo apaixona ! Em qualquer área . Desde os que falam das flores, da noite, da comida, bebida. Mulheres, alferes, das artes, malazartes, do esporte, da policia,política, o campo é vasto, repasto, fulgurante, intrigante, alegre, doído, promissor ! Quem entra nessa seara, deve estar preparado para todos os percalços da profissão. 

Sou do tempo em que as pautas não ficavam restritas à redação, né meu querido César Vanucci ? O bom repórter ia para as ruas, “à cata” da noticia, em cada esquina, praça, repartições públicas e domínios particulares. Como um bom “ perdigueiro”, nada escapava do faro de um solerte repórter... A atual fase em que toda noticia” se recebe’ pela “internet”, fez com que o jornalista se acomodasse em berço esplendido. Vem tudo à mão ...A noticia não é “ procurada”, esmiuçada; ela se lhe apresenta como “ garota de programa” ... 

O texto das famosas e famigeradas “ assessorias de comunicação “, já vem redigidas e o redator que o recebe , não se dá ao luxo ( ou lixo ? ) de acrescentar ou mudar nem uma vírgula. Coloca tão somente o nome do “redator” responsável pela matéria e pronto ! É que, essas “ assessorias”. prudentemente, redigem os textos sempre apócrifos... Confesso- lhe , desconheço se os professores de Jornalismo, dão aos seus alunos, a exata dimensão do que é uma reportagem colhida na rua. O fato narrado pelo repórter, como “conseguiu” a noticia... 

Conversar, especular, entrevistar os personagens, sentir o seu drama ou a sua incontida euforia, é o receituário de uma boa matéria .Ascultar a sua empolgação, o senso de justiça, seriedade e verdade daquilo que está escrevendo...O jornalista deve fugir da noticia “encomendada”. O seu papel, além de relevante, é sumamente importante. Ouvir os dois lados em foco, é o “manual de redação” de qualquer grande jornal. Confrontar a “ fonte oficial” e a realidade do fato noticiado. O bom jornalismo não se deixa levar pelas duvidosas “assessorias de imprensa ( ou comunicação)” que mostram apenas o que lhes interessa. 

Os jornais, principalmente os do interior, perderam o “cheiro” das ruas, a voz do povo, o fascínio que é uma noticia verdadeira, concreta. Falta sensibilidade, coerência aos donos dos jornais, que obrigam ( sob pena de demissão )a noticiar apenas o que interessa ao dono , aliado ao seu “ grupo político “... Jornalismo é espelhar a vida. Seja de luzes ou sombras. 

È pecado mortal, ficar refém das “assessorias de imprensa”e das noticias “ maquiadas “ . 


Jornalista não pode cair ao “rés do chão”, empolgado ao que lhe apresenta geralmente o político. A liberdade de opinião e de informação, são sagradas e estão inseridas na Constituição. E triste ver, ler, ouvir aqueles “registros oficiais”. Eles ocultam a verdade ! Especialmente no caso de Uberaba , a decadência de costumes é de dar pena ! O bom jornalismo não pode se levar por paixão, dinheiro falsear a noticia. O jornalista é um transformador de costumes . A reportagem bem feita, a noticia dada com critério, isenta, sem ideologia, dignifica a profissão. 

A boa e íntegra informação, é pedra angular da cidadania. Não existe “ marketing” que suplante a inexorável verdade. Assim procedo desde os meus 16 anos ...( sua bênção, Jorge Zaidan, meu eterno professor...) “ Marquez do Cassú”.


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

IGREJA DE SANTA TEREZINHA

Nos dezessetes anos seguintes a esta inauguração, a Capela de Santa Terezinha esteve vinculada ao Curato da Sé (atual Catedral Metropolitana) até que em 1946 o bispo D. Alexandre do Amaral – cujo episcopado foi marcado pelo incentivo à vinda de ordens e congregações religiosas no território diocesano – confiou a capela aos Padres Capuchinhos e em 20 de agosto de 1949 decretou a criação da Paróquia de Santa Terezinha. O primeiro pároco foi Frei Davi de Bronte, um jovem sacerdote de trinta e um anos nascido na Itália e vindo de Belo Horizonte.

Os padres religiosos se esforçaram durante toda a década de 1950 para arrecadar recursos para construir uma matriz mais ampla e um convento capuchinho. Os Livros de Tombo registram várias campanhas e tentativas de obtenção de terrenos junto ao poder público municipal. Após muito esforço em outubro de 1960 o bispo diocesano benzeu o lançamento da pedra fundamental da construção da nova matriz. Tendo a parte de alvenaria demorado três anos, em 1966 já se tinha completa a parte interna enquanto a parte externa só seria completamente finalizada em 1986. A antiga capela foi demolida em dezembro de 1961.

Muitos nomes de destaque da sociedade uberabense tomaram parte na construção da igreja, demonstrando a ação da providência divina em todos os períodos da história por meio da caridade e benevolência dos cristãos. O engenheiro João Laterza supervisionou a construção, a planta foi desenhada por Nicolau Baldassare, a aprovação técnica foi dada pelo engenheiro Tomás Bawden e os trabalhos de decoração e pintura foram realizados pelos artistas espanhóis Carlos Sanchez e Antônio Dias. Os vitrais foram encomendados à Casa de Vitrais Conrado Sorgenicht S.A. de São Paulo e os bancos feitos de imbuia foram trazidos de Castro (Paraná) tendo sidos patrocinados por famílias paroquianas.
Foto: Antonio Carlos Prata

Na construção da atual igreja de Santa Terezinha, de aproximadamente 3.500m², foram gastos 900 mil tijolos, 150 caminhões de pedra britada, 16 mil telhas (que foram recentemente trocadas) e 34 toneladas de pedra. A igreja atualmente é patrimônio histórico reconhecido pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conphau).

Os Padres Capuchinhos estiveram responsáveis pela comunidade paroquial de Santa Terezinha por quatro décadas tendo sido dezesseis párocos dessa ordem religiosa e dezenas de freis e noviços que deixaram seu testemunho na vida dos uberabenses e levaram certamente consigo a devoção à Santa Terezinha. Em 1987 retiraram-se da Paróquia durante o episcopado de D. Benedito de Ulhoa Vieira tendo assumido o Cônego Henrique Fleury Curado. Desde então encontra-se sob os cuidados do clero arquidiocesano sendo atualmente pároco o Reverendíssimo Monsenhor Célio Lima.

Na construção da atual igreja de Santa Terezinha, de aproximadamente 3.500m², foram gastos 900 mil tijolos, 150 caminhões de pedra britada, 16 mil telhas (que foram recentemente trocadas) e 34 toneladas de pedra. A igreja atualmente é patrimônio histórico reconhecido pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conphau).

Os Padres Capuchinhos estiveram responsáveis pela comunidade paroquial de Santa Terezinha por quatro décadas tendo sido dezesseis párocos dessa ordem religiosa e dezenas de freis e noviços que deixaram seu testemunho na vida dos uberabenses e levaram certamente consigo a devoção à Santa Terezinha. Em 1987 retiraram-se da Paróquia durante o episcopado de D. Benedito de Ulhoa Vieira tendo assumido o Cônego Henrique Fleury Curado. Desde então encontra-se sob os cuidados do clero arquidiocesano sendo atualmente pároco o Reverendíssimo Monsenhor Célio Lima.

Vitor Lacerda    

sábado, 3 de fevereiro de 2018

BLOCO “MARIA BONECA” - UBERABA

Nos últimos anos, o carnaval de rua de Uberaba ganhou um bloco muito simpático: ”Maria Boneca” em homenagem a uma das mais populares figuras da cidade. Quem foi Maria Boneca?. Conto-lhes, carregado de emoção.

Figura marcante no cotidiano uberabense, Maria dita Boneca povoou o nosso imaginário. Quando criança, morrendo de medo. A sua pequenina figura causava receio de aproximação. Quando jovem, as brincadeiras inocentes: ”quer casar comigo, Maria?” A resposta vinha latente, quase gritando- “Não! Não!”. Maria chegava cedo ao centro da cidade, antes das 10 horas. Postava-se à porta do bar Eldorado, rua Artur Machado, onde, hoje, ergue-se o imponente edifício “Geraldino”, à espera do primeiro café da manhã, servido pelo saudoso Farah Zaidan, dono do bar. Tipo mignon, sempre muito limpinha. Vestido passado, cabelo penteado, chinela de dedo. Nos braços, a balançar com desvelo e terno carinho, enrolada em medidos panos alvos, a boneca que dizia ser sua filha. Afirmo, sem medo de errar, que Maria, ao seu tempo, foi a mais doce, querida, amada ,”paparicada” e agradável “dama de rua” de Uberaba, em todos os tempos. Não se pode imaginar Maria sem a boneca nos braços…Chico Xavier, no livro “Mãe”, psicografou do poeta Epiphânio Leite, uma poesia linda que retrata Maria Luiza Tróis , filha de Crescêncio Tróis e Anunciata Trois, com uma abertura de cortar corações: “Versos dedicados à dama feudal, há três séculos, que hoje expia, na via pública, sob a alcunha de Maria Boneca, o delito de haver exterminado o filho jovem que lhe estorvava a existência de irresponsabilidade e prazer. Medite sobre os versos:

Reencontrei-te , por fim, esmolando na rua / Nada recorda em ti a dama do castelo..
Lembro-me! Dás à fossa , o filho louro e belo / Esqueces, gozas, ris.. E a festa continua
Depois a morte vem… A memória recua / Escutas em ti mesma o trágico libelo
Choras, nasces de novo e trazes por flagelo / A sede de ser mãe que a demência acentua!
Como dó i ver-te agora os tristes olhos baços/ Guardas ,louca de amor, uma boneca nos braços
Em torno, há quem te apure a trilha merencória/ Mas, bendize senhora, lei piedosa, austera
Alguém vela por ti: o filho que te espera/ E há de levar-te aos Céus em cânticos de glória!
A nossa Maria Boneca, deve estar ao lado do filho que a dama feudal desprezou…
Ao desfilar pelas ruas da cidade, espero que reverenciem, com o carinho que merece, a nossa eterna Maria Boneca!


Luiz Gonzaga de Oliveira