Mostrando postagens com marcador Vitor Lacerda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Vitor Lacerda. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus

Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus 
 Foto: Antônio Carlos Prata

Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus
Foto: Antônio Carlos Prata

A igreja matriz onde hoje se localiza nossa catedral teve o início de sua construção em 1827 (o Brasil já havia se tornado independente) por intermédio de Vigário Silva mas seria apenas em 1854 que seriam realizados ali os primeiros ofícios religiosos. Esses 17 anos de construção de um templo razoavelmente modesto mostra-nos a precariedade econômica da população local nas primeiras décadas do século XIX. Enquanto a região nordeste ainda se mantinha com a produção e exportação de açúcar, a região central de Minas havia se convertido em grande polo econômico por conta do ouro e convertido a própria cidade do Rio de Janeiro em capital pela proximidade de ambas, São Paulo havia se caracterizado pelas atividades bandeirantes e a região sul pela produção de charque, em Uberaba ainda se definia uma economia em parte agrícola marcada pela produção de arroz (vide os ramos de arroz até hoje presentes em nosso brasão municipal) e em parte comercial por conta do ponto estratégico que nos situamos no Brasil Central, entre três importantes regiões: Minas, São Paulo e Goiás. Destaco também a participação do escravo afro-brasileiro Manoel Ferreira oferecido pelo sargento-mor Eustáquio para contribuir na construção da nova matriz. Não nos esqueçamos que este país foi literalmente edificado por braços negros, aos quais somos tão devedores, e que em nossa igreja matriz não foi diferente. Em 1857 graças a Frei Eugênio a igreja foi dotada de uma grande sacristia, um adro e recebeu paramentos e alfaias. Em 1868 cada uma das duas torres recebeu um sino de cerca de trinta e cinco arrobas cada que permanecem na catedral até hoje. Interessante notar que com o avançar do século e o consequente enriquecimento material da população uberabense, a própria igreja se torna espelho dessa prosperidade por estar sempre em estado de reforma e sempre recebendo melhoramentos. 

No final do século XIX teremos o início de um período de grande prosperidade para as elites uberabenses com o advento da criação do gado de raça zebuína buscado na Índia. No começo do século XX, já sob o regime republicano, e inspirados pelas reformas modernizantes e arquitetônicas baseadas na Europa (o Rio de Janeiro abriu suas primeiras grandes avenidas e Manaus construiu seu Teatro Municipal) os uberabenses receberam a energia elétrica em 1904 e várias reformas urbanas, como na praça Rui Barbosa. Esse rápido avanço conquistado com os capitais excedentes da pecuária zebuína e com a vinda da Companhia Ferroviária Mojiana atraiu para a cidade o bispo de Goiás, D. Eduardo Duarte Silva que acabou por se tornar o primeiro bispo da Diocese de Uberaba, criada em 1907 pela bula Goyaz Adamantina Brasiliana Republica pelo Papa Pio X. Por determinação desta bula o padroeiro da diocese seria o Sagrado Coração de Jesus e D. Eduardo inaugurou deste modo a igreja do Sagrado Coração – atual igreja da Adoração Perpétua ao lado da Cúria Metropolitana – com a prerrogativa de catedral permanecendo a igreja da praça Rui Barbosa como matriz de Santo Antônio e São Sebastião. 

Em 1910 a matriz passou por grande reforma em que se definiu o estilo arquitetônico gótico manuelino e que seria dotada de apenas uma grande torre como até hoje se encontra desde esta data. Finalmente, em 1926 por determinação do bispo D. Luis Maria de Sant’Ana e decreto da Sagrada Congregação Consistorial a catedral seria transladada para a matriz de Santo Antônio e São Sebastião à Praça Rui Barbosa e os padroeiros seriam invertidos, permanecendo assim, em definitivo, como Catedral Metropolitana do Sagrada Coração de Jesus a partir de 20 de maio de 1926. Ainda assim, de modo a manter viva a memória de mais de cem anos que Uberaba permaneceu sob a proteção de Santo Antônio e São Sebastião, decidiu-se que uma estátua de cada santo ladearia a catedral metropolitana, imagens que permanecem até hoje em local de visibilidade e veneração. 


 Vitor Lacerda.



Fanpage: https://www.facebook.com/UberabaemFotos/

Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos


Cidade de Uberaba

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

IGREJA DE SANTA TEREZINHA

Nos dezessetes anos seguintes a esta inauguração, a Capela de Santa Terezinha esteve vinculada ao Curato da Sé (atual Catedral Metropolitana) até que em 1946 o bispo D. Alexandre do Amaral – cujo episcopado foi marcado pelo incentivo à vinda de ordens e congregações religiosas no território diocesano – confiou a capela aos Padres Capuchinhos e em 20 de agosto de 1949 decretou a criação da Paróquia de Santa Terezinha. O primeiro pároco foi Frei Davi de Bronte, um jovem sacerdote de trinta e um anos nascido na Itália e vindo de Belo Horizonte.

Os padres religiosos se esforçaram durante toda a década de 1950 para arrecadar recursos para construir uma matriz mais ampla e um convento capuchinho. Os Livros de Tombo registram várias campanhas e tentativas de obtenção de terrenos junto ao poder público municipal. Após muito esforço em outubro de 1960 o bispo diocesano benzeu o lançamento da pedra fundamental da construção da nova matriz. Tendo a parte de alvenaria demorado três anos, em 1966 já se tinha completa a parte interna enquanto a parte externa só seria completamente finalizada em 1986. A antiga capela foi demolida em dezembro de 1961.

Muitos nomes de destaque da sociedade uberabense tomaram parte na construção da igreja, demonstrando a ação da providência divina em todos os períodos da história por meio da caridade e benevolência dos cristãos. O engenheiro João Laterza supervisionou a construção, a planta foi desenhada por Nicolau Baldassare, a aprovação técnica foi dada pelo engenheiro Tomás Bawden e os trabalhos de decoração e pintura foram realizados pelos artistas espanhóis Carlos Sanchez e Antônio Dias. Os vitrais foram encomendados à Casa de Vitrais Conrado Sorgenicht S.A. de São Paulo e os bancos feitos de imbuia foram trazidos de Castro (Paraná) tendo sidos patrocinados por famílias paroquianas.
Foto: Antonio Carlos Prata

Na construção da atual igreja de Santa Terezinha, de aproximadamente 3.500m², foram gastos 900 mil tijolos, 150 caminhões de pedra britada, 16 mil telhas (que foram recentemente trocadas) e 34 toneladas de pedra. A igreja atualmente é patrimônio histórico reconhecido pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conphau).

Os Padres Capuchinhos estiveram responsáveis pela comunidade paroquial de Santa Terezinha por quatro décadas tendo sido dezesseis párocos dessa ordem religiosa e dezenas de freis e noviços que deixaram seu testemunho na vida dos uberabenses e levaram certamente consigo a devoção à Santa Terezinha. Em 1987 retiraram-se da Paróquia durante o episcopado de D. Benedito de Ulhoa Vieira tendo assumido o Cônego Henrique Fleury Curado. Desde então encontra-se sob os cuidados do clero arquidiocesano sendo atualmente pároco o Reverendíssimo Monsenhor Célio Lima.

Na construção da atual igreja de Santa Terezinha, de aproximadamente 3.500m², foram gastos 900 mil tijolos, 150 caminhões de pedra britada, 16 mil telhas (que foram recentemente trocadas) e 34 toneladas de pedra. A igreja atualmente é patrimônio histórico reconhecido pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conphau).

Os Padres Capuchinhos estiveram responsáveis pela comunidade paroquial de Santa Terezinha por quatro décadas tendo sido dezesseis párocos dessa ordem religiosa e dezenas de freis e noviços que deixaram seu testemunho na vida dos uberabenses e levaram certamente consigo a devoção à Santa Terezinha. Em 1987 retiraram-se da Paróquia durante o episcopado de D. Benedito de Ulhoa Vieira tendo assumido o Cônego Henrique Fleury Curado. Desde então encontra-se sob os cuidados do clero arquidiocesano sendo atualmente pároco o Reverendíssimo Monsenhor Célio Lima.

Vitor Lacerda    

sábado, 24 de junho de 2017

IGREJA DE SÃO DOMINGOS UBERABA (1904)


Foto:Autor desconhecido

Igreja São Domingos - Uberaba -Minas Gerais. Foto: Antonio Carlos Prata.

Igreja São Domingos - Uberaba - Minas Gerais. Foto: Antonio Carlos Prata.



Pátio da Igreja de São Domingo. Imagens de Nossa Senhora de Fátima e São Domingos.
Foto: Antonio Carlos Prata.

Dando prosseguimento a nossa pretensão de percorrer a História. Eclesiástica da Arquidiocese de Uberaba por meio das mais antigas igrejas ainda existentes, falaremos este mês da igreja São Domingos.

Alguns poderiam pensar erroneamente que esta sequência de artigos sobre tais igrejas se trata simplesmente de uma história material que procurava datar construções, reformas e estilos arquitetônicos destas senhoras centenárias de pedra e tijolos.

Ao contrário, nosso objetivo é tomar essas igrejas-templo, igrejas-edifícios, igrejas-espaço em sua relação intrínseca à Igreja-Povo, Igreja-Comunidade, Igreja-Ação.

Não acreditamos que essa introdução seria mais pertinente do que num artigo que tem como estrela a orgulhosa igreja de São Domingos. Isto porque as histórias da igreja de São Domingos. Isto porque as histórias da igreja dedicada a São Domingos  se confundem com as historias dos seguidores deste sento-os dominicanos.

   Sendo o cristianismo uma religião uma relíquia essencialmente vinculada à esperança de construir um futuro melhor onde todos estejam cada vez mais em comunhão com o ser cristão, é natural que a reação da Igreja em seus momentos de crise seja o olhar adiante, isto é a esperança confiante num futuro melhor onde todos estejam cada vez mais em comunhão com o ser cristão, é natural que a reação da Igreja seja o olhar adiante, isto é, a esperança confiante num futuro melhor mediante a própria ação. Entre 1869 e 1870 aconteceu o Concílio Vaticano l que trouxe como resposta à crise da modernidade – representada principalmente pela tríade racionalismo, materialismo e ateísmo – a certeza na autoridade da Igreja e proposta de, tal como acontecera anteriormente diante da Reforma Protestante contemplar o horizonte e redescobrir que é somente pelo espirito missionário que se justifica a perenidade da Igreja. Foi nesse contexto que, em 1881,os primeiros dominicanos vieram da França a Uberaba sob o convite do então bispo de Goiás, Dom Cláudio Ponce de León – ele próprio um estrangeiro e religioso.

   A Ordem dos Pregadores – OP foi fundada por São  Domingos em 1216 (neste ano se comemora o jubileu de 800 anos de fundação)em Toulouse, na França, num contexto conturbado de transição entre o mundo medieval e o mundo moderno. Visto que parte de seu carisma se dedica a uma busca incansável da verdade, é correto dizer que se tornaram sujeitos históricos ativos desde seu surgimento. Em 1881, os poucos sacerdotes dominicanos que se instalaram em Uberaba realizavam os ofícios religiosos e os trabalhos pastorais na igreja de Santa Rita, que tratamos em artigo anterior. Por conta do aumento do número de pessoas que ingressaram naquela comunidade, iniciou-se em 1889 a construção  de uma igreja dedicada a São  Domingos, que seria inaugurada em1904,ainda que inacabada (sem torres e abóbadas  centrais).Importante destacar que a igreja foi construída após abolição da escravidão (1888)e praticamente após a proclamação da República – com o melhor do espirito livre e republicano próprio dos dominicanos.

É Sintomático que sua inauguração  tenha sido feita sob o  canto do Hino Brasileiro, da Marcha Pontifical e da Marselhesa (hino da França, mas sobretudo do espírito de liberdade e fraternidade).
Com a criação da Diocese de Uberaba, realiza-se em 1908 a posse de nosso primeiro bispo, Dom Eduardo Duarte Silva, entre as paredes e sobre o patrocínio  de São  Domingos. Ambos sacerdotes, peregrinos e servos neste vasto mundo.

   Tempos depois, enquanto torres eram derrubadas pelo ressoar dos canhões em vários cantos da Europa, a partir 1914. por conta do inicio da Primeira Guerra Mundial, neste canto do Brasil Central eram inauguradas as duas torres de São Domingos.

   Na década de 1940, a população urbana de Uberaba superou aquela ainda residente na zona rural, processo dez anos prematuro quando comparado à media nacional. Isso explica em grande parte o crescente numero de criações de paroquias pelo bispo Dom Alexandre  G.Amaral,que tornara posse em 1939.Deste referido processo, a primeira paróquia que viria a ser criada seria justamente a de São  Domingos em 1941,que haveria de permanecer sob o pastoreio  dos dominicanos e aglutinaria também a histórica igreja dedicada a Santa Rita.

    Destacamos ainda uma grande reforma em 1963, sob a administração de Frei Domingos Maria Leite e do arquiteto Carlos Millan: foram instalados novos altares, recolocado o telhado e reposto os vitrais .Em1981 – ano do centenário da missão dominicana no  Brasil – o  prefeito Silvério Cartafina apoiou uma nova reforma na  Igreja que substituiu estruturas de madeira por outras mais resistentes de metal.

   Atualmente, a Paroquia de São Domingos serve também como Casa do Noviciado da Ordem dos Pregadores e tem como pároco Frei Luís Antônio Alves.

Vitor Lacerda
 


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Serviços de Força e Luz

Serviços de Força e Luz
A energia elétrica em Uberaba foi inaugurada em 1905 num clima de grande júbilo por recebermos tão importante estigma da modernidade e do desenvolvimento. O suprimento, gerado pela Usina Monjolo (hoje desativada), era bastante limitado à zona urbana e ao consumo residencial.

No período pós-ditadura Vargas a industrialização haveria de chegar a Uberaba, que se mostraria fiscalmente receptiva às novas indústrias. Todavia, o Serviço de Força e Luz que administrava as questões referentes à eletricidade era deficiente e não acompanhava o ritmo do crescimento residencial e quiçá industrial que se viu extremamente comprometido. O vereador João Severiano Rodrigues da Cunha (1949) diz que o problema da eletricidade era primordial e recebe apoio de toda a Câmara para que este fosse solucionado. A solução parecia fácil: transferir a administração do Serviço de Força e Luz do governo estadual – omisso e negligente – ao município, que trataria de dispensar-lhe a atenção devida. Uma verdadeira enxurrada de ofícios foi enviada ao governador Milton Campos, mas os clamores uberabenses não foram prontamente atendidos deixando-nos o questionamento de como estaria nossa cidade hoje se nos finais dos anos 40 tivéssemos suporte para além de sermos a “cidade do zebu” pudéssemos também ser um desenvolvido pólo industrial.

Fontes

Livro de Ata da Câmara Municipal de Uberaba n. 11, p. 7-9.
BILHARINHO, Guido. Uberaba: Dois Séculos de História. Vol. 1. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2007, p. 195.

Escrito por Vitor Lacerda (História-UFTM).




Paroquiato de Padre Jacinto Fagundes (1935 – 1941)

Paroquiato de Padre Jacinto Fagundes 


Dando prosseguimento a nossa pretensão de caminhar pela história conduzido pelas biografias dos sacerdotes que, em algum momento de suas vidas, tiveram a dignidade de ser páracos da Catedral Metropolitana – ou Curas da Sé, como então eram referidos -, propomos uma discussão preliminar que aponte as possibilidades de crescimento cultural que este estudo histórico em particular propicia a nossos caros leitores.
A matéria-prima da história, por excelência, são as relações humanas estabelecidas ao Longo do tempo ou, como afirma o padre e historiador francês Michel DeCertau,”sobre o corte entre  um passado, que é seu objeto, e um presente, que é o lugar de sua prática, a história não para de encontrar o presente em seu objeto, e o passado, em suas práticas”. Partindo, então, do pressuposto de que a Igreja Católica esta condicionada a Cristo cujos exemplos e ensinamentos estão repletos do sentido da coletividade – em detrimento de qualquer espirito individualista – como quando ele afirma que onde estiverem reunidos dois ou três em Seu nome, aí Ele se fará presente (cf Mt 18,20),ressaltando a necessidade apostólica de comunhão e união entre os homens,entedemos que a história da Igreja – e daqueles que a integram – é também de certo modo, parte da história de todas as cidades, países  e continentes em que ela se faz presente.
Assim sendo, quando da saída de Padre Alaor Porfírio para Uberlândia em 1934,a autoridade diocesana decidiu que o então Secretário do Bispado Mons. Joaquim Thiago dos Santos, nascido em 06/08/1881 e ordenado em 19/09/1909, iria assumir interinamente a Catedral até que um nome apropriado fosse encontrado, o que somente aconteceria um ano depois, em1935.A escolha por Mons. Joaquim não era de surpreender, visto que o experiente sacerdote, com seus 53 anos, já ocupava diversas funções administrativas no episcopado de Dom Luiz Maria de Sant’Ana, como Diretor e Redator-Chefe do jornal diocesano, o Correio Católico, como  Diretor Espiritual e Ecônomo do Seminário Menor e,finalmente,como Chantre do Cabido Diocesano (assessor para questões pertinentes  à musica sacra e litúrgica).Após  servir um ano interinamente na Catedral,Mon.Joaquim haveria de ter seu bom trabalho reconhecido com sua nomeação simultânea como Vigário-geral e Juiz Oficial do Tribunal Ordinário.
O próximo titular da Catedral assumiria ainda em 1935, após ser transferido da Paroquia de São Pedro de Alcantra, em Ibiá (MG). O Padre Jacinto Fagundes nasceu em 12 de setembro de 1904 e foi ordenado aos 27 anos em 006/12/31 sendo, portanto, um dos mais jovens párocos da Catedral, com apenas 31 anos. Sua juventude não impediu que o bispo lhe confiasse o governo da Catedral e o nomeasse também para ser o mestre de cerimonia diocesano, diretor da Federação Mariana em Uberaba Promotor de Justiça do Tribunal Eclesiástico.
Como fatos notáveis que ocorreram enquanto Padre Jacinto foi o Páracos da Catedral, destacamos a trágica situação da saúde publica em Uberaba, que vivia a verdadeira situação de caos com surtos generalizados de tuberculose, tifo e febre amarela. Como tentativa de conter essa questão, o governo diocesano, em parceria com a sociedade civil, inaugurou em 1935 a Santa Casa de Misericórdia, contribuindo decisivamente para a contensão do adoecimento da população. Foi igualmente notável a missa campal realizada em 22 de fevereiro de 1936, na Praça Rui Barbosa, marcando participação da Igreja na comemoração do centenário de Uberaba.
Em abril de 1938, deu-se a noticia da transferência do bispo Dom Luiz de Sant’Ana para Botucatu/SP e a chegada de  Dom  Alexandre Gonçalves do Amaral, o que naturalmente implicava uma restruturação da administração diocesana e transferência de sacerdotes  das paroquiassem que se encontravam. Quando Padre Jacinto foi transferido da Catedral, em 1941, deixou um legado de aproximadamente 5.500 batizados e 1000 casamentos.
Apontamos que foi durante esse período que o presidente Getúlio  Vargas suspendeu as liberdades democráticas  e instaurou a Ditadura  do  Estado Novo (1937 – 1945),sendo em 1939 eclodiu a ll Guerra Mundial na Europa com a invasão da Polônia  pela Alemanha ,trazendo muitos imigrantes dos países envolvidos para Brasil  e,consequentemente,para Uberaba.
Vitor Lacerda – Historiador

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

IGREJA DE SANTA TEREZINHA

Nos dezessetes anos seguintes a esta inauguração, a Capela de Santa Terezinha esteve vinculada ao Curato da Sé (atual Catedral Metropolitana) até que em 1946 o bispo D. Alexandre do Amaral – cujo episcopado foi marcado pelo incentivo à vinda de ordens e congregações religiosas no território diocesano – confiou a capela aos Padres Capuchinhos e em 20 de agosto de 1949 decretou a criação da Paróquia de Santa Terezinha. O primeiro pároco foi Frei Davi de Bronte, um jovem sacerdote de trinta e um anos nascido na Itália e vindo de Belo Horizonte.
Os padres religiosos se esforçaram durante toda a década de 1950 para arrecadar recursos para construir uma matriz mais ampla e um convento capuchinho. Os Livros de Tombo registram várias campanhas e tentativas de obtenção de terrenos junto ao poder público municipal. Após muito esforço em outubro de 1960 o bispo diocesano benzeu o lançamento da pedra fundamental da construção da nova matriz. Tendo a parte de alvenaria demorado três anos, em 1966 já se tinha completa a parte interna enquanto a parte externa só seria completamente finalizada em 1986. A antiga capela foi demolida em dezembro de 1961.

Muitos nomes de destaque da sociedade uberabense tomaram parte na construção da igreja, demonstrando a ação da providência divina em todos os períodos da história por meio da caridade e benevolência dos cristãos. O engenheiro João Laterza supervisionou a construção, a planta foi desenhada por Nicolau Baldassare, a aprovação técnica foi dada pelo engenheiro Tomás Bawden e os trabalhos de decoração e pintura foram realizados pelos artistas espanhóis Carlos Sanchez e Antônio Dias. Os vitrais foram encomendados à Casa de Vitrais Conrado Sorgenicht S.A. de São Paulo e os bancos feitos de imbuia foram trazidos de Castro (Paraná) tendo sidos patrocinados por famílias paroquianas.
Foto: Antonio Carlos

Na construção da atual igreja de Santa Terezinha, de aproximadamente 3.500m², foram gastos 900 mil tijolos, 150 caminhões de pedra britada, 16 mil telhas (que foram recentemente trocadas) e 34 toneladas de pedra. A igreja atualmente é patrimônio histórico reconhecido pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conphau).
Os Padres Capuchinhos estiveram responsáveis pela comunidade paroquial de Santa Terezinha por quatro décadas tendo sido dezesseis párocos dessa ordem religiosa e dezenas de freis e noviços que deixaram seu testemunho na vida dos uberabenses e levaram certamente consigo a devoção à Santa Terezinha. Em 1987 retiraram-se da Paróquia durante o episcopado de D. Benedito de Ulhoa Vieira tendo assumido o Cônego Henrique Fleury Curado. Desde então encontra-se sob os cuidados do clero arquidiocesano sendo atualmente pároco o Reverendíssimo Monsenhor Célio Lima.
Na construção da atual igreja de Santa Terezinha, de aproximadamente 3.500m², foram gastos 900 mil tijolos, 150 caminhões de pedra britada, 16 mil telhas (que foram recentemente trocadas) e 34 toneladas de pedra. A igreja atualmente é patrimônio histórico reconhecido pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conphau).
Os Padres Capuchinhos estiveram responsáveis pela comunidade paroquial de Santa Terezinha por quatro décadas tendo sido dezesseis párocos dessa ordem religiosa e dezenas de freis e noviços que deixaram seu testemunho na vida dos uberabenses e levaram certamente consigo a devoção à Santa Terezinha. Em 1987 retiraram-se da Paróquia durante o episcopado de D. Benedito de Ulhoa Vieira tendo assumido o Cônego Henrique Fleury Curado. Desde então encontra-se sob os cuidados do clero arquidiocesano sendo atualmente pároco o Reverendíssimo Monsenhor Célio Lima.
Vitor Lacerda

                                                                              

IGREJA DE SANTA TEREZINHA (1949)

Em 1925 o Papa Pio XI canonizou Tereza de Lisieux, a jovem carmelita que havia morrido aos vinte e quatro anos em 1897 e deixado uma marca indelével na espiritualidade dos católicos por meio de seu testemunho tornado amplo principalmente através da popularidade atingida por seu livro A História de uma Alma. O papa Pio XI considerou a canonização da jovem como “a estrela de seu pontificado”. No Brasil a devoção a Santa Terezinha foi desde muito cedo cultivada e em Uberaba, de forma particular, tornou-se notadamente visível em 1927 quando o bispo D. Antônio Lustosa abençoou a pedra fundamental de uma capela dedicada à “santa das rosas” na então Praça Aristides Borges (atual Praça Santa Terezinha) no bairro Fabrício. O pedido para a construção de uma capela no local partiu dos moradores da região que já se reuniam para rezar num cruzeiro colocado na praça. A inauguração oficial da capela é datada de 31 de março de 1929 denotando a relativa rapidez com que foi construída, considerando também suas  modestas proporções.


 Capela de Santa Terezinha.

           Nos dezessetes anos seguintes a esta inauguração, a Capela de Santa Terezinha esteve vinculada ao Curato da Sé (atual Catedral Metropolitana) até que em 1946 o bispo D. Alexandre do Amaral – cujo episcopado foi marcado pelo incentivo à vinda de ordens e congregações religiosas no território diocesano – confiou a capela aos Padres Capuchinhos e em 20 de agosto de 1949 decretou a criação da Paróquia de Santa Terezinha. O primeiro pároco foi Frei Davi de Bronte, um jovem sacerdote de trinta e um anos nascido na Itália e vindo de Belo Horizonte.

Os padres religiosos se esforçaram durante toda a década de 1950 para arrecadar recursos para construir uma matriz mais ampla e um convento capuchinho. Os Livros de Tombo registram várias campanhas e tentativas de obtenção de terrenos junto ao poder público municipal. Após muito esforço em outubro de 1960 o bispo diocesano benzeu o lançamento da pedra fundamental da construção da nova matriz. Tendo a parte de alvenaria demorado três anos, em 1966 já se tinha completa a parte interna enquanto a parte externa só seria completamente finalizada em 1986. A antiga capela foi demolida em dezembro de 1961.

Muitos nomes de destaque da sociedade uberabense tomaram parte na construção da igreja, demonstrando a ação da providência divina em todos os períodos da história por meio da caridade e benevolência dos cristãos. O engenheiro João Laterza supervisionou a construção, a planta foi desenhada por Nicolau Baldassare, a aprovação técnica foi dada pelo engenheiro Tomás Bawden e os trabalhos de decoração e pintura foram realizados pelos artistas espanhóis Carlos Sanchez e Antônio Dias. Os vitrais foram encomendados à Casa de Vitrais Conrado Sorgenicht S.A. de São Paulo e os bancos feitos de imbuia foram trazidos de Castro (Paraná) tendo sidos patrocinados por famílias paroquianas.

Vitor Lacerda  

Igreja de São Domingos de Gusmão – Araxá (1791)

  1. Em termos canônicos a Paróquia de São Domingos de Gusmão, localizada na cidade de Araxá, existe desde a Lei n.º 814 de 20 de outubro de 1791 decretada quando D. José Luís de Castro, conde de Resende, era Vice-Rei do Brasil e D. Maria I, chamada a Louca, era Rainha de Portugal. No período colonial e posteriormente no período imperial vigorou no Brasil o regime do Padroado no qual o clero era juridicamente parte da burocracia administrativa brasileira, com funções políticas e cartoriais em acréscimo às funções eclesiásticas. Na ocasião de sua criação, destacamos a pessoa do primeiro vigário: Pe. Domingos da Costa Pereira. Desta forma é bastante comum que a maioria das paróquias datadas do século XVIII ou XIX tenham sido criadas por autoridades políticas e não pelo respectivo bispo. Um dos núcleos de povoação mais antigos do Triângulo Mineiro, a cidade de Araxá é a única cidade do território arquidiocesano de Uberaba mais antiga do que a própria sede. Sua importância para a colonização do então Sertão da Farinha Podre é incontestável pelos historiadores e se relaciona aos contatos ora amigáveis mas por via de regra violentos com os indígenas da região, tanto os caiapós quanto os arachás. O etnocídio indígena e a ocupação do território foi processo histórico ocorrido em toda a região.


Paróquia de São Domingos de Gusmão, localizada na cidade de Araxá


Podemos conjecturar sobre a ação evangelizadora desenvolvida pelos padres araxaenses cravados no sertão brasileiro setecentista e oitocentista. Certamente em comunhão com as determinações do Concílio Tridentino tinham uma compreensão da ação evangelizadora por meio de três pilares: o ensino da Sagrada Escritura e da Santa Doutrina (para uma população majoritariamente analfabeta composta sobretudo de escravos, índios, desterrados e bandeirantes) e a distribuição dos sacramentos. Podemos deduzir também que a piedade popular e devocional que ainda hoje podemos observar seja herança do catolicismo lusitano adaptado à realidade social do sertão brasileiro. Como consequências temos a clericalização da Igreja, a reação agressiva contra as outras religiões e a desvalorização da religiosidade popular considerada muitas vezes como superstição. Neste tempo os Sacramentos mais valorizados eram a Penitência e a Eucaristia, com uma ênfase enorme na Adoração do Santíssimo. Este modelo de evangelização na paróquia foi até o Concílio Vaticano II.

Segundo o memorialista Hildebrando Pontes em seu livro referencial De Ermida a Catedral a construção da primeira igreja-edifício de São Domingos de Gusmão foi inaugurada em 1800 e demolida em 1930. No século XIX ainda foram erigidas três capelas filiares: em 1830 a Capela de Nossa Senhora da Conceição, em 1843 os negros constroem uma Capela para Nossa Senhora do Rosário e em 1881 foi construída a Capela de Nossa Senhora da Abadia, nos dando pistas da historicidade, da intensidade e da dispersão da devoção à Senhora da Abadia.

Em 1926, a paróquia foi confiada à Congregação Salesiana durante o episcopado do 2º Bispo de Uberaba, ele próprio um salesiano, D. Antônio de Almeida Lustosa. Aos salesianos cabe o mérito, dentre o vasto legado pastoral que fizeram constituir, a construção do templo de grande destaque que é hoje a igreja matriz de São Domingos.

Segundo Pe. Manoel Claro Costa SDB, antigo pároco salesiano de São Domingos, “a partir do Concílio Vaticano II, novos métodos de evangelização foram implantados na paróquia. A valorização e formação do leigo e as ações pastorais de conjunto se constituem nas preocupações de Pastoral. Apesar da renovação do Concílio, a paróquia foi liderada por movimentos. Se antes as Irmandades e Congregações lideravam a Ação Pastoral posteriormente serão os Movimentos. Em ordem cronológica na paróquia predominaram o Movimento Familiar Cristão, o Cursilho, o Encontro de Casais com Cristo e, por último, a Renovação Carismática”. Destacamos como podemos notar os efeitos de dois grandes concílios na vida da Igreja através da ação evangelizadora numa paróquia centenária como São Domingos de Gusmão. Indiscutivelmente isso nos permite compreender a comunhão eclesial desde sempre estabelecida e a adaptação em terras brasileiras e araxaenses das decisões conciliares.

Atualmente, a Paróquia permanece sob os cuidados dos Salesianos de Dom Bosco SDB e tem como pároco Pe. Duille de Assis Castro que conta com o auxílio de outros três vigários: Pe. Hélio Comissário Silva, Pe. José Lacerda Sobrinho e Pe. João Carlos André.


Vitor Lacerda