quinta-feira, 19 de julho de 2018

MARINGÁ com JOSÉ TOBIAS, edição MOACIR SILVEIRAS


A história da música Maringá tem início na década de 1920, na cidade de Pombal, interior da Paraíba. Consta que uma família de retirantes, fugindo da seca do sertão do nordeste, resolve migrar rumo ao sul do país. Reunidos os poucos pertences, sobem em um caminhão pau de arara, enquanto o jovem casal de namorados se despede. Para Maria, filha do casal, outra alternativa não restava senão tentar a sorte da grande cidade de São Paulo. Para o caboclo que fica só resta a dor da saudade, pois de parcos recursos e sem dinheiro não tinha como embarcar no caminhão. Com os olhos rasos d'água, embaçados pela poeira da estrada, corre atrás do velho caminhão, tentando guardar a imagem do último adeus. Nada se sabe sobre o caboclo que ficou, era mais um pobre coitado como tantos, largado a própria sorte. Em vão alguns amigos condoídos reúnem alguns trocados para ajudá-lo a também embarcar, mas não o suficiente para custear a viagem. Separados pela miséria e pelo destino. Esta é a comovente história de Maria, moradora do Ingá, nas beiras do rio Piranhas, do sertão da Paraíba. Menina prendada, que deste os 12 anos já preparava pratos típicos do nordeste e a quem o jovem caboclo entregou seu coração.

MARINGÁ com JOSÉ TOBIAS

 É Ruy Carneiro, amigo comum dos jovens e filho ilustre da cidade de Pombal, quem narrou o ocorrido ao compositor Joubert de Carvalho, durante uma conversa de bar em época que os dois viviam no Rio de Janeiro, então capital federal. O compositor chegou mesmo a duvidar da história, mas Ruy confirmou que fora testemunha ocular do fato, por estar no interior do bar, quando da partida dos retirantes. A história se deu durante a seca de 1877, a mesma que obrigou o futuro senador Ruy Carneiro a abandonar a região. Emocionado com a tragédia que acabara de ouvir e comovido com o desespero do caboclo que ficou, veio-lhe então a inspiração para a música. Nascia assim "Maringá", uma das mais sensíveis e criativas composições da lavra de Joubert de Carvalho, mineiro da cidade de Uberaba, onde nasceu em 05 de março de 1900. A música foi composta em 1932, na cidade do Rio de Janeiro onde ele estudou e se formou em medicina. A composição virou hino oficial da cidade de Pombal e deu também origem ao nome da cidade de mesmo nome no Paraná, donde veio a expressão "Maringá, cidade canção". Confira a beleza da música e da letra, aqui na magistral interpretação de José Tobias.


MARINGÁ De: Joubert de Carvalho Foi numa leva 


Que a cabocla Maringá

Ficou sendo a retirante 

Que mais dava o que falar.

E junto dela 

Veio alguém que suplicou 

Pra que nunca se esquecesse

De um caboclo que ficou

Antigamente

Uma alegria sem igual

Dominava aquela gente

Da cidade de Pombal.

Mas veio a seca

Toda chuva foi-se embora

Só restando então as água

Dos meus óio quando chora.

Estribilho

Maringá, Maringá,

Depois que tu partiste,

Tudo aqui ficou tão triste,

Que eu garrei a imaginar:

Maringá, Maringá,

Para haver felicidade,

É preciso que a saudade 

Vá batê noutro lugá.

Maringá, Maringá,

Volta aqui pro meu sertão 

Pra de novo o coração 

De um caboclo assossegá.



Igreja de Santa Rita


Hélio Ademir Siqueira* 

Os historiadores são unânimes em dizer que o período de maior prosperidade de Uberaba no século XIX, se deu em 1820 a 1859. Foi nessa época que a localidade, vencendo as etapas de dificuldades de sua fundação, alcançou as prerrogativas de vila e cidade. 

Neste ambiente de comércio intenso e desenvolvimento constante, sob a proteção de seus padroeiros São Sebastião e Santo Antônio, a fé do povo se expandiu e mais uma capela foi erigida, dedicada a Santa Rita das Causas Impossíveis. 

Cândido Justiniano da Lira Gama, devoto que era de Santa Rita, e em cumprimento de uma promessa para se livrar do vício da bebida, mandou construir em 1854 a pequena capelinha em louvor a Santa. 

Em 1877, o tempo implacável com essa construção singela, solicita reparos urgentes que são providenciados pelo negociante Major Joaquim Rodrigues de Barcelos, também atendido por Santa Rita em seu pedido de se tornar pai. Em 1881, os padres dominicanos se estabeleceram em Uberaba realizando sua catequese na igreja de Santa Rita que se tornou pequena para tantos fiéis.

Igreja de Santa Rita -Ano 1969, Foto do acervo dos Irmãos Dominicanos. 

Os ritos sagrados são transferidos para a imponente Igreja de São Domingos inaugurada em 1904 e a igrejinha de Santa Rita permaneceu fechada ao culto religioso durante muitos anos, sofrendo com o desuso, mais uma vez, as consequências do tempo. 


Enquanto outras igrejas mais imponentes eram construídas na cidade, Santa Rita se achava em ruínas, foi quando por volta de 1939, Gabriel Totti requisitou e icanosconseguiu do recém criado Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional "IPHAN" o título de Monumento Histórico para a graciosa construção. 

A Igreja de Santa Rita, pela sua singela beleza, tornou-se ponto obrigatório de visitas e ao longo de sua história, motivo de inspiração de pintores, poetas e fotógrafos - Anatólio Magalhães, José Maria dos Reis Júnior, Almeida Carvalho, Genesco Murta, Ovídio Fernandes e Hélio Siqueira pintaram muitas vezes e em muitos estilos o monumento aninhado na impotente colina, e tendo como pano de fundo um rico paredão verde. Em ruínas ou restaurado, fotógrafos, tais como o imigrante Ângelo Prieto e tantos outros, exploraram a sensibilidade para registrá-la e guardá-la como documentos para a prosperidade. 

Igreja de Santa Rita - Foto: Antonio Carlos Prata

Com a criação da Fundação Cultural de Uberaba, seu primeiro Diretor, o poeta Jorge Alberto Nabut, com empenho do Arcebispo Dom Benedito de Ulhôa Vieira da Cúria Metropolitana, inauguraram o Museu de Arte Sacra no dia 11 de maio de 1987. 

Hoje, a Igreja de Santa Rita é um espaço respeitado por todos nós, onde religiosidade, beleza e cultura se mesclam, enchendo de orgulho e fé a alma do povo Uberabense.



Museu de Arte Sacra (MAS)

Exposição do acervo

Administrado pela Fundação Cultural 

Horário de visitação: Terça a sexta das 12h às 18h e sábado e domingo das 8h às 12h – Igreja Santa Rita – Praça Manoel Terra, snº – Centro

Telefone: 3316-9886 

Coordenador: Hélio Siqueira

masmuseusdeartedeuberaba@yahoo.com.br
*Visitas guiadas deverão ser agendadas com antecedência através do telefone do museu.

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*Hélio Ademir Siqueira - Agente de Projetos Culturais da Fundação Cultural de Uberaba.







terça-feira, 17 de julho de 2018

Lídia Varanda Lopes, 60 anos dedicados ao rádio



Matéria de domingo, 15 de julho, homenageou um ícone do rádio em Uberaba:

Com 86 anos e 60 atuando no rádio através da antiga PRE-5, hoje Rádio Sociedade, a baluarte Lídia Varanda Lopes, natural de Prata-MG, contribuiu com o sistema radiofônico de Uberaba.

Lídia casou-se com Edson Lúcio Lopes, operador técnico que também trabalhava na Rádio local onde se conheceram. A radialista afirma com orgulho que a PRE-5 foi a sexta do país, por ela passaram Altiva Noronha, em seguida Iara Lina, Dulce Mendes e a quarta Lídia Varanda.

Lídia lembra que na PRE-5 também passaram Fernando Vanucci e Celso Portiolli, nomes conhecidos da mídia nacional. Lídia tornou-se uma das radialistas mais antigas do país. Ele lembra que começou apresentando o programa infantil, também comandou programas de auditório, sociais e participou de diversas novelas. “Em 1952 tornei radialista comandando um programa infantil a convite de Raul Jardim e Dulce Mendes. Com 25 anos vim para Uberaba jogar vôlei e dançar tango na inauguração do Instituto dos Cegos do Brasil Central (ICBC), mais tarde passou a ser jogadora do Uberaba Tênis Clube (UTC) e em seguida do Jockey Clube”, recorda.

Varanda conta que pelo salão do PRE-5 passaram cantores como Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Vicente Celestino, Gregório Barrios, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, grupos como Os Cariocas, Demônios da Garoa. “Apesar do advento da televisão como um dos mais privilegiados veículos de comunicação, o rádio não perdeu força, pedreiro, carpinteiro, gari, guarda-noite, empregadas domésticas, em geral, essas pessoas não podem ligar a televisão, mas o radinho está de lado. O motorista sai de carro, imediatamente liga o rádio, então é o maior meio de comunicação para o povão”, avalia.

 Lídia Varanda Lopes.

Lídia conta que mesmo trabalhando na emissora foi manicure e comerciante, mas que sempre teve o carinho e a dedicação dos ouvintes e principalmente das escolas de samba. “Diariamente acordava às 5h e fazia participações na rádio por telefone às 6h30 e 7h30. Durante todas as noites das 22h às 24h apresentava o programa ‘A Noite é Melhor com Música’ e nos sábados no período de 11h às 12h ‘Sociedade em Notícia’, além de gravar comerciais”, ressalta.

Saúde – Conforme a enfermeira Dayse de Cássia Amaral, a radialista Lídia Varanda está em repouso num Hotel Geriático, localizado na rua Cândida Mendonça Bilharinho, nº 454, no bairro Mercês. “A Lídia está com Alzheimer, mas continua com toda alegria, divertindo a todos aqui na clínica. Aqui no Recanto ela vive o rádio, ela interpreta como se fosse o cenário próprio do estúdio. “Ela está sempre nos ensinando sobre a história do rádio e lembrando de fatos que marcaram toda a sua história com a PRE-5, Rádio Sociedade”, enfatiza.

Conforme Lilia Sivieri Varanda, sobrinha da Lídia Varanda, a decisão de levar Lídia para um hotel geriátrico foi para garantir segurança e um tratamento com qualidade. “Na onde ela morava, ela estava sozinha e ficamos preocupados na clínica tem uma tensão maior dos especialistas. O marido da Lídia faleceu em 2011, os aparelhos de som, o seu estúdio que tinha em casa vamos levar para a Fundação Cultural para ser catalogado no acervo”, acrescenta.


Sandro Neves



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Cidade de Uberaba

NUNCA SOUBESTES AMAR com JOSÉ TOBIAS, edição MOACIR SILVEIRA

Composição original de Joubert de Carvalho


“Nunca Soubestes Amar”, composição original de Joubert de Carvalho, é aqui apresentada na magistral interpretação de José Tobias. Joubert de Carvalho (Uberaba, 6 de março de 1900 – Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1977 foi um médico e compositor brasileiro, autor de inúmeras canções de sucesso, tais como “Maringá” e “Ta-hi”, que foram gravadas pelos grandes nomes de nossa música popular. Já o cantor José Tobias iniciou a carreira artística no Recife onde nasceu, em 6 de março de 1928. Em 1950 começou a trabalhar na Rádio Jornal do Comércio na capital pernambucana. Pouco depois transferiu-se para o Rio de Janeiro, sendo levado para a Rádio Tupi por João Calmon. Da Tupi do Rio de Janeiro foi para a Rádio Record de São Paulo e passou a realizar dois programas semanais nas duas emissoras. Ao produzir um dos melhores álbuns de sua carreira, "Rapsódia Brasileira" (1984), acompanhado por Radamés Gnattali, Camerata Carioca e Octeto Brasilis, Hermínio Bello de Carvalho escalou José Tobias e o definiu como "um cantor de mil cantorias".



NUNCA SOUBESTES AMAR


De: Joubert de Carvalho 


Não vejo a minha luz o meu luar amigo de sempre

Não queria ver na vida um céu sem estrelas

Meu amor não me compreende

Porque as noites que se escoam são longas,

São noites de pranto Ah! Eu lamento tanto...

Na tristeza dos céus carregados de nuvens,

Que são um presságio erguidas

Na imensidão sem destino

Mas oh! Meu grande amor eu preciso,

Entretanto, dizer-te:

Nunca soubeste amar um beijo

Iluminar que me mostrasse um céu eterno

Nunca soubeste amar

Sem nuvens pelo azul vivo

A esperar a noite de luar.


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Campus Aeroporto/Campus II

A história da hoje Universidade de Uberaba (Uniube), instituição sem fins lucrativos, começa no ano de 1940, quando Mário Palmério funda o Lyceu do Triângulo Mineiro, com sede, inicialmente, na Rua Manoel Borges. Posteriormente, Mario Palmério transfere a sede do Lyceu, mais tarde chamado de Colégio Triângulo Mineiro, para um conjunto de edifícios onde, hoje, funciona o Campus Centro. Com a necessidade de expansão da estrutura física começa, em 1976, a funcionar o Campus Aeroporto, localizado na Avenida Nenê Sabino.

Campus Aeroporto/Campus II
Onde existem 22 blocos, reservados ao funcionamento de salas de aula e laboratórios, além do prédio ocupado pela Biblioteca Central. Na unidade estão instaladas também a Reitoria, Vice-Reitoria, Pró-Reitorias, diretorias de institutos, áreas estratégicas, cursos e a Divisão de Serviços Acadêmicos. Fazem parte ainda do complexo o núcleo de informática, a editora e gráfica universitária, livraria, agências bancárias e praça de alimentação. 

Foto: Autoria desconhecida 

Fonte:Universidade de Uberaba

Cidade de Uberaba

sábado, 14 de julho de 2018

Piau assina convênio entre Arquivo Público e Catedral Metropolitana de Uberaba

Livros da Catedral serão digitalizados e disponibilizados on-line preservando a história de Uberaba e seus cidadãos

Prefeito Paulo Piau assinou nesta quinta-feira (15) convênio para a digitalização dos livros de Batismo, Tombo, Óbito e Casamento da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e de Santo Antônio e São Sebastião – Catedral Metropolitana, no período de 1831 a 1950, acervo que contém a história de Uberaba, genealogia das famílias pioneiras e a história da instituição religiosa em Uberaba. O convênio de um ano é entre a Secretária de Governo / Superintendência do Arquivo Público de Uberaba e a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e de Santo Antônio e São Sebastião – Catedral Metropolitana.

O prefeito Paulo Piau destacou a importância da parceria, pois o município dá um passo importante na preservação da sua memória. “Este convênio garantirá a preservação deste acervo, a acesso das pessoas a estes documentos ricos em conteúdo e história. O município tem o papel de garantir que estas informações sejam preservadas e também disponibilizadas para a comunidade e historiadores”, destacou ele, solicitando também que a UFTM, por meio do seu curso de História seja envolvida no trabalho.

Participaram da assinatura com o prefeito, Marta Zednik, superintendente do Arquivo Público, pároco Monsenhor Valmir Aparecido Ribeiro e o secretário de Governo, Antônio Sebastião Oliveira.

Marta explica que o acervo é uma fonte preciosa de pesquisa de genealogia, por registrar os acontecimentos da época. “Passava tudo pela Catedral. E eles têm esse acervo que é maravilhoso. Muitos pesquisadores procuram o Arquivo Público para obter essas informações e nem sempre a Catedral está aberta para pesquisa, por terem outros compromissos. Então é uma parceria muito importante”, conta a superintendente.

Monsenhor Valmir conta que no período havia uma vinculação entre a Igreja e o Estado, com as paróquias e suas secretarias funcionando como cartório da época. “A Igreja Católica era chamada de religião oficial do Estado, porque ela oficializava atos que hoje são próprios do poder civil. Então, a Igreja sempre fez com muita preocupação e exatidão os assentamentos dos batizados, que acabaram se tornando como a certidão de nascimento, dos casamentos e dos óbitos. E esses documentos, que eram documentos religiosos, se tornavam documentos civis, cabendo grandes preocupações por questão de herança, quem é filho de quem, casou com quem e quem fica com os bens do falecido”, relata o pároco. Ele destaca que a compreensão dessa preocupação é que motivava para que houvesse a exatidão desses documentos, que a Igreja sempre manteve sob sua responsabilidade, e por isso, esses documentos contam a história do lugar.

De acordo com Marta, após a digitalização dos livros, eles serão transformados em e-books e disponibilizados via internet, para mais rapidez e facilidade na consulta do acervo. “Temos uma demanda muito grande de alunos e professores, para o estudo da genealogia de famílias, história do próprio município, porque tudo era registrado nos livros de Tombo, as histórias dos acontecimentos da cidade, que é um prato cheio para a pesquisa”, esclarece.

Monsenhor Valmir ainda destaca que a digitalização irá facilitar a pesquisa de muitas pessoas que têm interesse, pois o manuseio dos livros nem sempre é possível, devido à situação física preocupante de alguns exemplares. “Não é uma preocupação somente religiosa, é uma preocupação civil, porque ela diz respeito à sociedade local como um todo, ao povo de Uberaba. Como a Igreja era o grande cartório do império, a documentação tida como religiosa é reconhecida pelo civil e ainda hoje em muitos casos”, relata o pároco.

Ele ainda usa o exemplo de uma pessoa ou uma família que está buscando a obtenção de uma dupla cidadania: “Vamos falar da cidadania italiana, e chega num momento em que os documentos civis não são suficientes para que ele obtenha a cidadania. O governo italiano reconhece isso e o governo brasileiro também: os documentos obtidos nas paróquias, portanto casamentos, batizados, onde se provam a filiação e a descendência, eles são aceitos como provas finais para obtenção da cidadania”. 

16/02/2018

Clarice Sousa
Secom/PMU



Cidade de Uberaba

Fundação Cultural recebe gravações de documentário do Iepha-MG

A Fundação Cultural de Uberaba abriu as portas ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), que chegou na cidade segunda-feira (9) e permanece até esta quinta (12). O Instituto está captando dados para a pesquisa “Violas: o fazer e o tocar em Minas”. Sua finalidade é pesquisar, proteger e promover os patrimônios culturais históricos, naturais e científicos, materiais ou imateriais, do Estado, entre eles a viola.

Ana Paula Lessa Beloni, analista de patrimônio, formada em ciências sociais, explica que o objetivo principal é mapear os fazedores e tocadores de viola pelo estado de Minas Gerais. O cadastro é, principalmente, feito online na plataforma do site do Iepha.

De acordo com a historiada do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), Cida Manzan, foram filmadas, nos espaços da Fundação Cultural, duas catiras, que são movidas a base da viola. Também foram captadas imagens dos violeiros, que são luthiers, nome dado aos construtores de instrumentos de cordas. 

A pesquisa busca levantar as características e diversidades regionais relacionadas, tanto à produção, quanto à atividade de tocar a viola. Além de compreender as relações que esse instrumento estabelece, tanto com os indivíduos, quanto com os grupos sociais onde está inserido. A viola está presente em todo estado e está ligada a práticas religiosas como folia, congada e catira. “Esse instrumento é um dos elementos estruturantes da cultura mineira e um dos principais porta-vozes do mundo rural, caipira e sertanejo”, pontua Ana Paula.

Uberaba é reconhecida historicamente por ser o município com maior número de Folias de Reis e é o ponto forte do nascimento da catira, descendente de Manuel Rodrigues. O amor pela viola é passado de geração para geração e no geral os conhecimentos são transmitidos de maneira oral. O Iepha já passou por municípios do norte de Minas Gerais, pela região metropolitana e agora Triângulo Mineiro. A pesquisa deverá ser finalizada em maio, para que a viola possa ser tombada como patrimônio histórico imaterial do estado.12/04/2018

Comunicação PMU/FCU

FCU reinaugura bustos da Mãe Preta e Princesa Isabel durante os festejos do 13 de Maio

A ação busca preservar a memória e divulgar a importância dos monumentos, que receberam restauração 

A Fundação Cultural de Uberaba (FCU) promove neste domingo a reinauguração do Busto da Mãe Preta e da Princesa Isabel, que receberam revitalização e melhorias para a preservação. Os eventos serão realizados no domingo (13) durante as celebrações do 13 de Maio, data da abolição da escravatura. A entrega do Busto da Mãe Preta, na Praça Comendador Quintino, em frente ao Grupo Brasil, será às 10h. Já o busto da Princesa Isabel será às 11h30, na praça Santa Terezinha.

A reinauguração na praça Comendador Quintino terá várias atrações para o público geral. O Coletivo Axé apresentará “Revolução Preta”!, uma performance poética e musical que retrata a história do homem negro em sua trajetória dolorosa da África ao Brasil. Autores irão declamar poemas autorais e poemas de autores consagrados, dentre eles Conceição Evaristo, Elisa Lucinda e Carlos Drummond de Andrade. A solenidade também terá a participação da professora Inês Fernandes do Coral Afro, além de uma apresentação da Lions Big Band.

A FCU, através do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), realizou no bem a troca dos suportes de madeira e restauro, realocação da placa, reforma das pedras locais que estavam danificadas, bem como retirada de emendas em concreto. O monumento é inventariado pelo Conselho do Patrimônio Histórico e artístico de Uberaba (Conphau) e tem forte significado para as tradicionais festividades culturais afros da cidade.

De acordo com a historiadora Cida Manzan, a ilustração da negra dando de mamar ao bebê é uma homenagem à mulher negra escravizada, que amamentava os filhos dos senhores e criava essas crianças. “Ele representa a mulher dando de mamar e ainda transmitindo carinho. Manter viva a memória e o respeito por essas mulheres é importante, pois aqui tivemos muitas amas de leite, que eram escravas e cuidaram de várias crianças uberabenses”. O busto da Mãe Preta é obra do artista Hélio Ademir Siqueira e foi inaugurado na Praça Comendador Quintino no dia 13 de maio de 1978.

Princesa Isabel – O monumento da Princesa Isabel na praça Santa Terezinha, também inventariado, passou por uma série de procedimentos visando melhorias e sua preservação. Foram desenvolvidos serviços como remoção de pichações, repintura, restauração e proteção de vidro. Ele será entregue durante a programação, às 11h30, quando os grupos de Congada chegam à praça para participar em seguida da tradicional missa afro.

O monumento da Princesa Isabel faz reverência à personalidade que assinou a Lei Áurea que aboliu juridicamente a escravidão no Brasil. O busto foi inaugurado no dia 13 de maio de 1961 e o local se tornou um referencial dos grupos que sempre estiveram envolvidos nas comemorações do dia “13 de maio” na cidade de Uberaba.

Importante destacar que as melhorias nos bens históricos foram custeadas pelo Fundo Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Fumphau), que provém de arrecadações do ICMS Cultural.12/05/2018

Luiza Carvalho – Jornalista

Raiane Duarte – estagiária de Jornalismo
Comunicação PMU/FCU

Fundação Cultural está registrando casas de Candomblé e Umbanda de Uberaba


Por meio da equipe técnica do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), a Fundação Cultural de Uberaba desenvolve projeto para inventariar casas de religiões com matrizes afro-brasileiras. As atividades de reconhecimento de campo incluem entrevistas com os anfitriões dos terreiros e tendas, filmagens e fotografias. 

O trabalho envolve duas práticas de conservação de patrimônio, seja ele material ou imaterial. A primeira é o inventário e depois há o nível máximo de conservação, que é o tombamento, feito através de um dossiê. O professor de história do setor de Patrimônio, Gustavo Vaz Silva, explica que todo ano as informações levantadas são remetidas ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), para depois virarem pontuação no ICMS Cultural, que é o recurso que o município recebe para fazer esse tipo de projeto. 

“Dentro disso trabalhamos com o imaterial, como neste caso mais específico. Já fizemos as Folia de Reis, que em Uberaba existem mais de 100, e com as Congadas e Moçambiques. Havia uma demanda em 2016 de fazer as casas de matrizes africanas, tanto o Candomblé quanto a Umbanda. No primeiro momento foram feitos cinco casas; a Tenda de Umbanda Pena Verde do Dárcio Gomes, a Tenda de Umbanda Nossa senhora do Rosário da Tia Luzia, Asé Opó Barú do Babá Carlos, Ilê de Ogum Já da Mãe Marlene e Asé Ode Omilodé do Pai Renato. Porém há muitas outras casas em Uberaba, então, terminamos o processo com as Folias, e esse ano o Conselho aprovou o trabalho com essas cinco casas e com mais algumas”. 

Até o momento a iniciativa engloba 12 casas de religiões de matrizes afro, sendo três tendas de Umbanda e nove terreiros de Candomblé. Dentre as cinco que já participavam, foram incluídas, por enquanto, Asé Toby Odé Kolê do Pai Vitor Oxossi, Asé Olorokê Ti Efon ÁÁfin Omo Ayra do Pai Rogério, Afim Osumare da Mãe Bia Ty Oxumare, Asé Ayra Intilé do Pai Gabriel Ty Ayra, Inzo Ione Ria Inkosi do Babá Sirley Moura, Ilê Alaketu Oluwa Bi Orun do Babá Rafael Cherin e Tenda de Umbanda Tupi Tupiara da Gina. 

O intuito geral desse registro é catalogar e ter uma estimativa da quantidade de lugares em Uberaba voltados para o Candomblé e Umbanda. A historiadora do setor de Patrimônio, Maria Aparecida Manzan, esclarece que em Uberaba há muitas casas, mas que não se sabe ao certo qual a totalidade real. Para dar início a esse projeto foram selecionadas as mais antigas, pois delas nascem as novas. 

Essas religiões, segundo a historiadora, preservam a cultura afro-brasileira, a cultura dos orixás, das tradições vindas da África. “O candomblé se adaptou as condições brasileiras, mas mantendo a integridade africana. Já a Umbanda nasceu no Brasil, com os escravos nos terreiros das casas grandes e nos cultos das senzalas. Nas fazendas quando se cantava para outros santos católicos os escravos cantavam também, mas seus cantos eram direcionados aos orixás e aos deuses africanos. Como os senhores não conheciam a língua que estava sendo cantada eles achavam que os escravos estavam cantando normalmente para os santos católicos. Assim foi perdurada essa tradição, mantendo essa religiosidade africana, porém Umbanda é afro-brasileira, totalmente criada no Brasil, pode até ter uma origem longínqua, porque os escravos vieram da África”. 

Manzan destaca, além disso, que a Umbanda é oficializada na própria constituição brasileira como uma religião do país e do povo negro. “Já o Candomblé veio da África e se manteve no brasil. Porém o Candomblé africano é muito diferente, no sentido de pompa, de apresentações e nas formas como cultuam os deuses. Lá o trabalhador sai da lavoura e vai para o terreiro de casa, onde ele canta e dança para seus orixás. Aqui não, aqui há os dias de festa, cada terreiro tem seu calendário, onde festejam, se enfeitam e se arrumam da melhor forma para agradar os orixás”. 

A relevância desse trabalho se dá porque em Uberaba, “cerca de 60% da população é de origem negra e aqui é uma cidade que teve muitos escravos e que tem muitos negros”, enfatiza Manzan. Essa valorização é um patrimônio imaterial porque trata de cantos, danças, costumes e tradições de um povo. É válido ressaltar que o processo de Inventário se dá de casa por casa e não todas de uma única vez, já que cada uma delas tem particularidades específicas. 07/07/2018

Raian Duarte – estagiária de Jornalismo
Comunicação PMU/FCU


quarta-feira, 11 de julho de 2018

Chamando os edifícios pelos nomes

Essa foto aérea do centro de Uberaba,visto a partir da Avenida Fidélis Reis, foi feita na primeira metade da década de 1970, provavelmente entre 1972 e 74. A curiosidade é que, salvo algum esquecimento, aparecem nela todos os "arranha-céus" que então havia na cidade – considerados assim os edifícios com mais de 5 pavimentos. 

Vista aérea do centro de Uberaba na primeira metade dos anos 1970.

Além de caberem numa única foto, a curiosidade é que, nessa época, não apenas os moradores mas todo mundo na cidade se referia a eles pelos nomes: eram tão poucos que sabíamos como se chamava cada um.

Vista aérea do centro de Uberaba na primeira metade dos anos 1970.

Facilitava essa tarefa o fato de que os nomes eram todos em português e muito mais sóbrios que os atuais. Nada desses nomes supostamente sofisticados em inglês, francês e italiano que dominam os lançamentos imobiliários de hoje. 

Na segunda imagem, numerei os prédios para facilitar a localização. 

1. Anexo do Grande Hotel, inaugurado no final dos anos 1950.

2. Grande Hotel de Uberaba, o primeiro arranha-céu da cidade, inaugurado em 1941 na Av. Leopoldino de Oliveira.

3. Edifício Rio Negro, comercial, defronte ao Grande Hotel, onde há uma galeria comercial que liga a Av. Leopoldino com R. Alaor Prata.

4. Edifício Drogasil, comercial, no primeiro quarteirão da Rua Artur Machado.

5. Edifício Pascoal Toti, residencial, na Av. Fidélis Reis.

6. Obras do edifício residencial “Delta” da Seguradora Equitativa. Esse deveria ter sido o segundo arranha-céu da cidade. Mas as obras, iniciadas no começo dos anos 1950, ficaram paralisadas por décadas e só foram retomadas em 1977, já com o nome atual: Everest.

7. Edifício do Banco do Brasil.

8. Edifício Abadia Salomão, residencial com lojas no térreo, na esquina da Rua Major Eustáquio.

9. Edificio Amazonas, residencial e ainda em obras, na Rua Governador Valadares.

10. Edifício Rio Branco, residencial com lojas no térreo.

11. Edifício Pedro Salomão, na Travessa Sátyro Oliveira, residencial com lojas no térreo, voltadas para a Rua Manoel Borges.

12. Edifício Rio das Pedras, residencial, na época o mais alto da cidade.

13. Edifício Rio Grande, residencial com lojas no térreo.

14. Edifício Rio Verde, residencial, na Rua Senador Pena, esquina com Av. Leopoldino. 

Quem souber a data da inauguração de algum desses edifícios, por favor coloque nos comentários para completarmos as informações. Correções de enganos também são bem vindas. 


(André Borges Lopes) 

O famoso palhaço Piolin teve seu circo armado em Uberaba

Num velho álbum de retratos do meu bisavô Carlos Augusto Machado (popularmente conhecido como "Carrinho Dentista") encontro, muito maltratadas pelo tempo, essas fotos da montagem do famoso Circo Piolin em Uberaba.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934
Infelizmente, as fotos não têm nenhuma anotação de local ou de data. Mas sabemos que esse circo foi uma das grandes atrações da Exposição Agropecuária e Industrial de 1934, que funcionou durante os meses de maio a julho no terreno dos fundos da antiga Santa Casa, onde hoje está o Hospital-Escola da UFTM. Visitantes ilutres, entre eles o interventor em Minas Gerais Benedito Valadares prestigiaram as apresentações do circo na cidade.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
O famoso palhaço Piolin nasceu Abelardo Pinto em 27 de março de 1897 em Ribeirão Preto, num circo que pertencia a seus pais, o empresário Galdino Pinto e a artista circense Clotilde Farnesi. Abelardo foi contorcionista, acrobata, ciclista, músico (tocava violino e bandolim) e, por volta de 1917, passou a fazer o palhaço Careca. Mas logo mudou para Piolin, “barbante” em espanhol, nome surgido numa brincadeira com suas pernas finas; em 1929 Abelardo incorporou-o a seu nome de batismo, tornando-se Abelardo Pinto Piolin.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
Em 1925, associou-se a Alcebíades Pereira e viveu sua fase de glória, com um circo montado no Largo do Paissandu, na capital paulista. O presidente Washington Luiz era seu fã e tinha cadeira cativa todas as quintas-feiras no seu circo, e os intelectuais modernistas, seus fãs assíduos, escreviam frequentemente sobre ele em jornais e revistas.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
Durante mais de 30 anos, Piolin teve seu circo armado em São Paulo, no Paissandu e depois nos bairros do Brás, Paraíso e Marechal Deodoro e, por fim, num terreno público na Avenida General Osório da Silveira onde permaneceu por 18 anos, até ser despejado, no final de 1961. O despejo de Piolin tornou-se, assim, símbolo do descaso dos poderes públicos para com o circo.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.

Anúncio da Exposição no jornal Lavoura e Comércio, junho de 1934.

Anúncio da Exposição no jornal Lavoura e Comércio, junho de 1934.

Em 1972, numa iniciativa de Pietro e Lina Bo Bardi, organizadores da exposição do cinquentenário da Semana de Arte Moderna, o Circo Piolin foi armado no Belvedere do MASP. Nesse mesmo ano, 27 de março, data do aniversário de Piolin, foi declarado oficialmente como o Dia do Circo. Abelardo faleceu em setembro de 1973.

(André Borges Lopes)

Obras-Primas do Cinema Europeu

BERLIM, SINFONIA DA METRÓPOLE
O Ritmo do Século

Guido Bilharinho
O Ritmo do Século

Se o cinema nas duas primeiras décadas do século XX tateava à procura de uma linguagem própria com base na paulatina descoberta, utilização e domínio dos recursos da câmera, das possibilidades da imagem em movimento e dos primeiros (e fundamentais) passos para o conhecimento e conscientização dos efeitos da montagem, os anos 20 desse século assistem a eclosão de uns e outros.

         Nessa década dão-se realizações artísticas experimentais e de vanguarda como nunca antes e nem depois o cinema teria iguais, em qualidade e intensidade, bastando lembrar, entre outras, as obras de Marcel L’Herbier, Fernand Léger, Walter Ruttmann, Marcel Duchamp, Germaine Dulac, René Clair, Man Ray, Dimitri Kursanoff, Alberto Cavalcanti, Buñuel, Viking Eggeling e Hans Richter.

         Um desses filmes é Berlim, Sinfonia da Metrópole (Berlin, die Symphonie der Grosstadt, Alemanha, 1927), de Walter Ruttmann (1887-1941), que viera da realização da série abstrata Opus (1922/1925).

         Antes, pois, do célebre filme Um Homem Com Uma Câmera (Cheloveks Kinoapparatom, U.R.S.S., 1929), de Dziga Vertov, mas já influenciado pelas ideias desse realizador soviético, Ruttmann dá à luz sua obra fundamental, que se torna também, automaticamente, um dos filmes capitais do cinema.

         O que prenuncia o título materializa-se em imagem de grande esplendor, em construção de extrema perspicácia cerebral, alta acuidade visual e apropriada montagem de movimentos de tão vibrante constância e sucessividade que captam e fixam o ritmo do século, que só o cinema possibi­lita em toda sua concreticidade e grandeza.

         O filme visualiza o pulsar da atividade humana na era 01 (zero um) da máquina, já que a era 0 (zero) deu-se no século XIX, numa demarragem que não tem nem terá fim, prefigurando ininterruptas continuidade, aperfeiçoamento e desenvolvimento, como o transicional século XX demonstrou.  Dificilmente será encontrável obra que traduza e transfigure em arte o cerne de seu tempo em sequência poética de figurações instantâneas do habitat construído até então pelo ser humano e de sua ativa inserção nesse contexto.

         A velocidade dessa sucessão em cortes rápidos e montagem célere aliada à articulada visão do artista resultam em primorosa súmula desse universo humano numa das grandes metrópoles do planeta.

         No filme ressaltam-se em iguais importância e intensidade a realidade material urbana e a ação e movimentação nela do ser humano, sem esquecer os instantâneos, com toda sua construção imagética, de alguns animais, inclusive em montagem contrastante com atos humanos.

         No primeiro caso, avultam as imagens do outrora mais veloz meio de locomoção terrestre, o trem, em perspectivas impressionantes, resultantes de enquadramentos de grande eficácia estética. Daí em diante sucede-se a exposição da metrópole que desperta suas forças vivas, abrangendo sem-número de situações e aspectos urbanos mostrados em tomadas adequadamente anguladas, por força do inteligente e artístico olhar do cineasta, construtor de uma poética não só da imagem, tão forte como a da palavra, mas de verdadeira poética da matéria.

         Só olhar desse quilate teria condições de empalmar, utilizar e direcionar os recursos da câmera e da montagem para configurar obra desse vigor e proporções, em que cada instantâneo e sua reunião e montagem atingem força estética proveniente de um poder e sofisticação raramente encontráveis.

         Enfim, em questão de imagem e montagem não há nada que já não esteja nesse filme ou que nele não se embase e inspire, e que não é apenas efeito da vanguarda, mas, a própria vanguarda. O filme não constitui, obviamente, ficção. Nem documentário. É imagem em movimento. Cinema, enfim.
*
         Além e independentemente de seu valor artístico, revela uma cidade diferente do estereótipo utilizado para explicar e justificar o progresso do país sob a posterior administração nazista. Numa pujança como aquela não há nada extraordinário nesse êxito, visto que representou o desenvolvimento natural que empolgação do poder e inteligente manipulação cristalizaram. Milagre mesmo seria esse grupo ter os resultados alcançados em países subdesenvolvidos. Na Alemanha que o filme mostra não é vantagem. Malgrado a derrota na Primeira Grande Guerra e o processo inflacionário dos anos de 1920, o país era, ao findar a década, o mais desenvolvido do mundo.

______________
Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional.


terça-feira, 3 de julho de 2018

Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel sendo calçada com paralelepípedos em 1938

Na primeira foto, publicada na revista "O Cruzeiro" em 1938, vemos a Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel sendo calçada com paralelepípedos. Ao fundo os terrenos ainda baldios adiante da ponte da Rua Segismundo Mendes, na direção do Mercado Municipal e da antiga Penitenciária (atual Faculdade de Medicina da UFTM).

 Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel 

Na segunda imagem, um anúncio do lançamento do loteamento "Vila Jardim" no jornal Lavoura e Comércio de janeiro de 1944, entre a praça do Mercado e a Av. Guilherme Ferreira – quando foi aberta a Rua Cunha Campos

Anúncio do lançamento do loteamento "Vila Jardim" no jornal Lavoura e Comércio de janeiro de 1944

Na terceira foto, a mesma região por volta de 1950, onde já vemos as primeiras casas construídas no novo loteamento.

No início de 1944 a Avenida Leopoldino de Oliveira já chegava até a praça do Mercado e Guilherme Ferreira também tinha sido aberta e urbanizada. O Sr. Joviano Jardim, proprietário do terreno, abriu a Rua Cunha Campos e loteou os dois quarteirões. Nota-se que, em especial defronte às avenidas, foram feitas casas casas maiores, que ocupam dois ou três dos lotes originais.

Primeiras casas construídas no novo loteamento

Década de 1950. No primeiro plano à direita, o prédio do Grande Hotel na Avenida Leopoldino de Oliveira. Ao centro o Mercado Municipal, o prédio da antiga Penitenciária (sendo reformado para receber a Faculdade de Medicina) e, logo atrás, o Colégio Nossa Senhora das Dores. Ao fundo, á direita, a torre da Igreja da Abadia.

A última imagem mostra uma vista aérea (do Google Maps) da mesma região em 2018.

Vista aérea (do Google Maps)



1921_O "Campo do RED" na Revista Brasil Ilustrado

No início da década de 1920 houve uma breve mas intensa rivalidade entre o Uberaba Sport Club (fundado em 1917) e uma agremiação dissidente, o RED – que nasceu RED AND WHITE, em homenagem ao clube que inicialmente o hospedou. Pouco tempo depois, renegando suas origens, adotou um novo nome – Associação Athletica do Triângulo – e novas cores, preto e branco. O USC teria se tornado o time favorito da classe média baixa e dos pobres, enquanto o RED caiu nas graças da elite endinheirada.

Associação Athletica do Triângulo

Corre na cidade uma antiga lenda de que os dois times teriam marcado, em 1921, um “Jogo do Século”, que deveria resultar no fim das atividades do time que fosse derrotado. O USC teria derrotado o RED por 1 X 0, mas perdeu os pontos da partida em função da escalação irregular do atleta Hildebrando de Moraes.

Verdade ou não, o fato é que a Associação Athlética sobreviveu por mais algum tempo. Em 1922, venceu o primeiro campeonato de futebol do Triângulo Mineiro, onde se enfrentaram equipes de Uberaba e Araguari.

O "campo do Red" funcionava na avenida Triângulo Mineiro (hoje, Av. Alberto Martins Fontoura Borges), do lado contrário da antiga fábrica de tecidos, entre o inicio da Av. Rio Branco e a Rua Jockey Club (hoje, Rua Rodolfo Machado Borges). Uma área grande, que chegava aos fundos da Rua José de Alencar.

Campo do Uberaba Sport Clube

Aparentemente, é esse campo que aparece nessa foto de 1921 da revista "Brasil Ilustrado". A arquibancada tem um desenho semelhante, mas é menor e mais simples que a do campo do USC, inaugurado em novembro de 1922, que aparece na segunda foto (do acervo do Arquivo Público de Uberaba).

MOVIMENTOS POÉTICOS DO INTERIOR DE MINAS GERAIS (EM TRÊS VOLUMES) VOL. II DESDE

Movimentos Poéticos de Minas Gerais.


DESDE 04 DE JUNHO NO BLOG



GRUPOS DE

                  DIVINÓPOLIS                                                                                   UBERABA

                  SABARÁ                                                                                            GUAXUPÉ

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Igreja São Domingos

Igreja São Domingos
Primeiro templo dominicano construído no Brasil, a Igreja São Domingos foi erguida em terreno doado pelo Comendador José Bento do Vale e projetada pelos engenheiros Egídio Betti Monsagratti, Dr. Florent e construída pelo José Cotani. Com estilo neogótico, sua forma em cruz assemelha-se às igrejas bizantinas. Sua inauguração só ocorreu em 1904, ainda sem as torres, as quais foram terminadas em 1914. Por esse motivo ficaram com estilo diferente da construção original, que é toda construída em tapiocanga de cor avermelhada, deixadas aparentes, naturais da região de Uberaba. (Foto: Cobertura Aérea Show Drone - Adriano Silva)

CURVAS DA VIDA

O dinheiro não aceita desaforo
Disse um pensador certo dia
Só não falou no desdouro
Que o ex rico enfrentaria


Enquanto se tem o bendito dinheiro
Tudo é bonito e cheio de graça
Ao se perdê-lo por inteiro
Experimenta-se o sabor da desgraça


O grande só quer a grandeza
Não se contenta em ser o que é
Quando perde a realeza
É como se fosse da ralé


Vi serem feitas fortunas
Que surgiram quase do nada
Chegadas as horas oportunas
Foram-se com a força da enxurrada


Refleti e não acreditei
Diante de um suntuoso prédio
De seu próspero dono me lembrei
Hoje longe do dinheiro seu amigo é o tédio


Sob a marquise dormia
Um andarilho vigilante sem teto
Por ali passou garboso um dia
O ex dono daquela lage de concreto


Veja as coisas como são:
Ontem um patrimônio crescia, crescia...
Enquanto seu dono se distraía
Tudo acabou indo ao chão.


João Eurípedes Sabino       27/06/18

terça-feira, 26 de junho de 2018

Uberaba Minas Gerais - MG Histórico


Segundo alguns autores, o topônimo Uberaba origina-se do tupi "Y-beraba", que quer dizer "água clara". Os primeiros conquistadores que perlustraram terras do Triângulo Mineiro pertenciam à bandeira de Sebastião Marinho, que, no século XVI, atravessou a região, rumo a Goiás. Seguiram-se outros movimentos de penetração, como os de Afonso Sardinho, João do Prado, João Pereira de Souza Botafogo e Nicolau Barreto. Depois dessas primeiras entradas, o território do atual Município de Uberaba foi passagem forçada de todos os exploradores que se encaminhavam aos sertões goianos. A rota de Bartolomeu Bueno da Silva, o "Anhangüera", transformou-se, depois de 1722, em estrada, conhecida inicialmente por Estrada do Anhangüera, depois Estrada de Goiás e, mais tarde, Estrada Real. O primeiro núcleo branco do Triângulo Mineiro foi Tabuleiro, à margem do rio das Velhas, onde, aos poucos, se iam fixando aventureiros que se destinavam a Goiás ou dali regressavam desiludidos. Mas, tendo sido o povoado atacado pelos índios caiapós e reduzido a cinzas, parte de seus habitantes fugiu desordenadamente e alcançou Perdizes, em Araxá, enquanto outra parte, maior e mais disciplinada, se afastou três ou quatro léguas de Tabuleiro e fundou o arraial do Desemboque. Em data não determinada com precisão, partiram do Desemboque alguns aventureiros, não mais dominados pela idéia do ouro, mas em busca de terras próprias à agricultura e à criação de gado. Em 1809, segundo uns, ou 1812, segundo outros, ergueram um povoado na cabeceira do ribeirão Lajeado, construíram uma capela tosca e colocaram o povoado sob a proteção de Santo Antônio e São Sebastião. Seu nome primitivo era Arraial da Capela do Lajeado. O novo núcleo, todavia, não encontrou elementos propícios ao desenvolvimento. A falta de terras férteis e à escassez de água, juntava-se o temor constante dos caiapós, sempre dispostos a repelir com violência os povoadores brancos. Alguns componentes da expedição colonizadora regressaram ao Desemboque e relataram ao juiz-comissário, Sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira as dificuldades dos habitantes do Arraial. Comandando um grupo de mais de trinta homens, Eustáquio dirigiu-se ao povoado e, não lhe agradando o local escolhido, nas cabeceiras do córrego Lajeado, avançou para o oeste em busca de melhores terras, mais bem servidas de aguadas. Escolheu um sítio à margem esquerda do córrego das Lajes, na confluência deste com o rio Uberaba. Aí se fundou a futura Capital do Triângulo Mineiro, a mais ou menos 15 quilômetros do primitivo Arraial da Capelinha. Este entrou em decadência, à medida que seus habitantes se transferiam para as imediações da casa construída por Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira. Erguida uma capela sob a mesma invocação de Santo Antônio e São Sebastião, o novo povoado entrou em fase de progresso e prosperidade. Gentílico: uberabense Formação Administrativa: Distrito criado com a denominação de Santo Antônio de Uberaba, pelo decreto de 2, de março de 1820, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, subordinado ao município de Araxá. Elevado à categoria de vila com a denominação de Santo Antônio de Uberaba, pela lei provincial nº 28, de 22-02-1836, desmembrado de Araxá. Sede na antiga povoação de Santo Antônio de Uberaba. Instalado em 07-01-1837. Pela lei provincial nº 288, de 12-03-1846, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso e anexada a vila de Santo Antônio de Uberaba. Elevado á condição de cidade com a denominação de Uberaba, pela lei provincial n° 759, de 02-05-1856. Pela lei provincial nº 831, de 11-07-1857, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de São Pedro de Uberabinha e anexado ao município de Uberaba. Pela lei provincial nº 2464, de 21-10-1878, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Conceição das Alagoas e anexado ao município de Uberaba. Pela lei provincial nº 3643, de 31-08-1888, desmembra do município de Uberaba o distrito de São Pedro de Uberabinha. Elevado á categoria de vila. Pelo decreto estadual nº 322, de 15-01-1891, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de São Miguel do Veríssimo e anexado ao município de Uberaba. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 4 distritos: Uberaba, Conceição das Alagoas, Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso e São Miguel do Veríssimo. Assim permanecendo nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920. Pela lei estadual nº 843, de 07-09-1923, o distrito de Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso tomou o nome de Campo Formoso. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 4 distritos: Uberaba, Conceição das Alagoas, Campo Formoso (ex-Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso) e São Miguel do Veríssimo. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937. Pelo decreto-lei estadual n.° 148, de 17-12-1938, desmembra do município de Uberaba os distritos de São Miguel do Veríssimo com a denominação de Veríssimo, Conceição das Alagoas e Campo Formoso elevando-os á categoria de município. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído do distrito sede. Pela lei nº 336, de 27-12-1948, é criado o distrito de Água Comprida e anexado ao município de Uberaba. Pela lei estadual nº 1039, de 12-12-1953, desmembra do município de Uberaba o distrito de Água Comprida. Elevado á categoria de município. Ainda, pela mesma lei acima citado é criado o distrito de Baixa e anexado ao município de Uberaba. Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Uberaba e Baixa. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 31-XII-1971. Pela lei estadual nº 6769, 13-05-1976, é criado o distrito de Ponte Alta e anexado ao município de Uberaba. Em divisão territorial datada de 1-I-1979, o município é constituído de 3 distritos: Uberaba, Baixa e Ponte Alta. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. Alteração toponímica municipal Santo Antônio de Uberaba para Uberaba, alterado pela lei provincial n° 759, de 02-05-1856.     

segunda-feira, 25 de junho de 2018

RÁDIO

O rádio é o mais tradicional veículo de comunicação, mesmo com o advento de outros poderosos meios de visualização dos fatos “ in tempore”, realmente espantoso. O mundo, segundo Mc Luhan, se tornou uma “ aldeia global”. Um chute mal dado num campo de terra na Cracóvia, se noticia, é visto no mundo inteiro. Um afogamento no Afeganistão, é mostrado, rapidamente, em todo o mundo. Uma geleira que despenca o bloco , em Bariloche, em segundos, é vista no universo. E por aí, vai...

Só que o rádio não morreu. É o nosso eterno companheiro de todas as horas. No quarto, no banheiro, no carro, é imprescindível. Dia e noite. Pela manhã, ou fim de tarde. No ar, na terra, no mar. Ouvindo música, noticia, no imediatismo da imagem, principalmente em Copa do Mundo, ouvindo as “ baboseiras” dos Galvão Bueno da vida, confesso, tenho imensa saudade das narrações vibrantes de Jorge Curi, Antônio Cordeiro, Waldir Amaral , Oduvaldo Cozzi, Pedro Luiz, Edson Leite, Fiori Giglioti, Luciano do Vale, Jairo Anatólio, apenas à citar os “ grandes” do nosso rádio esportivo. Na santa terrinha, os exemplos são muitos: Ataliba Guaritá Neto ( Netinho), Leite Neto, Farah Zaidan, Nilton Foresti, João Cid e ainda em ação, David Augusto e o ótimo Moura Miranda. A obviedade dos “narradores de TV”, é “dose”...

O rádio, hoje, é comercial-musical .Deixou de ser artístico-critico-opinativo. Virou “ vitrolão”... O sertanejo tomou conta, sem contar com os grandes apresentadores de ontem e que fizeram história nas emissoras da terrinha. Toninho e Marieta, Edinho Quirino, Nhô Bernardino, Jesus Manzano, Edson Luis, deixaram gravados, indelevelmente, na memória de todos nós, suas vozes saudosas, suas histórias, seus cantores, músicas e duplas prediletas. O rádio sertanejo da época, era o único meio de comunicação entre o campo e a cidade. O serviço de utilidade pública proporcionado é sempre lembrado. Até hoje...( sua bênção, Nhô Bernardino...)

Um animador sertanejo marcou época na terrinha: Orlando Nascimento, na falecida P.R.E.- 5, usava o pseudônimo “Terenço” .Foi o primeiro apresentador de programa” caipira” aqui nas nossas bandas. “Tipão” roceiro, linguajar idem , era também um excelente e divertido humorista. Lembro-me de uma “historinha” que gostava de contar, de manhãzinha ,na rádio:

-“Rico fazendeiro em Jataí (GO), grande produtor leiteiro, o seu rebanho “pegou” uma doença que ninguém descobria o que era. Soube ,através de um amigo que, em Rio Verde (GO), ali pertinho, tinha um “ benzedor” que curava toda e qualquer doença em animais. Mais que depressa, mandou buscar o “benzedor”. Na fazenda “ 3 Potes”, ao ver o gado morrendo, fez uma única exigência. Só iria “benzer” e “ curar” o gado, se a esposa do fazendeiro ficasse “pelada” com ele, sozinhos, num quarto. Pensando mais no gado, que na mulher, o fazendo concordou. Mas, desconfiado, ficou com o ouvido colado à porta. No quarto escuro, começou a ouvir :

-“Passo a mão no seu pé e curo o boi café”..

-“Aliso sua canela e saro a vaca amarela “

-“Esfrego a mão no seu joelho e curo bezerro coelho “...

-“Passo a mão nas suas coxas , logo fica boa a vaca roxa”...

-“Massageio a sua virilha e levanto a bezerra “maravilha”...

Mal o “benzedor” acabou de falar, o fazendeiro, vermelho de raiva, abriu a porta e deu o seu recado:

-“Moço, já tá muito bão .Pode deixar morrer o boi zebu e a vaquinha “borboleta”...

“Terenço”, contava a “estória” e dava sonoras gargalhadas no microfone ... 


“ Marquez do Cassú’