quinta-feira, 19 de julho de 2018

MARINGÁ com JOSÉ TOBIAS, edição MOACIR SILVEIRAS


A história da música Maringá tem início na década de 1920, na cidade de Pombal, interior da Paraíba. Consta que uma família de retirantes, fugindo da seca do sertão do nordeste, resolve migrar rumo ao sul do país. Reunidos os poucos pertences, sobem em um caminhão pau de arara, enquanto o jovem casal de namorados se despede. Para Maria, filha do casal, outra alternativa não restava senão tentar a sorte da grande cidade de São Paulo. Para o caboclo que fica só resta a dor da saudade, pois de parcos recursos e sem dinheiro não tinha como embarcar no caminhão. Com os olhos rasos d'água, embaçados pela poeira da estrada, corre atrás do velho caminhão, tentando guardar a imagem do último adeus. Nada se sabe sobre o caboclo que ficou, era mais um pobre coitado como tantos, largado a própria sorte. Em vão alguns amigos condoídos reúnem alguns trocados para ajudá-lo a também embarcar, mas não o suficiente para custear a viagem. Separados pela miséria e pelo destino. Esta é a comovente história de Maria, moradora do Ingá, nas beiras do rio Piranhas, do sertão da Paraíba. Menina prendada, que deste os 12 anos já preparava pratos típicos do nordeste e a quem o jovem caboclo entregou seu coração.

MARINGÁ com JOSÉ TOBIAS

 É Ruy Carneiro, amigo comum dos jovens e filho ilustre da cidade de Pombal, quem narrou o ocorrido ao compositor Joubert de Carvalho, durante uma conversa de bar em época que os dois viviam no Rio de Janeiro, então capital federal. O compositor chegou mesmo a duvidar da história, mas Ruy confirmou que fora testemunha ocular do fato, por estar no interior do bar, quando da partida dos retirantes. A história se deu durante a seca de 1877, a mesma que obrigou o futuro senador Ruy Carneiro a abandonar a região. Emocionado com a tragédia que acabara de ouvir e comovido com o desespero do caboclo que ficou, veio-lhe então a inspiração para a música. Nascia assim "Maringá", uma das mais sensíveis e criativas composições da lavra de Joubert de Carvalho, mineiro da cidade de Uberaba, onde nasceu em 05 de março de 1900. A música foi composta em 1932, na cidade do Rio de Janeiro onde ele estudou e se formou em medicina. A composição virou hino oficial da cidade de Pombal e deu também origem ao nome da cidade de mesmo nome no Paraná, donde veio a expressão "Maringá, cidade canção". Confira a beleza da música e da letra, aqui na magistral interpretação de José Tobias.


MARINGÁ De: Joubert de Carvalho Foi numa leva 


Que a cabocla Maringá

Ficou sendo a retirante 

Que mais dava o que falar.

E junto dela 

Veio alguém que suplicou 

Pra que nunca se esquecesse

De um caboclo que ficou

Antigamente

Uma alegria sem igual

Dominava aquela gente

Da cidade de Pombal.

Mas veio a seca

Toda chuva foi-se embora

Só restando então as água

Dos meus óio quando chora.

Estribilho

Maringá, Maringá,

Depois que tu partiste,

Tudo aqui ficou tão triste,

Que eu garrei a imaginar:

Maringá, Maringá,

Para haver felicidade,

É preciso que a saudade 

Vá batê noutro lugá.

Maringá, Maringá,

Volta aqui pro meu sertão 

Pra de novo o coração 

De um caboclo assossegá.