sábado, 14 de julho de 2018

Piau assina convênio entre Arquivo Público e Catedral Metropolitana de Uberaba

Livros da Catedral serão digitalizados e disponibilizados on-line preservando a história de Uberaba e seus cidadãos

Prefeito Paulo Piau assinou nesta quinta-feira (15) convênio para a digitalização dos livros de Batismo, Tombo, Óbito e Casamento da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e de Santo Antônio e São Sebastião – Catedral Metropolitana, no período de 1831 a 1950, acervo que contém a história de Uberaba, genealogia das famílias pioneiras e a história da instituição religiosa em Uberaba. O convênio de um ano é entre a Secretária de Governo / Superintendência do Arquivo Público de Uberaba e a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e de Santo Antônio e São Sebastião – Catedral Metropolitana.

O prefeito Paulo Piau destacou a importância da parceria, pois o município dá um passo importante na preservação da sua memória. “Este convênio garantirá a preservação deste acervo, a acesso das pessoas a estes documentos ricos em conteúdo e história. O município tem o papel de garantir que estas informações sejam preservadas e também disponibilizadas para a comunidade e historiadores”, destacou ele, solicitando também que a UFTM, por meio do seu curso de História seja envolvida no trabalho.

Participaram da assinatura com o prefeito, Marta Zednik, superintendente do Arquivo Público, pároco Monsenhor Valmir Aparecido Ribeiro e o secretário de Governo, Antônio Sebastião Oliveira.

Marta explica que o acervo é uma fonte preciosa de pesquisa de genealogia, por registrar os acontecimentos da época. “Passava tudo pela Catedral. E eles têm esse acervo que é maravilhoso. Muitos pesquisadores procuram o Arquivo Público para obter essas informações e nem sempre a Catedral está aberta para pesquisa, por terem outros compromissos. Então é uma parceria muito importante”, conta a superintendente.

Monsenhor Valmir conta que no período havia uma vinculação entre a Igreja e o Estado, com as paróquias e suas secretarias funcionando como cartório da época. “A Igreja Católica era chamada de religião oficial do Estado, porque ela oficializava atos que hoje são próprios do poder civil. Então, a Igreja sempre fez com muita preocupação e exatidão os assentamentos dos batizados, que acabaram se tornando como a certidão de nascimento, dos casamentos e dos óbitos. E esses documentos, que eram documentos religiosos, se tornavam documentos civis, cabendo grandes preocupações por questão de herança, quem é filho de quem, casou com quem e quem fica com os bens do falecido”, relata o pároco. Ele destaca que a compreensão dessa preocupação é que motivava para que houvesse a exatidão desses documentos, que a Igreja sempre manteve sob sua responsabilidade, e por isso, esses documentos contam a história do lugar.

De acordo com Marta, após a digitalização dos livros, eles serão transformados em e-books e disponibilizados via internet, para mais rapidez e facilidade na consulta do acervo. “Temos uma demanda muito grande de alunos e professores, para o estudo da genealogia de famílias, história do próprio município, porque tudo era registrado nos livros de Tombo, as histórias dos acontecimentos da cidade, que é um prato cheio para a pesquisa”, esclarece.

Monsenhor Valmir ainda destaca que a digitalização irá facilitar a pesquisa de muitas pessoas que têm interesse, pois o manuseio dos livros nem sempre é possível, devido à situação física preocupante de alguns exemplares. “Não é uma preocupação somente religiosa, é uma preocupação civil, porque ela diz respeito à sociedade local como um todo, ao povo de Uberaba. Como a Igreja era o grande cartório do império, a documentação tida como religiosa é reconhecida pelo civil e ainda hoje em muitos casos”, relata o pároco.

Ele ainda usa o exemplo de uma pessoa ou uma família que está buscando a obtenção de uma dupla cidadania: “Vamos falar da cidadania italiana, e chega num momento em que os documentos civis não são suficientes para que ele obtenha a cidadania. O governo italiano reconhece isso e o governo brasileiro também: os documentos obtidos nas paróquias, portanto casamentos, batizados, onde se provam a filiação e a descendência, eles são aceitos como provas finais para obtenção da cidadania”. 

16/02/2018

Clarice Sousa
Secom/PMU



Cidade de Uberaba

Fundação Cultural recebe gravações de documentário do Iepha-MG

A Fundação Cultural de Uberaba abriu as portas ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), que chegou na cidade segunda-feira (9) e permanece até esta quinta (12). O Instituto está captando dados para a pesquisa “Violas: o fazer e o tocar em Minas”. Sua finalidade é pesquisar, proteger e promover os patrimônios culturais históricos, naturais e científicos, materiais ou imateriais, do Estado, entre eles a viola.

Ana Paula Lessa Beloni, analista de patrimônio, formada em ciências sociais, explica que o objetivo principal é mapear os fazedores e tocadores de viola pelo estado de Minas Gerais. O cadastro é, principalmente, feito online na plataforma do site do Iepha.

De acordo com a historiada do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), Cida Manzan, foram filmadas, nos espaços da Fundação Cultural, duas catiras, que são movidas a base da viola. Também foram captadas imagens dos violeiros, que são luthiers, nome dado aos construtores de instrumentos de cordas. 

A pesquisa busca levantar as características e diversidades regionais relacionadas, tanto à produção, quanto à atividade de tocar a viola. Além de compreender as relações que esse instrumento estabelece, tanto com os indivíduos, quanto com os grupos sociais onde está inserido. A viola está presente em todo estado e está ligada a práticas religiosas como folia, congada e catira. “Esse instrumento é um dos elementos estruturantes da cultura mineira e um dos principais porta-vozes do mundo rural, caipira e sertanejo”, pontua Ana Paula.

Uberaba é reconhecida historicamente por ser o município com maior número de Folias de Reis e é o ponto forte do nascimento da catira, descendente de Manuel Rodrigues. O amor pela viola é passado de geração para geração e no geral os conhecimentos são transmitidos de maneira oral. O Iepha já passou por municípios do norte de Minas Gerais, pela região metropolitana e agora Triângulo Mineiro. A pesquisa deverá ser finalizada em maio, para que a viola possa ser tombada como patrimônio histórico imaterial do estado.12/04/2018

Comunicação PMU/FCU

FCU reinaugura bustos da Mãe Preta e Princesa Isabel durante os festejos do 13 de Maio

A ação busca preservar a memória e divulgar a importância dos monumentos, que receberam restauração 

A Fundação Cultural de Uberaba (FCU) promove neste domingo a reinauguração do Busto da Mãe Preta e da Princesa Isabel, que receberam revitalização e melhorias para a preservação. Os eventos serão realizados no domingo (13) durante as celebrações do 13 de Maio, data da abolição da escravatura. A entrega do Busto da Mãe Preta, na Praça Comendador Quintino, em frente ao Grupo Brasil, será às 10h. Já o busto da Princesa Isabel será às 11h30, na praça Santa Terezinha.

A reinauguração na praça Comendador Quintino terá várias atrações para o público geral. O Coletivo Axé apresentará “Revolução Preta”!, uma performance poética e musical que retrata a história do homem negro em sua trajetória dolorosa da África ao Brasil. Autores irão declamar poemas autorais e poemas de autores consagrados, dentre eles Conceição Evaristo, Elisa Lucinda e Carlos Drummond de Andrade. A solenidade também terá a participação da professora Inês Fernandes do Coral Afro, além de uma apresentação da Lions Big Band.

A FCU, através do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), realizou no bem a troca dos suportes de madeira e restauro, realocação da placa, reforma das pedras locais que estavam danificadas, bem como retirada de emendas em concreto. O monumento é inventariado pelo Conselho do Patrimônio Histórico e artístico de Uberaba (Conphau) e tem forte significado para as tradicionais festividades culturais afros da cidade.

De acordo com a historiadora Cida Manzan, a ilustração da negra dando de mamar ao bebê é uma homenagem à mulher negra escravizada, que amamentava os filhos dos senhores e criava essas crianças. “Ele representa a mulher dando de mamar e ainda transmitindo carinho. Manter viva a memória e o respeito por essas mulheres é importante, pois aqui tivemos muitas amas de leite, que eram escravas e cuidaram de várias crianças uberabenses”. O busto da Mãe Preta é obra do artista Hélio Ademir Siqueira e foi inaugurado na Praça Comendador Quintino no dia 13 de maio de 1978.

Princesa Isabel – O monumento da Princesa Isabel na praça Santa Terezinha, também inventariado, passou por uma série de procedimentos visando melhorias e sua preservação. Foram desenvolvidos serviços como remoção de pichações, repintura, restauração e proteção de vidro. Ele será entregue durante a programação, às 11h30, quando os grupos de Congada chegam à praça para participar em seguida da tradicional missa afro.

O monumento da Princesa Isabel faz reverência à personalidade que assinou a Lei Áurea que aboliu juridicamente a escravidão no Brasil. O busto foi inaugurado no dia 13 de maio de 1961 e o local se tornou um referencial dos grupos que sempre estiveram envolvidos nas comemorações do dia “13 de maio” na cidade de Uberaba.

Importante destacar que as melhorias nos bens históricos foram custeadas pelo Fundo Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Fumphau), que provém de arrecadações do ICMS Cultural.12/05/2018

Luiza Carvalho – Jornalista

Raiane Duarte – estagiária de Jornalismo
Comunicação PMU/FCU

Fundação Cultural está registrando casas de Candomblé e Umbanda de Uberaba


Por meio da equipe técnica do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), a Fundação Cultural de Uberaba desenvolve projeto para inventariar casas de religiões com matrizes afro-brasileiras. As atividades de reconhecimento de campo incluem entrevistas com os anfitriões dos terreiros e tendas, filmagens e fotografias. 

O trabalho envolve duas práticas de conservação de patrimônio, seja ele material ou imaterial. A primeira é o inventário e depois há o nível máximo de conservação, que é o tombamento, feito através de um dossiê. O professor de história do setor de Patrimônio, Gustavo Vaz Silva, explica que todo ano as informações levantadas são remetidas ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), para depois virarem pontuação no ICMS Cultural, que é o recurso que o município recebe para fazer esse tipo de projeto. 

“Dentro disso trabalhamos com o imaterial, como neste caso mais específico. Já fizemos as Folia de Reis, que em Uberaba existem mais de 100, e com as Congadas e Moçambiques. Havia uma demanda em 2016 de fazer as casas de matrizes africanas, tanto o Candomblé quanto a Umbanda. No primeiro momento foram feitos cinco casas; a Tenda de Umbanda Pena Verde do Dárcio Gomes, a Tenda de Umbanda Nossa senhora do Rosário da Tia Luzia, Asé Opó Barú do Babá Carlos, Ilê de Ogum Já da Mãe Marlene e Asé Ode Omilodé do Pai Renato. Porém há muitas outras casas em Uberaba, então, terminamos o processo com as Folias, e esse ano o Conselho aprovou o trabalho com essas cinco casas e com mais algumas”. 

Até o momento a iniciativa engloba 12 casas de religiões de matrizes afro, sendo três tendas de Umbanda e nove terreiros de Candomblé. Dentre as cinco que já participavam, foram incluídas, por enquanto, Asé Toby Odé Kolê do Pai Vitor Oxossi, Asé Olorokê Ti Efon ÁÁfin Omo Ayra do Pai Rogério, Afim Osumare da Mãe Bia Ty Oxumare, Asé Ayra Intilé do Pai Gabriel Ty Ayra, Inzo Ione Ria Inkosi do Babá Sirley Moura, Ilê Alaketu Oluwa Bi Orun do Babá Rafael Cherin e Tenda de Umbanda Tupi Tupiara da Gina. 

O intuito geral desse registro é catalogar e ter uma estimativa da quantidade de lugares em Uberaba voltados para o Candomblé e Umbanda. A historiadora do setor de Patrimônio, Maria Aparecida Manzan, esclarece que em Uberaba há muitas casas, mas que não se sabe ao certo qual a totalidade real. Para dar início a esse projeto foram selecionadas as mais antigas, pois delas nascem as novas. 

Essas religiões, segundo a historiadora, preservam a cultura afro-brasileira, a cultura dos orixás, das tradições vindas da África. “O candomblé se adaptou as condições brasileiras, mas mantendo a integridade africana. Já a Umbanda nasceu no Brasil, com os escravos nos terreiros das casas grandes e nos cultos das senzalas. Nas fazendas quando se cantava para outros santos católicos os escravos cantavam também, mas seus cantos eram direcionados aos orixás e aos deuses africanos. Como os senhores não conheciam a língua que estava sendo cantada eles achavam que os escravos estavam cantando normalmente para os santos católicos. Assim foi perdurada essa tradição, mantendo essa religiosidade africana, porém Umbanda é afro-brasileira, totalmente criada no Brasil, pode até ter uma origem longínqua, porque os escravos vieram da África”. 

Manzan destaca, além disso, que a Umbanda é oficializada na própria constituição brasileira como uma religião do país e do povo negro. “Já o Candomblé veio da África e se manteve no brasil. Porém o Candomblé africano é muito diferente, no sentido de pompa, de apresentações e nas formas como cultuam os deuses. Lá o trabalhador sai da lavoura e vai para o terreiro de casa, onde ele canta e dança para seus orixás. Aqui não, aqui há os dias de festa, cada terreiro tem seu calendário, onde festejam, se enfeitam e se arrumam da melhor forma para agradar os orixás”. 

A relevância desse trabalho se dá porque em Uberaba, “cerca de 60% da população é de origem negra e aqui é uma cidade que teve muitos escravos e que tem muitos negros”, enfatiza Manzan. Essa valorização é um patrimônio imaterial porque trata de cantos, danças, costumes e tradições de um povo. É válido ressaltar que o processo de Inventário se dá de casa por casa e não todas de uma única vez, já que cada uma delas tem particularidades específicas. 07/07/2018

Raian Duarte – estagiária de Jornalismo
Comunicação PMU/FCU


quarta-feira, 11 de julho de 2018

Chamando os edifícios pelos nomes

Essa foto aérea do centro de Uberaba,visto a partir da Avenida Fidélis Reis, foi feita na primeira metade da década de 1970, provavelmente entre 1972 e 74. A curiosidade é que, salvo algum esquecimento, aparecem nela todos os "arranha-céus" que então havia na cidade – considerados assim os edifícios com mais de 5 pavimentos. 

Vista aérea do centro de Uberaba na primeira metade dos anos 1970.

Além de caberem numa única foto, a curiosidade é que, nessa época, não apenas os moradores mas todo mundo na cidade se referia a eles pelos nomes: eram tão poucos que sabíamos como se chamava cada um.

Vista aérea do centro de Uberaba na primeira metade dos anos 1970.

Facilitava essa tarefa o fato de que os nomes eram todos em português e muito mais sóbrios que os atuais. Nada desses nomes supostamente sofisticados em inglês, francês e italiano que dominam os lançamentos imobiliários de hoje. 

Na segunda imagem, numerei os prédios para facilitar a localização. 

1. Anexo do Grande Hotel, inaugurado no final dos anos 1950.

2. Grande Hotel de Uberaba, o primeiro arranha-céu da cidade, inaugurado em 1941 na Av. Leopoldino de Oliveira.

3. Edifício Rio Negro, comercial, defronte ao Grande Hotel, onde há uma galeria comercial que liga a Av. Leopoldino com R. Alaor Prata.

4. Edifício Drogasil, comercial, no primeiro quarteirão da Rua Artur Machado.

5. Edifício Pascoal Toti, residencial, na Av. Fidélis Reis.

6. Obras do edifício residencial “Delta” da Seguradora Equitativa. Esse deveria ter sido o segundo arranha-céu da cidade. Mas as obras, iniciadas no começo dos anos 1950, ficaram paralisadas por décadas e só foram retomadas em 1977, já com o nome atual: Everest.

7. Edifício do Banco do Brasil.

8. Edifício Abadia Salomão, residencial com lojas no térreo, na esquina da Rua Major Eustáquio.

9. Edificio Amazonas, residencial e ainda em obras, na Rua Governador Valadares.

10. Edifício Rio Branco, residencial com lojas no térreo.

11. Edifício Pedro Salomão, na Travessa Sátyro Oliveira, residencial com lojas no térreo, voltadas para a Rua Manoel Borges.

12. Edifício Rio das Pedras, residencial, na época o mais alto da cidade.

13. Edifício Rio Grande, residencial com lojas no térreo.

14. Edifício Rio Verde, residencial, na Rua Senador Pena, esquina com Av. Leopoldino. 

Quem souber a data da inauguração de algum desses edifícios, por favor coloque nos comentários para completarmos as informações. Correções de enganos também são bem vindas. 


(André Borges Lopes) 

O famoso palhaço Piolin teve seu circo armado em Uberaba

Num velho álbum de retratos do meu bisavô Carlos Augusto Machado (popularmente conhecido como "Carrinho Dentista") encontro, muito maltratadas pelo tempo, essas fotos da montagem do famoso Circo Piolin em Uberaba.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934
Infelizmente, as fotos não têm nenhuma anotação de local ou de data. Mas sabemos que esse circo foi uma das grandes atrações da Exposição Agropecuária e Industrial de 1934, que funcionou durante os meses de maio a julho no terreno dos fundos da antiga Santa Casa, onde hoje está o Hospital-Escola da UFTM. Visitantes ilutres, entre eles o interventor em Minas Gerais Benedito Valadares prestigiaram as apresentações do circo na cidade.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
O famoso palhaço Piolin nasceu Abelardo Pinto em 27 de março de 1897 em Ribeirão Preto, num circo que pertencia a seus pais, o empresário Galdino Pinto e a artista circense Clotilde Farnesi. Abelardo foi contorcionista, acrobata, ciclista, músico (tocava violino e bandolim) e, por volta de 1917, passou a fazer o palhaço Careca. Mas logo mudou para Piolin, “barbante” em espanhol, nome surgido numa brincadeira com suas pernas finas; em 1929 Abelardo incorporou-o a seu nome de batismo, tornando-se Abelardo Pinto Piolin.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
Em 1925, associou-se a Alcebíades Pereira e viveu sua fase de glória, com um circo montado no Largo do Paissandu, na capital paulista. O presidente Washington Luiz era seu fã e tinha cadeira cativa todas as quintas-feiras no seu circo, e os intelectuais modernistas, seus fãs assíduos, escreviam frequentemente sobre ele em jornais e revistas.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
Durante mais de 30 anos, Piolin teve seu circo armado em São Paulo, no Paissandu e depois nos bairros do Brás, Paraíso e Marechal Deodoro e, por fim, num terreno público na Avenida General Osório da Silveira onde permaneceu por 18 anos, até ser despejado, no final de 1961. O despejo de Piolin tornou-se, assim, símbolo do descaso dos poderes públicos para com o circo.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.

Anúncio da Exposição no jornal Lavoura e Comércio, junho de 1934.

Anúncio da Exposição no jornal Lavoura e Comércio, junho de 1934.

Em 1972, numa iniciativa de Pietro e Lina Bo Bardi, organizadores da exposição do cinquentenário da Semana de Arte Moderna, o Circo Piolin foi armado no Belvedere do MASP. Nesse mesmo ano, 27 de março, data do aniversário de Piolin, foi declarado oficialmente como o Dia do Circo. Abelardo faleceu em setembro de 1973.

(André Borges Lopes)

Obras-Primas do Cinema Europeu

BERLIM, SINFONIA DA METRÓPOLE
O Ritmo do Século

Guido Bilharinho
O Ritmo do Século

Se o cinema nas duas primeiras décadas do século XX tateava à procura de uma linguagem própria com base na paulatina descoberta, utilização e domínio dos recursos da câmera, das possibilidades da imagem em movimento e dos primeiros (e fundamentais) passos para o conhecimento e conscientização dos efeitos da montagem, os anos 20 desse século assistem a eclosão de uns e outros.

         Nessa década dão-se realizações artísticas experimentais e de vanguarda como nunca antes e nem depois o cinema teria iguais, em qualidade e intensidade, bastando lembrar, entre outras, as obras de Marcel L’Herbier, Fernand Léger, Walter Ruttmann, Marcel Duchamp, Germaine Dulac, René Clair, Man Ray, Dimitri Kursanoff, Alberto Cavalcanti, Buñuel, Viking Eggeling e Hans Richter.

         Um desses filmes é Berlim, Sinfonia da Metrópole (Berlin, die Symphonie der Grosstadt, Alemanha, 1927), de Walter Ruttmann (1887-1941), que viera da realização da série abstrata Opus (1922/1925).

         Antes, pois, do célebre filme Um Homem Com Uma Câmera (Cheloveks Kinoapparatom, U.R.S.S., 1929), de Dziga Vertov, mas já influenciado pelas ideias desse realizador soviético, Ruttmann dá à luz sua obra fundamental, que se torna também, automaticamente, um dos filmes capitais do cinema.

         O que prenuncia o título materializa-se em imagem de grande esplendor, em construção de extrema perspicácia cerebral, alta acuidade visual e apropriada montagem de movimentos de tão vibrante constância e sucessividade que captam e fixam o ritmo do século, que só o cinema possibi­lita em toda sua concreticidade e grandeza.

         O filme visualiza o pulsar da atividade humana na era 01 (zero um) da máquina, já que a era 0 (zero) deu-se no século XIX, numa demarragem que não tem nem terá fim, prefigurando ininterruptas continuidade, aperfeiçoamento e desenvolvimento, como o transicional século XX demonstrou.  Dificilmente será encontrável obra que traduza e transfigure em arte o cerne de seu tempo em sequência poética de figurações instantâneas do habitat construído até então pelo ser humano e de sua ativa inserção nesse contexto.

         A velocidade dessa sucessão em cortes rápidos e montagem célere aliada à articulada visão do artista resultam em primorosa súmula desse universo humano numa das grandes metrópoles do planeta.

         No filme ressaltam-se em iguais importância e intensidade a realidade material urbana e a ação e movimentação nela do ser humano, sem esquecer os instantâneos, com toda sua construção imagética, de alguns animais, inclusive em montagem contrastante com atos humanos.

         No primeiro caso, avultam as imagens do outrora mais veloz meio de locomoção terrestre, o trem, em perspectivas impressionantes, resultantes de enquadramentos de grande eficácia estética. Daí em diante sucede-se a exposição da metrópole que desperta suas forças vivas, abrangendo sem-número de situações e aspectos urbanos mostrados em tomadas adequadamente anguladas, por força do inteligente e artístico olhar do cineasta, construtor de uma poética não só da imagem, tão forte como a da palavra, mas de verdadeira poética da matéria.

         Só olhar desse quilate teria condições de empalmar, utilizar e direcionar os recursos da câmera e da montagem para configurar obra desse vigor e proporções, em que cada instantâneo e sua reunião e montagem atingem força estética proveniente de um poder e sofisticação raramente encontráveis.

         Enfim, em questão de imagem e montagem não há nada que já não esteja nesse filme ou que nele não se embase e inspire, e que não é apenas efeito da vanguarda, mas, a própria vanguarda. O filme não constitui, obviamente, ficção. Nem documentário. É imagem em movimento. Cinema, enfim.
*
         Além e independentemente de seu valor artístico, revela uma cidade diferente do estereótipo utilizado para explicar e justificar o progresso do país sob a posterior administração nazista. Numa pujança como aquela não há nada extraordinário nesse êxito, visto que representou o desenvolvimento natural que empolgação do poder e inteligente manipulação cristalizaram. Milagre mesmo seria esse grupo ter os resultados alcançados em países subdesenvolvidos. Na Alemanha que o filme mostra não é vantagem. Malgrado a derrota na Primeira Grande Guerra e o processo inflacionário dos anos de 1920, o país era, ao findar a década, o mais desenvolvido do mundo.

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional.


terça-feira, 3 de julho de 2018

Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel sendo calçada com paralelepípedos em 1938

Na primeira foto, publicada na revista "O Cruzeiro" em 1938, vemos a Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel sendo calçada com paralelepípedos. Ao fundo os terrenos ainda baldios adiante da ponte da Rua Segismundo Mendes, na direção do Mercado Municipal e da antiga Penitenciária (atual Faculdade de Medicina da UFTM).

 Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel 

Na segunda imagem, um anúncio do lançamento do loteamento "Vila Jardim" no jornal Lavoura e Comércio de janeiro de 1944, entre a praça do Mercado e a Av. Guilherme Ferreira – quando foi aberta a Rua Cunha Campos

Anúncio do lançamento do loteamento "Vila Jardim" no jornal Lavoura e Comércio de janeiro de 1944

Na terceira foto, a mesma região por volta de 1950, onde já vemos as primeiras casas construídas no novo loteamento.

No início de 1944 a Avenida Leopoldino de Oliveira já chegava até a praça do Mercado e Guilherme Ferreira também tinha sido aberta e urbanizada. O Sr. Joviano Jardim, proprietário do terreno, abriu a Rua Cunha Campos e loteou os dois quarteirões. Nota-se que, em especial defronte às avenidas, foram feitas casas casas maiores, que ocupam dois ou três dos lotes originais.

Primeiras casas construídas no novo loteamento

Década de 1950. No primeiro plano à direita, o prédio do Grande Hotel na Avenida Leopoldino de Oliveira. Ao centro o Mercado Municipal, o prédio da antiga Penitenciária (sendo reformado para receber a Faculdade de Medicina) e, logo atrás, o Colégio Nossa Senhora das Dores. Ao fundo, á direita, a torre da Igreja da Abadia.

A última imagem mostra uma vista aérea (do Google Maps) da mesma região em 2018.

Vista aérea (do Google Maps)



1921_O "Campo do RED" na Revista Brasil Ilustrado

No início da década de 1920 houve uma breve mas intensa rivalidade entre o Uberaba Sport Club (fundado em 1917) e uma agremiação dissidente, o RED – que nasceu RED AND WHITE, em homenagem ao clube que inicialmente o hospedou. Pouco tempo depois, renegando suas origens, adotou um novo nome – Associação Athletica do Triângulo – e novas cores, preto e branco. O USC teria se tornado o time favorito da classe média baixa e dos pobres, enquanto o RED caiu nas graças da elite endinheirada.

Associação Athletica do Triângulo

Corre na cidade uma antiga lenda de que os dois times teriam marcado, em 1921, um “Jogo do Século”, que deveria resultar no fim das atividades do time que fosse derrotado. O USC teria derrotado o RED por 1 X 0, mas perdeu os pontos da partida em função da escalação irregular do atleta Hildebrando de Moraes.

Verdade ou não, o fato é que a Associação Athlética sobreviveu por mais algum tempo. Em 1922, venceu o primeiro campeonato de futebol do Triângulo Mineiro, onde se enfrentaram equipes de Uberaba e Araguari.

O "campo do Red" funcionava na avenida Triângulo Mineiro (hoje, Av. Alberto Martins Fontoura Borges), do lado contrário da antiga fábrica de tecidos, entre o inicio da Av. Rio Branco e a Rua Jockey Club (hoje, Rua Rodolfo Machado Borges). Uma área grande, que chegava aos fundos da Rua José de Alencar.

Campo do Uberaba Sport Clube

Aparentemente, é esse campo que aparece nessa foto de 1921 da revista "Brasil Ilustrado". A arquibancada tem um desenho semelhante, mas é menor e mais simples que a do campo do USC, inaugurado em novembro de 1922, que aparece na segunda foto (do acervo do Arquivo Público de Uberaba).

MOVIMENTOS POÉTICOS DO INTERIOR DE MINAS GERAIS (EM TRÊS VOLUMES) VOL. II DESDE

Movimentos Poéticos de Minas Gerais.


DESDE 04 DE JUNHO NO BLOG



GRUPOS DE

                  DIVINÓPOLIS                                                                                   UBERABA

                  SABARÁ                                                                                            GUAXUPÉ

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Igreja São Domingos

Igreja São Domingos
Primeiro templo dominicano construído no Brasil, a Igreja São Domingos foi erguida em terreno doado pelo Comendador José Bento do Vale e projetada pelos engenheiros Egídio Betti Monsagratti, Dr. Florent e construída pelo José Cotani. Com estilo neogótico, sua forma em cruz assemelha-se às igrejas bizantinas. Sua inauguração só ocorreu em 1904, ainda sem as torres, as quais foram terminadas em 1914. Por esse motivo ficaram com estilo diferente da construção original, que é toda construída em tapiocanga de cor avermelhada, deixadas aparentes, naturais da região de Uberaba. (Foto: Cobertura Aérea Show Drone - Adriano Silva)

CURVAS DA VIDA

O dinheiro não aceita desaforo
Disse um pensador certo dia
Só não falou no desdouro
Que o ex rico enfrentaria


Enquanto se tem o bendito dinheiro
Tudo é bonito e cheio de graça
Ao se perdê-lo por inteiro
Experimenta-se o sabor da desgraça


O grande só quer a grandeza
Não se contenta em ser o que é
Quando perde a realeza
É como se fosse da ralé


Vi serem feitas fortunas
Que surgiram quase do nada
Chegadas as horas oportunas
Foram-se com a força da enxurrada


Refleti e não acreditei
Diante de um suntuoso prédio
De seu próspero dono me lembrei
Hoje longe do dinheiro seu amigo é o tédio


Sob a marquise dormia
Um andarilho vigilante sem teto
Por ali passou garboso um dia
O ex dono daquela lage de concreto


Veja as coisas como são:
Ontem um patrimônio crescia, crescia...
Enquanto seu dono se distraía
Tudo acabou indo ao chão.


João Eurípedes Sabino       27/06/18

terça-feira, 26 de junho de 2018

Uberaba Minas Gerais - MG Histórico


Segundo alguns autores, o topônimo Uberaba origina-se do tupi "Y-beraba", que quer dizer "água clara". Os primeiros conquistadores que perlustraram terras do Triângulo Mineiro pertenciam à bandeira de Sebastião Marinho, que, no século XVI, atravessou a região, rumo a Goiás. Seguiram-se outros movimentos de penetração, como os de Afonso Sardinho, João do Prado, João Pereira de Souza Botafogo e Nicolau Barreto. Depois dessas primeiras entradas, o território do atual Município de Uberaba foi passagem forçada de todos os exploradores que se encaminhavam aos sertões goianos. A rota de Bartolomeu Bueno da Silva, o "Anhangüera", transformou-se, depois de 1722, em estrada, conhecida inicialmente por Estrada do Anhangüera, depois Estrada de Goiás e, mais tarde, Estrada Real. O primeiro núcleo branco do Triângulo Mineiro foi Tabuleiro, à margem do rio das Velhas, onde, aos poucos, se iam fixando aventureiros que se destinavam a Goiás ou dali regressavam desiludidos. Mas, tendo sido o povoado atacado pelos índios caiapós e reduzido a cinzas, parte de seus habitantes fugiu desordenadamente e alcançou Perdizes, em Araxá, enquanto outra parte, maior e mais disciplinada, se afastou três ou quatro léguas de Tabuleiro e fundou o arraial do Desemboque. Em data não determinada com precisão, partiram do Desemboque alguns aventureiros, não mais dominados pela idéia do ouro, mas em busca de terras próprias à agricultura e à criação de gado. Em 1809, segundo uns, ou 1812, segundo outros, ergueram um povoado na cabeceira do ribeirão Lajeado, construíram uma capela tosca e colocaram o povoado sob a proteção de Santo Antônio e São Sebastião. Seu nome primitivo era Arraial da Capela do Lajeado. O novo núcleo, todavia, não encontrou elementos propícios ao desenvolvimento. A falta de terras férteis e à escassez de água, juntava-se o temor constante dos caiapós, sempre dispostos a repelir com violência os povoadores brancos. Alguns componentes da expedição colonizadora regressaram ao Desemboque e relataram ao juiz-comissário, Sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira as dificuldades dos habitantes do Arraial. Comandando um grupo de mais de trinta homens, Eustáquio dirigiu-se ao povoado e, não lhe agradando o local escolhido, nas cabeceiras do córrego Lajeado, avançou para o oeste em busca de melhores terras, mais bem servidas de aguadas. Escolheu um sítio à margem esquerda do córrego das Lajes, na confluência deste com o rio Uberaba. Aí se fundou a futura Capital do Triângulo Mineiro, a mais ou menos 15 quilômetros do primitivo Arraial da Capelinha. Este entrou em decadência, à medida que seus habitantes se transferiam para as imediações da casa construída por Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira. Erguida uma capela sob a mesma invocação de Santo Antônio e São Sebastião, o novo povoado entrou em fase de progresso e prosperidade. Gentílico: uberabense Formação Administrativa: Distrito criado com a denominação de Santo Antônio de Uberaba, pelo decreto de 2, de março de 1820, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, subordinado ao município de Araxá. Elevado à categoria de vila com a denominação de Santo Antônio de Uberaba, pela lei provincial nº 28, de 22-02-1836, desmembrado de Araxá. Sede na antiga povoação de Santo Antônio de Uberaba. Instalado em 07-01-1837. Pela lei provincial nº 288, de 12-03-1846, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso e anexada a vila de Santo Antônio de Uberaba. Elevado á condição de cidade com a denominação de Uberaba, pela lei provincial n° 759, de 02-05-1856. Pela lei provincial nº 831, de 11-07-1857, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de São Pedro de Uberabinha e anexado ao município de Uberaba. Pela lei provincial nº 2464, de 21-10-1878, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Conceição das Alagoas e anexado ao município de Uberaba. Pela lei provincial nº 3643, de 31-08-1888, desmembra do município de Uberaba o distrito de São Pedro de Uberabinha. Elevado á categoria de vila. Pelo decreto estadual nº 322, de 15-01-1891, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de São Miguel do Veríssimo e anexado ao município de Uberaba. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 4 distritos: Uberaba, Conceição das Alagoas, Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso e São Miguel do Veríssimo. Assim permanecendo nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920. Pela lei estadual nº 843, de 07-09-1923, o distrito de Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso tomou o nome de Campo Formoso. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 4 distritos: Uberaba, Conceição das Alagoas, Campo Formoso (ex-Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso) e São Miguel do Veríssimo. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937. Pelo decreto-lei estadual n.° 148, de 17-12-1938, desmembra do município de Uberaba os distritos de São Miguel do Veríssimo com a denominação de Veríssimo, Conceição das Alagoas e Campo Formoso elevando-os á categoria de município. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído do distrito sede. Pela lei nº 336, de 27-12-1948, é criado o distrito de Água Comprida e anexado ao município de Uberaba. Pela lei estadual nº 1039, de 12-12-1953, desmembra do município de Uberaba o distrito de Água Comprida. Elevado á categoria de município. Ainda, pela mesma lei acima citado é criado o distrito de Baixa e anexado ao município de Uberaba. Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Uberaba e Baixa. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 31-XII-1971. Pela lei estadual nº 6769, 13-05-1976, é criado o distrito de Ponte Alta e anexado ao município de Uberaba. Em divisão territorial datada de 1-I-1979, o município é constituído de 3 distritos: Uberaba, Baixa e Ponte Alta. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. Alteração toponímica municipal Santo Antônio de Uberaba para Uberaba, alterado pela lei provincial n° 759, de 02-05-1856.     

segunda-feira, 25 de junho de 2018

RÁDIO

O rádio é o mais tradicional veículo de comunicação, mesmo com o advento de outros poderosos meios de visualização dos fatos “ in tempore”, realmente espantoso. O mundo, segundo Mc Luhan, se tornou uma “ aldeia global”. Um chute mal dado num campo de terra na Cracóvia, se noticia, é visto no mundo inteiro. Um afogamento no Afeganistão, é mostrado, rapidamente, em todo o mundo. Uma geleira que despenca o bloco , em Bariloche, em segundos, é vista no universo. E por aí, vai...

Só que o rádio não morreu. É o nosso eterno companheiro de todas as horas. No quarto, no banheiro, no carro, é imprescindível. Dia e noite. Pela manhã, ou fim de tarde. No ar, na terra, no mar. Ouvindo música, noticia, no imediatismo da imagem, principalmente em Copa do Mundo, ouvindo as “ baboseiras” dos Galvão Bueno da vida, confesso, tenho imensa saudade das narrações vibrantes de Jorge Curi, Antônio Cordeiro, Waldir Amaral , Oduvaldo Cozzi, Pedro Luiz, Edson Leite, Fiori Giglioti, Luciano do Vale, Jairo Anatólio, apenas à citar os “ grandes” do nosso rádio esportivo. Na santa terrinha, os exemplos são muitos: Ataliba Guaritá Neto ( Netinho), Leite Neto, Farah Zaidan, Nilton Foresti, João Cid e ainda em ação, David Augusto e o ótimo Moura Miranda. A obviedade dos “narradores de TV”, é “dose”...

O rádio, hoje, é comercial-musical .Deixou de ser artístico-critico-opinativo. Virou “ vitrolão”... O sertanejo tomou conta, sem contar com os grandes apresentadores de ontem e que fizeram história nas emissoras da terrinha. Toninho e Marieta, Edinho Quirino, Nhô Bernardino, Jesus Manzano, Edson Luis, deixaram gravados, indelevelmente, na memória de todos nós, suas vozes saudosas, suas histórias, seus cantores, músicas e duplas prediletas. O rádio sertanejo da época, era o único meio de comunicação entre o campo e a cidade. O serviço de utilidade pública proporcionado é sempre lembrado. Até hoje...( sua bênção, Nhô Bernardino...)

Um animador sertanejo marcou época na terrinha: Orlando Nascimento, na falecida P.R.E.- 5, usava o pseudônimo “Terenço” .Foi o primeiro apresentador de programa” caipira” aqui nas nossas bandas. “Tipão” roceiro, linguajar idem , era também um excelente e divertido humorista. Lembro-me de uma “historinha” que gostava de contar, de manhãzinha ,na rádio:

-“Rico fazendeiro em Jataí (GO), grande produtor leiteiro, o seu rebanho “pegou” uma doença que ninguém descobria o que era. Soube ,através de um amigo que, em Rio Verde (GO), ali pertinho, tinha um “ benzedor” que curava toda e qualquer doença em animais. Mais que depressa, mandou buscar o “benzedor”. Na fazenda “ 3 Potes”, ao ver o gado morrendo, fez uma única exigência. Só iria “benzer” e “ curar” o gado, se a esposa do fazendeiro ficasse “pelada” com ele, sozinhos, num quarto. Pensando mais no gado, que na mulher, o fazendo concordou. Mas, desconfiado, ficou com o ouvido colado à porta. No quarto escuro, começou a ouvir :

-“Passo a mão no seu pé e curo o boi café”..

-“Aliso sua canela e saro a vaca amarela “

-“Esfrego a mão no seu joelho e curo bezerro coelho “...

-“Passo a mão nas suas coxas , logo fica boa a vaca roxa”...

-“Massageio a sua virilha e levanto a bezerra “maravilha”...

Mal o “benzedor” acabou de falar, o fazendeiro, vermelho de raiva, abriu a porta e deu o seu recado:

-“Moço, já tá muito bão .Pode deixar morrer o boi zebu e a vaquinha “borboleta”...

“Terenço”, contava a “estória” e dava sonoras gargalhadas no microfone ... 


“ Marquez do Cassú’

A VASP (Viação Aérea São Paulo) foi fundada em 4 de novembro de 1933

A VASP (Viação Aérea São Paulo) foi fundada em 4 de novembro de 1933, pouco mais de um ano após a derrota dos paulistas no levante de 32, um conflito onde a falta de aviões foi um dos fatores decisivos para a derrota de São Paulo. Surgiu inicialmente como uma empresa privada, organizada por um grupo que reunia 72 empresários do estado.

Inauguração dos voos da VASP para Uberaba,
 em matéria publicada na edição de junho de 1934 da revista Fru-Fru.

Seus primeiros aviões eram dois General Aircraft Monospar ST-4/Mk.II fabricados na Inglaterra. Bimotores monoplanos de asa baixa e trem de pouso fixo, tinham um desenho bastante inovador para a época. Os motores radiais Pobjoy R, de 7 cilindros, moviam hélices bipás de passo fixo e desenvolviam 85 HP cada um. Além do piloto, os Monospar levavam até três passageiros e suas bagagens. 

Um dos aviões Monospar da VASP em manutenção nos hangares da empresa no Campo de Marte, em São Paulo, de onde partiam inicialmente os voos para Uberaba.

Os aviões da nova empresa receberam as matrículas PP-SPA (VASP 1/Bartholomeu de Gusmão) e PP-SPB (VASP 2/Edu Chaves). No dia 12 de novembro um dos Monospar decolou do aeródromo Campo de Marte, na capital paulista, com destino a Ribeirão Preto e Uberaba, e outro decolou para o Rio de Janeiro. Foram os primeiros voos da empresa. 

Anúncio do início dos voos comerciais da VASP publicado em um jornal da capital paulista no dia 16/04/1934.

No início de 1934 os aviões da Vasp fizeram mais algumas visitas experimentais a Uberaba, mas a linha aérea só foi implantada em definitivo após a empresa receber autorização federal, em 30 de março de 1934. As primeiras linhas da companhia, inauguradas em 16 de abril, eram: "São Paulo-Ribeirão Preto-Uberaba" e "São Paulo-São Carlos-São José do Rio Preto". 

João Baugartner, piloto da VASP defronte ao Monospar VASP I "Bartholomeu de Gusmão" (PP-SPA), ao lado do hangar da empresa no Campo de Marte, de onde partiam os primeiros voos para Uberaba.

As primeiras instalações do Campo de Aviação de Uberaba, em 1934, recebendo o Monospar VASP-2 "Edu Chaves" (PP-SPB).



Nas fotos anexas, além dos aviões e da elegância dos seus tripulantes, dá para perceber a precariedade das operações na cidade. Em 1933, o “Campo de Aviação de Uberaba” se resumia a uma pista de terra batida, um pequeno casebre, uma biruta e uma escadinha de madeira para os passageiros. 

(André Borges Lopes)

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Água de pedra

“Nós, professores da educação, merecemos respeito e valorização! Só a educação pode transformar o mundo!” O que acrescentar na frase dos professores? Confesso que me falta inspiração para fazê-lo. 

A frase que destaquei, li numa faixa exposta na capital mineira por cerca de 500 professores da rede estadual, que protestaram diante do Palácio da Liberdade, estando o presente o Governador Fernando Pimentel. Por quê? Eles cobraram e ainda cobram seus salários atrasados, além do fim dos parcelamentos. Não há tortura pior do que sermos transformados em maus pagadores, porque o dinheiro ganho com o suor da face não vem. Essa é a situação que honrados professores mineiros estão experimentando! Não sou hoje, mas já fui professor e sei o quanto é suado o ganho dos docentes. Governos faliram os cofres do Estado, eis a questão! 

Acompanho de perto o drama de algumas escolas estaduais e, preservando-as de represálias, não citarei seus nomes. Falarei como se elas estivessem alhures. É inadmissível ver derrames de dinheiro “pelaí”, com remanejamentos de verbas para outras áreas e a educação, base de toda a sociedade, ser relegada a terceiro plano. Professores (e suas escolas) são tratados como se fossem súditos de um reinado onde as vantagens são abertas aos intocáveis donos do poder. Ser professor é dar de si muitas vezes o que não tem. O estímulo para que a juventude possa forjar o caráter, é ofertado pelo professor mesmo estando ele coberto de desânimo. Esperar o quê das gerações futuras, se os educadores de hoje são “pagos” com o salário humilhação? Enquanto isso as mordomias e negociatas correm soltas! 

Recebi mensagem eletrônica recente de uma professora da cidade de São Caetano do Sul/SP, que diz em síntese: “Reforma já na escola Helena Musumeci! Meu filho e todas as crianças de lá precisam de boa estrutura!”. O descaso é geral, segundo ela, incluindo as condições laborais dos educadores e outros funcionários. Aqui não é diferente, com professores do Estado tirando água de pedra para ajudar suas escolas. Onde chegamos! 

Haverá o dia em que todos serão iguais perante a lei. Que a categoria “A” não receba antes da “B”. Nem a “C” antes da “D” e assim por diante. Que o aposentado não receba míseros R$500,00, valor esse insuficiente na maioria das vezes, para cobrir os custos com remédios. Sem essa de salários repicados! Finalmente; que priorizem hoje a educação para não vermos os dirigentes de amanhã cometer os mesmos erros ora testemunhados.


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG. Jornal da Manhã/Rádio Sete Colinas.

Dom Benedito dirigiu a Arquidiocese por 18 anos

Benedicto Ulhôa Vieira – nome cujo significado é “abençoado por Deus” – nasceu em 09 de outubro de 1920 em Mococa/SP, local onde iniciou o Curso Fundamental, completado no Seminário de Pirapora/SP. Com o tempo, passou a adotar a grafia “Benedito” por ser mais moderna. 

Estudou Filosofia e Teologia no Seminário Central do Ipiranga, São Paulo/SP, ordenando-se padre em 08/12/1948, pelo Cardeal D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Costa. Em 1953, conquistou o doutorado em Teologia. 

Assumiu relevantes cargos em São Paulo: Professor e Capelão da PUC; Reitor do Seminário Central do Ipiranga; Vice Reitor da PUC e Pároco dos Universitários. A restauração administrativa da Arquidiocese de São Paulo, à época, foi orientada por D. Benedito. Era Vigário Geral quando em 1972 foi ordenado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, onde permaneceu até 1978 quando foi nomeado Arcebispo de Uberaba com posse a 15 de setembro de 1978. A frente da diocese uberabense permaneceu até maio de 1996, quando foi substituído por dom Roque Oppermann. 

Quinto bispo e segundo arcebispo na história da Igreja em Uberaba, neste tempo também dom Benedito foi eleito vice Presidente da CNBB de 1983 a 1987. 

Dom Benedito elevou a igreja da Abadia a Santuário de N. S. da Abadia, por ser a principal igreja de devoção popular a N. Senhora, em Uberaba. Em seu tempo, conforme determinação superior, instituiu na Arquidiocese o Curso “Propedêutico” na Paróquia Santa Teresinha, como preparação imediata ao Curso de Filosofia dos seminaristas. Em 1980, na sua primeira visita de entrega de relatórios eclesiásticos “ad limina”, em Roma, foi recebido pelo Papa João Paulo II, ocasião em que o Papa recomendou a assídua visita de Nossa Senhora às famílias, para a preservação da fé católica. 

Seu mandato em nossa Arquidiocese se destacou por duas características principais: firme liderança em necessárias realizações e zelo pastoral. 

Deve-se à liderança pastoral de Dom Benedito a reabertura do Seminário São José na construção do novo prédio no Jardim Induberaba. 

A frente da Arquidiocese de Uberaba dom Benedito fez cerca de 150 visitas pastorais, criou 11 paróquias, ordenou 30 padres e realizou a reforma da catedral, elevando o piso do presbitério, trazendo o altar um pouco mais para frente, além de dotá-la de jazigo destinado aos bispos, inaugurado com a transladação dos ossos de D. Eduardo, primeiro Bispo de Uberaba. 

Foi responsável também pela criação da Comissão de Direitos Humanos da Arquidiocese, com relevante contribuição à sociedade à sua época. 

Realizou a dedicação da Catedral, da “Adoração”, da matriz de Pedrinópolis e da Igreja Abacial das Monjas Beneditinas. 

Arcebispo Emérito de Uberaba, desde 28 de fevereiro de 1996, D. Benedito exerceu uma série de funções como: professor do Seminário São José, capelão do Santuário da Medalha Milagrosa e diretor da Escola Diaconal. 

Escritor, por décadas escreveu artigo semanal para o Jornal da Manhã. Lançou uma dezena de livros e foi membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 


Rubério Santos

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Solenidade de Reabertura com melhoramentos das partes sociais e esportivas do Uberaba Tênis Clube em 1965


Solenidade de Reabertura  do Uberaba Tênis Clube em 1965


Assentados (esquerda para direita)


Ângelo Zicardi

Aleixo Vasques Molinar (Presidente da secretaria do SESC -  Uberaba )

Valdir Rodrigues Vilela (Presidente do clube UTC)


Em pé

Repórter Jesus Manzano fazendo saudações ao Deputado Estadual José Marcus Cherem.



Foto: Schroden Jr.


(Foto do acervo pessoal de Valdir Rodrigues Vilela).

Superintendência do Arquivo Público de Uberaba publica oito obras raras - Almanach Uberabense, em formato digital "e-books".

A Superintendência do Arquivo Público de Uberaba resguarda importante acervo documental, intitulado Almanach Uberabense. Com o objetivo de preservar os originais foi executada sua digitalização e, posteriormente, foi transformado em oito e-books para divulgá-los, viabilizando, assim, a compreensão da história de Uberaba.

O Almach Uberabense constitui uma extensa publicação anual, de interesse coletivo, em prol do engrandecimento intelectual, social, comercial, econômico e material de Uberaba. A primeira edição aconteceu em 1º de janeiro de 1895, por Deoclesiano Veira e Arthur Costa. Consta de uma brochura de 240 páginas, medindo 12,5cm x 9,0cm. Foi impressa no Rio de Janeiro, na Rua Quitanda, 79 b, pelos senhores Alexandre Ribeiro & Companhia.

A publicação do Almanach Uberabense foi interrompida após a primeira edição, em 1895, e continuou em 1903, pelo diretor proprietário, D. Vieira e Aredio de Souza. Seu formato era igual ao da primeira edição de 1895, e maior número de páginas, impresso nas oficinas tipográficas da livraria Século XX. A partir de 1903, o Almanach Uberabense publicou sempre um grande número de ilustrações em clichês - gravuras, sobre assuntos diversos.

As publicações do Almanach após 1904 reduziram-se à dimensão de 12,5cm x 8,0cm.

O Almanach reportava temas diferenciados, entre eles;

- exaltou Uberaba naquela época, como uma das primeiras cidades brasileiras em desenvolvimento, e a terceira ou quinta do Estado;

- noticiou a questão da imigração estrangeira para Uberaba, que muito contribuiu para o desenvolvimento da lavoura e da indústria pastoril;

- reportou a construção de muitos traçados de linhas férreas, entre outros, a estrada de ferro que se dirigia a Frutal, o ramal de Uberabinha a Catalão, que mais tarde viriam a estreitar os vínculos de Mato Grosso e Goiás;

- noticiou a relação das principais casas comerciais e industriais, do pessoal dos artistas, dos funcionários públicos etc;

- veiculou a história de Uberaba, reportada pelo advogado, coronel Antonio Borges Sampaio;

- reportou algumas peças literárias e composições poéticas.

A circulação do Almanach Uberabense encerrou definitivamente, com a publicação de 1911.

Os e-books estão disponíveis no site da Prefeitura:


(Secretaria de Governo – Superintendência do Arquivo Público de Uberaba) e no Blog:



(Superintendência do Arquivo Público de Uberaba)








"Anais dos Livros de Atas da Câmara Municipal de Uberaba - 1857-1900 - Século XIX - Vol.1"

Historiador e coordenador do curso de história da UFU, Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior.
A Superintendente do Arquivo Público de Uberaba, Marta Zednik de Casanova, juntamente com o Diretor do Departamento de Pesquisa Histórica, João Eurípedes de Araújo, fizeram a entrega de uma mídia (DVD) contendo o livro/e-book "Anais dos Livros de Atas da Câmara Municipal de Uberaba - 1857-1900 - Século XIX - Vol.1", à biblioteca do curso de história da Universidade Federal de Uberlândia, representada pelo historiador e coordenador do curso de história da UFU, Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior. O material em questão contém a Edição Inédita da série documental mais importante deste Arquivo, registrando a história do Município desde os primórdios de sua fundação.

(Secretaria de Governo – Superintendência do Arquivo Público de Uberaba) e no Blog:



(Superintendência do Arquivo Público de Uberaba)