terça-feira, 11 de julho de 2017

APARECIDA CONCEIÇÃO FERREIRA – “DONA APARECIDA DO HOSPITAL DO FOGO SELVAGEM”

“Hospital do Fogo Selvagem”

A cidade de Uberaba, além de sua beleza e prosperidade, abriga, em seu seio, importantes personagens do movimento espírita brasileiro. Uma delas, que trabalhou ao lado de Chico Xavier, é Dona Aparecida Conceição Ferreira, que se projetou nacionalmente pela
Fundação do “Hospital do Fogo Selvagem”, especializado no tratamento dos portadores do “Pênfigo Foliáceo”, uma doença cujos sintomas se assemelham a labaredas que percorrem o corpo e deixam na pele verdadeiras marcas de queimadura.

“Dona Cida” começou esse trabalho no ano de 1957, quando trabalhava como enfermeira no Isolamento da Santa Casa de Uberaba. Como o tratamento do Pênfigo era difícil e dispendioso, o hospital acabou por suprimi-lo. A abnegada servidora de Jesus não titubeou: levou os doentes para a sua própria casa.

Pedindo esmolas nas vias públicas e recorrendo aos meios de comunicação, sobretudo com a ajuda dos jornalistas Moacir Jorge e Saulo Gomes, este, através da extinta TV Tupi, e contando com o irrestrito apoio de Chico Xavier, Dona Cida ergueu o grande complexo hospitalar destinado ao tratamento da insidiosa enfermidade.

Depois, com a alteração dos estatutos surgiu o “Lar da Caridade”, que chegou a abrigar mais de trezentos desamparados ao mesmo tempo.

Embora conhecesse Chico Xavier, e dele recebesse ajuda desde o início, tornou-se espírita somente em 1964. Foi o Chico quem a incentivou a fundar o Centro Espírita “Deus e Caridade”, onde ele comparecia para transmitir passes e receber mensagens psicografadas, grande parte delas assinadas por Maria Dolores e Jesus Gonçalves.

Em visita à abençoada seareira, agraciada com o título de Cidadã Uberabense por seus méritos, a “Folha Espírita” dela obteve longa entrevista, da qual destaca alguns lances de sua maravilhosa existência.

As origens: “De acordo com os assentamentos nasci em Igarapava, Estado de São Paulo, filha de Maria Abadia de Almeida, às 4 horas da manhã, no dia 19 de maio de 1917. Meus avós maternos foram Manoel Inocêncio Ferreira e Joaquina Angélica de Jesus. Pelos registros tenho a idade de 82 anos, mas acredito que tenha 86. Nunca vi meu pai e fui criada por avô e tio. Casei-me em Igarapava, no dia 14 de junho de 1934, com Clarimundo Emídio Martins. Lá fiquei até a idade de 36 anos, onde tive meus cinco filhos. De Igarapava fui para Nova Ponte, onde exerci o magistério na zona rural.”
Em Uberaba: “De Nova Ponte, vim para Uberaba, onde fiz de tudo para manter minha família. Até limpeza de cisternas, porque quando cheguei na chácara onde fui morar não havia o que comer. Então, saía limpando cisternas. Eu descia no fundo dos poços, e eles puxavam o barro. Depois, me dediquei à horta. Os médicos da Beneficência Portuguesa vinham comprar as verduras e com isso não precisava sair vendendo.”

Enfermeira: “O dono da chácara foi candidato a Prefeito e perdeu a eleição. Dizia ele que gostava do meu trabalho, mas não daqueles que vinham à minha casa. Verdade seja dita, eu não trabalhei na campanha dele. E eu lhe falava: “Quem vem na minha casa é melhor que eu”, e procurei um jeito de sair de lá. Foi uma cabeçada, sofri bastante. Certo dia, o Dr. Jorge me convidou para trabalhar no hospital. Relutei muito, porque o quadro que eu presenciei no Isolamento era terrível: doentes com tuberculose, tétano, febre amarela… Mas acabei aceitando porque a oferta ia subindo, subindo… Afinal, me oferecerem três mil e trezentos, enquanto meu marido ganhava cento e oitenta.”

Problemas: “Eu trabalhava no hospital havia dois anos e alguns meses. Venceu o mandato daquela diretoria, e entrou outra. A eleição foi dia 4, e dia 6 eles tomaram posse. Os novos diretores parece que tinham alguma rixa com nosso médico, que era irmão do Pedro Aleixo e partidário da UDN. A turma que ganhou era do PTB. Falaram para mim: “Olha, hoje não tem almoço para os doentes, pode mandar todos pra casa”. “Como?” , eu disse, “eles não têm dinheiro, estão ruins.” “Ordem dada, ordem executada”, replicaram. Ou seja, não havia apelação, os doentes estavam na rua.”

Em busca de socorro: “Eu procurava consolar os doentes dizendo-lhes: “Não chorem, não, nós vamos fazer uma passeata e o povo vai nos ajudar” . Fui a uma rádio pediram-me para “refrescar a cabeça”, noutra, a mesma coisa, no jornal, igual. Eu não sabia que estava brigando com a nata da cidade: Prefeito, Escola de Medicina, Saúde Pública. Me mandaram pra casa e fui muito triste, nervosa, matutando como fazer. Eram doze doentes. Fomos para minha casa.”

Momento de decisão: “Em casa, um de meus filhos me disse: “A senhora escolhe, ou nós ou os doentes”. Não vacilei e respondi: “Hoje, fico com os doentes, porque eles têm Deus e eu por eles, vocês estão crescidos e vão se virar”. Chamei todos eles para dentro, e entraram chorando. E aí os vizinhos me davam um caixote; o outro, um colchão; outro uma tábua; e eu agasalhei os doze. Fui fazer o almoço, eram três ou quatro horas da tarde. A gente estava só com o café da manhã. Enquanto fazia comida, gritava para minhas filhas esquentarem água para eles tomarem banho na lata de querosene e assim permanecemos ali por dois dias.”

Asilo São Vicente de Paulo: “No fim de dois dias, chegaram os diretores da Escola de Medicina e da Saúde Pública para ver as condições, que eram precárias. E aí arrumaram o Asilo São Vicente de Paulo, para que ficássemos dez dias porque, no final de dez dias, como prometiam, iriam arrumar alguma coisa melhor. Foram dez anos, nunca mais vi eles. Foi o tempo que eu levei para construir isso aqui, com a graça de Deus e a ajuda do povo.”

Preconceitos: “Havia muito preconceito para com os doentes. Eu saía para pedir esmolas com três deles. Muita gente nos via e descia da calçada. Eu falava: “Não saiam não, porque se vocês saírem, apanham”. Se nós entrávamos nos ônibus, o pessoal descia. Fomos pedir em uma casa daqui, cuja dona se dizia espírita e os meninos tocaram no portão. Antes que subíssemos, ela mandou passar álcool no portão para desinfetar. A doença do pênfigo é triste, é horrorosa, o doente na primeira fase é um pedaço de carne podre. E o povo tinha medo, porque ninguém conhecia, nós vencemos. Para fazer esta casa aqui foi uma luta, tantos foram os abaixo-assinados para que não fosse feita…”

Oito dias no xadrez: “Aqui não tem um grão de areia dado pela Prefeitura, nem pelo Estado ou a União. Foi o povo quem me ajudou. O pessoal espírita daqui fazia a campanha “Auta de Souza” e traziam as coisas para mim. Mas não dava para manter a casa, porque no final de um mês eu tinha trinta e cinco doentes. Fui para São Paulo e ficava no Viaduto do Chá, em frente da Light. Punha um lençol, as meninas segurando, e eu com um sino dizia: “Me dêem uma esmola pelo amor de Deus, para os doentes do Fogo Selvagem de Uberaba”. E aí o povo ia jogando níqueis. Na época, foram dois vereadores daqui passear em São Paulo: um advogado e um médico. Achando que eu estava desmoralizando Uberaba, fizeram Ofícios para o Chateaubriand (*) e para a Delegacia. Fiquei oito dias no xadrez, até que uma advogada, Doutora Izolda, me tirou. Quem mandou ela me tirar, não sei até hoje, pois ela já morreu.”

No Palácio dos Campos Elíseos com Scheilla: “Um dia, eu e o Lauro (*) estávamos andando na Avenida Rio Branco, nos Campos Elíseos, e eu o convidei para entrar. Atônito, ele disse: “Você está doida, nós estamos sujos, fedendo a suor, entrar aí no palácio do governador?”. Mostrei as fotos dos doentes ao policial da portaria, ele ficou muito revoltado e me mandou segui-lo. … Passamos por saguões, escadas e tapetes vermelhos. Dona Leonor (*) estava conversando com um senhor. Em outra poltrona, estava sentado Don Evaristo e na terceira, nós. Ela acabou de conversar com os dois, e chegou nossa vez. Quando ela ia fazer menção de se sentar eu disse: “A Scheilla quebrou um vidro de perfume”. Entre nós e a Dona Leonor ficou igual neblina e aquele perfume sufocando. Precisamos procurar ar. Quando melhorou, ela perguntou o que queríamos e lhe disse que pedia ajuda para o Hospital do Pênfigo. Ela disse: “Eu não posso ajudar, porque a senhora mora em Minas, e eu sou de São Paulo”. Mas acabou me dando uma máquina de costura, duas peças de cretone e dez contos. Mas fiquei pensando: “O Chico não está aqui, como é que veio aquele perfume?”

O primeiro passe: “No mesmo dia em que estivemos com Dona Leonor, à noite, eu e o Lauro fomos a um Centro Espírita, uma casa velha, com muita gente. Logo que começou, o presidente da mesa falou: “A pessoa do fogo selvagem que estiver aí faça o favor de se dirigir à mesa”. Não fui. Quando acabaram os trabalhos, todos foram saindo, menos aqueles da mesa. O presidente tornou a falar sobre a pessoa do “Fogo Selvagem”. Eu me apresentei, e ele pediu-me desculpas porque não sabia quem eu era e falou que o “Mentor da Casa” tinha dito que era para eu dar um passe na Presidente do Centro, que já fazia três meses estava entrevada. Eu nunca tinha dado passe, mas agüentei firme. Subimos aquela escada de madeira em caracol e lá chegamos. Ela se chamava Mafalda, uma portuguesa. Estava sob um cortinado “chic”, a turma rodeou a cama dela, e me puseram frente-a-frente. Eu iniciei a oração, senti algo estranho e pensei: “Nossa Senhora, agora vai sair bobagens aqui”. Dei o passe e fomos embora. Dizem que em três dias ela andou. Aí, eu falei: “Preciso ser Espírita, porque a coisa está me apertando. A comida, ganhamos do povo espírita, agora a Scheilla me deu essa permissão, esse passe”. Dona Mafalda me ajudou muito, fazia bingos, rifas, jantares, até quando morreu de câncer.”

Chico Xavier: “Tantos e tantos foram os episódios interessantes que pude vivenciar com Chico Xavier. Certa vez, eu estava fazendo campanha em São Paulo, a situação estava difícil, e aquele dia não estava bom para pedir esmolas. Estava na Avenida Paulista, em frente da Televisão, amargurada, fazendo minha oração, triste, porque não estava rendendo nada. De repente, eu olho e vejo o Chico na outra calçada. Até que eu procurasse um lugar para passar e ir de encontro com o Chico, cadê o Chico? Que Chico, nada… Mas, daquela hora em diante, as coisas melhoraram para mim, desci a Brigadeiro e fui para o Anhangabaú, e ali a mina nasceu…

Meu primeiro encontro com o Chico foi quando eu tinha uma doente muito obsediada; na época, eu dizia que ela estava doida. Fazia quinze dias que ela não dormia e nem deixava ninguém dormir. O Chico tinha acabado de chegar aqui. Um acadêmico de Medicina, Aldroaldo, me convidou para levar a doente ao Chico. Eu disse: “Sou católica, não queria ser espírita, porque tinha comigo que para servir a Deus não precisava mudar de seita, em qualquer delas se pode servir”. Então, o Aldroaldo apareceu com uma “chimbica” junto com outro estudante. A doente queria saltar pela janela, a colocamos no meio. Chegamos lá no Chico, o quarto era pequeno e estava repleto de gente. O Chico estava de pé, escrevendo. Mas eu não vi o Chico, eu vi o Castro Alves. Nem me lembrei que Castro Alves tinha morrido. Falei: “Que Chico, que nada, é Castro Alves, com cabelo à ” la garçon”, grisalho”. Por fim, eu disse: “Vamos embora, vamos embora”. Na volta, a doente veio moderada, entrou dentro do carro sozinha e dormiu a noite toda…”

O Espiritismo: “Eu detestava o Espiritismo. Só a partir de 1964 é que me aproximei do Espiritismo, quando estava fazendo a campanha de tijolos para esta casa. Como já disse, fiquei pensando, não é possível, o povo faz campanhas de mantimentos e os trazem para mim, o povo me agrada, me dão dinheiro, a Scheilla me aparece em São Paulo. Naquela noite, eu não dormi, matutando: “Eu vou lá na mulher, nunca tinha dado passe na vida, me mandam dar passe, só virando espírita”. E o Espiritismo não é brincadeira, é coisa muito séria, não se pode brincar com o Espiritismo. Às vezes, você vai em um Centro pensando que vai levar e você volta carregada. Eu não brinco”.

Uma mensagem aos Espíritas: “Aos que buscam desenvolver algum trabalho, a minha mensagem é de que tenham muito amor, muita sinceridade e que façam as coisas para si e não para os outros verem. Porque a maioria faz as coisas para os outros verem. E não importa o que os outros falam, porque todas as pessoas que vão fazer a caridade levam o título de “ladrona”. Meu título era de ladrona. Alguém foi perguntar para o Chico, porque todos diziam que eu estava roubando. Porque quando eu comprava um terreno, diziam: “Comprou mais um terreno para o filho”. Comprava outro, era a mesma coisa. Então, o Chico disse àqueles que foram lhe falar: “Me digam onde ela roubou, que eu vou ajudar ela a roubar”. A partir daí, o povo foi parando de falar que eu roubava.”


PUBLICADA NA FOLHA ESPÍRITA, SÃO PAULO, SETEMBRO/99.

Entrevista por Ismael Gobi

Foto: João Eurípedes Araújo      

CASARÃO FOI A PRIMEIRA SEDE DA FUNDAÇÃO CULTURAL DE UBERABA

O quadro é da pintora angolana Filipa Simão
         *Luiz Alberto Molinar

Década de 1980

O quadro é da pintora angolana Filipa Simão, radicada em Uberaba desde o início dos anos 80. A obra pertence ao acervo da Fundação Cultural. Esta casa é tombada como patrimônio histórico de Uberaba, e localiza-se na esquina das ruas Segismundo Mendes e Lauro Borges, em frente à igreja São Domingos, bairro Estados Unidos - Uberaba -Minas Gerais

 *Luiz Alberto Molinar é jornalista e coautor da biografia Lucilia – Rosa Vermelha.     

Visite Fan Page no Facebook: https://www.facebook.com/luciliasrosa?ref=hl

segunda-feira, 10 de julho de 2017

GODOFREDO SANTOS


         Godofredo Santos 
        

Nasceu em 21/10/1903 em Uberaba, filho de José dos Santos, guarda-livros (contador) e Altina Lucas dos Santos (do lar); teve como irmãs Maria José dos Santos (professora), Julieta Lucas dos Santos, Maria de Lourdes Santos Del Papa e Altina Santos Martinelli.

Ainda criança, o quarto ano primário concluído no Grupo Escolar Brasil, foi levado por uma tia para trabalhar, como “vassoura” (office boy) e aprender ofício, na Empresa Gráfica Século XX, em Uberaba, onde se interessou e desenvolveu habilidades específicas na área gráfica. Trabalhou na empresa do Jornal Lavoura e Comércio, de Quintilhano Jardim, criativo e habilidoso recebeu, em certa ocasião, reconhecimento: “A arte de Gutenberg não tem segredos para Godofredo Santos”.
Na juventude, motivado pelo ídolo futebolístico da época, Arthur Friedenreich, Godofredo dedicou seus tempos de folgas jogando futebol; de estatura mediana se valia de forte impulsão para as disputas de bolas altas.

Na busca de novos conhecimentos e oportunidades relativos ao trabalho gráfico, tinha como propósito transferir-se para São Paulo Capital; permaneceu, entretanto, em Ribeirão Preto integrando-se, à época, às Indústrias Gráficas Barilari; em 1930 decidiu retornar a Uberaba, instalando-se em pequena área, na entrada do prédio recém-construído por Gabriel Totti, na Rua Arthur Machado nº 113. Instalou uma máquina de impressão manual e algumas fontes de tipo, iniciando seu trabalho por conta própria. Transferiu-se, para espaço maior, ainda no prédio de Gabriel Totti, edifício arrojado para época, três pavimentos, térreo, pavimento superior e subsolo, paredes grossas de alvenaria e pisos estruturados com assoalho sobre vigas de madeira e forro falso, também em madeira. Permaneceu por décadas com a Papelaria, a Tipografia e a Fábrica de Carimbos.

Neste cenário e tendo por vizinhos, de um lado, Italo de Biagi (fábrica de botas, botinas, chuteiras) e do outro, Alfaiataria Parreira; em frente Sapataria Molinar, Ourivesaria Aprile, Bar da Viúva (Vásques), Alfaiataria Caldas, Tecidos Piva, Fotos Zuza, deu início a nova fase da edição do jornal O SORRISO, de 1930 a 1933, com participação de redatores e colaboradores intelectuais: Alceu de Souza Novaes (A. Luce), Egydio Fantato, Quirino Pucci, Solon Fernandes, Gabriel Totti, José Tiradentes de Lima, Odilon Paes de Almeida, Sebastião Guimarães, Lucio Azevedo, Paulo Bandeira de Mello, José Vicente de Souza Netto (redator esportivo) e outros. Na sequência editou O JORNAL, de 1933 a 1938 e o UBERABA-JORNAL, de 1938 a 1944, fechando um período de 14 anos de edições semanais, no mesmo endereço onde continuou trabalhando com serviços gráficos por mais 25 anos.
Godofredo Santos foi casado com Ordália da Costa Magalhães Santos, tiveram quatro filhos: Leila Magalhães Santos (professora – funcionária pública, aposentada em Brasília-DF), Ayrton Magalhães Santos (arquiteto em Brasília-DF), Adilson Magalhães Santos (aposentado) e Lenita Magalhães Santos (professora, funcionária pública, aposentada em Brasília-DF); faleceu em Uberaba em 14 de Agosto de l986, com 83 anos.

Fonte: Arquivo Público de Uberaba                       

Jorge Henrique Prata Soares

Pratinha e Molinar

     APRECIAVA MÚSICA E CULTURA. ASSIM, PIONEIRO PROMOVEU E ORGANIZOU O CHAPADÃO EM 1966, ANTES DOS FESTIVAIS DA TV RECORD.

JORNALISMO FOI SUA PROFISSÃO. TEVE SEU JORNAL, O "UAI", QUE CIRCULOU NOS ÔNIBUS, NO MEIO DA MASSA, FALANDO SUA LÍNGUA. FOI CANDIDATO A VEREADOR E DIRIGENTE SINDICAL. SEMPRE À ESQUERDA. MAS, SEU PRAZER ERA SER BUTEQUEIRO. TEVE TRÊS BARES NOS QUAIS SERVIA CULTURA À LA CARTE.

DESCOBRIU-SE PESQUISADOR E ESCRITOR AO REVELAR AS IMAGENS E A IMPORTÂNCIA HISTÓRICA PARA O BRASIL CENTRAL, DO SÉCULO 19, DE SEU BISAVÔ MATERNO, O FOTÓGRAFO JUCA SEVERINO.

CURTIA A UBERABA DOS FESTIVAIS DE MÚSICA E OS AMIGOS, MAS FOI VIVER SEUS ÚLTIMOS TEMPOS EM UBERLÂNDIA. DESCOBRIU AOS 56 ANOS SUA APTIDÃO, SEU TALENTO: JARDINAGEM. AMANTE E ESTUDIOSO DAS FLORES, DO VERDE, DA NATUREZA. REFUGIADO, SEMEOU SEU PARAÍSO NO CONDOMÍNIO DE CHÁCARAS MANSÕES AEROPORTO.

NO SEU ÚLTIMO DIA, SUAS CRIAS, EXIBINDO INÚMERAS CORES, VITALIDADE E A DOÇURA DAS FRUTAS, AGRADECIAM AO JARDINEIRO FIEL A DEDICAÇÃO AMOROSA ADUBADA E CULTIVADA SOB SOL ESCALDANTE, DIARIAMENTE, NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS. AS CACHORRAS COMPANHEIRAS, ARATI E BELA, NÃO MAIS OUVIRAM AS BRONCAS. SENTIRAM E CELEBRARAM EM SILÊNCIO A AUSÊNCIA DO AMIGO FIEL.



12 de dezembro de 2010



OBS: As cachorras morreram logo depois...



Jornalista Luiz Alberto Molinar

Outras igrejas, abandono e urbanização levaram à derrubada da Igreja do Rosário



83 anos – 1841-1927

*Luiz Alberto Molinar

            Escadaria de acesso à Igreja do Rosário, fundada em 1841 e derrubada em 1924       
      
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Uberaba foi derrubada, em 1924, por não haver manutenção por parte da Cúria Metropolitana. Estava em ruínas. Uma restauração seria dispendiosa. A demolição ocorreu a pedido do então agente executivo (prefeito à época),o progressista Leopoldino de Oliveira (Coligação Uberabense), também deputado federal no período. Nos últimos anos de sua existência, se realizava na igreja somente a comemoração do Dia da Abolição, o 13 de Maio, relatou o memorialista e religioso católico Carlos Pedroso.

Era usual, durante o Império, ao se iniciar um vilarejo a construção de duas igrejas: uma para brancos e outra para negros. Portanto, a principal foi erguida no Largo da Matriz, a pç. Rui Barbosa na atualidade, onde surgiu o primeiro povoamento do lugar e se concentrou comércio, prestadores de serviço e moradias.

As ruas Coronel Manoel Borges e Vigário Silva, que eram a mesma via e conhecidas como rua Grande por se iniciarem próximo da av. Deputado Marcus Cherém e ir até a av. Alexandre Barbosa. A r. do Commercio, hoje Artur Machado, existia, por volta de 1880, até seu terceiro quarteirão. Dali em diante era deserto.

A “Igreja dos Pretos” localizava-se três quadras à frente em área afastada do burburinho da vila. Sua construção realizou-se com mão-de-obra escrava, como era comum em relação aos santuários de devoção de negros, aberta em 1841. Era no Alto do Rosário, agora bairro Estados Unidos, no Largo do Rosário, atualmente av. Presidente Vargas, no meio do morro, com sua frente direcionada para o então final da r. do Commercio.

                             Foto do final do século 19, do alto do Morro da Onça, autoria de José Severino Soares                                

Santa Rita, São Domingos e Mogiana “ajudaram” a derrubar Rosário

Com o surgimento da Igreja Santa Rita em 1854, a três quarteirões da do Rosário, e da São Domingos 50 anos depois, a duas quadras, o santuário do povo negro foi perdendo frequentadores. Por isso, a Cúria deixou de mantê-lo, provocando sua decadência.

O início da operação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em Uberaba a partir de 1889, com a estação instalada no alto da r. do Commercio, provocou a urbanização no entorno da Igreja do Rosário, que se encontrava em ruínas. Consequentemente, o então “prefeito” Leopoldino de Oliveira se viu obrigado a propor a demolição do templo. A via, portanto, passou a ter passeios largos. Em meados do século 20, uma ilha foi construída com jardim e palmeiras imperiais. Desde 2006 há no local monumento de reverência a Zumbi dos Palmares, importante líder negro abolicionista.

Imigrantes sírios e libaneses ajudaram a erguer a Igreja São Benedito

As comunidades síria e libanesa, nos anos 1930 e 1940, concentravam suas atividades comerciais no bairro Estados Unidos, na r. Padre Zeferino, desde seu início até a r. Artur Machado. Era conhecida como a “Rua dos Turcos”.

Por utilizarem, praticamente, somente o idioma árabe, esses imigrantes se fecharam e havia dificuldade em se relacionar com a sociedade. Além disso, sírios e libaneses eram falados na cidade por moças: elas tinham medo deles. Diziam que presenteavam suas namoradas e esposas com joias caras, mas que batiam nelas, revelou o memorialista Pedroso.

Como forma de romper o isolamento, propuseram à Cúria Metropolitana ajudar a edificar a Igreja São Benedito, outro santo de devoção por povos de descendência africana. Seria uma forma de compensar a demolição da igreja do Rosário. A pç. da Bandeira, que depois denominou-se Dr. Jorge Frange, foi o local escolhido. A inauguração se deu em 1961, 34 anos após a derrubada da do Rosário. Nova basílica foi implantada no local em 1978, em formato circular, em substituição à primeira que tinha arquitetura tradicional.

O bairro, que passaria a levar o nome da igreja, já era reduto das duas nacionalidades e de seus descendentes. Até então a região era conhecida por Colina da Matriz. No local também estava instalada, na r. Major Eustáquio, desde 1927, a Sociedade Sírio Libanesa, que passaria, nos anos de 1990, a denominar-se Clube Sírio-libanês.


*Luiz Alberto Molinar é jornalista e coautor da biografia Lucilia – Rosa Vermelha.
  
Acesse o Blog: http://luciliarosavermelha.blogspot.com.br/

Visite Fan Page no Facebook: https://www.facebook.com/luciliasrosa?ref=hl       

Lucília, 90 Anos de Memória

      Lucília Rosa

Lucília Rosa (Uberaba-MG, 1912-2011), filha de alfaiate anarquista, foi feminista e atuou no movimento popular desde os anos de 1930.

Filiou-se ao PCB aos 18 anos e elegeu-se aos 35 anos uma das 16 primeiras vereadoras de Minas, em 1947, no município de Campo Florido.

Exerceu as profissões de professora, costureira, faxineira e cozinheira. Em São Paulo, ajudou a cuidar, em 1962, dos filhos de Luiz Carlos Prestes, dirigente do PCB, e morou clandestinamente com Anita, filha de Prestes com Olga, de 1970 a 1972, nos anos duros da Ditadura Civil-Militar. A vida dela está registrada no livro Lucília - Rosa Vermelha, de autoria do jornalista Luiz Alberto Molinar e da historiadora Luciana Maluf.  
                                  

PONTE SOBRE O CÓRREGO DAS LAJES

                                                              Década de 1960/70  
                                                              

Foto: Autoria desconhecida

Ponte sobre Av.Leopoldino de Oliveira com a Rua Senador Pena - Uberaba - Minas Gerais

 Arquivo Público de Uberaba                     

PONTE SOBRE O CÓRREGO DAS LAJES

PONTE SOBRE O CÓRREGO DAS LAJES
Ponte sobre o (Córrego das Lajes), que é o principal córrego da cidade na Av. Leopoldino de Oliveira com a Rua Artur Machado.

Foto: Autoria desconhecida


 Arquivo Público de Uberaba

Córrego das lajes – Av. Leopoldino de Oliveira

Córrego das lajes – Av. Leopoldino de Oliveira
Década de 1930

Foto: Autoria desconhecida

Arquivo público de Uberaba

“CHOFERES DE PRAÇA ”

Praça Rui Barbosa

Hoje, eles tem uma alcunha pomposa: taxistas ou motoristas condutores de táxis… Na minha juventude, eram conhecidos como “choferes de praça”. Tinham pontos fixos; estacionavam nas principais praças e avenidas da cidade. Tinham “ponto” na Leopoldino, na Presidente Vargas, Rodoviária “velha”, praça do Grupo “Brasil” e Rui Barbosa. Excelentes e exemplares chefes de família, homens sérios e compenetrados de suas funções, gozavam de inteira confiança da sociedade uberabense. Nos anos 50, não tínhamos a profusão de carros que temos hoje.Na pressa ou “corrida” mais longe… vai de táxi. Córrego das Lajes à descoberto, pista em direção ao mercado e a outra vinda de lá, em demanda à rua senador Pena. Do lado direito, para a praça dos Correios, em frente a Farmácia do “Nico” e à banca de jornais do “seo”Ferraz, praticamente, dia e noite, estavam o Michel, seu irmão Alfredo, Ernesto Vilela, Euclides, Sebastião Lucas, os irmãos Onésio, Farnezi e Saul, Benedito, Filhinho, Sebastião Fonseca, Lamounier, Benedito Ferreira, Arnaldo, Benicio, Orlando e Agnelo. Muitos estão no plano superior, outros vivos e sãos, desfrutando os bons momentos de uma merecida aposentadoria.Do outro lado da avenida, outro “ponto” que deixou saudade: ficava ao lado da banca de jornais do “seo” Wilmondes Bastos, na esquina do “enjeitei” e avô dos nossos queridos Tharsis e Thales (Talinho) Bastos, o primeiro jornalista e empresário de sucesso em BH e o irmão, professor, compositor e músico consagrado. “Milionário”, Pedro Staciarini , José de Castro, João Borges e o filho Leopoldino, “Fazendeiro”, Joaquim Borges e “Barba Azul. Não existia taxímetro e a “corrida” combinada na hora, dependendo da cara do freguês…

Outros “pontos”, repito, tinham enorme tradição. Da praça Modelo (av.Presidente Vargas), era liderado pelo Benedito, da praça do “Grupo Brasil”, o “chefão” era o “Bené”(?). Na praça Jorge Frange (rodoviária antiga), os mais conhecidos e antigos, o Jesus Prata e Luiz Batistuta.
Os motoristas da praça Rui Barbosa tem história independente dos demais “pontos” da cidade.Ali, na fundação da cidade, os carros de bois foram os primeiros meios de transporte que Uberaba conheceu. Depois, a carroça, a charrete (coberta e descobertas), até a chegada dos primeiros “fordecos” que serviam de condução para mercadorias e/ou pessoas. Os quadros à óleo, inicialmente e, mais tarde, os primeiros retratos, mostram o cenário de comercialização dos primórdios da nossa civilização. Como não lembrar das figuras simpáticas e prestativas dos choferes da praça Rui Barbosa? Os irmãos Roil e Jorge Cussi, Zezeca e o filho Jaime Matheus, “Zé Gasolina”, “Bahia”, “Rola”, Olimpio Fonseca, Loreto Palioti, Hugo Trida, Ninío, Wilson Nomelini, “Pachola”, os Olimpio Fonseca, Loreto Palioti, Hugo Trida, Ninío, Wilson Nomelini, e Massa e outros de saudosos e áureos tempos…

Era uma Uberaba com pouco mais de 60 mil habitantes, pacata, onde todos conheciam quase todos, os bairros eram bem próximos do centro da cidade, sem a correria e atropelos dos dias atuais, córregos à céu aberto, onde as pessoas se cumprimentavam, a amizade era sincera, os prefeitos eram nascidos na santa terrinha e Uberaba tinha muito amor prá dar…


Luiz Gonzaga de Oliveira

O DIA EM QUE UBERABA FOI DESTAQUE NO NEW YORK TIMES

O dia em que Uberaba foi destaque no New York Times
26 de abril de 1952

O dia em que Uberaba foi destaque no New York Times.

Em 26 de abril de 1952 o mais importante jornal dos EUA estampava em suas páginas:
TUMULTOS EM PROTESTOS CONTRA IMPOSTOS LIDERADOS POR COMUNISTAS CAUSA PREJUÍZO DE US$ 6.000.000

Coletorias de impostos e outros prédios foram depredados em cidade de Minas Gerais
De fato, ocorrera uma importante revolta em Uberaba, iniciada por uma greve de caminhoneiros e protestos de pequenos comerciantes contra um arrocho na fiscalização e o aumento dos impostos estaduais, ordenado pela gestão do então governador Juscelino Kubitscheck. Havia na cidade uma crescente animosidade contra o governo mineiro, que recolhia os impostos mas pouco investia na região do Triângulo.

Em 24 de abril de 1952, a tensão explodiu na forma de violentos protestos e quebra-quebra. O edifício das Coletorias Estadual e Federal foram vandalizados, assim como os postos de cobrança de impostos nas entradas da cidade e outros prédios públicos. Arquivos e equipamentos da coletoria foram queimados ou atirados no canal do Córrego das Lajes.

O 4º Batalhão de Polícia não deu conta de controlar a multidão e temia-se que as manifestações se espalhassem por outros municípios mineiros. A revolta só terminou com a chegada em aviões de tropas enviadas de Belo Horizonte, que ocuparam as ruas do centro de Uberaba portando fuzis e metralhadoras com munição real.

No pesado clima de Guerra Fria dos anos 1950, a culpa pelos protestos foi jogada nas costas dos suspeitos de sempre: os terríveis comunistas. No rescaldo, a polícia abriu inúmeros processos e dezenas de pessoas – muitas delas identificadas pelas fotografias dos tumultos – foram presas por subversão e vandalismo. Um dos meus tio-avôs, irmão de minha avó Guiomar, passou uma temporada na velha cadeia defronte ao Mercado.

De quebra, inúmeros comerciantes da cidade se livraram de recolher impostos vencidos, alegando que seus livros-caixa haviam sido destruídos nos protestos. Juscelino, velha raposa política, reconciliou-se com a cidade alguns anos depois quando – num gesto de grande simbologia – transformou o antigo prédio da cadeia na sede da federalizada Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro.

A reportagem publicada nos EUA está disponível nos arquivos do NYT, onde é possível comprar e baixar uma cópia PDF da edição histórica por módicos U$ 3.95


(André Borges Lopes)                                                                                 

PANORAMA DE UBERABA NOS ANOS DE 1900

Foto: Autora desconhecida

A história de Uberaba inicia-se no século XVIII, a partir da exploração do interior brasileiro, na busca do ouro. A Estrada do Anhanguera, localizada entre o Rio Grande e o Paranaíba, foi a primeira entrada, no Triângulo Mineiro, comandada pelo bandeirante Bartolomeu Bueno. Aberta em 1722, tornou-se, por ordem régia posterior, o único caminho permitido para o transporte do ouro até Goiás.
Bem próximo ao local onde hoje está Uberaba, iniciou-se a extração do ouro, num lugarejo conhecido como Desemboque e, mais de meio século depois, ocorreu o esgotamento das minas.

o início do século XIX, Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, o Major Eustáquio, morador do local, resolveu explorar a região e encontrou água em abundância e pastagens naturais do cerrado, condições muito propícias para a criação de gado e, consequentemente, uma saída econômica para o fim da mineração.

No Império, o governo doava as terras não cultivadas, num sistema conhecido por sesmarias. Após o extermínio e a expulsão dos caiapós, acompanhando o Major Eustáquio, algumas famílias estabeleceram-se na região, depois de receberam terras por esse sistema. Assim, formou-se o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião.

O registro da vida do Arraial se dava na Igreja Matriz, instituição que documentava nascimentos, batizados, casamentos ou quaisquer outros acontecidos. Em 1836, o governo imperial determinou que se construísse o prédio da Câmara Municipal e o primeiro agente-executivo (termo equivalente à palavra “prefeito”) foi Capitão Domingos, irmão de Major Eustáquio.

No início, a atividade econômica mais relevante era a criação do gado chamado “pé duro” ou “curraleiro”. Como um dos importantes componentes da alimentação desse gado era o sal, rotas salineiras foram estabelecidas. Carros-de-boi traziam o sal e outras mercadorias, oriundas de São Paulo e Rio de Janeiro e levavam produtos da região, do Mato Grosso e de Goiás. Uberaba transformou-se em um entreposto comercial e surgiu uma outra atividade, fundamental para o desenvolvimento da cidade: o comércio. Tanto movimento justificou a chegada do trem de ferro, em 1889. Os trilhos vinham de Ribeirão Preto e acompanhavam as fazendas de café.

A cidade se desenvolveu e passou a abrigar – além das casas comerciais – bancos, livraria, cinemas, teatro, hotéis e escolas. Vieram os imigrantes e, dentre eles, arquitetos cujos estilos marcaram uma época de grande desenvolvimento.

Como é próprio do sistema capitalista, a estrada de ferro prosseguiu e seus trilhos alcançaram Goiás, Mato Grosso e outros centros comerciais. O comércio na cidade perdeu um pouco sua força e iniciou-se a criação de gado zebu. Uberabenses foram até a Índia buscar os animais e aqui aprimoraram a raça, com trabalho genético e exposições do zebu que evidenciam o município no cenário nacional.
Hoje, na cidade, a diversidade econômica que engloba a pecuária, a indústria, o comércio e a agricultura com igual nível de importância é fator essencial. Vale salientar também que a produção de grãos se destaca, em números, em toda Minas Gerais.

Uberaba organizou seu espaço a partir da Praça Rui Barbosa. A principal avenida, a Leopoldino de Oliveira, localiza-se na parte baixa (sobre o córrego das Lajes) e dela se ramificam as colinas que formam os bairros. Por isso costuma-se falar “vou descer para o centro.” ou “vou subir para casa”. As antigas colinas eram: Boa Vista, Estados Unidos, Misericórdia, Matriz, Cuiabá e Barro Preto, destacadas pelo escritor Borges Sampaio, agente executivo de 1878 a 1883.

Fonte: Acervo Público de Uberaba         

MAPA DA ÁREA URBANA DE UBERABA EM 1956

Mapa da área urbana de Uberaba em 1956        

      Mapa da área urbana de Uberaba em 1956, publicado numa revista comemorativa do centenário da cidade. Reparem que toda a região do Jardim Alexandre Campos abaixo da Rua Major Eustáquio sequer existia como cidade – e a Av. Santos Dumont ainda era apenas o pacato “Córrego da Manteiga”. Ou seja: para aquele lado da cidade, o pasto e a zona rural começavam a pouco mais de um quarteirão da Catedral.

São muito interessante os nomes dos riachos: “Córrego dos Olhos d’Água” (sob a Leopoldino de Oliveira, na região do Mercadão), “Córrego do Barro Preto” (Guilherme Ferreira), “Córrego da Estação” (Fidélis Reis) e “Ribeirão das Lajes” (Leopoldino, na região do Centro).
Poesia gratuita, que a cidade perdeu ao enterrar os seus rios sob o asfalto.

(André Borges Lopes)   

quinta-feira, 6 de julho de 2017

LUCÍLIA ROSA (UBERABA-MG, 1912-2011), FILHA DE ALFAIATE ANARQUISTA, FOI FEMINISTA E ATUOU NO MOVIMENTO POPULAR DESDE OS ANOS DE 1930.


    Filiou-se ao PCB aos 18 anos e elegeu-se aos 35 anos uma das 16 primeiras vereadoras de Minas, em 1947, no município de Campo Florido.

Exerceu as profissões de professora, costureira, faxineira e cozinheira. Em São Paulo, ajudou a cuidar, em 1962, dos filhos de Luiz Carlos Prestes, dirigente do PCB, e morou clandestinamente com Anita, filha de Prestes com Olga, de 1970 a 1972, nos anos duros da Ditadura Civil-Militar. A vida dela está registrada no livro Lucília – Rosa Vermelha, de autoria do jornalista Luiz Alberto Molinar e da historiadora Luciana Maluf Vilela.

COLUNISMO SOCIAL: UM CAMPO DE POSSIBILIDADES PARA A INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA

UM CAMPO DE POSSIBILIDADES PARA A INVESTIGAÇÃO HISTÓRIC0

    Ao pensarmos a História como a narração das experiências humanas, como a dinâmica das sociedades, devemos levar em conta a importância da pesquisa histórica. Conhecer melhor o passado é o melhor caminho para a compreensão de nossa realidade, de nossa identidade, das perplexidades vividas. A compreensão do passado resulta em acréscimo ao entendimento e a análise de quem somos. E, não é exagero afirmamos que o interesse pela história é a chave para a construção de uma cidadania mais ativa e consciente.

     As formas de expressão de atividade humana e os vestígios da trajetória humana que surgem de inúmeras maneiras – tais como: escritos, fotografias, objetos, arquitetura, literatura – constitui atualmente, fontes recorrentes para a produção historiográfica. Qualquer pessoa que se disponha a recuperar o passado encontrará varias formas de vestígios e registros. Sobretudo, o historiador estimulado à pesquisa tem, na própria riqueza de nossa história local, um leque de possibilidades de investigação.

     Nessa perspectiva, o arquivo municipal de Uberaba, dispõe de um vasto conjunto documental. O acervo é amplo e inclui documentação oficial ( do Legislativo, Executivo e  Judiciário), jornais, arquivos fotográfico, livros de atas, arquivo privado e mais uma séries de documentos que permitem ao pesquisador múltiplas opções  para construir sua investigação histórica. Pude constatar, in loco – quando ao longo de 2003 e um semestre de 2004, ali realizei uma atividade de pesquisa – o amplo campo de possibilidades que o APU oferece a quem se dispõe a compulsar sua documentação. Minha investigação centrou-se no Jornal Uberabense “Lavoura e Comércio” mais precisamente na coluna “Observatório” do jornalista Ataliba Guarita Neto (1924-2000). Esta coluna foi publicada de 1955 a 2000, mas o recorte temporal da minha pesquisa estendeu- se de 1955 a 1980.

     Meu trabalho objetivava coletar dados para uma pesquisa, cujo objeto de investigação era a influência do colunismo social na formação do imaginário social. Ou seja, como a coluna social por meio de suas mensagens atua na formação de comportamentos e opiniões, cria modismo, confere ou retira status social.

     Executar este trabalho foi uma seqüência de surpresas e descobertas. O universo de variadas informações permitiu- me vislumbrar o colunismo  social como fonte de investigação da história local. Conteúdos diversos – tais como: viagens ao exterior, festas magníficas, pessoas bem sucedidas, fatos políticos e históricos, opiniões pessoais, descrição de casas como verdadeiros palácios, publicidade e filantropia – se misturam na Coluna “Observatório”. Nela, Netinho, como era conhecido o Jornalista Ataliba Guarita Neto, revela-se e, através de suas notas, desvela a sociedade em que convive, na condição de emitente de crenças e valores dessa sociedade.

     Portanto, apesar da natureza, peculiaridades e especificidades pertinentes a coluna sociale a pecha de “superficialidade” que a envolve, ela pode apresentar uma importante fonte para o historiador ao fornecer-lhe subsídios para elucidar a composição do quadro socioeconômico da cidade, indicar o perfil da sociedade local, refazer trajetórias, etc.

     Passo agora,- sem a pretensão de elaborar um texto historiográfico – a fazer um simples apanhado de algumas observações e reflexões suscitadas a partir de dados e/ou informações pinçadas ou rastreadas na coluna “Observatório”.

Em sua primeira nota no diário, o autor representa suas intenções:

Começo hoje. Esta na moda ser colunista social. Então resolvi “mudar de profissão” e não ficarei mudo (calado), esperando     ouvir muito, conversar muito, para depois escrever no seu jornal. Não tenho pretensões e não desejo imitar ninguém. Preciso ter personalidade. Estilo próprio. Assim prometo. (Jornal Lavoura e comércio, 9 / fev. / 1955, p. 3).

      Embora assumindo ser fã de Ibrahim Sued – Colunista social carioca – Netinho promete fazer uso de um estilo próprio.

     A mulher ocupava grande espaço na coluna. Era sempre prestigiada de alguma forma pelo colunista, seja por sua beleza, elegância ou dinamismo. A trajetória das lutas das mulheres por emancipação e uma participação mais ampla na sociedade, por ser acompanhada no decorrer dos anos em seu trabalho.

Conforme prometi, “Observatório” diariamente ira homenagear as comerciarias. Uma seção especialmente para falar destas jovens que trabalham confirmando a acertada definição “o trabalho enobrece”! elas trabalham nas casas comerciais, nas repartições públicas, no lar, – demonstrando enfim, que a mulher deve e pode ser independente. Aliás, comentam os homens ultimamente, que as mulheres estão tomando de assalto os cargos mais importantes, enfrentando o homem com coragem e vantagem! (…) (Jornal Lavoura e Comércio, 12/mar/1958, P. 3).

     Observa-se que, Netinho prestigiava as mulheres que trabalhavam fora. Elas eram merecedoras de homenagens, manifestadas em seu espaço através de reportagens e entrevistas.

MOTORISTAS: Motoristas atenção! Elas vão passar. Elas também sabem dirigir. Umas – com licença do dr. Rogedo, todas – com licença do marido ou papai. Sim, dirigem bem a sua casa e dirige (será bem ou mal?) o seu automóvel (…) Estão adquirindo praticas para dirigir o carro, já sabem dirigir a casa e depois… saberão governar melhor o esposo! (Jornal Lavoura e Comércio, 16/fev/1955, P.3).
     Nesta hora, Netinho faz um comentário a respeito das mulheres, da cidade, iniciantes na direção. Contrapondo-se a nota anterior quando ele estimula a independência, nesta é usada uma fina ironia na referência à permissão dos maridos ou pais para as mulheres dirigirem. A forte associação das mulheres às tarefas do lar e a insinuação de que práticas como “dirigir automóvel” resultaram na submissão dos maridos, compõe o imaginário social da década de 50. Vale lembrar que a emancipação feminina só se efetivará a partir da década de 60. Portanto, há que se considerar que, vivenciando uma época conservadora e tradicional, o autor a reproduz. Seu pensamento não deixa de ser o pensamento predominante da sociedade em que se insere.

     Os últimos lançamentos da moda e as tendências eram sempre registrados, emitindo conceitos do belo e alimentando o imaginário social de que seria o estilo ideal a ser seguido.

As nossas “giris” estão adotando o penteado da lolô. Sim, a Lolobrigida espalhou pelo mundo – as curvinhas do seu cabelo, bem perto das orelhas que não escutam apelidos. E com esse penteado, a Leonora Sabino está provocando justa sensação na cidade. Um espetáculo pros olhos da “solteirada” (Jornal Lavoura e Comércio, 11/fev/1955, P.3).

Maria Lucia Cipriano Coelho ostentava moderno vestido de noiva, confeccionado por  Clodovil, o famoso costureiro de São Paulo. Vestido em organdi suíço, com flores na barra, um longo véu formando cauda, também em organdi. O rosto bonito de Maria Lucia aparecia em grande destaque. (Jornal Lavoura e Comércio, 3/out/1963, P.3).

     Ter sua festa anunciada na coluna social era (e ainda é), sempre motivo de envaidecimento. Os ricos trajes descritos detalhadamente, as recepções suntuosas refletiam o poder de quem podia ostentar.
      Na sua coluna, Netinho preocupava-se em demonstrar o progresso de Uberaba. As conquistas locais eram todas registradas e bem consideradas.

Televisão não é mais sonho em Uberaba. TV Uberaba é uma autentica realidade. Ontem o dr. René Barsan teve uma reunião com a imprensa escrita e falada. Mais cedo do que muitos esperavam – TV – Uberaba estará no ar e funcionando em alto estilo. (Jornal Lavoura e Comércio, 26/nov/1971, P.3).

A grande notícia de ontem no meu programa de rádio: Urbano Salomão vai construir shopping center. A marca do progresso. O slogan paulista também é nosso: Uberaba não pode parar. (Jornal Lavoura e Comércio, 08/jul/1972, P. 3).

     As duas notas referem-se a figuras publicas e de destaque em Uberaba. Referencias como estas eram comuns na coluna, divulgando fatos e feitos de Uberabenses que enchiam de orgulho a cidade.
O político Mario Palmério viajou, hoje, para o Rio de Janeiro. Mario está terminando o seu próprio livro “Chapadão do Bugre”. Meu companheiro Rui Novais, que conhece a nova obra do Deputado-escritor, afirma que este livro repetirá o sucesso de “Vila dos Gonfins”, que bateu todos os recordes de “best-seller” na capital da República. (Jornal Lavoura e Comércio, 3/mar/1958, P.3)

(…) é de justiça conhecer o pioneirismo de Alexandre Campos em nossa cidade. O homem viveu 50 anos(visão) na frentes dos outros! E quase tudo nesta cidade contou com a sua participação. Banco Triangulo, Drogaria Alexandre e sua rede gigantesca, telefônica, comércio e indústria, fundador da associação Comercial, etc, etc, etc, etcetera! Os meninos de hoje não conheceram o gigante de ontem. Alexandre Campos plantou progresso. (Jornal Lavoura e Comércio, 18/mai/1971, P.3).

     A explicitação do amor do jornalista Ataliba Guarita Neto por Uberaba, era uma constante no “Observatório”. Ele manifestava seu “bairrismo” e evocava as pessoas a sentirem o mesmo que ele. Não raro o colunista utilizava seu espaço em benefício de Uberaba; vibrava e se entusiasmava por conquistas alcançadas. Usava também a coluna para críticas ferozes ao que julgava ser descaso das autoridades.
Hoje é o ultimo dia do ano. Não posso me queixar de 1962, mas, confesso que espero muito mais de 1963. Principalmente para minha Uberaba, que tem fome de progresso e está precisando apenas de apoio, entusiasmo, bairrismo e trabalho. (Jornal Lavoura e Comércio, 31/dez/1963, P.3).

     Como já afirmado, se a coluna tinha a função de ditar comportamentos, era também sabiamente usada por Netinho para incentivar a solidariedade. A questão social era uma constante em seu trabalho. Campanhas, apelos e ações beneficentes tinham passe livre em sua coluna.
Você que é feliz e nunca precisou de uma casa de caridade – lembre-se de seus irmãos menos afortunados. Inscreva-se como sócio da Santa Casa. (Jornal Lavoura e Comércio, 26/mar/1963, P.3).

     Diante do exposto enfatizamos que o colunista social na imprensa, simboliza, no imaginário de uma sociedade, status social. Oferece ainda, uma visão estimulante da maneira como viviam, pensavam e sentiam as pessoas de uma comunidade em um determinado contexto. Apesar de centrada no viver e afazeres de uma determinada camada socioeconômica privilegiada, paradoxalmente, a coluna social, não é lida somente por esta elite; atinge todas as classes da sociedade. Faz-se pertinente lembrar que, o cotidiano das classes mais favorecidas sempre exerceu fascínio sobre os que têm menor poder aquisitivo e, a coluna social através de seu conteúdo e de suas mensagens, leva o leitor, que não pertence aquele meio, a se sentir de alguma forma participante dele.

     Contudo, a coluna social não tem somente o papel de divulgar fatos ligado à elite; ela aborda uma variada gama de assuntos que retratam a sociedade. Permeando a divulgação de inauguração de clubes, prédios, estádios, visitas ilustres, acontecimentos, reivindicações, mortes, nascimentos, a coluna social conta uma história, a história da cidade, e de sua gente. Através da coluna social, podemos conhecer uma comunidade, desvendá-la, penetrar em suas nuanças.
     Foram inúmeros de benefícios adquiridos por mim por conta da realização da pesquisa. Conviver com nomes que conhecia somente através de logradouros, deparar-me a toda hora com os costumes que hoje já não vigoram, viajar por inaugurações de parques, prédios, constituíram suporte para o maior conhecimento da história da minha cidade.

     Debruçar-se num trabalho de pesquisa histórica é a todo o momento deparar-se com o desconhecido, o inesperado, pois o progresso de investigação não cabem em esquemas prévios. Idéias pré-concebidas acerca do colunismo social foram modificadas, alargando minha visão e mudando paradigmas. Pude perceber que, meu trabalho de investigar a coluna do Netinho, uma modalidade de coluna da imprensa que tematiza o cotidiano da elite, resultou numa experiência extremamente profícua. Pude constatar que no recorde de classe social que perpassa as notas do colunismo social, subjaz um campo de possibilidades de investigação. E, no caso específico do “Observatório”, cujo colunista, por quarenta e cinco anos, deteve esse espaço privilegiado, fixo e quase contínuo na imprensa local, parece-nos ainda mais relevante a investigação.

     Esta coluna representa um campo de atuação social que reflete e produz discursos contínua e concomitantemente, colaborando na construção das diversas representações de um grupo socioeconômico privilegiado Uberabense, cujas práticas visam fazer reconhecer uma identidade social, exibir uma maneira própria de estar no mundo.
     Acresce-se, ainda, que dessa modalidade de coluna evidencia as tramas das relações cotidianas de agentes sociais e representam demandas de um nicho da comunidade local. Concluir- se que, a coluna do Netinho armazena um referencial significativos de idéias e informações que sistematizadas constituem um “Campo fértil” para o trabalho do historiador.

Luciana Maluf



Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos

Fanpage: https://www.facebook.com/UberabaemFotos/


Cidade de Uberaba


Nascido em 20/11/1940, Renê Pinto chegou a Uberaba em setembro de 1967. Na ocasião o “Lavoura e Comércio” cravou: “Homem Gol na cidade: Renê é bola na rede”

 Renê Pinto,Mug
Nascido em 20/11/1940, Renê Pinto chegou a Uberaba em setembro de 1967. Na ocasião o “Lavoura e Comércio” cravou: “Homem Gol na cidade: Renê é bola na rede”. E o “Mug” não decepcionou, ajudou o Uberaba a deixar a lanterna e chegar ao título de Campeão do Interior daquele ano. Voltou ao clube em 1969 e jogou até 1973. No total, vestiu o manto colorado em 161 partidas e anotou 42 gols.

Ao final de 1975 assumiu o comando técnico do clube e seguiu até o ano seguinte, levando o Uberaba à semi-final da Taça Minas Gerais.

Hoje, 01/07/2017, quase 50 anos após sua chegada em Uberaba, o “Homem Gol” saiu de cena, deixando muitas saudades e ótimas lembranças. O Uberaba Sport Club lamenta a perda de um grande nome de sua história centenária.

(Uberaba Sport Club)

================================================================

"Vai, Renê, vai, Renê!"


   Assim gritava a torcida do USC quando Renê pegava a bola próximo à linha do meio de campo, pela direita, ao lado da arquibancada no Boulanger Pucci.

Driblando, sempre cortando pra dentro, à esquerda, ele se aproximava da meia-lua da grande área adversária.

E batia com o pé esquerdo e a bola subia, subia... Caía no matagal onde hoje existem dois edifícios.

Tinha o jeito do Cafuringa, do Fluminense.

Era entre 1970 e 1972, eu assistia aos jogos do lado oposto, atrás do outro gol, debaixo de eucaliptos, com meu pai, Mário Vasques Molinar, o "Marinho".

No final dos anos 70 e 80, Renê foi gerente da loja Calçolito, na r. Artur Machado, e meu vizinho. Sempre que passava por ele, me saudava:

- Ô garotinho!  

Luiz Alberto Molinar

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Maquete do projeto original de reforma da Praça Afonso Pena (também conhecida como "Praça da Gameleira" ou "Praça da Concha Acústica") junto ao trecho final da rua Artur Machado.

  Foto do acervo do IBGE.
Maquete do projeto original de reforma da Praça Afonso Pena (também conhecida como "Praça da Gameleira" ou "Praça da Concha Acústica") junto ao trecho final da rua Artur Machado.    

     
A antiga gameleira.


 
A antiga gameleira, que deu origem ao apelido da praça, em foto de 1929 – quando a árvore já tinha mais de 100 anos.

  A praça recém-inaugurada no início da década de 1970, numa foto de cartão postal.          



Nesse local havia, na primeira metade do século passado, uma figueira centenária ("Ficus enormis", também conhecidas como "gameleiras" porque sua madeira era usada na fabricação de gamelas e utensílios domésticos). Por volta dos anos 1960 a grande árvore foi removida sem grandes debates ou explicações. Alegam que estava doente, mas há quem conteste essa informação. Encontrei essa foto sem data e sem maiores informações no site do IBGE. Mas, pelo tipo de arquitetura, esse projeto deve ser do começo dos anos 1960.

A reforma demorou a ser realizada, e a nova praça só foi inaugurada em 1971. Muito do projeto que está na maquete foi mantido, mas a concha acústica que foi construída tem um desenho redondo e tamanho menor. E, segundo alguns músicos e atores, suas características acústicas deixam muito a desejar.
Desde então a praça passou por diversas reformas, e hoje está bem diferente. Ao menos voltou a ter árvores e sombra, depois de décadas em que permaneceu árida e pouco hospitaleira. Mas deu origem à lenda de que, em Uberaba, temos uma "Praça da Gameleira" onde não existe nenhuma gameleira e sim uma Concha Acústica, que na verdade não é acústica.

(ANDRÉ BORGES LOPES)
           

RELANÇAMENTO/CONVITE

Guido Bilharinho