segunda-feira, 10 de julho de 2017

PANORAMA DE UBERABA NOS ANOS DE 1900

Foto: Autora desconhecida

A história de Uberaba inicia-se no século XVIII, a partir da exploração do interior brasileiro, na busca do ouro. A Estrada do Anhanguera, localizada entre o Rio Grande e o Paranaíba, foi a primeira entrada, no Triângulo Mineiro, comandada pelo bandeirante Bartolomeu Bueno. Aberta em 1722, tornou-se, por ordem régia posterior, o único caminho permitido para o transporte do ouro até Goiás.
Bem próximo ao local onde hoje está Uberaba, iniciou-se a extração do ouro, num lugarejo conhecido como Desemboque e, mais de meio século depois, ocorreu o esgotamento das minas.

o início do século XIX, Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, o Major Eustáquio, morador do local, resolveu explorar a região e encontrou água em abundância e pastagens naturais do cerrado, condições muito propícias para a criação de gado e, consequentemente, uma saída econômica para o fim da mineração.

No Império, o governo doava as terras não cultivadas, num sistema conhecido por sesmarias. Após o extermínio e a expulsão dos caiapós, acompanhando o Major Eustáquio, algumas famílias estabeleceram-se na região, depois de receberam terras por esse sistema. Assim, formou-se o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião.

O registro da vida do Arraial se dava na Igreja Matriz, instituição que documentava nascimentos, batizados, casamentos ou quaisquer outros acontecidos. Em 1836, o governo imperial determinou que se construísse o prédio da Câmara Municipal e o primeiro agente-executivo (termo equivalente à palavra “prefeito”) foi Capitão Domingos, irmão de Major Eustáquio.

No início, a atividade econômica mais relevante era a criação do gado chamado “pé duro” ou “curraleiro”. Como um dos importantes componentes da alimentação desse gado era o sal, rotas salineiras foram estabelecidas. Carros-de-boi traziam o sal e outras mercadorias, oriundas de São Paulo e Rio de Janeiro e levavam produtos da região, do Mato Grosso e de Goiás. Uberaba transformou-se em um entreposto comercial e surgiu uma outra atividade, fundamental para o desenvolvimento da cidade: o comércio. Tanto movimento justificou a chegada do trem de ferro, em 1889. Os trilhos vinham de Ribeirão Preto e acompanhavam as fazendas de café.

A cidade se desenvolveu e passou a abrigar – além das casas comerciais – bancos, livraria, cinemas, teatro, hotéis e escolas. Vieram os imigrantes e, dentre eles, arquitetos cujos estilos marcaram uma época de grande desenvolvimento.

Como é próprio do sistema capitalista, a estrada de ferro prosseguiu e seus trilhos alcançaram Goiás, Mato Grosso e outros centros comerciais. O comércio na cidade perdeu um pouco sua força e iniciou-se a criação de gado zebu. Uberabenses foram até a Índia buscar os animais e aqui aprimoraram a raça, com trabalho genético e exposições do zebu que evidenciam o município no cenário nacional.
Hoje, na cidade, a diversidade econômica que engloba a pecuária, a indústria, o comércio e a agricultura com igual nível de importância é fator essencial. Vale salientar também que a produção de grãos se destaca, em números, em toda Minas Gerais.

Uberaba organizou seu espaço a partir da Praça Rui Barbosa. A principal avenida, a Leopoldino de Oliveira, localiza-se na parte baixa (sobre o córrego das Lajes) e dela se ramificam as colinas que formam os bairros. Por isso costuma-se falar “vou descer para o centro.” ou “vou subir para casa”. As antigas colinas eram: Boa Vista, Estados Unidos, Misericórdia, Matriz, Cuiabá e Barro Preto, destacadas pelo escritor Borges Sampaio, agente executivo de 1878 a 1883.

Fonte: Acervo Público de Uberaba