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segunda-feira, 25 de junho de 2018

A VASP (Viação Aérea São Paulo) foi fundada em 4 de novembro de 1933

A VASP (Viação Aérea São Paulo) foi fundada em 4 de novembro de 1933, pouco mais de um ano após a derrota dos paulistas no levante de 32, um conflito onde a falta de aviões foi um dos fatores decisivos para a derrota de São Paulo. Surgiu inicialmente como uma empresa privada, organizada por um grupo que reunia 72 empresários do estado.

Inauguração dos voos da VASP para Uberaba,
 em matéria publicada na edição de junho de 1934 da revista Fru-Fru.

Seus primeiros aviões eram dois General Aircraft Monospar ST-4/Mk.II fabricados na Inglaterra. Bimotores monoplanos de asa baixa e trem de pouso fixo, tinham um desenho bastante inovador para a época. Os motores radiais Pobjoy R, de 7 cilindros, moviam hélices bipás de passo fixo e desenvolviam 85 HP cada um. Além do piloto, os Monospar levavam até três passageiros e suas bagagens. 

Um dos aviões Monospar da VASP em manutenção nos hangares da empresa no Campo de Marte, em São Paulo, de onde partiam inicialmente os voos para Uberaba.

Os aviões da nova empresa receberam as matrículas PP-SPA (VASP 1/Bartholomeu de Gusmão) e PP-SPB (VASP 2/Edu Chaves). No dia 12 de novembro um dos Monospar decolou do aeródromo Campo de Marte, na capital paulista, com destino a Ribeirão Preto e Uberaba, e outro decolou para o Rio de Janeiro. Foram os primeiros voos da empresa. 

Anúncio do início dos voos comerciais da VASP publicado em um jornal da capital paulista no dia 16/04/1934.

No início de 1934 os aviões da Vasp fizeram mais algumas visitas experimentais a Uberaba, mas a linha aérea só foi implantada em definitivo após a empresa receber autorização federal, em 30 de março de 1934. As primeiras linhas da companhia, inauguradas em 16 de abril, eram: "São Paulo-Ribeirão Preto-Uberaba" e "São Paulo-São Carlos-São José do Rio Preto". 

João Baugartner, piloto da VASP defronte ao Monospar VASP I "Bartholomeu de Gusmão" (PP-SPA), ao lado do hangar da empresa no Campo de Marte, de onde partiam os primeiros voos para Uberaba.

As primeiras instalações do Campo de Aviação de Uberaba, em 1934, recebendo o Monospar VASP-2 "Edu Chaves" (PP-SPB).



Nas fotos anexas, além dos aviões e da elegância dos seus tripulantes, dá para perceber a precariedade das operações na cidade. Em 1933, o “Campo de Aviação de Uberaba” se resumia a uma pista de terra batida, um pequeno casebre, uma biruta e uma escadinha de madeira para os passageiros. 

(André Borges Lopes)

sábado, 3 de fevereiro de 2018

ESCOLAS, SOLDADOS E FANTASMAS

Centro de Cultura "José Maria Barra". Uma história de 200 anos

Muitos lugares da cidade de Uberaba têm histórias para contar. Mas poucos tiveram uma vida tão atribulada quanto o quarteirão da praça Frei Eugênio, onde hoje funciona o Centro de Cultura "José Maria Barra". Uma história de 200 anos, que começa em 1818 - quando nesse local foi erguida a capela de Santo Antônio e São Sebastião do Berava. Dois anos depois, com a criação da Paróquia, a modesta igrejinha foi transformada na primeira Matriz do arraial.

Na frente da capela, como era costume na época, passou a funcionar um pequeno cemitério local. Ali foi enterrado, em 1833, o famoso Major Eustáquio, fundador da nossa cidade. Mas em pouco tempo o terreno já não era suficiente. O vilarejo crescia e um novo cemitério foi criado atrás da capela, estendendo-se até onde hoje existe a Escola Estadual Minas Gerais. Em 1856 os dois cemitérios foram reunidos num só.

Mas nessa altura, uma igreja maior-na Praça Rui Barbosa - já assumira a posição de Matriz paroquial. Ao juntarem os cemitérios, demoliram a antiga capela. Inúmeros anônimos e famosos da história local encontraram descanso naquelas paragens na segunda metade do século XIX. Mas seu sossego foi perturbado em 1900: o novo cemitério São João Batista foi aberto longe do centro. Túmulos foram transferidos e a área desapropriada pela prefeitura.

Duas décadas depois um novo destino: a área foi cedida para que o engenheiro e deputado Fidélis Reis colocasse em prática suas ideias - avançadas para a época - sobre ensino técnico profissionalizante. Fidélis não mediu esforços para erguer no local uma escola modelo, nos moldes dos Liceus de Artes e Ofícios das maiores cidades do mundo. Conseguiu recursos dos governos, recebeu doações e obteve - de graça - um projeto do escritório do renomado arquiteto paulista Ramos de Azevedo. Em 1927 o prédio central ficou pronto, mas faltavam os galpões das oficinas, fundamentais para seu funcionamento. Para que o prédio não ficasse vazio, foi emprestado à Escola Normal de Uberaba, que passava por uma fase "sem-teto".

Para concluir a obra, Fidélis apelou até ao industrial norte-americano Henry Ford, que fez uma polpuda doação. Em troca, seu nome batizou um dos dois pavilhões - o das oficinas de metalurgia. Do outro lado, no pavilhão "João Pinheiro" seriam ensinados os ofícios das madeiras. Com as obras concluídas em 1929, faltava colocar o Liceu em funcionamento, mas nuvens surgiram no horizonte.

Quebra da Bolsa em 1929, Revolução de 1930 e a Revolta Constitucionalista de 32 interromperam o destino da escola. Num tempo em que soldados eram mais valorizados que professores e artesãos, o prédio foi cedido para alojar o 4º Batalhão de Caçadores da Força Pública Mineira. A escola teve que esperar por 15 anos: só em 1947, quando ficou pronto o novo quartel do 4º BP, os militares deixaram o prédio.

Muita água havia rolado na ditadura de Getúlio Vargas, e o ensino técnico fabril tinha agora o nome de SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, entidade controlada pelos sindicatos patronais. Restou ao antigo Liceu ceder o prédio ao governo, que o repassou ao SENAI. Em maio de 1948, o presidente Dutra aproveitou a vinda para a Exposição de Zebu e inaugurou a escola, que desde então formou alguns milhares de operários e técnicos.

Mas o destino reservaria ainda algumas surpresas. Fidélis morreu em 1962, e a escola ganhou seu nome, em justa homenagem. Em meados dos anos 70, o belo pavilhão João Pinheiro foi demolido para dar lugar a um novo prédio sem muito charme, onde atualmente funciona o "Centro de Formação Profissional Fidélis Reis". Em 1977 os prédios históricos foram cedidos ao SESI Minas e passaram por um longo período de abandono.

Foi somente em 2006 que a velha escola, restaurada e reformada, voltou ao antigo brilho, agora como Centro Cultural. Dentro do pavilhão Henry Ford, foi construído o mais moderno teatro de Uberaba. Mas reza a lenda que, nas madrugadas escuras, fantasmas ancestrais do antigo cemitério ainda passeiam pelas suas coxias.


André Borges Lopes é jornalista, especializado em produção gráfica, uberabense e historiador nas horas vagas.                            

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Asas para a Juventude Uberabense.

Baile no Jockey, publicada na revista "O Cruzeiro"   

1941. Com a Europa já em plena II Guerra, começa no Brasil a Campanha Nacional de Aviação com o objetivo de estimular a formação de novos pilotos em todo o País. Parte importante desse esforço passava pela fundação de aeroclubes nas cidades do interior, uma iniciativa que foi apadrinhada pelo presidente dos Diários Associados, Assis Chateaubriand – o famoso "Chatô", um dos homens mais poderosos do Brasil na época – e recebeu os slogans marqueteiros "Dê Asas para o Brasil" e "Dê Asas para a Juventude".

                          Baile no Jockey, publicada na revista "O Cruzeiro"                          

Uberaba não ficou de fora nessa iniciativa. No dia 25 de maio, o Aeroclube da cidade ganhou um avião de treinamento, doado pelo industrial Severino Pereira. Os jornais da época não informam o modelo mas, pelas fotos, parece ser um Piper J3 Cub (um pequeno monoplano de asa alta norte-americano, com motor de 65 HP) ou sua cópia nacional, o CNNA HL-1, montado no Rio de Janeiro. O avião recebeu o nome "Pandiá Calógeras" em homenagem ao geólogo e engenheiro carioca que começou sua carreira profissional em Uberaba e foi o único civil a ocupar o Ministério da Guerra na República Velha.

   Notícias dos preparativos para a recepção, publicada no jornal uberabense "O Triângulo”  
       
A entrega do avião em Uberaba deu ensejo a uma enorme festa aérea: o ministro da Aeronáutica Salgado Filho veio pessoalmente até cidade liderando uma esquadrilha com dezenas de aeronaves civis e militares. Chatô e Dario de Almeida Magalhães, diretores dos Diários Associados, acompanharam a comitiva. A famosa aviadora Ada Rogato exibiu-se saltando de paraquedas e outros pilotos revezaram-se em exibições de acrobacias aéreas. Ao final, o grupo foi recebido para um jantar no restaurante do Grande Hotel seguido por um baile de gala no Jockey Club e por uma festa dançante no Cassino da Exposição.


"Pandiá Calógeras"
Avião HL-1, fabricado no Rio de Janeiro pela fábrica CNNA, do industrial Henrique Lage. É uma cópia do avião norte-americano Piper J-3 Cub. Muito provavelmente, o "Pandiá Calógeras" era um avião como esse.


O bapthismo "Pandiá Calógeras"em Uberaba.

Nos dias seguintes, como de costume, os vários jornais do grupo Diários Associados e a revista semanal "O Cruzeiro" deram grande destaque ao evento. O método usual de Chatô de ganhar ainda mais poder político e conseguir patrocinadores.


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Um detalhe curioso: em diversas publicações consta que o Aeroclube de Uberaba teria sido fundado só em 1942, um ano depois do recebimento desse avião.

 (André Borges Lopes).


Fanpage: https://www.facebook.com/UberabaemFotos/

Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos


Cidade de Uberaba


domingo, 2 de julho de 2017

MODERNIDADE E ELEGÂNCIA NA GALERIA COMERCIAL MAIS CHARMOSA DE UBERABA

Galeria Rio Negro
Galeria comercial mais charmosa vista da Av. Leopoldino de Oliveira,"Buraco da Onça" edifício Rio Negro, final dos anos 60 e início dos anos 70.

Foto restaurada por André Borges Lopes

(Foto cedida pela família do Dr. José de Souza Prata do arquivo pessoal)      

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Magnabosco & Cia

                                                   Magnabosco & Cia

Magnabosco & Cia, posto de serviços e revenda de carros da Chevrolet, no seu antigo prédio da Av. Leopoldino de Oliveira com Rua Segismundo Mendes, em maio de 1948. Mais tarde, funcionou no mesmo lugar a Marzola Veículos, outra concessionária da marca.

Nos anos 1990, o prédio foi demolido para a construção de uma agência do banco Itau. Foto da revista Noite Ilustrada.


(André Borges Lopes) 

quarta-feira, 5 de abril de 2017

PONTE CIA. MOGIANA


A velha ponte da Cia Mogiana -  ligando Delta a Igarapava,


A velha ponte da Cia Mogiana sobre o Rio Grande, ligando Delta a Igarapava, ainda em construção, na primeira metade dos anos 1910. Antes da abertura da variante de Igarapava da Mogiana, em 1915, os trens só chegavam a Uberaba pela ferrovia que vinha de Franca, por Jaguara, Conquista e Peirópolis, inaugurada em 1889. Os trens de ferro dividiram a ponte metálica com a rodovia até 1979: eu me lembro das cancelas que fechavam o tráfego de veículos para esperar o trem passar, e também da diversão infantil que era ficar lá no Country Clube esperando para ver ao longe a travessia dos trens. Em 79 foi aberta uma ferrovia nova, que cruza o rio ao lado do DI-3, e os trens sumiram para sempre. Carros, ônibus e caminhões continuaram passando pela velha ponte por mais duas décadas. Em maio de 2001 foi finalmente inaugurada a ponte dupla da Anhanguera/BR-050 e a velha ponte de metal entrou nessa semi-aposentadoria em que se encontra hoje, Há três curiosidades sobre essa ponte: 1) Ela tem quatro vãos maiores e um menor, o último do lado de Igarapava. Reza a lenda que esse vão menor não pode ser completado na época da inauguração porque a estrutura de aço viria da Alemanha (ou da Inglaterra, segundo outras fontes) e a entrega foi cancelada em virtude do início da 1ª Guerra Mundial. Na época, teria sido construído um vão improvisado em madeira, que foi anos mais tarde substituído por esse metálico que até hoje está lá, mas que tem uma estrutura ligeiramente diferente dos demais – o que é um fato. Nessa foto histórica, não se vê o quinto vão sendo erguido. 2) A ponte teria sido palco de violentos confrontos armados entre mineiros e paulistas em 1930 e 1932. A lenda – que ouvíamos no tempo de menino – dizia que ainda podiam ser vistas várias perfurações de bala na estrutura. Na época, nunca me deixaram ir lá comprovar: a ponte é estreita e nunca teve passagem para pedestres. Caminhar por ela era terrivelmente arriscado no tempo em que todo o tráfego da BR passava por ali. Recentemente, atravessei a ponte a pé, mas não encontrei as perfurações. E tenho sérias dúvidas se os tiros daqueles velhos fuzis usados na década de 30 teriam capacidade de furar as grossas chapas de aço da sua estrutura. 3) Nos início dos anos 1980, alguns paulistas metidos a besta que estudavam em Uberaba faziam uma provocação com os mineiros, chamando a ponte de “túnel do tempo”. O que era apenas um claro sinal de que eles não conheciam a “progressista” Igarapava. De qualquer modo, a bela “ponte do Delta” é parte da história da nossa cidade, e é uma pena que esteja em estado de semi-abandono. Como muitos caminhões e carretas pesadas desviam da BR por ela (talvez para fugir das balanças e da fiscalização na divisa) temo que em breve ela acabe cedendo ou desabando, o que seria uma pena. Torço para que, antes que isso ocorra, alguém tenha coragem de propor alguma manutenção preventiva. Ou para, pelo menos, proibir o tráfego de caminhões sobre ela. Uma coragem que – que se vê nessa foto – não faltava a seus valentes construtores.



Texto: André Borges Lopes

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

RESTAURANTE BAR “PULENTA” – DOZE CERVEJAS POR DIA

Restaurante Pulenta - O melhor frango assado de Uberaba.

Nos anos 1960/70, nas vésperas da abertura da Expozebu, os jornais de São Paulo faziam matérias de página inteira sobre Uberaba com dicas de hotéis e restaurantes para quem vinha visitar a exposição. No Caderno de Turismo do Estadão de 28/04/1967 o enviado especial do jornal, Wanderley Midei, descrevia as opções oferecidas pela cidade.
Restaurante do Pulenta

“Uberaba tem três grandes hotéis: o Grande Hotel, Regina e Palace. O primeiro tem 100 apartamentos e 50 quartos em dois edifícios, funcionando em anexo o restaurante e bar GALO DE OURO, considerado o melhor da cidade. Outro restaurante famoso é o do PULENTA, de propriedade de um italiano gordo que gosta de tomar 12 cervejas por dia. Honrando o nome, serve um frango com pulenta por três cruzeiros novos, que é conhecido em todo o Triângulo Mineiro. Fica na esquina da Padre Zeferino com João Pinheiro”.

O citado “italiano gordo”, conhecido como “Seu Pulenta”, é o primeiro da esquerda nessa foto de Orlando Vilas Boas, onde aparece no seu restaurante acompanhado por alguns dos muitos amigos: Adib Sarkis, Saulo Gomes, o autor, Mario Gori, Luiz Gonzaga de Oliveira,Paulo Afonso Silveira, Jaime Scussel, Dr.Odo Tormin, Waldemar Moreno, Olandinho, Nildo Barroso, Pedro Castejon e o garçon Cacildo – entre outros.

Quem frequentou o Restaurante do Pulenta recorda que o velho italiano garantia a alma da casa, enquanto Dona Maria, sua esposa, se desdobrava no caixa atendendo a grande clientela — que tinha diversas opções de pratos a base de frangos, abatidos na hora no quintal da casa.

Polenta

(André Borges Lopes e Antônio Carlos Prata)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

CANALIZAÇÃO DO CÓRREGO DAS LAGES DEFRONTE AO GRANDE HOTEL - UBERABA

Canalização do córrego das Lages            

A antiga revista CRUZEIRO está digitalizada no site da Biblioteca Nacional, com acesso gratuito (https://bndigital.bn.br/). Para quem gosta de fotos e reportagens antigas, é uma diversão. No mês de maio de 1938 – quando Getúlio Vargas era ditador e Whady Nassif era prefeito – a revista fez uma longa matéria sobre o desenvolvimento de Uberaba, com fotos de Hans Peter Lange.
Nessa imagem aqui da pra ver a canalização novinha do Córrego das Lages defronte ao Grande Hotel, sem a mureta e com os paralelepípedos ainda sendo colocados. Ao fundo o Mercado, a Penitenciária (que depois virou Faculdade de Medicina) e o colégio Nossa Senhora das Dores.
(André Borges Lopes‎)

UBERABA TÊNIS CLUBE - UBERABA

Aulas no colégio Nossa Senhora das Dores


Beldades uberabenses, divididas entre as aulas no colégio Nossa Senhora das Dores e o sol nas piscinas do Uberaba Tênis Clube. Da revista “O Cruzeiro”, maio de 1952
(André Borges Lopes‎)