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terça-feira, 2 de julho de 2019

SILVÉRIO CARTAFINA – UM PREFEITO REVOLUCIONÁRIO.

Sessenta dias antes das eleições, marcadas para o dia 15 de Novembro de 1976, é que foi criada uma comissão da ARENA II para procurar um candidato que se dispusesse a concorrer com Fúlvio Fontoura, candidato da ARENA I.

Diversos nomes foram lembrados e alguns até convidados. Os nomes mais ventilados eram os de Jorge Dib Neto, Wilson Pinheiro, José Maria Barra, Vicente Marino e, posteriormente, todos se voltaram para o nome de Dr.Paulo Mesquita. Todavia, procurado em sua residência, o ilustre médico declinou do convite.

Chegou-se a uma situação curiosa. Os nomes que eram procurados, não aceitavam. Os que queriam disputar, não eram procurados. Nunca ficamos sabendo se Silvério Cartafina era a preferência do Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha mas, inegavelmente, era um nome de peso e com uma vantagem adicional: queria ser candidato. Como era o Secretário da Saúde do governo de Hugo, ficou fácil o acerto político.

Tendo Wagner do Nascimento como vice e o apadrinhamento de Hugo, Silvério partiu para a luta.
Novamente a participação do Jornal da Manhã foi imprescindível para o resultado desta eleição. Desconsiderando a determinação do Juiz Eleitoral, a direção do jornal imprimiu a prestação de contas da administração de Hugo, o que valeu para dois diretores, Joaquim dos Santos Martins e Gilberto Rezende e para o Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, uma condenação que foi posteriormente revogada pelo TER de Minas.

Em compensação, através de centenas de voluntários, cerca de 35.000 lares uberabenses puderam tomar conhecimento, às vésperas da eleição fixada para o dia 15 de novembro de 1976, das realizações do governo de Hugo.

Entre os quatro candidatos, num universo de 60.358 votos válidos, Fúlvio Fontoura, concorrendo pela ARENA I, obteve 42,68%; Silvério Cartafina, concorrendo pela ARENA II, 45,68%; Ivan Cota Barbosa, pelo MDB I, 6,32% e seu parceiro do MDB II, Paulo Afonso Silveira, 5,81%.
Com uma vitória apertada, Silvério e Wagner tomaram posse em 1977 para se separarem irremediavelmente, dois anos após. Eleito para governar quatro anos, teve prorrogação de mais dois em decorrência de reforma constitucional.

Parte da equipe de trabalho de Hugo permaneceu com Silvério, entre eles o Cel. Bracarense, José Paulo Miguel, Geraldo Barbosa e Zilma Bugiatto. Outros foram convidados por Silvério para completar o quadro. Paulo Silva (Turismo), Pedro Humberto Carneiro (Viação e Obras Públicas e Planejamento), Ana Maria Borges (Pró-Árvore), Antonio Bilhrinho (Educação), Silvio Sidnei Pinto (Fazenda), Izidio Barbosa (Saúde) e em revisão de Secretaria, Jorge Dib Neto assumiu Viação e Obras Públicas.

Silvério foi um prefeito revolucionário. Abriu novos horizontes para o desenvolvimento de Uberaba com sua arrojada administração. Todos os setores mereceram sua atenção. Numa época em que o orçamento municipal era bem inferior ao da atualidade, soube aproveitar de seu relacionamento com Secretários Estaduais, Governador, Ministros e de todas as oportunidades de investimentos colocados à disposição pelas estatais estaduais e federais como o INDI, BDMG, EBTU, COHAB, INOCOOP, CDI, CEMIG, siglas que representaram muito no progresso da cidade.

Até que em 1979 Fúlvio Fontoura assumisse uma cadeira na Assembleia Legislativa e Hugo Rodrigues da Cunha na Câmara Federal, passando a colaborar com a administração municipal, Silvério era Prefeito e ao mesmo tempo fazendo o papel de Deputado Estadual e Federal.
Foram seis anos de realizações de obras de grande vulto e um governo de muita garra. Podem ser destacados em sua gestão:

A integração de Uberaba com o Distrito de Delta onde está instalado o Distrito Industrial III, via Avenida Filomena Cartafina, com 4 pistas, numa extensão de 24 km.

Aberturas de novas avenidas destacando-se a Avenida Carangola, primeira Av. a contar com uma ciclovia. Outras que foram beneficiadas: Guilherme Ferreira, da rua Padre Jerônimo até a Av. Marcus Cherém; prolongamento da Av. Santos Dumont até o Aeroporto; início da canalização da Av. Santa Beatriz.

Merecem destaques em suas obras, a ligação do Bairro São Benedito com o Santa Maria, via rua Piauí. Construiu ainda a ligação do Amoroso Costa com o Fabrício, Boa Vista e Abadia, via rua José Maria, Osvaldo Cruz, João Alfredo e Saldanha Marinho, permitindo-se chegar a BR-262. Canalizou a Av Leopoldino de Oliveira, Guilherme Ferreira, Santa Beatriz, iniciou a canalização da Av. Pedro Salomãom, terminou a da Av. San tos Dumont e urbanizou a Av. Odilon Fernandes até a Av. Jesuíno Felicíssimo.

O acesso a Uberaba pelo Bairro da Abadia, através da Av. Abilio Borges, Bandeirantes e Saldanha Marinho, até então acanhado e estrangulado, ganhou destaque no governo de Hugo que projetou avenidas largas e urbanizadas, cabendo a Silvério a concretização do referido projeto.
A definitiva solução do esgoto e recapeamento do Parque das Américas representou a quebra de um tabu em Uberaba.

Na área de saúde, construiu 14 unidades sanitárias, entre elas a de Delta, Conjunto Silvério Cartafina, Irmãos Juquinha, no Bairro de Lourdes, Dr. George de Chirié Jardim no Alfredo Freire, Durval Dias de Abreu, Norberto de Oliveira no Conjunto Boa Vista, Waldemar Ribeiro da Silva, elevando o número de unidades em Uberaba para 18. Criou o Pronto Socorro junto à Faculdade de Medicina, na gestão do dr. João Naves Junqueira.

Implantou o Centro Social urbano (Leblon) e criou o CEAPS e o SINE.

Asfaltou cerca de l milhão de m2 no perímetro urbano, além de outro milhão de m2 nos conjuntos residenciais. Fato inédito - conseguiu, em apenas uma noite, asfaltar toda a rua Artur Machado.
No Projeto Minas-Luz, conseguiu 700 postes que beneficiaram milhares de residências da periferia.
Duplicou a área do Cemitério São João Batista, construiu a sede do Corpo de Bombeiros, do COMBÉM, da EMATER. Construiu o Tiro de Guerra com o compromisso do General Walter, comandante do Planalto, de não levar mais uberabenses para Brasilia.

Construiu, reformou e iluminou cerca de 21 praças. Implantou 83 semáforos e 6.629 metros de galerias para abertura de novas avenidas, além de um emissário de 4 km. no Conjunto Boa Vista.
Doou cerca de 259 há, de terras para a Escola Agro Técnica e instituiu em 1981, o serviço de nova numeração de casas.

No setor educacional, construiu a Escola "Gastão Mesquita" em Ponte Alta e doou terreno para a “Ana de Castro Cançado” em Delta e "N.S. Aparecida". Em 1982, com a inauguração da Escola Rural “Maria Cândida Mendes”, completou 38 unidades rurais no município.

Reformou as Escolas "Prof. Chaves", "Uberaba", "Minas Gerais" e "Paulo Derenusson". Em convênio com o Estado, reconstruiu as Escolas “América”, “Horizonta Lemos”, “Henrique Kruger”, “Rotary”, “Alceu Novais” e “Bernardo Vasconcelos”.

Na área do CODAU implantou 27.000 metros de rede de esgoto e cerca de 12 mil novas ligações de água. Construiu o 1º Castelo do CODAU no Parque das Américas e o 2º na Av. Nenê Sabino.
Em 1982, interpretando os anseios da comunidade, criou a Fundação Cultural de Uberaba, reunindo em um só órgão, a coordenação de todas as manifestações culturais.

O sonho acalentado por muitos anos se transformou em uma realidade. Plantou-se naquela data uma semente em solo fértil. No comando de Antônio Bilharinho, então Secretário de Educação e com a participação de inúmeros companheiros, entre outros, Antônio Carlos Marques, Gilberto Rezende, Guido Bilharinho, Jorge Alberto Nabut, Henri Brandão, Beethoven Teixeira, Décio Bragança, Demilton Dib e Maria Antonieta Borges, nasceu a primeira entidade voltada exclusivamente para a difusão de todos os segmentos de nossa Cultura. Coube ao saudoso Dr. Edson Prata dar o embasamento legal para o seu primeiro Estatuto e a Jorge Alberto Nabut, assumir a primeira presidência desta nova Entidade.

Silvério conseguiu ainda em seu governo, remodelar a Igreja Santa Rita e trocar as torres da Igreja São Domingos.

Seu maior trunfo como administrador foi obtido na construção de conjuntos Habitacionais. Terminou o Conjunto ”Cassio Rezende I”, e construiu os Conjuntos “Cassio Rezende II”, ”Guanabara”, “Frei Eugênio”, “Boa Vista”, “Morada do Sol”, “Alfredo Freire”, “Silvério Cartafina”, “Volta Grande” e “Delta”, mais 30 blocos com 12 apartamentos cada, construída no final da Av. Leopoldino de Oliveira, todos viabilizados pela COHAB e INOCOOP.

Foram no total 11 Conjuntos Habitacionais com cerca de 7.000 residências com área de terreno de 250 m2 e construção de 23 m2 em algumas unidades. Como o terreno era grande, proporcionava ao comprador a possibilidade de ser ampliado na medida de suas possibilidades. Foi uma revolução em termos de construção de casas populares, uma ideia que até o Presidente da COHAB julgava ser uma loucura.

Filho de imigrantes italianos, Silvério e Filomena Cartafina que trabalharam por muitos anos em fazendas de café em Conquista, MG, mudaram-se para Uberaba após o quinto filho e Silvério, um dos doze filhos do casal, nasceu em Uberaba em 31 de dezembro de 1927.

Estudou inicialmente no Grupo Brasil e terminou o primário no Colégio Diocesano em 1937. Ficou com os Maristas até 1945 quando partiu para o Rio de Janeiro para fazer o Científico no MABE e logo prestou vestibular na Faculdade de Medicina, hoje UERJ, no qual passou em 15º lugar.

Formado e já concursado pelo IAPI, se especializou com grandes nomes da Medicina nas áreas de Cirurgia Geral e Urologia.

Voltou à Uberaba em 1954 trabalhando na Beneficência Portuguesa, em convênio com a Faculdade de Medicina onde só tinha 21 professores catedráticos e professores voluntários. Convidado por Hélio Angotti, passou a lecionar na Faculdade até que, com a saída de Dr. José de Abreu, assumiu a cadeira de Urologia. Foi professor da Faculdade de Medicina, por 28 anos. Além de consultório próprio, era também médico do INPS e, pela intervenção do deputado Mário Palmério, foi nomeado para o SANDU em 1958.

Em um almoço em sua casa, recepcionando o Presidente João Goulart em sua visita à Uberaba, Silvério conseguiu transformar o SANDU de Uberaba em classe A e também autorização para criar o SANDU em Ituiutaba.

Filiado ao PTB, em 1958 o seu partido ganhou as eleições municipais com Jorge Furtado na Prefeitura, Mário Palmério na Câmara Federal e Godofredo Prata, na Assembleia Legislativa, além do Juiz de Paz, Juca Inácio.

Com a revolução de 1964, os partidos foram extintos e substituídos pela ARENA, representando a situação, e MDB, pela oposição. O diretório de Uberaba do MDB foi criado por Silvério e Francisco Veludo.

Seu partido, PTB, disputou em 1966 através de Francisco Veludo, que, apesar de ter sido o mais votado dos candidatos, cedeu lugar para João Guido da ARENA, em virtude desta legenda ter obtido maior número de votos.

Voltou à carga concorrendo como vice de Francisco Lopes Veludo na eleição para a Prefeitura em 1970. Eram concorrentes também Arnaldo Rosa Prata, Mário Palmério e Artur Teixeira. Arnaldo ganhou com 44,13% dos votos contra 25,43% atribuídos à Veludo. Silvério reconheceu não ter feito boa campanha e justificou a vitória de Arnaldo pelo bom desempenho do Prefeito João Guido na gestão anterior.

Com a eleição de Hugo Rodrigues da Cunha em 1972, Silvério assumiu a Secretária da Saúde que lhe deu prestígio eleitoral, ajudando a vencer a eleição de 1976/1982, onde fez uma administração primorosa.

Já na eleição de 1983, seu candidato concorrendo pela ARENA, João Francisco Naves Junqueira obteve apenas 13,32% dos votos e Hugo Rodrigues da Cunha, 15,27%. Wagner do Nascimento, do PMDB, foi o vitorioso com 37,37%. Seus companheiros de partido também tiveram expressiva votação como Rene Barsan, 22,66% e Arnaldo Rosa Prata, l0,07%.

Silvério Cartafina Filho, político por natureza, voltou a concorrer nas eleições de 1988, desta vez enfrentando 9 candidatos. Hugo Rodrigues da Cunha foi o vencedor com 29,42% dos votos, contra Silvério, segundo colocado, com 21,09%. O remanescente foi distribuído entre os candidatos, João Batista Rodrigues, 20,04%, José Thomas da Silva Sobrinho, 15,96%, Adelmo Carneiro Leão, 8,52%, Anderson Adauto, 3,13%, Samir Cecílio, 1,09%, Bittencourt Bertolucci, 038%, e Germano Gultzgolf, 037%.

Foi sua última participação como candidato na área política. Nas décadas seguintes, além de respeitado conselheiro de políticos e amigos, se envolveu mais com suas atividades empresariais se destacando como fazendeiro e grande fornecedor de leite.

Nos últimos cinco anos se viu atacado pela Doença de Alzeimer, debilitando sua saúde. Faleceu em 12 de junho de 2019, aos 92 anos, em virtude de complicações renais e foi velado no Centro Administrativo "Ataliba Guaritá Neto", sede da Prefeitura Municipal de Uberaba, cujo Prefeito, Paulo Piau, decretou luto por 3 dias.

Silvério deixa viúva sua grande companheira de política, vereadora em diversas gestões e grande destaque na área social, Terezinha Cartafina, além dos filhos:

1) Ana Keyla, separada de seu ex-marido Eduardo, e seus filhos Franco, hoje deputado federal, herdeiro do avô na área política, casado com Maísa Lemos; Sophia, casada com Tiago Fontes e a filha Isadora.

2) Claudia casada com Evandro Andrade e seus filhos Arthur e Inácio.

3) Maristela, residente no Canadá, casada com Vicente Trius e os filhos João Vicente e Antônia.

4) Viviane Cartafina, casada com Eduardo Barbosa e os filhos Maria Eduarda e Lucas. Maria Eduarda tem uma filha, a Olívia.,

5) Renato, herdeiro de Silvério pela paixão de nosso folclore, casado com Renata.


Silvério Cartafina, além do exemplo de administrador político e empresário, era também violonista e cantador. Deixa muitas saudades entre seus familiares e amigos. Entre seus companheiros do folclore pela suas participações em manifestações culturais que varavam a noite. Onde estiver sabe que tem o reconhecimento da comunidade por tudo que fez pela sua cidade e pelo bem de seu povo.



Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex presidente da ACIU e do CIGRA. Ex presidente do PDS.



Fontes – Jornal da Manhã e Pedro Carneiro. – Dados eleitorais – Tião Silva.






Cidade de Uberaba



sábado, 8 de junho de 2019

Wilson Pinheiro


UM ASSOCIATIVISTA NATO


NÃO TINHA COMO ESCAPAR. UM SORRISO ABERTO ALIADO A UMA VOZ CATIVANTE DERRUBAVAM AS MURALHAS LEVANTADAS


Não tinha como escapar. Um sorriso aberto aliado a uma voz cativante derrubavam as muralhas levantadas pelos que o procuravam para ver, sem compromissos, um veículo. Sempre terminava em mais um negócio fechado. Mais um carro emplacado. Mais um amigo conquistado. 

Assim era a rotina de Wilson Pinheiro, das décadas de 1960 a 1980, enquanto diretor de vendas da empresa Distrive, maior concessionária de veículos desta região, sob a administração do grande empresário Joaquim dos Santos Martins.

Pragmático, Pinheiro criou o Consórcio Triângulo, que deu à empresa a condição de líder de vendas do setor de veículos e que o alçou, em 1979, à condição de presidente da Uniminas - Associação dos Revendedores de Volkswagen nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. 

Wilson Pinheiro. Foto: Acervo da família.

Nascido em 07/07/1941, em Uberaba, Pinheiro, que na juventude trabalhava na Brasil Companhia de Seguros, conseguiu, através de seus próprios méritos, galgar relevantes posições nas administrações pública e privada. 

Recebeu em 1966 o diploma de Bacharel em Direito através da Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro, hoje Uniube, e 1974, o diploma de Economista, através da FCETM – Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Segundo a viúva de Wilson, Bernadete Pinheiro, ele ainda cursou outras duas graduações, também pela FCETM: Contabilidade e Administração.

Em 1984, a convite do juiz federal Ari Rocha, Pinheiro assumiu o cargo de juiz classista dos empregadores/ empresas na Junta de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho de Uberaba, oportunidade que seu espírito conciliador e com o dom de conversar e resolver na paz, contribuiu para solução amigável de centenas de processos reclamatórios.

Era filho de Orlando e Maria de Souza Pinheiro e irmão de Pedro Júlio, ex-gerente do Banco do Brasil e comerciante em Suzano (SP), Célia, viúva de Juarez Fortes e Aparecida Maria Pinheiro, hoje viúva de Aráudio Pereira Melo, ex-vereador em Uberaba.

Wilson Pinheiro era casado com Bernadete de Lourdes Prata Rocha Pinheiro, com quem teve três filhos: Adriana Maria Rocha Pinheiro, atualmente administradora de empresa e publicitária, casada com Marcello Frossard Duarte, advogado, pais de Marcella; Andréa Maria Rocha Pinheiro, advogada e corretora de imóveis, casada com Antônio Carlos Guimarães Júnior, promotor de Justiça em Rio Claro (SP), pais do casal Maria Luiza e Mateus; Christiano Rocha Pinheiro, engenheiro, advogado e auditor da Receita Federal em Belo Horizonte, casado com Sandra Mara Adjafre Sindeux, advogada, pais de Camila e Arthur.

Wilson Pinheiro é um dos mais belos e ilustres exemplos do associativismo. Grande parte de sua vida foi dedicada aos interesses comunitários, sempre participando dos movimentos sociais, artísticos e culturais. Entre as entidades que contaram com sua participação ativa e afetiva, podem ser destacadas: a presidência do Rotary Club Uberaba – Sul, em 1978/1979 e sua participação na fundação do Rotary Uberaba – Norte; a presidência da Feti – Fundação de Ensino Técnico Intensivo -, em 1976, onde teve destacada atuação no governo Hugo Rodrigues da Cunha; a presidência da Associação dos Surdos e Mudos; a participação como primeiro secretário e presidente do Sindicato Rural de Uberaba.

Idealizou e cofundou o Sinhores – Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes e Similares de Uberaba -, do qual assumiu a presidência por três gestões. Em sua administração, se criou o fundo para aquisição da sede própria bem como o Seguro de Vida dos Associados e Funcionários das Empresas vinculadas; a vice-presidência da Facemg – Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais -, em 1977.

Participou em diversas diretorias da Aciu, da qual assumiu a presidência nas gestões de 1976/1977; foi nesse período que Wilson Pinheiro e sua diretoria se destacaram pelas suas atividades, entre elas a realização do IV Encontro Regional da Indústria com repercussão nacional; a transferência da FCETM do prédio da Aciu para o Colégio Nossa Senhora das Dores; a ampliação do SPC - Serviço de Proteção ao Crédito - e reforma geral da sede da Aciu; a participação ativa em 1976 na campanha para ampliação do Colégio Eleitoral de Uberaba. 

Foi também em sua gestão que a Aciu, após muitas lutas de gestões anteriores, conseguiu ser reconhecida através da Lei Estadual 7045 de 01/08/1977, governo Aureliano Chaves, o título de “Entidade de Utilidade Pública”. 

Tivemos o prazer de conhecer o Wilson Pinheiro na década de 1960 e estar ao seu lado na Aciu como conselheiro fiscal em sua gestão e conselheiro consultivo nos anos subsequentes bem como seu parceiro na criação e direção do Sinhores.

Foi na área empresarial que Wilson Pinheiro se revelou como um grande administrador, revolucionando o conceito de serviços em restaurantes através da empresa Solar 17 implantada no bonito e imponente casarão da rua São Sebastião, onde permaneceu à frente da administração até o seu falecimento.

Por muitos anos, só se conseguia reserva de mesas com bastante antecipação pela grande demanda da sociedade. Em respeito à arte e à cultura, Pinheiro contratou a renomada pianista Nininha Rocha para abrilhantar com seu piano as animadas noites no American Bar do Solar 17.

Nas palavras de Bernadete Pinheiro, “Wilson Pinheiro foi o melhor parceiro, marido e pai. Trabalhava incansavelmente sempre querendo ajudar os outros. Pessoa extremamente querida e solicitada perante a categoria e sociedade, isso devido ao seu espírito de paz e harmonia”.

A história do empreendimento é também contada por Bernadete: “A ideia da criação do Solar 17 surgiu durante um bate-papo entre amigos, entre eles Luís Carlos Souza Campos, que viria a ser o decorador e primeiro sócio, ficou no futuro com o comando do Wilson, pois ele gostava de festas, reuniões, pessoas felizes e amigos, era como ele mesmo, sempre comunicativo e entusiasmado. Durante 35 anos trabalhou como proprietário do restaurante, buffet e American Bar Solar 17 onde, com carinho, realizava jantares, reuniões, festas de casamento, aniversário, bodas e formaturas. Foi um dos pontos de reunião e jantares das famílias uberabenses. 

Por todos os caminhos percorridos por Wilson, sempre encontramos seriedade, companheirismo, transparência e paz”.

Wilson Pinheiro faleceu em 09 de fevereiro de 2012. É hoje nome de rua localizada no conjunto habitacional Rio de Janeiro. É também saudade eterna junto a seus familiares, amigos e parceiros que estiveram a seu lado na luta pelo desenvolvimento de Uberaba. 


Fontes: Aciu, Bernadete e Adriana Pinheiro 

Gilberto Andrade Rezende.
(*) Membro da Academia de Letras – Ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra.



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Cidade de Uberaba

domingo, 28 de abril de 2019

Renê Barsan – Um legado de realizações

Em plena madrugada de uma segunda-feira de outubro de 1982, recebo um telefonema de um amigo solicitando minha presença na residência de Renê Barsan para tratar de um assunto confidencial e urgente. 

O tema era política, pois estávamos a um mês das eleições municipais e Renê era um forte candidato a prefeito, pelo PMDB. Seus amigos diziam que já poderia mandar confeccionar o terno da posse.

De início, estranhei a solicitação, pois era então presidente do PDS. Partidarismo à parte, fui ouvir as razões desse inusitado convite.

Pelas suas pesquisas, era certa a vitória de Wagner do Nascimento. Renê, em segunda colocação, sugeriu que a única forma de modificar o resultado seria através da renúncia de Hugo, da qual seria o herdeiro natural, mesmo pertencendo a outro partido.

Quem conhecia Hugo Rodrigues da Cunha já sabia da impossibilidade dessa pretensão ser acolhida. Para não deixar dúvidas, ele declarou ao Jornal da Manhã que jamais renunciaria e que acreditava em sua vitória.

Na apuração dos votos, as previsões de Renê se confirmaram: o PMDB teve a preferência de 70% dos eleitores. Wagner, 37,37%; Renê, 22,66%; e Arnaldo, 10,07%. Já o PDS ficou com 29%; Hugo, 15,27%, e João Junqueira, 13,32%. Pouco mais de 1% tiveram os candidatos Henry e Victor.

Foi a primeira e última vez que Renê Barsan participou de um processo político partidário. Foi muito traumatizante o seu desapontamento. Ele se desencantou da política.

Família Taso ou Dasho em Harput: Elias Taso, Meryem Naman, Helani, Melek, Rahel, Aznif, Feride, Samuel e Sake.— Tradução: Rima Dilmener, Lisa Tigno, Nafi Donat,Maria Alice Barsam, Rene Barsam Júnior, Mark Willmann, Fabiana Barsam, Jen Siegelman eJoshua Crandall. Foto: Acervo da família.

Renê Barsan nasceu em 14 de junho de 1930 na cidade de Elasik, na Armênia, com o nome de Henna Barsamian. Fugindo do genocídio provocado pelos turcos e que dizimou mais de 70% da população, ele veio ainda criança com sua mãe, Aznif (Alice) Barsan, para Uberaba, onde, além de existir uma comunidade armênia, seu pai, Kavme Barsan, que já havia antecipado sua viagem, morava nas redondezas, em Uberlândia. Com a chegada da família, Kavme veio também para Uberaba e aqui se estabeleceu com o comércio de calçados e máquina de beneficiamento de arroz.

A família de Kavme residia à rua João Pinheiro, no bairro Boa Vista, e era constituída de cinco filhos: Renê, Henry, Ulisses, Nelson e Ailda (casada com José Bichuetti).

Ulisses, Nelson e Renê se formaram em Medicina. A formatura de Renê foi no início da década de 1950 e em 1956 graduou-se em ortopedia infantil na Europa. Ficou tentado a trabalhar na Legião Estrangeira, na África, mas foi demovido pelo pai. Dominava seis idiomas e fez inúmeros trabalhos acadêmicos publicados em vários países.

Médico por vocação, Renê instalou sua clínica na rua Olegário Maciel, no Centro, era exemplo de cidadão por devoção à cidade que o acolheu. Dedicava parte de seu tempo ao Hospital da Criança, ao lado dos médicos Humberto Ferreira e Ézio De Martino.

Dotado de espírito associativista, Renê se juntou com De Martino para criar a Sociedade de Medicina do Triângulo Mineiro (SMTM). Revezando-se na presidência e contando com o apoio de toda a classe, os dois conseguiram em quatro gestões entregar a sede própria da entidade.

Seu empenho em trabalhar por Uberaba não tinha limites. Desde 1966, a cidade tinha o sinal da TV Tupi. Todavia, não tinha emissora. Renê arregaçou as mangas para suprir essa lacuna. Como a concessão era dos Diários Associados, Renê, com captação de recursos junto à comunidade, criou uma empresa local para, em sociedade com a concessionária, implantar a emissora.

Em junho de 1972, em área doada pelo governo municipal Arnaldo Rosa Prata, foi inaugurada a TV Uberaba, com a presidência de Renê Barsan.

Renê nutria também um grande amor pelo Uberaba Sport Clube, no qual começou como assistente de jogadores com fraturas e acabou como presidente em 1978. Para dar sustentabilidade ao USC, criou o Cascata Club. Em sua gestão ficou registrada a façanha de ter sido o primeiro e único presidente do USC a vender um jogador para o exterior, Henrique Pires de Barros, que foi transferido para o Canadá.

Não era menor seu amor pelas crianças. Participou ativamente do Conselho do Bem-estar do Menor (Conbem), no qual os meninos trabalhavam fardados, por meio período, dedicando o outro intervalo para o estudo.

Sempre repetia que toda pessoa precisava exercer uma profissão, independentemente de sua renda. Sabendo das dificuldades de grande parte da população mais carente de ingressar nas poucas faculdades existentes, Renê estimulou o prefeito Hugo Rodrigues da Cunha a criar, em 1975, a FETI – Fundação de Ensino Técnico Intensivo. Ele abriu um espaço na área pública para formação de profissionais técnicos em variadas atividades. Quando assumiu a sua presidência, fez toda uma reorganização, que provocou uma grande expansão da entidade, dentro dos moldes que preconizava.

Além de atuar na Medicina, ele também agiu no setor empresarial. Tinha expressiva participação nas empresas de ônibus Líder e São Geraldo. Criou também a Itemel, uma fábrica de para-raios que concorria com a Eletrotécnica.

Foi presidente da ACIU no período de 1980/1981. Conseguiu, em sua gestão, a aprovação do curso de Ciências Contábeis para a FCETM – Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Promoveu diversos cursos, seminários e palestras visando aquisição de novos conhecimentos técnicos para os associados. Participou da elaboração do projeto municipal de consolidação do novo Código Tributário. Informatizou o SPC para agilizar o atendimento. É também em sua gestão que a diretoria da entidade fez campanha para a instalação de um centro coletor para tancagem de álcool.

Renê, falecido em 22 de setembro de 1988, era casado com Maria Beatriz Furtado e teve 3 filhos - Marcelo, médico, casado com Fabiana; Renê Júnior, administrador, casado com Ana Lúcia; e Maria Alice, odontóloga.

Em suas declarações, o filho Marcelo disse que seu pai não admitia intolerância. “Na minha casa não tem isso, porque sofremos isso fora”, explica.

Intérprete fiel do que pensava a comunidade, Luiz Gonzaga de Oliveira, que o assessorou na TV e na ACIU, disse que Renê era, além da elegância e educação, um homem decente, um líder de caráter, de dignidade e de seriedade absoluta.

“Dr. Renê Barsam” é o nome da FETI (Fundação de Ensino Técnico Intensivo) e da Unidade Básica de Saúde instalada no bairro Santa Marta. 



Gilberto Rezende
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA
Fontes: ACIU, Marcelo Barsan e Luiz Gonzaga de Oliveira
Os dados eleitorais são de Tião Silva




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Cidade de Uberaba


domingo, 17 de março de 2019

Produtos Ceres e o empresário Edgar Rodrigues da Cunha

Nossa rica Uberaba


Louco. No fim da década de 1950, essa era a palavra que mais se ouvia entre os clientes da agência do Banco do Brasil (BB) na cidade quando deparavam com os folhetos de propaganda da empresa Produtos Ceres colados nas paredes. O objetivo era concitar os agricultores a plantar algodão com generosas ofertas de financiamentos a juros baixos e longos prazos.

Governador Juscelino Kubitschek e Edgar Rodrigues da Cunha.
(Foto do acervo pessoal da família)

Era mais uma ousadia do empresário Edgar Rodrigues da Cunha. Como não podia transportar sua fábrica para Ituverava, SP, um dos grandes centros de produção algodoeira do interior do Brasil, o mais econômico seria a introdução da nova cultura nas lavouras de Uberaba. Uma tentativa que contou com o apoio incondicional do BB. A economia prevista com o transporte dos caroços de algodão para a produção de óleo justificava a empreitada.
                                                                   
Juscelino Kubitschek inaugura a fábrica, em maio de 1956. (Foto do acervo pessoal da família)
Afinal, o Edgar que inicialmente participava de uma fábrica  de ração e derivados de milho (entre estes a famosa “Fubaína”) junto com o seu pai Gustavo Rodrigues da Cunha, aproveitou o terreno do bairro Boa Vista e, em 1952, iniciou-se a construção de um grande complexo industrial, captando recursos através da transformação da empresa em sociedade anônima, para a produção de óleos vegetais.

Edgar Rodrigues da Cunha e Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, bispo diocesano de Uberaba. (Foto do acervo pessoal da família)
Se atentar para o fato de que a economia da cidade era predominante de atividades voltadas para a agropecuária, precisava realmente de alguém com muita coragem para instalar uma fábrica de grande porte e ainda fabricar produtos para concorrer com os gigantes do mercado: Matarazzo, Anderson Clayton e Sanbra.

 Vultos históricos – Edgar Rodrigues da Cunha.
(Associação Cultural Casa do Folclore)

E Edgar conseguiu. Construiu a fábrica e obteve financiamento com o governo francês para aquisição de duas super prensas. Seus Produtos – Óleo Banquete de caroço de algodão e o Bem Bom de amendoim – fizeram sucesso. Foi a primeira empresa da América Latina a extrair óleo do farelinho de arroz. Dos resíduos se fazia o também famoso Sabão Brilhante.

Juscelino Kubitschek, ainda governador, foi o grande colaborador de Edgar para conseguir apoio do governo francês. Já eleito presidente da república. Juscelino veio em 1956 para prestigiar a inauguração da maior indústria de Uberaba, que já chegou a contar com 300 funcionários em sua folha de pagamento.

Vista aérea da Fábrica dos Produtos Ceres.  (Foto do acervo pessoal da família)
Seis anos após a inauguração de produtos Ceres, Edgar monta a TRILÃ – Indústria de Tecidos de Malhas e Confecções Ltda., importando máquinas de outras cidades brasileiras e da Itália, voltados para a confecção infantil.

A TRILÃ marcou época. Um novo nicho de mercado foi aberto e logo surgiram centenas de pequenas confecções que aquecem a economia de Uberaba até hoje.

O período revolucionário ocorrido em 1964 trouxe grandes desgostos para o arrojado empresário. Já com equipamentos adquiridos para a montagem de outra fábrica, dessa vez no Paraná, viu seus negócios frustrados pela recessão bancária. Foi necessário transferir o controle acionário da empresa Produtos Ceres S/A para Irmãos Pereira da cidade de Monte Alegre, MG.

O episódio não esmoreceu o empreendedor nato. Em 1980, Edgar Rodrigues da Cunha cria a TREBACE – Tecelagem Brasil Central Ltda. – Com máquinas importadas da Alemanha. Com apenas 10 meses de atividades, a empresa já havia conquistado uma significativa parcela do mercado de malhas.

Edgar nasceu em Uberaba em 18 de abril de 1911. Ele estudou no Colégio Diocesano e na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, de onde saiu diplomado em 1935.

De volta ao município, teve oportunidades de mostrar seu talento jurídico na defesa de pecuaristas vítimas da grande derrocada do Zebu, no final da década de 1940.

Foi um dos fundadores da Faculdade de Uberaba, local que foi professor por mais de 20 anos na disciplina de Direito Civil e sempre foi alvo de homenagens como patrono, paraninfo, entre outros. 

Além da família e o trabalho, sua paixão era o esporte. Foi eleito presidente do Uberaba Sport Club em 1959. Ele administrou o clube por quatro anos. Nesse período, reformou o estádio “Boulanger Pucci”, construindo o seu alambrado.

Edgar Rodrigues da Cunha, com engenheiros, operários nas obras do Uberabão na década de 1960. (Foto do acervo pessoal da família)
Proprietário da área onde está localizada a Vila Olímpica, Edgar idealizou e projetou a construção de um grande estádio que pudesse ser orgulho de Uberaba e região. O mesmo arquiteto do Mineirão foi encarregado do projeto.

Após seu mandato no USC em 1963, a obra do “Uberabão”, que já tinha iniciada em 1961, ficou paralisada. Na gestão do prefeito João Guido, (1967/1970) foi aceita a doação do terreno para a Prefeitura Municipal, que se encarregou de sua construção.

Inauguração em 1972 - “Uberabão” - Foto: Paulo Nogueira
Hoje “Engenheiro João Guido”, o estádio retratava no projeto a visão futurista do Edgar. Ele seria coberto e com capacidade para 45.000. Na administração pública, foi reduzido para 21.300 pessoas e inaugurado em 1972, na gestão de Arnaldo Rosa Prata.

Edgar Rodrigues da Cunha não contentou em ser apenas desportista, professor, advogado e industrial. Ele também participou ativamente no setor imobiliário. Ele loteou duas grandes áreas: a Vila Olímpica, no Fabrício, e Vila Ceres, no Boa Vista. Esses loteamentos tiveram significativas influências na expansão dos bairros e, consequentemente,, da cidade.

Empreendedor por natureza e empresário por vocação, Edgar atuou no ramo da agropecuária. Foi um primoroso cafeicultor e criador de gado leiteiro e pioneiro na implantação da ordenha mecânica alfa laval na região. Reconhecido pelo seu trabalho em prol do desenvolvimento de sua terra, Edgar foi alvo de inúmeras homenagens. Pela ACIU, recebeu o título de Industrial Modelo em 1964 e Industrial Tradição em 1991 Pela Assídua – Associaçao das Indústrias de Uberaba – recebeu o prêmio de Industrial do Ano também em 1991.

Edgar casou-se em 1942, aos 31 anos de idade, com Maria Júlia Junqueira,com a qual teve cinco filhos: Maria Carmelita, Claudio Marcelus, Elizabeth, Gustavo e Eduardo. Faleceu em 19 de maio de 2006, aos 95 anos de uma vida de trabalho e de uma dedicação sem limites em favor do desenvolvimento de Uberaba.

Que o seu exemplo possa servir de inspiração para todos os jovens empreendedores. A comunidade tem um dever de gratidão com o doutor Edgar Rodrigues da Cunha. É necessário preservar a memória de quem em toda sua vida carregou a bandeira do desenvolvimento. Que seu nome possa ser ostentado em monumentos para que possa ser sempre lembrado que foi um homem além do seu tempo.

Gilberto de Andrade Rezende

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-presidente da ACIU e do CIGRA


Fontes: Maria Carmelita Rodrigues da Cunha e Jornal da Manhã.


Cidade de Uberaba

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O FATO QUE VOU NARRAR, ACONTECEU NUMA ANTE VÉSPERA DE FIM DE ANO. 74|75, POR AÍ. LOCAL: BAR “TIP-TOP”

O fato que vou narrar, aconteceu numa ante véspera de fim de ano. 74|75, por aí. Local: bar “Tip-Top”,um dos mais tradicionais de Uberaba em todos os tempos, ficava no prédio da ACIU, na Leopoldino de Oliveira, quase ao lado do saudoso Grande Hotel. Ponto obrigatório dos uberabenses, o “Tip-Top”, abrigava também tipos populares. Um ficou famoso no “pedaço”: baixinho, falante, roupa limpa, embora não fosse muito amante de um bom banho, bebia como gente grande. Mãe, servente do “Grupo Brasil”. O pai, coitado, morreu cedo. Nasceu José Antônio Costa, “Totinho”, o apelido, pegou como visgo. Ligado aos meios de comunicação, os amigos eram da área. Trabalhou em rádio, depois TV, era um “faz tudo”. Baixinho de tambor grande, “Totinho” era bom de copo. Cerveja, uísque, cachaça, vinho, vodca, conhaque, rabo de galo, o que viesse, traça. Só não bebia “chumbo derretido”, avisava.

No pré-reveillon, sozinho, entrou no “Tip-Top”. Mais “prá lá do que prá cá”. O sempre lembrado, Quinzinho Maia, dono do bar, depois de um dia-noite estafante, fecha a casa e vai para o seu merecido descanso. 2 da manhã, tilinta o telefone na cabeceira da cama do Quinzinho. Sonolento, atende:- Alô”. Do outro lado da linha, uma voz pergunta:- “Aqui é o Totinho. A que horas V. vai abrir o bar amanhã?” Quinzinho, desesperou: -“Ah! Não Totinho, me amolando às 2 da manhã”…

Puft..bate o telefone e vira pro canto, “morto” de sono. 4 da madrugada, o telefone toca novamente. Desconfiado, Quinzinho, sai nos berros:-“Alô, não vai falar que é o Totinho novamente…”Era e pergunta, voz suplicante:- “Quinzinho, por favor, a que horas V. vai abrir o bar?”. Quinzinho, solta uma saraivada de palavrões e desliga o telefone. 7 da manhã, banho tomado, barba feita, café na mesa, toca o telefone. Mais calmo, atende:-“alô”. Voz rouquenha do outro lado:- “Quinzinho, me desculpe, a que horas V. vai abrir o bar?”. Segurando o riso, não se furta á clássica pergunta:”Totinho, não é possível. 7 da manhã e já querendo tomar a primeira do dia, faça-me o favor”…

Veio então a grande resposta- surpresa do Totinho:-“Não Quinzinho, não é isso não. Eu dormi debaixo da mesa, quando acordei, V. já tinha fechado o bar. Eu só quero ir embora prá casa”…
Quinzinho, correu pro “Tip-Top”, soltou o Totinho que, aliviado do susto que passou, correu prá casa para curtir a ressaca…


Luiz Gonzaga de Oliveira