quinta-feira, 23 de novembro de 2017
ESPÍRITAS MAÇONS E A ICONOGRAFIA MAÇÔNICA DO SANATÓRIO ESPÍRITA DE UBERABA
Wagner da Cruz .`. M .`. i .`. -Membro da Comissão Para Maçônica da ARLS ESTRELA UBERABENSE N°0941-GOBMG - CRUZ DA PERFEIÇÃO MAÇÔNICA
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Dia da Consciência Negra, vamos homenagear o líder da resistência à escravidão: Zumbi dos Palmares.
No dia em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, vamos homenagear o líder da resistência à escravidão: Zumbi dos Palmares.
Zumbi liderou o Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas no Brasil Colonial. Embora tenha nascido livre, Zumbi foi capturado aos sete anos de idade e entregue a um padre católico, do qual recebeu o batismo e foi nomeado Francisco.
Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da luta contra a escravidão, lutou também pela liberdade de culto religioso e pela prática da cultura africana no País. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.
Desde 2003, com a aprovação da Lei 10.639, que instituiu o ensino da História e Cultura Afro-Brasileiras nas escolas, a data foi incluída no calendário escolar como o Dia Nacional da Consciência Negra.
Viva Zumbi! Viva Dandara! Viva a Consciência Negra!
Valmir Assunção
domingo, 19 de novembro de 2017
Consciência Negra: um longo caminho para a liberdade
Prof. André Azevedo da Fonseca
Igreja Nossa Senhora do Rosário: 83 anos de História (1841 – 1924)
Dia
da Consciência Negra, e assim trago um pouco da história da antiga Igreja do Rosário
que foi demolida em 1924.
A construção desse templo data-se
em 1841 durante o período Imperial o qual, dentre tantas características,
também foram marcado como um período escravocrata, e assim, continuava a
pratica comum, de haver duas igrejas distintas, uma para negros ou conforme a expressão
da época “Homens de cor”e outras para os
brancos, assim também, a construção que situou na atual Av.Presidente Vargas,
no Alto do Rosário (atual bairro Estados Unidos),com a frente para a rua do Comércio,
atual Artur Machado.
Evidentemente, a participação nesse templo
era majoritariamente negra e a após a sanção da Lei Áurea em 1888, também foi espaço
de comemorações por parte dos negros,bem como a presença de Irmandades, que
levavam como nome, São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.E,ao fazermos uma breve pesquisa no
Lavoura e Comércio, que foi de grande circulação na cidade de Uberaba e também
cidades vizinhas, encontra-se o registro de diversa comemorações dos dias 13 de
Maio, por algum anos, inclusive com celebrações das festas religiosas, de São Benedito
e também de Nossa Senhora do Rosário ,que eram organizadas pelas Irmandades.
Fundo da Igreja Nossa Senhora do Rosário |
Com o passar dos anos, e que mais que houvesse grande movimentação nesse templo, além de remeter a um passado histórico e principalmente de grande memoria dos negros, a deterioração do templo avançou, sobre tudo pela falta de recursos necessários e também, de certa maneira por pressões políticas, sejam elas ligadas ao desenvolvimento ou ainda, de cunho urbanístico ou de embelezamento, o templo foi demolido, sem consulta prévia a sociedade, por sanção do atual prefeito da cidade na época,Leopoldino de Oliveira, como apresenta a historiadora Raniele Oliveira (2012,p.4).
Escadaria da Igreja Nossa Senhora do Rosário |
Desta maneira, como já havia sido construída
da Igreja de São Domingos, a grande manifestação religiosa daquele lugar, de
certa maneira se convergiu para a nova Igreja e a antiga Igreja do Rosário
ficou marcada na memória dos uberabenses.
Igreja Nossa Senhora do Rosário |
Atualmente, podemos remeter de certa maneira a esse passado e, ao transitarmos na Av.Presidente Vargas, podemos identificar um monumento do Zumbi dos Palmares, um dos símbolos da resistência à escravidão negro,que faz memoria a todo esse passado histórico ,marcado pela resistência negra, na cidade de Uberaba.
Amanda
Oliveira
Historiadora
Historiadora
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Festa de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa
De
17 a 27 de novembro de 2017
PROGRAMAÇÃO RELIGIOSA |
acesse:https://www.facebook.com/medalhamilagrosauberaba/photos/a.450216338338488.124374.449290095097779/2000617096631730/?type=3&theater
Site: www.mosteiroimaculadaconceicao.org.br
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Festa de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa
VOCAÇÃO
No
Cassú, povoado onde nasci, nas barrancas do rio Uberaba,com os meus sete para
oito anos, meu brinquedo predileto era ligar duas latinhas de extrato de
tomate,com pedaços de linha que tirava da velha máquina de costura,marca
“Singer”, de mamãe e pronto ! levava à boca uma delas ,”fingindo” ser microfone
e meu primo-irmão,Jair,na outra ponta, ouvia-me e dava o sinal que estava tudo
certo...Os outros primos,Adilson,cantava músicas de Tonico e
Tinoco,Cacildo,cavalgava no “timochenko”, velho cavalo de serventia da família,
dizendo-se futuro “jóquei do Prado”,então existente na “distante” Uberaba. Felipe,”pintava
a cara”, pois queria ser palhaço de circo. Horacinho,envolvido no velho
velocípede quebrado, dizia ser “corredor de corrida”...O Toninho,coitado,só
levava “cascudo”; era o menor dos primos...
Na
infância, a gente quer ser tudo na vida.Padre, médico,professor,”retratista”,
amansador de cavalo, jogador e futebol, locutor de rádio... ops !Para !Aí,
alguém pergunta: -você quer ser isso, por prazer ou por dinheiro ?” Tenho
comigo que a “outra pergunta,vem embutida”:- “Afinal, qual é a sua verdadeira vocação
?” Vocação,do latim “vocare”, que quer dizer “chamar”. Ao se fazer algo por
vocação, é ser chamado por uma voz interior, bem escondidinha no fundo do
coração e de uma entidade superior : Deus !
Primário,secundário,pré-universitário,universitário e... pronto !Depois de comerciário,bancário,advogado,empregado público por
acaso e a convite, o que gosto mesmo, amo de paixão, é da comunicação. Nela,
quase me realizo,pois, ninguém se realiza por inteiro...Rádio,jornal,revista,
televisão e, hoje, nessa” ferramenta” sensacional, a “internet”e suas redes
sociais...Livros ? escrevi quatro.Tem mais três “na forma” e sinto estar
“parindo”mais um “filho” do coração.
Escrever,
falar, interagir, ouvir, dialogar, contactar, criticar, elogiar, contar,
opinar, bater, apanhar, vencer, perder, são minha “vozes” do cotidiano. Sempre
de mãos limpas, diga-se. Se isso for vocação, essa é a minha. Com muito
amor,seriedade e decência.
SONHO DE CARNAVAL
Era
uma noite enluarada, quase se escondendo, pois o sol, estava chegando. Estrelas
mil cintilavam pelo azul anil; a madrugada quente, fervilhava meu coração. Sei
lá, estava muito alegre. Levantei-me apressado.Rosto lavado,roupa trocada,
barba feita. Vestí a minha melhor “farpela”.Meus sapatos
engraxados,brilhavam.Tanque cheio, lá vou eu para a passeata no velho e bem
conservado “carango”,uns dez anos de uso, só na minha mão...Fogos espocavam por
toda a cidade. Dos rincões do “São Benedito”, ouviam-se os rojões que vinham do
“Abadião”.Entrei no querido “carango”, ouvindo o barulho dos fogos nas bandas
das “Mercês”,que ecoava no “Fabricio”, passando pelo “Boa vista” e terminando
nos “Estados Unidos...
A
terrinha estava em festas! Festa,não! Festão !A “ sagrada”, tinha acabado de
ganhar uma espetacular e sonhada “planta de amônia”! Minha santa ignorância
quis saber do que se tratava essa grande conquista que arrebatara de tanta
alegria, a nossa cidade. Amônia?Planta?Na mesma hora um competente secretário
municipal, foi me ensinando:-Planta é a fábrica ! Dois mil
empregos,diretos!Amônia é o produto que está em falta no Brasil e absoluto
componente para compor os nossos nitrogenados (?).Será produzido em Uberaba,
entendeu, seu burro !”Fiz sinal com a cabeça que havia entendido.-“Ah! muito
bom”...
A
carreata, com dezenas de carros,percorria ruas e avenidas da santa terrinha.Um
barulhento “trio elétrico” tocava o hino da cidade,depois o hino do Uberaba
Sport,seguido do hino do Nacional,vindo depois o hino do Independente, do
Conservatório,o samba”Uberaba-bão” tema de campanha do Chico Veludo.Um locutor
de voz forte e eufórico ( se não me engano era a do Eustáquio Rocha...),
bradava com toda a força dos pulmões ,que chegara a redenção de Uberaba !O
Brasil estava à salvo com a “planta de amônia”!O governo municipal,auxiliado
pelos nossos deputados, estaduais e federais, venceram, depois de luta
indômita, a batalha consagradora! A “ planta de amônia” era de Uberaba e
ninguém tasca !
O
gás necessário para implantação da indústria,estava resolvido ! O governo de
Minas, tão “amigo” e puxa-saco da nossa região, já tinha dado a “ ordem de
serviço” para o gasoduto de Queluzito (região de Betim) “abastecer” a “planta
de amônia de Uberaba”..empreendimento que iria multiplicar outra indústrias
instaladas e por se instalar no trecho...De dez a quinze cidades, cresceriam
com a passagem do “duto” pelas suas cidades. Euforia !Beleza !
O
“trio elétrico” da Prefeitura ,tocava música do”gás total”. A Escola de Samba
do Cabuçu (“c” cedilha,viu...)estava com o “enredo” pronto para o próximo
carnaval:-“Uberaba na era do gás total”!Alguns carros
alegóricos,desenhados:Chico Xavier,montado num boi zebu; Mário Palmério,ao
piano,dedilhando em marcha-rancho, a sua “Saudade”, Antenógenes Silva, na
sanfona,tocando em ritmo de samba-batucada,”Saudade de Uberaba”,Fidélis
Reis,altivo,à porta de uma maquete do SENAI, Joubert de Carvalho,faceiro,a
vontade..”De papo pró á...”
A
“Marquez do Sapucaí,apinhada e uberabenses, delirava ! “Que cidade maravilhosa,
quanta coisa linda meu Deus !Essa fábrica (planta)será a redenção do Brasil, em
insumos e fertilizantes”, cantava a massa ignara, dependurada nas arquibancadas
da Sapucai”. O locutor do desfile (não era mais o Eustáquio
Rocha...)anunciava:-“Uberaba cumpre o que promete !”
Acordei
! Olhos remelentos e nariz escorrendo.A bruma seca,chegou !
Luiz Gonzaga de Oliveira
Uma das memórias mais lúcidas de Uberaba
Luiz Gonzaga Oliveira e Janaína Sudário |
Querido
Luiz Gonzaga Oliveira! São tantas felicitações neste SEU dia, mas preferi
transformá-las em agradecimento. Conhecer você e ter desfrutado da sua
inteligência, além da maravilhosa companhia, foi e será muito importante para
mim. A sua história, tão bem contada e vivida, é um exemplo. Mais que textos
muito bem escritos, aos quais você dá o seu toque peculiar de humor, sarcasmo e
realidade, você escreve belíssimos capítulos que traduzem o homem, o marido, o
pai, o profissional e o amigo que você é. Feliz aniversário, meu ídolo, meu
amigo, minha inspiração: GONZAGA!
Jornalista Janaína Sudário
LEMBRANDO O ÓBVIO
Recentemente
César Vannucci,um dos maiores nomes do jornalismo mineiro, uberabense de cepa,
esteve na terrinha proferindo palestras na ADESG e na ALTM. Como sempre,
sucesso absoluto.Mas, não são as “falas” do César que quero lembrar.Madrugada a
dentro, lembrando e relembrando “coisas da terrinha”, enveredamos pela
lembrança de nomes da saudosa e outrora sempre combativa imprensa uberabense.
Começamos
pelo Raul Jardim, um dos donos do falecido “Lavoura e Comércio”, mais de 100
anos de circulação na cidade e região.A saudade foi relembrando nomes, Rui
Miranda, Maurilio Cunha Campos, Jorge Zaidan, Joel Lóes, Rui Mesquita, Rui
Novaes, José Veloso Guimarães, Santino Gomes de Matos, José Mendonça, Ramon
Rodrigues, Farah Zaidan, Geraldo Barbosa, entre outros brilhantes jornalistas
que descansam na Paz Celestial.
O
“papo”girou sobre o Raul, de fulgurante e fulminante raciocínio de profissional
brilhante.Mesmo doente, ( a doença atropela, a doença aniquila, mata !)Amigo
dos amigos , lealdade ímpar,Raul sempre foi um jornalista independente, sem cabresto,
fiel aos seus ideais.Teve inimigos? Não sei. Adversários ? Claro ! Raul
transcendeu em amor ao próximo, servo da Justiça, paladino da liberdade! Raul,
poderia ter sido um homem rico de posses materiais,avarento, vendilhão, apegado
ao dinheiro,prostituto de ambições desmedidas.Não ! Preferia a singeleza das
palavras ,atitudes dignas, honestidade de propósitos e princípios.Despido de
bens pessoais,acendrado amor a sua Uberaba. Merecia maior respeito. Uberaba
muito lhe deve.
No
“outro” jornal, o “Correio Católico”, (chegou a ter 12 mil assinantes na cidade
e região !), “sepultado” de forma impiedosa, por razões até hoje desconhecidas,
um profissional se pontificava com méritos inatingíveis:Jorge Zaidan, mestre
dos mestres! Modelo de homem que veio à Terra ( e Deus perdeu a fôrma...) para
servir e nunca ser servido. Nasceu com o estigma de bom, humano,
decente,correto, líder , servidor emérito, olhava o próximo como a si mesmo.Só
fazia o bem. Suas mãos só atiravam flores.Jorge, morreu muito novo, embora os
bons não morrem...moram no plano espiritual, espargindo amor, alegria, justiça,
bem querer, onde, à direita do Pai, tem assento permanente.
A”leva”
dos bons jornalistas no Céu,é grande e nos deixou exemplares lições.Os artigos
de Juvenal Arduini, a coragem do Padre Fialho, ..quem ousava contestar as aulas
literárias de Santino Gomes de Matos ?Quem se atrevia duvidar das
reportagens-bomba do intrépido Rui Mesquita,que morreu no Rio de
Janeiro,chefiando a redação do “Repórter Esso”,da Rádio Nacional ?Quem não se
contemplava com as verdadeiras homilias de D.Alexandre, no “roda pé”, do
“Correio Católico?”. Quem não se “abastecia” lendo as noticias esportivas de
Ramon Rodrigues,no”Lavoura”?e a lidíssima coluna social,”Observatório”, de
“Galileu”, pseudônimo do imortal Ataliba Guaritá Neto ?Os sensatos e ponderados
comentários esportivos de Farah Zaidan, no “Correio Católico”? Joel Lóes,
deixou o “Correio” e foi brilhar como editor-chefe deTurismo, do tradicional e
centenário” Estadão”?.
Reputações
ilibadas e credibilidade junto a milhares de leitores, esses jornalistas
uberabenses, conquistaram a confiança dos leitores, sem recorrer a empregos
oficiais (Prefeitura,Câmara,Autarquias, Fundações,Arquivos e etc...)
O
“papo-saudade”entre César e eu,varou a noite.Geraldo Barbosa,acamado e Padre
Prata,em viagem,foram,gostosamente, lembrados.Nós dois, da “velha guarda”,ainda
na ativa profissional, acobertados pela Lei 972, da revolução. Jornalismo, além
da devoção e vocação, é um ato de doação “...Hoje...bem...hoje...
Luiz
Gonzaga de Oliveira
DEFESA PRÁ LÁ DE BEM FEITA
Uberaba
sempre foi pródiga em tipos populares que perambulavam pelas ruas da cidade.A
maioria inofensiva e muito benquista pela população.”Maria Carrapato”, “Irmão
da Padaria”, “Coronel Delcides”, “Maria Boneca”, “Babinha” ( o terror dos
bebuns...),”Violão”, “Chupa Ovo” e outras tantas singulares figuras. Porém, um
deles, “Fumanchu”, marcou época. Conto-lhes :
José Estanislau de Jesus - "Fumanchu"-
Foto/Uberaba em Fotos.
Num
distante domingo de sol do ano de 1977, era tradição dar “uma voltinha” no
centro da cidade, principalmente quando havia jogo do Uberaba pelo campeonato
brasileiro. Orgulhosamente,àquele tempo, o Uberaba participava.Era o esperado
Uberaba x Santos F.C.Mal os jogadores santistas acordavam dos seus aposentos no
finado “Grande Hotel”, um barulho infernal de sopros, buzinas ,bumbos e
“caixas”, invadia a área central da terrinha.Uma meia dúzia de chiques e
confortáveis ônibus,”despejava” bem defronte ao falecido”Metrópole”, à porta do
saudoso”Buraco da Onça”, a barulhenta torcida do Santos.A “Sangue santista”,”Força
Jovem”e “Garra Peixe”, desfilavam com os bumbos,taróis,tamborins e reco-reco e
alguns outros instrumentos de sopro, começaram a grande batucada, infernizando
o Romeu e o jovem “Cebolinha”,no atendimento aos fregueses habituais do “Buraco
da Onça”, na cervejinha dominical.
Ao
tempo,nesse momento, descendo a Artur Machado,em direção à Leopoldino, onde
estavam,além do “Buraco”, o “Guarani” e o “Tip-Top”,bares tradicionais da
cidade, passos lentos e cambaleantes,aparece o “Fumanchu”,”negrão” forte,engraxate
nas horas vagas, educado,bem falante,embora vivesse sozinho,ninguém soube onde
nascera e de onde viera.O certo é que tomou-se de amores por Uberaba ,aqui
“sentou praça”e nunca mais saiu.Até morrer !
De
megafone em punho,tradição por ele ostentada,voz rouca e cansada pelos pileques
a madrugada,como fazia,costumeiramente, em jogos do Uberaba,gritava a plenos
pulmões:- “Hoje tem Uberaba no “Uberabão”.Tem zebu comendo o Peixão(apelido do
Santos)”.A rima, as vezes “quebrada” era a que ele mais gostava...Foi nada
não.Ao passar pela torcida do Santos,desfilando sua propaganda”Hoje tem
Uberaba...” foi a gota d’água.Furiosos,torcedores santistas partiram pra cima
do indefeso “Fumanchu”, aos socos,pontapés e empurrões.
A
revolta no “Buraco a Onça”,foi instantânea.Walter Bruce Fonseca,advogado
conceituado no nosso foro,interveio,pedindo calma aos santistas.Ao
dialogar,ganhou uma estrepitosa vaia.A “fala” mais bonita que ouviu foi:”vai à
puta que pariu!”. Bruce, encostou na parede do antigo Banco Real,mangas arregaçadas,lançou
o ultimato:-“Vagabundos,façam fila que vou bater em cada um de vocês”.Sem se
intimidarem,os santistas partiram prá cima do então jovem, Bruce.A surpresa
veio na hora.Um a um, foram, ficando pela calçada, devido as “pancadas” do
nosso herói.Muitos sangrando, foram se afastando..eles não sabiam que Walter
Bruce, moço,foi campeão de judô...Até hoje, vivo e são, conta a história.-“Bati
nuns 15 torcedores, até que a Policia chegasse”...
Sem
ligar para o “rififi” que estava acontecendo,”Fumanchu” seguiu avenida afora,
andando em cambaleio, anunciando”hoje tem futebol no Uberabão.O Uberaba vai
comer o Peixão”...À tarde, no jogo, não deu outra.Vitória do Uberaba 4x1 ! e
delírio da torcida e do “Fumanchu”...
Luiz Gonzaga de Oliveira
QUEM SOU EU ?
Quando
se casaram,Odone,costureira por profissão,saía de uma tuberculose na pleura e
38 anos de idade. Segismundo, que todos conheciam como Dondico, trabalhador
têxtil na fábrica de tecidos no povoado do Cassú,barranca do rio
Uberaba,completara 34 anos.Odone, pela doença, nem pensava em
casar-se.Dondico,solteiro de nove irmãos, era o esteio da família e cuidava dos
pais, pobres e doentes.Flordalisa,casada com João “Catoco”,figura conhecida nas
Mercês,afilhada de Odone e amiga de Dondico, virou o “anjo casamenteiro”. Dessa
união,gerado no Cassú,vindo à luz,na rua Bento Ferreira,cá estou há 82
anos.Idade que não me avexo em revelar. Homens e mulheres vaidosos(as)evitam
declarar idade.Prá que mentir idade?Aprendi e lhes digo:o tempo, grande
parceiro,nos melhores momentos de aventura,me ensinou as coisas do futuro..
A
cada momento que vivo no presente, considero sublime o meu valioso passado.Hoje,
me pergunto:seria o que sou, se não tivesse vivido a experiência do passado ?
Pensadores famosos escreveram “ o que seria do futuro,sem a perspectiva do
passado?”Se não soubermos construir um bom futuro, como consertar um bom
passado ? O passado é ápice de todas as etapas da vida. Vivenciá-la com
proveito, tudo que o futuro possa propiciar, saiba revertê-lo num ato risonho e
franco...
Filho
único de um casal de semi-idosos,aprendi com eles, a conhecer histórias e
estórias, principalmente da vida uberabense.Familias virtuosas e outras, nem
tanto. De religião e religiosos, de homens pobres e figuras impuras, de
ladrões, assassinos e “trambiqueiros”, de putas e virgens, uma percentagem
maior de gente honesta, ilibada e trabalhadora.
Desde
cedo,convivi,mercê a vocação que já em criança,me empolgou, a
comunicação.Trabalho desde os 15 anos; inicio em alto falante de rua, o
ASA(Abel dos Santos Anjo),depois rádio,jornal,revista, televisão. 67 anos de
profissão e muita fé no que faço. Pia e cristãmente.Hoje, as redes sociais me
empolga. Estou “banido” da mídia.Por ser autêntico ?..
O
tempo tem sido pródigo comigo.Não me deu dinheiro,fortuna.Amizades ricas,
família feliz, respeito da sociedade a terrinha?Muito me compraz.Ao colocar a
cabeça no travesseiro, rezo para os amigos e perdôo os que me desejam
mal.Folheando as páginas da minha existência,modesta,felizmente,quero sempre
renovar o meu passado,o baú da minha vida ,pedindo a Deus que os que procuram
me ver,o façam com bons olhos...Tenho um lema: do meu futuro cuida o inexorável
destino ; do meu passado, cuido eu ...
Amo
de paixão,minha terra-mãe.Propostas de trabalho fora da terrinha,até hoje.Pacto
ou não,um grupo de jornalistas(Ataliba Guaritá Neto(Netinho),Raul Jardim,Ramon
Rodrigues,Jorge e Farah Zaidan ,Geraldo Barbosa),rejeitou todos os convites.O
acendrado amor a Uberaba,não os deixou partir.Os cavalos passavam arreados, sem
que nos déssemos conta e desejo de montá-los...Último dos moicanos?Talvez...
O
tempo sempre foi meu grande aliado,embora maltratasse o corpo, alquebrado pelos
anos. As rugas que fizeram ruas e avenidas pelo meu rosto,caminho da nossa
velha existência, os cabelos brancos, insistam em aumentar.Mas, o que vale para
a eternidade , é a alma/espírito.Ela não enruga jamais,não nos coloca no
cadafalso e nem se importa com a cor dos cabelos. A alma/espírito, não
envelhece! Nunca !
Tancredo
Neves,eleito Presidente da República,foi taxado de “velho”.O excelente humor
que o acompanhava,respondeu ,de pronto, que não se preocupassem com a sua idade(
76 anos) e disse uma frase lapidar:- “Churchill,aos 71 anos,venceu uma guerra
para a Humanidade, enquanto Nero, aos 27 anos, incendiou Roma “...
Enquanto
vida e força tiver,estarei lembrando de “memória, histórias e causos de
Uberaba-bão”. Vocês alimentam o meu trabalho.
O ASSALTO
A
“evolução de 64”, estava no auge. Prisões, “caça às bruxas”, fugas, perda de
mandato e o” escambau”. Quase em 69, veio o famigerado”Ato Institucional-no.5”,
o célebre A.I-5, temido,substituindo, por largo período,a nossa combalida
democracia vigiada. Perda de liberdades individuais, supressão do
habeas-corpus”, fechamento do Congresso, prisões por todas as partes do País
.Instalou-se um verdadeiro pânico no território nacional.
Os
jovens, principalmente os alinhados com UNE- União Nacional dos Estudantes-,
rebelou-se de vez. Aliados aos comunistas e ou adeptos da doutrina, partiram
para as escaramuças, os atentados às repartições públicas, as expropriações (
roubos para arrecadar dinheiro para a “resistência”...), assaltos a bancos e o
terrorismo campeando pelo Brasil afora...
Uberaba,por
um grupo dito “socialista”, aderiu ao movimento. A imprensa amordaçada, os
“agentes da repressão” atentos, esses jovens da terrinha (comunistas? Sei
lá...)reuniam-se, clandestinamente, visando uma “ação contra-revolucionária”...Meia
dúzia de moças e rapazes, sob o comando de um conhecido empresário local, tido
como ideais socialistas, faziam “ponto”, ou “aparelho?” na sua chácara. Além do
manjado proselitismo marxista, começaram planejar um grande assalto “a um
estabelecimento bancário da cidade”. Visava à obtenção de recursos para a
“grande causa por que lutavam”...
De
comparsas ( ou “companheiros?”) de outras regiões, receberam armas e munições.A
chegada de grande carga de bananas de dinamite, foi motivo de grande alegria
para os jovens...O objetivo traçado estava definido:- “ com o apoio de um
“colega” que trabalhava no Banco, tomariam de assalto o cofre forte e teriam o
dinheiro suficiente para prosseguir nas ações expropriatórias”, diziam todos em
voz uníssona.
Tudo
preparado,chegou o “grande dia”.Trajeto traçado,condução preparada, mapa
pronto, as armas nas mãos de cada participante; era apenas aguardar o
encerramento do expediente bancário para que a ação fosse desencadeada.Todos a
postos,embora nervosos, o “deslocamento” do grupo definido após o assalto, as
bananas de dinamite “ no ponto”, o local previamente estudado e o roteiro da
“fuga”, desenhado...
Ansiosos,
esperaram pelo “sinal” do “companheiro’ na parte interna do banco. Seis e meia
e nada do “sinal”.Com o coração na garganta,continuavam esperando.Sete horas !
Nada ! Sete e meia ! Também não ! Ás oito da noite, desistiram da
“ação”.Retornaram,frustrados, ao sitio do “comandante”. Decepcionados, “fulos”
da vida, aguardaram a chegada do “companheiro bancário”. Em vão.
No
outro dia, a noticia:o bancário fora preso ao final da tarde prevista para o
assalto...As reuniões clandestinas não mais aconteceram, o “grupo” esfacelou-se
a terrinha, felizmente, não assistiu a “expropriação”de um banco e os nossos
jovens idealistas não foram presos...
Conto
o “milagre”, mas não conto os “santos”,pois,alguns deles estão vivos.. dever de
oficio de um veterano jornalista que soube do episódio naquele tempo e só
agora, faz a revelação...
Luiz
Gonzaga de Oliveira
OS TEMPOS SÃO OUTROS...
Os
leitores perceberam que, quando conto “ estórias e histórias da nossa
Uberaba-bão”, não me preocupo com datas. Lembro, mais ou menos, o ano do fato
focado. Nada mais. Se fosse me ater em coletar datas, dias e meses, acabaria
incorrendo em erros palmares. A proposta dos meus “causos” não é dar “datas” e
sim, relembrar fatos.
A
primavera, a cada que passa,está mais quente, bem mais tórrida, mostrando o
pleno calor do verão.Hoje, confesso-lhes, estou suando em “bicas”.Antigamente,
dizíamos “ primavera- estação das flores !”, etc. etc.Agora, as flores aparecem
em qualquer época do ano...Pudera ! A quantidade de adubos, agrotóxicos,
fertilizantes, provocadores e agentes da natureza que existem, difícil se torna
distinguir s as estações do ano. Em outro tempos, verão era verão, primavera
era primavera, outono, outono e inverno era inverno...Ah! hoje, está tudo
mudado!...
Dizem
os mais antigos, que depois que o homem foi à Lua (será?), satélites de todos
os tamanhos, redondos, quadrados,elicoidais, rodando, rondando,passeando pela
abóboda celeste, “discos-voadores” ( alô,César Vanucci !)sendo avistados e
contactados em todas as partes do globo, não há mais estações nesse nosso
ínfimo planeta...Está tudo “virado”...
Teimosamente,
volto à primavera, estação das flores...Até por volta de 1970, do século
passado, pululavam as festas alegres de uma juventude super animada.O Jockey
Club, de tantas tradições, nessa época, realizava uma das mais badaladas festas
do seu calendário social, o “Baile da Primavera”, tão aguardado pela
mocidade.Escolha da rainha, das princesas, da “glamour”, ouriçando as moçoilas
jockeanas...Orquestra do Rosseti, salão ornamentado, os homens devidamente
trajados, paletós e gravatas;as meninas se esmeravam em bem vestir..Era uma
festa bonita, ninguém entrava no baile com calça rasgada no joelho, saiinha
mostrando a bunda...nada ! Era puro “charme!”. A rapaziada de tênis “furado”,
calça apertadinha...qual o quê! A elegância entre os jovens , era de causar
inveja “...
O
diretor social, o saudoso Laerte Borges, escolhia, “à dedo” os diretores do
clube que iriam compor o júri para a escolha a “rainha”.A coluna”Observatório”
do “Galileu”(Netinho Guaritá), era super esperada na segunda-feira... Tempos e
estações que já se foram...
O
Sírio-libanês, não ficava nada devendo ao Jockey.Michel Abud,entusiasmo que só
ele tinha, esmerava,desde a decoração do clube, até a escolha das “turquinhas”
que iriam concorrer ao título de “mais bela da colônia”...era um desfilar de
tanta menina que nem ouso citar ou lembrar nomes...Hoje, todas casadas, são
vovós requisitadas.
O
Paulo Silva, através a sua coluna social no “Correio Católico”, dominava a
região. Promovia a festa “Brotos do Ano”, repetida em cidades do Triângulo.
Cada cidade que recebia o concurso, o sucesso era comentado por semanas e semanas,
pois era o acontecimento social do ano...
O
Uberaba Tênis, não ficava atrás. Quem não era sócio do Jockey ou do Sírio,
promovia o seu chamado “Grande Baile da Primavera” e a escolha da “soberana”
que iria”reinar” até na outra primavera...Na Associação Esportiva e Cultural, a
festa também não era menor...
Hoje,
lamentavelmente, a primavera para a juventude ,nem é lembrada como estação do
ano.As outras,verão,outono e inverno, passam despercebidas. Festas? Acontecem
todos os dias, de segunda à segunda , a qualquer hora e não importa o lugar
.Com “jeans” rasgadas na coxa e no joelho e camiseta com o sovaco de fora...Não
se faz mais primavera como antigamente....
Luiz Gonzaga de Oliveira
O POLÍTICO “NENÊ MAMÁ”...
Waldomiro
Campos, o eterno “Nenê Mamá”,figura folclórica do esporte uberabense, era de uma
fidelidade canina aos seus amigos.”Amigo meu não tem defeito”,dizia.Em antiga
eleição,atendendo pedido do seu fraternal amigo,Artur Teixeira,candidato à
prefeito de Uberaba,”entrou de corpo e alma” na campanha eleitoral do Partido
Social Democrático,o PSD “véio de guerra”,segundo o saudoso Álvaro Barra
Pontes.Distribuia planfetos,visitava amigos e fazia discurso em cima de caixote
em qualquer lugar onde juntasse um”tiquinho” de gente.
João Adalberto de Andrade e Waldomiro Campos, o eterno “Nenê Mamá” |
A
campanha eleitoral na terrinha,”pegava fogo”.Celso Rodrigues da Cunha,pela UDN,
Jorge Furtado,pelo PTB,disputavam com Artur,palmo a palmo a preferência do
eleitorado local.Campanha acirrada,xingatório por todos os lados,denúncia de
cá, revide de lá, “coisas”,aliás, próprias das disputas políticas desde
antanho.Uberaba tinha na ocasião,perto 50.000 eleitores, se tanto.A tradição
familiar de um grupo da UDN, o discurso progressista do PTB e a”maneira
mineira” do PSD, davam a tônica da campanha.
Oradores
brilhantes faziam a festa nos palanques.Desde a “fala erudita” dos partidários
da UDN,passando pelo tom agressivo dos trabalhistas ,ao discurso moderador
pessedista.Dr.José Humberto,Celso Rodrigues a Cunha,Amilcar Decina,Ataliba
Guaritá Neto,eram as “estrelas” udenistas.MárioPalmério,Hélio Angotti,Ivo
Monti,Jorge Furtado,pontificavam entre os petebistas.Porém, o “time
organizado”era o das velhas raposas pessedistas...
Final
de campanha,um grande comício foi anunciado pelo PSD,para o “Abadião”,naquela
época, o mais carente da cidade.Poucas ruas calçadas, esgoto à céu aberto,
iluminação precária,água de cisterna e o” falta tudo”de uma periferia urbana. O
PSD, em peso,no caminhão.Artur Teixeira,Dr.Bilharinho,Bolão,Nagib Cecilio,Lauro
Fontoura,”Coronel” Ranulfo Borges,João Henrique,Jão Laterza e outros “caciques”
do partido. A praça,sem calçamento,apinhada de gente.
Os
primeiros a discursar são sempre os candidatos à vereador.Entre eles, “Nenê
Mamá”,que,para ajudar o amigo Artur Teixeira,aceitara o sacrifício de
candidatar-se.Treis ou quatro candidatos, o antecederam. Quando Aráudio Pereira
Melo,o saudoso e sempre simpático”Xim”,locutor oficial dos comícios do
PSD,preparava para anunciá-lo, Nenê,cochicou no ouvido do amigo:
-“Capricha
na minha apresentação,Xim, olha que somos parceiros no Uberaba Sport”...
“Xim”,caprichou.Falou
do “grande desportista”, uberabense por adoção,do amor que dedicava ao clube
querido da cidade,o amigo de todas as horas” e outros adjetivos mais. Muito
aplaudido, “Nenê Mamá” começou o seu discurso:
-“Povo
querido do meu bairro da Abadia!Quero ajudar a acabar com o sofrimento de vocês
!Vou fazer algumas perguntas e quero respostas sinceras dos meus amados
eleitores:
-“Vocês
tem água encanada nas suas casas ?
O
povão a uma só voz: Não !
-“Vocês
tem energia elétrica para iluminar suas casas?”
O
povão: Não
-“Tem
rua calçada por aqui ?”
A
mesma resposta dos moradores: Não !
-“Vocês
tem rede de esgoto nas suas casas ?”
Outra
resposta negativa dos populares:Não !
Aí
“Nenê Mamá” não agüentou e soltou a frase mais lapidar da sua curta vida
política:
-“
Com essa falta de tudo, porque “oceis” “num muda daqui, cambada ?”
Na
mesma hora,a turma do PSD, retirou a candidatura de “Nenê”,pois, se
continuasse,Artur Teixeira não seria eleito prefeito de Uberaba.....Coisas da
política..
Luiz
Gonzaga de Oliveira
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