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domingo, 14 de março de 2021

Solenidade de reinauguração do Ambulatório "Maria da Glória" na época, final dos anos 70

Solenidade de reinauguração do Ambulatório "Maria da Glória." (Foto Paulo Nogueira)

Presentes, o saudoso Dr. João Francisco Naves Junqueira, então Diretor da Faculdade, discursava, tendo a seu lado a partir da esquerda, o Dr. Jorge Chiree Jardim, o então prefeito, Silvério Cartafina, o radialista Geraldo Barbosa, o Dr. Jorge Furtado, de camisa vermelha e atrás do prefeito, o médico ortopedista Álvaro Lopes Cançado. 

sábado, 14 de janeiro de 2017

PRAÇA DOUTOR JORGE FRANGE

Praça Doutor Jorge Frange – Década 1960



Praça Doutor Jorge Frange (Bairro São Benedito – Década de 1960). Em destaque, o antigo Terminal Rodoviário de Uberaba que funcionou nesta praça até o ano de 1972.

Até o final da década de 30, o local entre as ruas Veríssimo, Conceição das Alagoas e São Benedito era um imenso descampado.

Na década de 1940, foi transformado em praça e, conforme o Decreto nº 354, de 23/11/1940, seu primeiro nome foi Praça da Bandeira, uma homenagem do então prefeito municipal. Dr. Whady José Nassif, ao Pavilhão Nacional.

Apesar da conotação cívica da homenagem, não há relatod de manifestação patriótica no local.

Em 1943, no governo municipal do Dr. Carlos Martins Prates, a Praça da Bandeira passou a sediar a nova Estação Rodoviária, inaugurada em 1945.

Em 1957, por meio do Decreto nº 607, no governo municipal de Arthur de Mello Teixeira, a praça passou a ser denominada Praça Jorge Frange.

Em 1972, a Rodoviária foi transferida para a Praça Dr. Carlos Terra. O prédio que ela ocupava na praça Dr. Jorge Frange foi desativado e demolido, entre 1977 e 1+982.

Em 1983, no governo de Silvério Cartafina, o espaço foi reformado e reinaugurado.

Tempos depois, a Praça Jorge Frange passou a contar com um marco maçônico, um minipalco, banheiros para atender a Feirarte, o Clube de Damas de Uberaba e a estátua do andarilho São Bento.


Foto: Paulo Nogueira


Arquivo Público de Uberaba


segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O BÊBADO, A SANTA E O CARA DE PAU

O fato vai comemorar 50 anos… Rememoro-o sob a égide do Carnaval que se aproxima.
O local foi aquele trecho da Rua Arthur Machado que hoje tem o trânsito proibido para automóveis e que chamamos Calçadão. O dia, se não me engano, uma sexta (ou um sábado) de carnaval. A hora, estimo, 7 ou 8 da noite. O ano, com certeza, 1963.
Do balcão da banca de jornais de meu avô, assistia deslumbrado o desfilar dos foliões uberabenses. Corsos de carros gerando chuva de confetis. Serpentinas coloridas cruzando a rua. O cheiro inebriante da lança-perfume Rodoro se espalhando no ar…
Era comum naquela época, já numa incipiente ação de marketing, as empresas mais tradicionais da cidade patrocinar blocos caricatos. Não me recordo mais dos nomes “comerciais” desses blocos, com a exceção de um que jamais deixará minha lembrança: O Bloco Carnavalesco do Salão Rex.
Foi justamente nele que o bom baiano, lavador de carros, ajudante de pedreiro, vigia noturno, pau-pra-toda-obra e torcedor fanático do USC, o Marambaia, decidiu extravasar sua euforia. Devidamente fantasiado, convenientemente “abastecido”, nosso folião escolheu um adereço inusitado para complementar a vestimenta: um guarda-chuva onde faltava a seda… E pendurados em cada “barbatana” bonequinhos coloridos.
Porém, abastecido além do necessário, o pobre-diabo custava a evoluir pela rua. Dava dois passos para frente, um para trás, dois para o lado… E seguia naquela marcha tão própria dos borrachos. Atrás dele, gargalhando e soltando assovios, um imenso bando de moleques…
A tentação foi demais para meus nove anos… Saltei o balcão da banca de jornais e corri a me integrar ao grupo dos pestinhas que atazanavam a vida do pobre coitado. Volta e meia, um ou outro molecote mais taludo, chutava os fundilhos do bêbado, que reagia (ou pelo menos tentava) golpeando a esmo seu impagável guarda-chuva.
O que sei a partir daí, naturalmente me foi contado. Em um daqueles volteios, uma barbatana de metal veio se cravar em minha fronte, dois ou três dedos acima da orelha esquerda. Ao me ver cair redondamente no chão, o pobre folião ainda teve um gesto de desespero, puxando para trás seu adereço. Porém, o golpe foi profundo e ele não conseguiu nada além que quebrar a barbatana. Desapareceu correndo por entre a multidão e eu fiquei estirado na calçada com aquele pedaço de metal preso ao crânio.
Um jovem estudante de medicina tentou, na época, num gesto de desespero, arrancar com a mão aquele meu incômodo “acessório”. Mas a resistência foi tamanha que o jovem sentiu-se mal. Passamos a ser dois desmaiados no chão. Foi um sapateiro, cujo nome evaporou-se em minha memória, que conseguiu a proeza de sacar a barbatana tão bem encravada. E gritou desesperado ao ver sair um pouco de massa cinzenta junto.
Com a ajuda de alguns populares e meus parentes aos prantos, fui colocado na ambulância do “SAMDU” e levado até o médico plantonista, Silvério Cartafina, que verificando meu estado, fez toda a assepsia necessária e aconselhou a família buscar ajuda especializada.
Naquele época – e durante muitos anos – o papa da neurocirurgia em Uberaba era o Dr. Guerra, que constatando a gravidade do ferimento optou pela cirurgia, limpeza e fechamento do local. E terminou sua tarefa com um “agora é esperar”, não muito animador.
Foram seis dias de muita angústia para minha pobre mãe, que via o filho naquele estado comatoso, só piorando cada vez mais. Ela não teve dúvidas: correu aos pés de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa e garantiu à Santa que, caso eu sarasse, me faria ler diariamente – e pelo resto da vida – o Livreto da Medalha, orando todas as noites em louvor à Santa!
O meu amigo Padre Prata, que entende mais dessas coisas, certamente saberá o grau do castigo que me caberá, porque não consegui, ao longo da vida, cumprir a promessa compulsória…
Porém, muito matreiro, muito cara-de-pau, me agarrei com toda fé à Santinha. Além de não pagar a promessa, não dou um passo sequer sem pedir-lhe a proteção e bênçãos. Sou obrigado a acreditar que o coração de mãe é realmente maravilhoso. Se um devedor fizesse comigo o que faço com Nossa Senhora, já o teria mandado ir buscar graças e bênçãos em outra freguesia… Ou catar coquinhos lá na esquina da banca de jornais…

THARSIS BASTOS BARROS