Mostrando postagens com marcador Niza Marquez Guaritá. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Niza Marquez Guaritá. Mostrar todas as postagens

domingo, 20 de fevereiro de 2022

EM NOME DO PAI

Essa foto histórica e centenária foi tirada no início dos anos 1920. Os personagens parecem estar a nos contemplar através do tempo, mal sabendo eles que hoje seríamos nós que os olharíamos de volta. Eles com olhos no futuro e nós com olhos voltados ao passado. Os pais do noivo fazem pose orgulhosos por estarem casando Luiz, mais um dos seis filhos que tiveram, a saber: Álvaro, Adelina, Almerinda, Adelaide e Adélia.

Na foto (álbum de família): o patriarca Ataliba Guaritá (18/2/1862 – 9/10/1932), sua esposa Francisca Cândida Guaritá (9/11/1868 – 10/10/1940), o noivo Luiz Guaritá (7/9/1900 – 17/11/1965), a noiva Niza Marquez Guaritá (16/12/1901 – 31/7/1988).

Os jovens noivos, por sua vez, teriam um único filho e que estaria predestinado a ser figura importante na comunidade uberabense. Em uma demonstração de amor filial eles dariam à criança o nome e sobrenome do pai do noivo, homem de renome na sociedade e política, que parece estar abençoando o casal. Entretanto, sobre o belo futuro do menino o patriarca nada saberia, pois faleceria 8 anos depois, em 1932. E nem ficaria sabendo que o próprio filho Luiz, o noivo, viria a ser um empresário de sucesso, presidente da Associação Comercial de Uberaba, em 1937, e dono de importante loja de material de construção na Rua Artur Machado, em frente à antiga Futurista, bem ao lado da famosa Casa da Sogra.
A jovem noiva exerceria importante papel na sociedade local, como educadora, professora de francês, presidente da Ação Católica e de outras entidades filantrópicas.
O filho do noivo viria a ser, tempos depois, vereador, jornalista, colunista social, radialista, apresentador de tv e um grande líder comunitário.

Melhor observando essa foto é possível vislumbrar a admiração e orgulho, pois tanto Luiz quanto seu futuro rebento pensariam no pai ao dar nome ao próprio filho. Luiz batizaria o seu: Ataliba Guaritá Neto, o popular Netinho (27/6/1924 – 14/9/2000) e esse, por sua vez, escolheria para o seu menino: Luiz Guaritá Neto (ex-prefeito nos anos 1993 a 1996).

E para reverenciar tão ilustres figuras ousaria entoar a famosa canção de Fábio Junior que diz: ... “Pai / Eu cresci e não houve outro jeito / Quero só recostar no teu peito / Pra pedir pra você ir lá em casa / E brincar de vovô com meu filho / No tapete da sala de estar / Pai / Você foi meu herói, meu bandido / Hoje é mais muito mais que um amigo / Nem você, nem ninguém tá sozinho / Você faz parte desse caminho / Que hoje eu sigo em paz”.

Moacir Silveira


OBS: Netinho casou-se com Cornélia, com quem teve os filhos Luiz Neto e Dulce Helena, casados com ... (mas essa é história que fica para outra postagem)

PERDI MINHA NAMORADA

Foi um namoro longo, terno e apaixonado, constante, perseverante, fiel, sincero e construído com muito carinho. Quando começou? Quando nasci. Portanto ela foi a minha primeira namorada e eterna namorada.
Certa vez fiz uma crônica sobre minhas quatro namoradas. Ela ficou toda orgulhosa de ter sido citada em primeiro lugar. E as namoradas – com a chegada das netas – têm aumentado. Mas a Marqueza, - como carinhosamente a chamávamos desde os tempos de meu pai, devido ao seu sobrenome Marquez – sempre aceitou o namoro do filho único que passou a ocupar, na sua viuvez, o coração inteiro da mulher amada.

 Niza Marquez Guaritá com seu
 bisneto Marcelo (Foto álbum de família)

Apesar de tê-la amado muito, fiquei em dívida. Fiquei devendo muito na conta-corrente de nossas vidas. Ela me amou muito mais. O amor de mãe, infinitamente maior. O carinho de mãe, a proteção de mãe, a orientação de mãe – os degraus da escada que subi para chegar onde cheguei. Sem ela teria tropeçado no meio do caminho...
E agora? Vivo das imagens que nunca vão desaparecer. Viverei da saudade que não morre. Saudade de vê-la na janela de sua casa, aguardando meu carro, vigiando meus passos, escondendo o rosto para não ser vista e mostrar-se surpresa quando entrava em sua casa para o beijo diário e pontual. Saudade do seu telefonema todas as manhãs aqui na redação, para saber como passei a noite... Saudade do café na hora certa, do “encontro combinado pelo rádio... minha primeira namorada, minha eterna namorada... vamos acertar nossos relógios, velhinha bonita e elegante com seus 86 anos amando e sendo amada”.
Perdi a namorada. Mas não perdi o amor. O amor que ela me deu sempre, o amor que ela pediu e recebeu até o último dia, um domingo de mãos dadas para ver televisão e torcer no futebol... Já escolhi a frase para a estampa com sua foto:

MARQUEZA,
só a nossa saudade
será maior do que você.
Ataliba Guaritá Neto

(Observatório – Lavoura e Comércio, 7/8/1988)