Encontrei essa novidade meio escondida no acervo do Arquivo Público Mineiro. A foto original está bem degradada, mas foi possível fazer um tratamento para melhorar a definição da imagem.
Imagem 1.
Essa foto foi feita no ano 1900, e esse sobrado era a casa do jornalista, memorialista, advogado e farmacêutico Antônio Borges Sampaio. Ficava na esquina da Rua Artur Machado com a praça Rui Barbosa. Dá pra ver que, entre as portas da casa, está escrito "Pharmacia". No térreo, os Sampaio tinham uma "botica", e ela ainda funcionava em 1900.
Imagem 2.
Antes de Sampaio se estabelecer em Uberaba, no ano de 1847, nesse mesmo terreno havia um casarão térreo em estilo colonial, que pertencera ao Major Eustáquio e teria sido, supostamente, a primeira casa a ser erguida na cidade. Borges Sampaio comprou o imóvel e o reformou, adicionando um piso superior e mudando o estilo da construção.
Imagem 3.
Português naturalizado brasileiro, Borges Sampaio faleceu, aos 81 anos de idade, em 1908 – menos de um ano após a morte de sua mulher, Maria Cassimira, que era filha do Barão da Ponte Alta. Décadas mais tarde, funcionou por muitos anos – numa versão reformada do mesmo sobrado – a loja "Notre Dame de Paris". O casarão foi demolido em 1981 para dar lugar a um predinho de estilo duvidoso, no qual funcionam um comércio no térreo e um hotel nos pisos superiores.
Imagem 4.
Essas anotações (na grafia original) constam na foto de 1900:
"Casa no Largo da Matriz Nova, Uberaba, Residência de Antônio Borges Sampaio e sua mulher D. Maria Cassimira de Araújo Sampaio, desde 24 de março de 1850, na qual esta falleceu a 10 de Setembro de 1907, e se [ilegível] seus filhos Hermogenes, Joaquim e Severino, bem como os nettos Hermogenes, Antônio, Maria e José. Photographia tomada em 1900, por José Severino Soares, offerecida ao "Arquivo Público Mineiro", pelo seu correspondente official Antônio Borges Sampaio. Uberaba, novembro de 1907."
Antonio Borges Sampaio era amigo de "Juca Severino", e usualmente contratava o fotógrafo para que registrasse cenas da cidade, que eram depois enviadas aos Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, dos quais Sampaio era correspondente. Uma parte significativas dessas imagens está disponível nos acervos digitais, mas muitas ainda não foram recuperadas.
(André Borges Lopes)