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sábado, 22 de fevereiro de 2020

UMA LEMBRANÇA DOS MEUS 50 ANOS NO JORNALISMO

Paulo Nogueira

No espaço me concedido pela direção do JU todas as semanas, hoje vou narrar um fato de repercussão nacional e até internacional que cobrimos durante meses, que estará no meu livro sobre meus 50 anos no jornalismo no Rádio, TV, Jornal e Assessoria de Comunicação. No início de minha carreira no jornalismo, foi a façanha do Ramiro Matilde Siqueira, que até então era um homem comum da pacata cidade de Jaboticatubas, em Minas Gerais, até se tornar uma fera pelos seus crimes cometidos na década de 70, foram mais de 35 vítimas. As armas utilizadas eram sempre espingardas cartucheiras usadas para roubar dinheiro e armas que encontrava, assim como, na execução cruel de suas vítimas, em sua maioria, fazendeiros desprotegidos. Em razão disso, ganhou a alcunha de “O Bandido da Cartucheira”. Foram vários os latrocínios praticados por este indivíduo, causando verdadeira histeria e paranóia no meio rural, pelo temor dos moradores de se tornarem a próxima vítima. Mesmo na capital, algumas mortes foram atribuídas a ele. Depois de várias mortes em Minas Gerais, começaram a surgir novas vítimas em Goiânia com as mesmas características do “Bandido da Cartucheira”, famílias inteiras eram chacinadas. Pelo menos duas equipes de policiais civis de Belo Horizonte participaram da caçada ao perigoso assassino, como também as policias civil e militar de Uberaba, quando de sua passagem pela região. Ele esteve na região próximo a Sacramento, e eu estava cobrindo tudo, dirigia o carro de reportagem, fazia as fotos e os textos.

QUASE FUI MORTO

Numa sexta feira por volta de 5 horas da manhã, eu dormia dentro do carro embaixo de uma árvore próximo ao acostamento da estrada que liga a BR- 262, a cidade de Sacramento.Estava um pouco frio, e já havia percorrido muitos quilômetros durante a noite e madrugada, juntamente com os policiais á caça do bandido. Acordei com uma pessoa batendo com um pedaço de madeira no vidro do carro. De imediato abri o vidro, era o Ramiro, com uma espingarda na mão e outras duas nas costas e com a roupa muita suja. Muito assustado, perguntei o que queria, ele disse, “ preciso sair daqui, estou quase cercado e preciso ganhar tempo”, e neste momento passava um caminhão na estrada, e fazia muito barulho, aproveitando, dei partida no carro e sai em velocidade, e pelo retrovisor vi que o bandido se embrenhava no mato novamente. Foi um alívio. escapei por pouco de morrer.

MORREU NA DELEGACIA

Depois de muitas investigações e diligências em cidades visitadas pelo criminoso pela região e no estado de Goiás, conseguiram sua prisão. Ramiro foi preso em Corumbaíba, em Goiás, e transferido para a carceragem a Delegacia de Vigilância Geral, em Goiânia, onde em 1981 apareceu morto na cela, ao que tudo indica, por ataque cardíaco.

Jornalista- Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico

Artigo publicado na edição do jornal de Uberaba – 21/02/2020


Cidade de Uberaba