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terça-feira, 3 de março de 2020

MEMORIALISTAS DE UBERABA

Guido Bilharinho

À semelhança de todos os outros gêneros literários, históricos, genealógicos, biográficos e outros, a prática em Uberaba do memorialismo (no sentido próprio e correto do termo) ou autobiografia só pouco a pouco foi se desenvolvendo e, como não poderia deixar de ser, à medida do crescimento e desenvolvimento da cidade.

As Mais Antigas Memórias 

A mais longeva obra do gênero de que se tem notícia consiste nas NOTAS BIOGRÁFICAS que Antônio Borges Sampaio (1827-1908) elaborou em 1896 para atendimento de exigência do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil para sua admissão como membro e que se encontram publicadas em seu livro “Uberaba: História Fatos e Homens”, editado pela Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM) em 1971, p.217 a 230.

Conquanto somente editada em Goiânia/GO, em 2007, pela Universidade Católica de Goiás, as memórias do primeiro bispo de Uberaba, d.Eduardo Duarte Silva (1852-1924), intituladas PASSAGENS, estendem-se até o final de setembro de 1924, abrangendo 273 (duzentas e setenta e três) páginas.

Posterior a ela, Hildebrando Pontes (1879-1940) escreveu o que denominou MEUS CINQUENTA ANOS, completados em 1929, em que traça minuciosamente sua trajetória de vida até a referida idade, encontrando-se publicada no livro “Vida, Casos e Perfis”, p. 17 a 37, editado em 1992 pelo Arquivo Público de Uberaba, muito justamente denominado Hildebrando de Araújo Pontes.

Publicadas em dois volumes, o primeiro na década de 1990 e o segundo em 2002, as REMINISCÊNCIAS de Calixto Cecílio (Kalil Ibrhaim Cecin), traduzidas e editadas por seu neto, médico Hamid Alexandre Cecin, foram escritas, conforme registrado pelo Autor ao final de cada volume, o primeiro em 1942 e, o segundo, em 1951, contendo o primeiro 141 (cento e quarenta e uma) páginas e, o segundo, 171 (cento e setenta e uma), em que reporta sua vida desde a aldeia de Cheik-Taba, às margens do Mediterrâneo.

Em 2006, Lincoln Borges de Carvalho (1928-2013) publicou, em edição restrita, seu ROTEIRO CINZA de 270 (duzentas e setenta) páginas, diário-memória atinente aos anos de 1946 a 1949 de densa experiência vivencial, restado inédito por mais de meio século.

As Elaboradas Após 1950

Alaor Prata (1882-1964), que foi prefeito do Rio de Janeiro de 1922 a 1926, no decorrer de todo o Governo de Artur Bernardes, publicou em 1958 suas RECORDAÇÕES DA VIDA PÚBLICA.

Em 1965, o médico Benjamin Pável lançou pela editora Pongetti, do Rio de Janeiro, com bela e inventiva capa do artista uberabense Marco Antônio Escobar, suas memórias romanceadas, intituladas BESTA DE SELA, de 323 (trezentas e vinte e três) páginas.

Na década seguinte, precisamente em 1977, já editada em Uberaba e impressa na gráfica Vitória, o professor holandês Leonardus Paulus Smeele lançou CANOA VIAJADA, em que relata, em 252 (duzentas e cinquenta e duas) páginas, sua infância e vida na Holanda e no Brasil até agosto de 1945, inclusive do período de abril de 1942 a outubro de 1943, em que participou da Segunda Guerra.

Ataíde Martins, lançou em 1979 o livro MEU FILHO, MEU FILHO, falecido na época, e, em 1984, publicou o livro de memórias EVOCAÇÕES DE UM COMETA APOSENTADO, realçando o termo utilizado para designar os viajantes comerciais.

Em 1988, José Humberto Fernandes Rodrigues (ZéBeto) publicou no Rio de janeiro, onde então residia, a autobiografia NEM FICOU A PÁTRIA LIVRE NEM MORRI PELO BRASIL, com 127 (cento e vinte e sete) páginas, em que narra sua experiência nas lutas estudantis travadas no Rio sob o regime militar.

Em 1995, Jorge Alberto Nabut editou o livro MEMÓRIAS DE MARIANA ABDANUR NABUT, no qual sua mãe relata em 64 (sessenta e quatro) páginas sua vida, experiência e atividades profissionais como exímia bordadeira.

Sob redação de João Henrique Schiller, a cantora e compositora Vanusa publicou, em 1999, o livro de memórias VANUSA - NINGUÉM É MULHER IMPUNEMENTE, de 192 (cento e noventa e duas) páginas, no qual relata sua vida, estudos, infância e adolescência em Uberaba, onde, inclusive, atuou como atriz em peças teatrais encenadas pelo TEU.

As Dos Anos 2000

Além de possíveis outros, inúmeros livros de memórias foram publicados a partir de 2000, num ritmo, intensidade e diversidade inexistentes anteriormente.

Já em 2001 foram editadas as memórias do promotor de justiça Ariovaldo Alves de Figueiredo, A VIDA DE UM MENINO DA ROÇA, com 112 (cento e doze) páginas, relatando suas origens e vivências desde o Desemboque, atual distrito de Sacramento e primeiro núcleo urbano da região do Triângulo.

Nesse mesmo ano de 2001, em Porto Alegre/RS, onde passou a residir, o uberabense Alduísio Moreira de Sousa, psicanalista, lançou o primeiro volume de suas MEMÓRIAS QUASE ESQUECIDAS, com 315 (trezentas e quinze) páginas.

Por sua vez, em 2004 o jornalista Reinaldo Domingos Ferreira publicou o primeiro volume de suas memórias, AS RAPARIGAS DA RUA DE BAIXO, no qual, em 173 (cento e setenta e três) páginas, narra sua infância em Campo Florido. Em 2008 editou o segundo volume, no qual, em 279 (duzentas e setenta e nove) páginas, expõe suas lembranças da mocidade passada em Uberaba, onde se destacou nos meados da década de 1950 como diretor e dirigente do grupo teatral Núcleo Artístico e Cultural da Juventude.

Editado em 2008 em São Paulo, por José Expedito Prata, o livro MEMÓRIAS DA MEMÓRIA, de autoria do padre Tomás de Aquino Prata, no qual, por 320 (trezentas e vinte) páginas e inúmeras ilustrações, padre Prata relata ocorrências locais, familiares e pessoais, complementando a obra com poemas escritos por seu pai, Alberto Prata.

Nesse mesmo ano, em Uberaba, impresso na gráfica Vitória, o coronel e advogado Carlo de Abreu Lopes publicou ATOS E FATOS DE MINHA VIDA, por cujas 236 (duzentas e trinta e seis) páginas discorre sobre sua vida de militar e delegado de polícia em várias cidades e comarcas mineiras.

A vivência e a experiência de dois mandatos de vereador e seis mandatos de deputado estadual de Eurípedes Craide foram sintetizadas por ele nas 174 (cento e setenta e quatro) páginas do livro A HISTÓRIA DE EURÍPEDES CRAIDE, editado em 2011.

Em 2016, José Expedido Prata, irmão do padre Prata, editou em São Paulo seu livro de memórias 1971 - 45 ANOS DEPOIS, em que narra inúmeros episódios de sua vida no referido ano.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/


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