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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

JOAQUIM DOS SANTOS MARTINS - A SAGA DOS MARTINS

Em 1909, a família de Manoel Maria Martins, fugindo da miséria reinante em grande parte de Portugal, escolheu o Brasil como porta da esperança de uma nova vida. O vasto oceano em que navegava só não era maior do que a saudade do que ficava.

Quando Manoel Maria desembarcou no Rio de Janeiro, tinha apenas 13 anos. Todavia, dotado de grande talento para negócios, aos 20 anos já era importador de gado holandês para revenda em Minas Gerais.

Em Guaxupé, se casou com Cândida Ribeiro do Vale, herdeira de uma das mais tradicionais famílias de cafeicultores da região. Desta união nasceram Joaquim, Luiz, José, Maria Delfina, César Sebastião e Manoel.
Joaquim Martins - Foto/Divulgação.

Manoel Maria era o próprio símbolo do empreendedorismo. Sempre dizia que dinheiro mal ganho, é dinheiro malgasto.

Durante a 2ª guerra mundial comprou um navio inteiro de sal para suprir demandas impostas pelas dificuldades de época. Em Guaxupé implantou uma indústria de beneficiamento de café, garantindo o abastecimento com pagamento antecipado de colheitas cafeicultores. Em São Paulo construiu dois supermercados e um cinema no bairro do Ipiranga.

Em 1961 chega à Uberaba acompanhado da esposa e dos filhos, José, Maria Delfina e César Sebastião.

Joaquim, o filho mais velho já se encontrava em Uberaba quando Manoel Maria adquiriu o controle da SOMIL, concessionária de veículos Volkswagen, localizada na Av. Fernando Costa.

Fundada em 1959 por Silvio Mendonça, a revenda muda o nome em 1961 para “DISTRIVE”.

Os filhos, por sua vez, se lançam nas atividades comerciais, criando raízes na cidade.

José Ribeiro Martins, cafeicultor em Guaxupé, co-fundador do Lions Uberaba, diretor da ACIU, pescador e amante da música sertaneja, criou uma empresa de móveis e uma revenda de gás na rua Artur Machado que o tornou mais conhecido como “Zé do Gás”.

Casado com Orminda Ribeiro do Vale, viu sua família se consolidar com o nascimento dos filhos José (Zezinho), Inês, Marisa, Marília e Ana Lia.

Maria Delfina ampliou o número de netos de Manoel Maria com as meninas Maria Cândida e Lúcia.

César Sebastião Martins, casado em segundas núpcias com Kely Rosa, por muitos anos foi diretor de outra distribuidora de carros – DISAUTO - do grupo da família, localizada na confluência das Avenidas Leopoldino de Oliveira com a Santos Dumont. Foi também cafeicultor e produtor de semente de soja. Atualmente é produtor de cana-de-açúcar.

Associativista por natureza, César Sebastião assumiu a presidência da ACIU nos anos 1990/1991. Em uma gestão profícua, entre outras atividades, criou o Balcão de Negócios. Em sua gestão a Faculdade de Ciências Econômicas se transferiu para o novo Campus. Foi o primeiro presidente a admitir mulheres em sua diretoria.

De seus dois filhos do seu primeiro casamento, apenas Letícia sobreviveu.

Joaquim dos Santos Martins, nos primeiros anos em Uberaba, associou-se aos irmãos Morethson – Caio e Audley – na Casa das Máquinas, estabelecida na rua Artur Machado, esquina com a Avenida Getúlio Vargas.

Com o falecimento do pai, Joaquim assumiu a direção da DISTRIVE que, ao longo do tempo, se transformou na empresa líder em vendas de veículos da cidade e da região.

Sempre contou com o apoio do tio Alfredo, irmão e sócio de Manoel Maria em uma concessionária de veículos em São Paulo.

Empreendedor nato, Joaquim, que herdou o pendor do pai para os negócios, se lançou como empresário em vários segmentos da economia de Uberaba e região.

Em 1968 nos tornamos sócios através da empresa de reflorestamento TRIFLORA e percorremos o mesmo caminho por cerca de trinta anos deixando pelos caminhos da vida, um bom rastro de empresas.

São destaques deste tempo, entre outras, a fábrica de plásticos, PLASTIMINAS, indústria de balas ORIENTE, indústrias de Óleos Essenciais, fazenda de gado leiteiro – SINOS DE BELÉM, a “TRIFLORA TRATORES” em Paracatu, a “MINASFLORA”, a CONSTRUTORA CHAPADÃO, as fazendas com lavouras de café, soja e arroz, indústria de madeiras MINASPLAC (DURATEX), em sociedade com José Alencar Gomes da Silva, carvoeiras, loteamentos urbanos e o JORNAL DA MANHÃ, do qual foi Presidente por dez anos, tendo ao seu lado o Diretor Tesoureiro Edson Prata e Gilberto Rezende como Diretor Administrativo.

Além de participar da administração das inúmeras empresas correlatas ao Reflorestamento como a AGROMEC, TERRA, AGRO-INDÚSTRIA TRIÂNGULO, UBERFLORA, PLANTIL e FLORYL, (associada à SHELL), Joaquim encontrava tempo para adquirir e plantar diversas fazendas desta região, transformando os “MARTINS” num dos maiores produtores de soja e milho de Minas Gerais, ao lado das expressões do agronegócio como os Guidi, Fuzaro, Detoni e outros.

Esparramou suas raízes através de seu casamento com Ivonete Cortes Martins, (hoje com 95 anos), gerando os filhos Paulo Tadeu, André e Loló, da terceira geração.

Paulo Tadeu, o mais velho, casado com Sandra Mendes Martins, médico e empresário através da criação da “CRU”- Clínica Radiológica de Uberaba, passou a se dedicar posteriormente à produção de cana-de-açúcar. Foi ele que deu início à 4ª geração dos Martins com o filho Fernando e as filhas Paula e Mônica.

André Martins, casado com Cristina Duarte Martins, é o Diretor Presidente da DISTRIVE e implantou uma rede de Postos de Combustíveis. Joaquim Neto, André Filho e Marcela são os seus filhos que já transformaram o pai em avô.

Loló, casada com Cláudio de Castro Cunha, agricultor e pecuarista, é mãe de três filhas -Andreia, Silvia e Manuela – e avó de três netos.

Fernando, produtor rural é o filho mais velho de Paulo Tadeu, e o responsável pelo início da 5ª geração, com seus cinco filhos – Maria, Pedro, José, Tereza e Francisco.

Esta é a saga de uma família de imigrantes que, em pouco mais de 100 anos, deixa exemplos de trabalho para as futuras gerações.

É a história de pessoas determinadas que o destino trouxe para Uberaba a 57 anos e que desde estão vêm contribuindo para reforçar os pilares de nossa economia.

Maria Delfina, José e Joaquim já faleceram. Os dois irmãos, por coincidência, no mesmo ano, em 2003. Por uma fatalidade, Paulo Tadeu, filho mais velho de Joaquim, veio a falecer em 2019.

O que não pode morrer é a o exemplo dado pelos que são hoje, apenas saudades. Há que se registrar o amor e o apego à família. Da garra dedicada ao trabalho em prol da comunidade.

Falta erigir um marco que possa resgatar esta memória. Eles fizeram a sua parte. Cabe a nós fazer a nossa.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-Presidente da ACIU e do CIGRA e ex-diretor do Grupo TRIFLORA.



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