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sexta-feira, 12 de julho de 2019

Nunca é tarde...(*)

Tenho tido o prazer de assistir a eventos culturais no Cine
Municipal Vera Cruz que me emocionam pelo conteúdo e mais, face o
esmero de seus organizadores ao tirarem água da pedra para materializá-
los.

Dia 03/07/2019 fui testemunha ali do Festival de Talentos da
Escola Estadual Professor Chaves. Sou suspeito para tecer comentários
sobre a Casa onde dei meus primeiros passos na busca do saber, mas que o
Festival foi de encher os olhos, isso sim!

Na última terça-feira (09/07/2019), assisti à formatura de mais
uma turma que concluiu o ensino fundamental na Educação de Jovens e
Adultos - EJA. Oriundos das escolas municipais: Urbana Frei Eugênio,
Esther Limírio Brigagão, Boa Vista e Professor José Geraldo Guimarães,
150 estudantes enfrentando a luta diária, se submeteram ao sacrifício de ir à
escola em busca de conhecimentos e do diploma. Vi-me entre eles, não
fosse a determinação de meus pais que, no momento exato, optaram por dar
à família a maior riqueza: “a leitura”.

Junto às autoridades na mesa oficial, capitaneadas pelo
Prefeito Paulo Piau Nogueira e a Secretária Municipal de Educação Silvana
Elias, vislumbrei a numerosa plateia composta pelos formandos, seus
familiares e amigos. Ao entregar com muita honra alguns diplomas que me
eram confiados, um fato chamou-me a atenção: o número de jovens na flor
da idade que ainda não haviam concluído o ensino fundamental. Seus
semblantes denunciavam estar ali o exemplo de que; “Querer é poder,
quando o que se quer, se sente profundamente”. Frase da ciência
logosófica.

As circunstâncias muitas vezes desviam pessoas de seus
rumos. Felizes daquelas que veem no estudo a luz capaz de redirecionar
suas vidas. Entre os formandos, por que não enxergar futuros médicos,
juízes, engenheiros, advogados, professores, empresários, jornalistas,
escritores e outros profissionais não menos importantes para a
humanidade? Quantos começam seus projetos depois dos filhos e atingem
apogeus antes não imaginados! Destaque para os formandos já grisalhos e
com mais idades!

Nunca é tarde para se concluir os estudos e concretizar sonhos.


(*) – João Eurípedes Sabino.
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


sexta-feira, 29 de março de 2019

Histórico Patrimônio meu

Inicio o meu texto de hoje em tom melancólico apresentando o poema que um dia lavrei para datas especiais como a de ontem.

Eu sou a Memória / Hoje tão calada e esquecida / Que acaba sozinha em vida / Morre aos poucos com a história. Devagar vou sumindo / Dia a dia sendo apagada / Meu passado vai ao nada / E o presente pra lá está indo. Velhas casas e casarões demolidos / Relíquias escapam da mão / Cultura colide com a ambição / Valores de ontem agonizam feridos. Histórico Patrimônio meu / Não o protejo como deveria / Espero poder resgatá-lo um dia / E vê-lo no lugar que é todo seu. Quem não se liga ao passado / Expõe-se ao risco na certeza / De no futuro ser lembrado com frieza / Por ter sido um ser desnaturado.

Tristeza como a que ontem senti, só comparei quando uma voz ao telefone me anunciou que minha saudosa mãe havia deixado esse mundo. “Tenho uma notícia triste para lhe dar: a casa em que Zote nasceu está sendo demolida. Faça alguma coisa!”, disse-me uma voz amiga no meio da tarde. Fiquei perplexo depois de ter escrito um livro sobre a vida de José Formiga do Nascimento - o lendário Zote - e lançado a obra em 31/01/2015 no Cine Municipal Vera Cruz. Quase 1.000 pessoas estavam presentes e numa só tacada 270 livros foram vendidos, tendo em vista o interesse que o personagem despertou e continua despertando. Outras edições virão.

Fui ao local da demolição. Atônito, não tive outra alternativa senão dizer ao mundo em “NOTA HISTÓRICA LAMENTÁVEL: neste momento está sendo perpetrado um crime contra o patrimônio histórico de Uberaba: a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote - está sendo demolida. Não bastaram as gestões que fizemos junto ao CONPHAU e aos proprietários da casa. Ela está indo ao chão e junto vai uma parte da história. Ali nasceu o uberabense que Uberaba nunca esquecerá. Local da barbárie: rua José de Alencar, 376, antigo 68. Aos que primaram pela omissão os nossos ‘parabéns’”.

Não divulgarei aqui as manifestações da legião de amigos, residentes no Brasil e mundo afora, cujas raízes estão em Uberaba. São tantas que as guardarei como prova de que Zote habita a memória e o imaginário dos seus conterrâneos ou não. Naquela casa então de Bento Eduardo da Silva Polveiro e depois Osório Adriano da Silva, nasceu no dia 23/02/1923, há 95 anos, o menino que por ser meio parvo e genial, recebeu o apelido de Zote. Era a última casa daquele estilo no bairro São Benedito e uma das últimas de Uberaba (!!!) Para onde vamos senhoras autoridades responsáveis? A palavra não é mais minha.

Por que esse meu apego com algo material? É que a história não me perdoará, se de braços cruzados eu permanecer: “Quem não preserva o passado não terá futuro”. Eis a questão.


João Eurípedes Sabino

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Cronista do Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas.


Cidade de Uberaba