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sábado, 31 de dezembro de 2016

Aprendendo e ensinando sempre

Carlos Drummond de Andrade, sabiamente, disse: “Vida, aprendizado sem conclusão de curso”. E é isso mesmo. Estamos sempre aprendendo e 
também ensinando: com palavras, exemplos, estilo de vida, jeito de ser e agir. Se bem lembrarmos, houve um tempo em que bastava o olhar do pai ou da mãe e a mensagem educativa era rapidamente entendida pelo filho ou filha. Não importa idade ou situação cultural, a cada momento algo de novo está sendo aprendido ou ensinado por alguém, de forma espontânea ou intencional.

Diz-se, popularmente, que ninguém é tão ignorante que nada tenha a ensinar, nem tão sábio que nada tenha a aprender. Talvez mais aprendamos do que ensinemos. Até com as crianças. Quantos fatos vivenciamos com crianças ainda pequenas que, na sua ingenuidade, mas sinceridade de coração, nos passam verdadeiras lições de vida! E quantas vezes pessoas, até mesmo analfabetas, nos passam experiências vivenciadas nas dificuldades do dia a dia as quais não encontraríamos em livro algum.
Viver é uma permuta constante de aprender/ensinar. Nem sempre é necessário haver um receptor para o ensinamento: muitas vezes, cada um de nós é, a um só tempo, emissor e receptor da aprendizagem. Uma palavra mal colocada, um gesto ofensivo em relação ao outro, até mesmo a impaciência diante de algum fato, tudo isso nos coloca diante de nós mesmos, no repensar de nossas vidas e de nossas ações.
E estamos sempre nesse processo que só termina com a nossa morte. Lembro-me do mestre Murilo, contando o que, na verdade, constitui uma dessas histórias tão ao gosto do domínio popular: é comum, no nordeste e em outras regiões do Brasil, principalmente entre pessoas mais simples, colocar uma vela acesa nas mãos de um moribundo, para iluminar sua jornada espiritual. Em uma casa simples, com a velhinha prestes a falecer, ninguém encontrava uma vela. Eis que alguém, mais experiente, encontra solução para o problema: “Comadre, você segura uma brasa e vai passando de uma mão a outra, rapidamente, para não se queimar. E alumia do mesmo jeito.” Assim foi feito, comprovando que, em todos os momentos de nossas vidas, há quem ensine e quem aprenda e vice-versa.
Mas para que o processo se realize, de nós para nós mesmos, ou de nós para o outro, é necessário que nos mantenhamos atentos, procurando, em cada gesto, em cada palavra, ensinamentos que nos melhorem interiormente, melhorando também a vida do outro. Sábio Drummond: “Vida, aprendizado sem conclusão de curso”. Aprendizado que pode ocorrer de forma tranquila, serena, ou na dor e nas dificuldades.
(*)

15 de janeiro de 2014

Terezinha Hueb de Menezes