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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

SAGA DE ANTONIO PIRES DE CAMPOS



Os Bandeirantes eram destemidos, sagazes e dotados de grande amor e desejo de desvendar, a se aventurar no seio da selva dispostos a conquistar e implantar seu sonho, sua impetuosa bravura no território nacional.

A partida se dava e se iniciava, habitualmente, em Itu, indo ao Mato Grosso até atingir o Tocantins, Bolívia, Peru e mesmo o Oceano Pacifico. Outras vezes se dirigiram e embrenharam no intimo da mata em direção a Goiás; Minas Gerais a fim de desvendar, dominar novas tribos, explorar, cultivar novos solos e pesquisar a região na intenção de achar ouro ou pedras preciosas. Sonhavam em desbravar e em sua atividade havia a ânsia de ocupação efetiva do território brasileiro dando a ele uma adequada configuração geográfica do sonho nutrido a partir do fim do século XVII.

Antonio Pires de Campos gentio, bravo e rude, de forte tessitura física, ate bárbaro, houve por bem viajar as portas das minas de Cuiabá e de seu recôncavo no qual declarou ao reino ao atingi-lo: que chegou e viu.

Antonio se casou com a filha de Bartolomeu Bueno. No inicio do século XVIII, em 1722, reuniu vinte convidados de alma exploradora, destemidos e, seguiu com seu filho, Antonio e seu pai Manoel de Campos, à paragem, anteriormente, designada Martírio, semelhante a Coroa, lança e cravos da Paixão da qual foram, a priori, sogro e filho, testemunhos lídimos intrépidos.

As evidências concretas das pedrarias foram nessa ocasião por ele notificadas e desejadas, todavia não mais as atingiu e, mesmo delas não tomou posse.

Muito navegou pelos rios, andou léguas e léguas e atingiu a famosa serra dos Martírios donde trouxe uma amostra de um folheto de ouro. Acompanhava-o seu filho de 12 anos, Antonio Pires de Campos, épico e destemido jovem bandeirante.

Os Pires de Campos eram famosos caçadores de índios, sertanistas duros, indômitos e poderosa grei de bandeirantes destemidos, rompedores, desbravadores, gentis homens, lutadores de bela raiz e de profundo senso familiar.

Em sua campanha no sertão o venturoso O Pai Pirá (o que veio do rio) a testa e, firme no comando dos bororós seguiu, lutou e dominou os caiapós em 1746. Este fato revela sua sagacidade, sua perspicácia, sua argúcia e seu anseio empreendedor inato tão aguerrido quanto aventureiro Paulista. Sua liderança e bravura se revelaram em seus atos e ações a frente dos bororós. Assim como desbravador inato soube cativar ou dominar seus vencidos nas longínquas paragens do território nacional que caminhou aliado aos fieis parceiros que o seguiam destemidos e solidários a sua memorável intenção de amor à Bandeira Paulista na ocupação almejada da extensa terra Brasileira.

Conquistou e dominou ao cair bravio sobre os índios e os arcabuzou (arcabuz- antiga arma de fogo); fazendo enorme numero de presas, contudo ansioso desejava atingir os Martírios.

Investiu sobre a mata; subiu e caminhou pela primeira vez o rio, quando aprisionou ou preou, o gentio Coxiponé (índio mato-grossense) e sua tribo; diante e próximo do rio, que nada mais do que era o Cuyabá (Cuiabá). Nesse logradouro ou sítio demarcou sua visita e consagrou sua memorável presença.

Infelizmente vagou muito e a longa distância, porém, não obteve a gloria ou a sorte aventurosa de colher os frutos do enamorado Martírio.

As Bandeiras desejavam catequizar os índios; aliciá-los se possível na longa, venturosa e, muitas vezes produtiva viagem pela mata do território desvelado.

O valor desses bravios, rudes, aventureiros e sagazes desbravadores é, incomensurável visto que graças à visão impetuosa e muito sonhadora desvendaram, implantaram anseios e devaneios que cultuaram em terras desbravadas, ideais nas sendas construídas e, fixadas nas suas destemidas implantações ao longo de nossa pátria. No entanto, inexplorada e apenas habitada pelos índios nativos existentes nessa grandiosa extensão territorial.

Nota-se que os Pires de Campos foram desbravadores acostumados às ações voltadas à natureza e na aventura do desvendar, do descobrir, de investigar, portanto, dessa maneira o rio Tiete se tornou a rota primordial e principal de suas sagas. As cidades ribeirinhas e circundantes dessa encantadora e rica via se tornaram local de habitação da família a exemplo: de Capivari, Monte Mor, Tiete, Laranjal Paulista, Tatuí, Botucatu, Jaú entre outras longínquas paragens de nosso solo.

É uma importante referência a um nobre iniciador, inovador, destemido, correto e lutador ancestral.



Referência Bibliográfica: Taques, P.; Taumay, A.; Setubal, P.; Museu Histórico de Itu – SP.



Evanil Pires de Campos


quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

DESEMBOQUE

SERTÃO DA FARINHA PODRE, fato curioso e folclórico que marcou para sempre estas paragens, um saco de farinha deixado como reserva para a volta de uma expedição exploradora por volta dos finais do séc. XVII ou início do séc. XVIII, que encontrado estragado, tornou conhecida esta grande mesopotâmia hoje nosso Triângulo Mineiro. Compreendia terras férteis e numerosos e caudalosos cursos d’água, onde vislumbrava-se promessa de muitas riquezas através dos metais e pedras preciosas, habitada por diversas tribos indígenas e grandes e resistentes quilombos.
“Entre os diversos povos indígenas que habitavam essa região citam-se os Bororo, Pareci, Karajá, Araxá e, principalmente os Kaiapó, que maior resistência ofereceu à colonização. Esses povos Kaiapó, classificados por Darcy Ribeiro como meridionais, eram de família Jê e se dividiam em numerosas tribos, ocupando um vasto território denominado Caiapônia.” (Ribeiro, Darcy in Século 30. 1989).
Nas primeiras décadas do século XVIII, descobriu-se o ouro Goiano e, já em 1722, estava aberta a estrada que ficou conhecida pelo nome de Anhanguera, por ter sido este bandeirante um dos primeiros a penetrar aquelas remotas paragens. O caminho abre espaço para o afluxo de levas de aventureiros, atraídos pela possibilidade da riqueza fácil propiciada pela posse do precioso metal. (PONTES, 1970)
Afamados sertanistas trilharam tais caminhos, a exemplo de Antônio Pires de Campos, cujo nome se liga a descoberta da região. Já em 1718 esses bandeirantes atingiram o Rio Cuiabá, no Mato Grosso, em expedição de caça aos índios, com ele empreendendo grandes combates e tentativas de organização e controle de aldeias.
Outro famoso bandeirante, Bartolomeu Bueno da Silva, o filho de Anhanguera, atravessara o Jeticaí (Rio Grande), fazendo escala pela Ilha da Espinha, e alcançando as terras da Farinha Podre, em território Kaiapó, transpõe o vau do roncador, no Uberaba legítimo, em direção ao Rio das Abelhas, costeia a picada de Goiás Paulista, atingindo o Rio das Pedras, e daí o Paranaíba. (PONTES, 1970)
A exploração efetiva do território, porém, somente se deu a partir de meados do século XVIII. A fixação do Arraial de Nossa Senhora do Desterro das cabeceiras do Rio das Velhas, (atual Rio Araguari), desempenha papel capital nesse processo, tendo resultado do assentamento de colonizadores e exploradores provenientes, principalmente, da Capitania de Minas.
A povoação constituiu o grande pólo irradiador de expedições colonizadoras para toda extensão da Farinha Podre e seu surgimento ligou-se não somente à exploração de ouro e diamantes ali encontrados, mas também a necessidade de um ponto estratégico que facilitasse a ligação e o comércio com a capitania de Goiás.
Distrito de Desemboque em 1966, (Matriz de N. Sra do Desterro).
Fotografia do acervo de Jorge Alberto Nabut
(Arquivo Público de Uberaba)