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domingo, 15 de janeiro de 2017

ACIDENTE AÉREO EM UBERABA MATA O TENENTE CHANTRE

Acidente aéreo em Uberaba mata o tenente Chantre

31/08/1926

Acidente aéreo em Uberaba mata o tenente Chantre

Edmundo da Fonseca Chantre era tenente-aviador da Força Pública paulista, antecessora da atual Polícia Militar. Por volta de 1920, o governo do Estado de São Paulo equipou sua Força com aviões biplanos JN-4D da Curtiss Aeroplane and Motor Company, de Nova York. Para treinar seus pilotos, contratou Orton William Hoover, mecânico e aviador norte-americano que havia se transferido para o Brasil poucos anos antes, como instrutor da recém-criada Escola de Aviação Naval da Marinha brasileira.
Em agosto de 1926, com a Coluna Prestes perambulando pelo interior do estado de Goiás, a aviação paulista foi chamada para auxiliar as forças policiais na perseguição aos revoltosos. Uma pequena esquadrilha de aviões da Força Pública encaminha-se para o sertão, tendo entre os pilotos o instrutor Orton Hoover e os tenentes-aviadores Edmundo Chantre, Naul Azevedo, Antônio Pereira Lima e João Negrão (esse último ficaria famoso, no ano seguinte, ao participar do “raid” transatlântico do hidroavião Jahu).
A rota de vôo a partir de São Paulo previa escalas em Ribeirão Preto, Uberaba e Araguari. O destino final era cidade goiana de Formosa, 70km. a nordeste de onde atualmente fica Brasília.
Em Guatapará, distrito de Ribeirão Preto, um dos aviões teve problemas mecânicos e o Tenente Chantre ficou para trás esperando pelos reparos. Seus colegas pousaram em Uberaba e aguardaram por ele na cidade. Orton Hoover aproveitou o belo domingo, 29 de agosto, para assombrar os moradores locais com uma ousada exibição de acrobacias aéreas em seu biplano “Anhanguera” (aparentemente, um Huff-Daland Petrel modificado) sobre o campo do Jockey Clube no alto do São Benedito, onde os aviões estavam pousados.
Dois dias depois, com Chantre já reunido ao grupo, a esquadrilha decolou rumo a Araguari. O primeiro avião “Curtiss 108” decolou sem problemas conduzido pelo Tenente Negrão. Logo atrás, parte o “Curtiss 107” pilotado pelo Tenente Chantre e levando, no banco traseiro, o Tenente Pereira Lima.
Logo após a decolagem, com o biplano voando a cerca de 40 metros de altura sobre o “bairro das Bicas”, Chantre perde o controle e grita por socorro, enquanto o avião inicia um brusco mergulho. O Tenente Lima tenta controlar o vôo no duplo comando mas não consegue evitar o violento choque com o solo. O motor do avião abre uma cratera no chão e Chantre tem morte instantânea. Pereira Lima, gravemente ferido, é levado para a casa de Saúde São Sebastião, onde fica aos cuidados do Dr. Azeredo Costa. O capitão Hoover, inconsolável, sofre uma síncope nervosa e é recolhido e medicado no Hotel do Comércio.
O corpo do Tenente Chantre foi velado no quartel do 4º Batalhão de Polícia e enviado no dia seguinte, de trem, para São Paulo, onde foi enterrado no Cemitério Protestante do Redentor. Chantre não chegou a completar 30 anos de idade, deixou esposa e cinco filhos. É considerado o primeiro mártir da aviação militar paulista, e seu nome foi dado a um hangar da Força Pública no Campo de Marte nos anos 1930. Atualmente, há uma rua com seu nome na Zona Leste da capital paulista.
Teria sido esse o primeiro acidente aéreo ocorrido na cidade de Uberaba? Provavelmente sim, mas é algo a ser confirmado.
Domingos Meirelles, no livro “A Noite das Grandes Fogueiras: uma história da Coluna Prestes” conta que o capitão Hoover teria falecido poucos dias depois, em consequência da queda de seu avião carregado com 15 bombas, na cidade goiana de Urutaí, quando combatia ao lado das tropas legalistas. Isso teria causado um incidente político e diplomático para o governo de Artur Bernardes: como cidadão norte-americano, ele não poderia combater, somente treinar os pilotos brasileiros. A missão da esquadrilha foi cancelada e os três aviões remanescentes teriam voltado para São Paulo.
Mas o fato é que ao menos informação da morte do aviador norte-americano está errada. Hoover seguiu carreira como piloto e há notícias dele participando do desenvolvimento de aeroplanos no IPT de São Paulo na década de 30. Nos anos 1950, foi nomeado consul norte-americano na cidade de Santos. Morreu em na capital de São Paulo, em julho de 1958.
(ANDRÉ BORGES LOPES)